“Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
O Senhor Jesus, após sua ressurreição e antes de sua ascensão, abordou dois assuntos principais com seus discípulos: O reino de Deus e o Espírito de Deus. Diante do exposto nestes temas, não é tão absurda a pergunta dos discípulos em Atos 1.6. Pois se o Espírito prometido estava por vir, isso não indicaria que seu reino, também estaria chegando?
Segundo John Stott, “o erro que cometeram foi confundir a natureza do reino e a relação entre o reino e o Espírito”. Os discípulos, certamente imaginaram um reino na perspectiva terreal, política e social. Um reino com implicações imediatas e territoriais dinamizado por uma força celestial provinda do Pai – o Espírito Santo. Porém, estavam bem enganados. Stott destaca três questões que eles precisavam inicialmente entender:
a. O reino é espiritual quanto ao seu caráter.
Reino está associado a território, a geografia a mapa. Mas com o reino de Deus não seria assim. O reino de Deus não é um conceito territorial no sentido geográfico e político de visibilidade (Lucas 17.20-21). Os seus discípulos receberiam poder, mas o poder no reino de Deus é diferente do poder dos reinos humanos. A referência ao Espírito Santo define o caráter deste poder: ele é espiritual e divinal. Stott declara: “Este reino é aumentado por testemunhas, soldados, através de uma mensagem de paz, e não uma declaração de guerra, e pela atuação do Espírito, não pela força de armas, intriga política ou violência revolucionária”. Assim, o reino se estabeleceria a partir do exercício da fé e da dependência do poder do Espírito de Deus.
b. O reino é internacional quanto aos seus membros.
A visão dos apóstolos apontava para a restauração do reino a Israel. Que visão pequena, limitada para as coisas de Deus. Uma visão nacionalista e sectária. A resposta de Jesus aponta para uma amplificação do horizonte. O testemunho teria inicio em Jerusalém, onde o Senhor foi crucificado. Mas logo este testemunho se dirigiria as regiões vizinhas da Judéia e penetraria até mesmo nos territórios desprezados de Samaria. Na seqüência, o Evangelho irradiaria para todos os cantos do mundo alcançando pessoas de todas as tribos, povos e raças (Apocalipse 7.9-12).A proposta deste reino não poderia ser reduzida a limitação territorial e nacionalista de Israel!
c. O reino é gradual quanto à sua expansão.
Alguns afirmam que Atos 1.8 é uma espécie de índice de todo o livro. Os capítulos 1-7 tratam dos feitos em Jerusalém; o capítulo 8 menciona os discípulos na Judéia, e relata a chegada de Felipe a Samaria. Do capítulo 9 em diante vemos com Paulo o Evangelho atravessar a Ásia e chegar a Roma! O que é interessante em tudo isso é a maneira gradual com que o Evangelho se esparramou. Até mesmo, quando a Igreja se acomodou em Jerusalém, diante dos bons resultados ali obtidos, o Senhor levantou uma perseguição para que ela cumprisse sua missão de levar o Evangelho até aos confins do mundo!
Indagações:
1. Assim como os discípulos tiveram uma visão errada do reino e da missão; o que hoje nos atrapalha no cumprimento desta comissão ?
2. Uma igreja local sem visão trans-cultural é deficiente em seu chamado missionário ?
3. Se não posso ir aos confins da terra, como posso colaborar neste desafio ?
Rev. Carlos Orlandi Jr
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