“Eis que o semeador saiu a semear...” (Mateus 13.1-9)
Na Bíblia encontramos diversas vezes a figura agrária sendo apresentada para orientação e reflexão do povo de Deus. Certamente porque as sociedades antigas tinham no meio agrícola o desenvolvimento de seu viver cotidiano. Assim, lemos em Gênesis 26.12: “Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o Senhor o abençoava”. No livro dos Salmos encontramos o salmista poetizando: “Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes” (Salmo 126). Paulo também nas páginas do Novo Testamento dizia: “Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça” (2 Coríntios 9.10). Assim também, o Senhor Jesus deu início as suas parábolas, usando desta figura do semeador: “Eis que o semeador saiu a semear”.
Nesta parábola, temos sementes que caem em solo a beira do caminho, em solo rochoso, em solo espinhento e em boa terra. Vejamos algumas lições desta bela parábola:
a. O esforço na semeadura.
Para quem tem contato com a vida rural, a semeadura do terreno requer dedicação, empenho e esforço. Nos dias de Jesus o semeador não possuía tecnologia de tratores, plantadeiras e colhedeiras como hoje. Ele saia percorrendo sua propriedade a pé, e lançando a semente no campo. Quer debaixo de chuva, quer debaixo de sol escaldante. Se esta parábola serve para o designativo das coisas espirituais, não podemos pensar diferente. A salvação é pela graça, isso não vem do homem, mas o esforço do ministério, o esforço do lançar a semente não pode ser enterrado debaixo de uma teologia hipercalvinista. É preciso envolvimento com a lavoura, é preciso dedicação na semeadura, é preciso esforço na obra se desejamos dias de colheita. “Quem sai andando e chorando...”
b. A graça no germinar da semente
Um outro aspecto interessante desta parábola diz respeito a germinação das sementes lançadas. Dos quatro tipos de solo, apenas aquela que caiu a beira do caminho não germinou, pois fora comida pelas aves. Jesus chama as aves em Mateus 13.19 de “o maligno”. Todas as demais sementes germinam. Quer as que foram lançadas no solo rochoso, quer as que caíram em solo espinhento, quer as da boa terra – todas germinaram. Em Marcos 4.26-29, Jesus conta outra parábola associada a semeadura: “O reino de Deus é assim como um homem lançasse a semente a terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como”. É a graça que faz a semente germinar no coração humano. A Palavra que lançada e que desperta na alma da pessoa. Só a graça de Deus é capaz de fazer isso. Não há técnicas, nem mecanismos humanos para tal...
c. Os tipos diferentes de solo
Jesus alertou nesta parábola uma outra questão: nem todos os solos que acolhem as sementes são iguais!
- Solo beira do caminho: Solo duro, pisado pelos caminhantes e impermeável a semeadura da Palavra de Deus. A semente cai ali, mas não tem penetração. O solo impermeável propicia que a semente seja levada, quer pelo vento, quer pelas águas da chuva, quer pelas aves dos céus. Que tipo de coração você identificaria com um slo impermeável ?
- Solo rochoso: A semente teve penetração, todavia o solo tem apenas uma fina camada de terra. Abaixo desta pouca terra há muita pedra. A semente até germina, mas suas raízes ficam na superfície e o calor do sol, logo a mata. Superficialidade é o mau dos tempos atuais. Superficialidade é o que se tem nas igrejas e pregações dos nossos dias. Talvez isso explique a rotatividade das pessoas que passam pelas igrejas e não permanecem. Superficialidade!
Solo Espinhoso: A semente novamente teve penetração no solo. O solo até que era acolhedor, mas o meio era adverso. A semente brotou, o broto logo cresceu, mas as dificuldades de se fortalecer e frutificar em uma terra cheia de espinhos é algo inegável. Assim, a semente germinada foi estrangulada, foi sufocada e pereceu. O meio sufocando a semente traz a idéia de secularismo. Jonathan Edwards se debatia em seus dias com esta enfermidade que trazia à igrejas daqueles dias mornidão espiritual, indiferença pelo sagrado, frieza na fé... ainda bem que isso acontecia só naqueles dias!?!?
Finalmente a Boa Terra: Mesmo nas culturas mais antigas e primevas, a terra era cultivada, arada, preparada para acolher a semente. Restos de madeira, pedaços de pedra e entulhos mais eram retirados por meio de arado de tração animal e o solo ficava apropriado para a semeadura. A semente em boa terra germina, cresce e frutifica. Há sempre mais frutos do que o que é semeado. Ainda que apenas um quarto das sementes produzam, ainda assim é suficiente para uma colheita farta e abundante!
Eis que o semeador saiu a semear...
Pastor Carlos Orlandi
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