O amado irmão Oseias Balzaretti, ao ler a minha Resposta a um leitor sobre a Trindade, protestou:
Pastor Ciro, o que os cristãos não conseguem entender é que tudo o que se diga acerca de Deus está em Jesus; e esse é o ponto mais difícil de se conceber: Deus em Cristo reconciliando todas as coisas. Não é de hoje que a unidade de Deus causa fortíssimas enxaquecas nas cabecinhas duras dos teólogos. Ário teria muito à nos dizer; muito mais teria ainda seu oponente Atanásio, que “atanazou” os coitados dos arianos (não sou ariano, nem atanasiano...).
Gente, será difícil firmar nossa fé unicamente no que a pessoa Humana de Jesus nos deixou como “doutrina”? Sim, pois se O seguirmos em verdade, haverá motivo para querermos saber sobre do que é composta a Triunidade de Deus? Seja trinitário confesso e viva sem amor, e depois veja no que isso resulta! (O mesmo vale para os unicistas). É que o Evangelho de Jesus é simples, portanto dispensa tais divagações “teológicas” aparentemente embelezadas com o belo termo chamado de ortodoxia, porém destituídas daquele Amor, cuja substância não se interessa em saber sobre os mistérios e particularidades que só pertecem ao Altíssimo.
Pelo amor de Deus, gente, não haverá fim essa luta entre arianos e trinitários, pois ambos navegam no mesmo barco filosófico/teológico/racional, e cada um irá tentar convencer o outro de que a sua “teologia” é a correta, ad infinitum. E mais, em cada uma das partes haverá argumentos ricamente embasados na lógica e na razão, e, principalmente na Bíblia. Sim, pois os séculos de história da igreja nos mostram que há coerência em ambos os pressupostos. Enquanto não se reconhecer que é na Humanidade plena de Jesus que se encontra enraizada a verdadeira “doutrina”, haverá ainda muito “pano pra manga...”
Minha resposta:
Prezado irmão Oseias Balzaretti, a paz do Senhor.
Com todo o respeito — o irmão sabe que sou sincero e não falo por mal —, foi por causa de concepções relativistas como as suas que surgiram seitas pseudocristãs como Testemunhas de Jeová e Mormonismo. Ou o irmão acredita também que as tais são apenas comunidades que reúnem pessoas salvas em Cristo que pensam de modo diferente? A primeira nega a divindade de Jesus. E os mórmons confundem-no com o arcanjo Miguel.
Sinceramente, penso que o irmão entrou por um caminho complicado. Defender a sã doutrina, à luz da Bíblia, não é coisa de teólogos “cabecinhas duras”, e sim de pessoas espirituais (1 Co 2.15; 1 Ts 5.21), que prezam a Palavra de Deus (At 17.11). Lembre-se de que somos estimulados pela própria Bíblia a ter cuidado da sã doutrina e a permanecer nela (1 Tm 4.16; 1 Co 15.1,2; 2 Co 11.3,4; 1 Tm 6.3,4). Paulo deve ter sido um grande “cabeça dura”. Mas mandou-nos ser seus imitadores, assim como ele o foi de Cristo (1 Co 11.1).
Se — como o irmão falou — não há necessidade de sabermos de que é composta a triunidade de Deus, segue-se que russelitas, mórmons, espíritas kardecistas, católicos, evangélicos, etc., a despeito de possuírem concepções diferentes a respeito de Jesus Cristo, visto que “o seguem” (cada um à sua maneira, mas em amor, supõe-se), então todos estarão no mesmo bojo?!
Penso que, se o amor é prioritário, em detrimento da verdade, podemos afirmar que as pessoas que dizem amar a Jesus estão todas corretas. Nesse caso, haveria salvos em todas as seitas, mesmo que não obedeçam à sã doutrina. Entretanto, por que o Senhor Jesus nos mandou entrar pela porta estreita (Mt 7.13,14)? E por que Ele mesmo afirmou: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”, em João 14.23?
À luz da Bíblia, o amor não substitui a verdade, tampouco sobrepuja a sã doutrina. Muitos pensam que tolerar a heresia em nome do amor é o melhor caminho. Mas o Senhor Jesus ensinou que, se alguém o ama, guardará a sua Palavra!
Um cristão que apela para o “amor” e, ao mesmo tempo, é relaxado com a sã doutrina é um cristão (cristão?) que não entendeu o que é o cristianismo. O próprio Senhor Jesus — e não os apologistas de plantão nem os teólogos “cabecinhas duras” — repreendeu os pastores que não tinham preservavam a sã doutrina (Ap 2-3). Ele também, ao andar na terra, disse: “Acautelai-vos” (Mt 7.15). Do que, mesmo? Leia todo o capítulo ou pelos menos os versículos 15 a 23.
Amar não é uma boa justificativa para abrir mão da verdade. Amar não é tolerar a heresia. Quem ama o Senhor deve se submeter aos seus mandamentos e princípios, pois amá-lo implica fidelidade à Palavra. Como eu já disse, em outro artigo, o amor sem a verdade é fraco e sem influência. Já a verdade sem o amor é rígida demais, sem misericórdia.
Se o amor anulasse a verdade e nos obrigasse a tolerar heresias como o unicismo, como deveríamos entender as seguintes palavras do Senhor: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem” (Mt 7.6)?
O teólogo “cabecinha dura” que se preza segue a verdade em amor e cresce em tudo naquEle que é a cabeça, Cristo (Ef 4.14,15). O cristão fiel rende-se à Palavra de Deus. Defender a doutrina da Trindade não significa participar de uma luta entre trinitários e arianos, como o irmão afirmou. Denota, antes, defender o Evangelho (Fp 1.16), haja o que houver.
Sei que a maioria dos unicistas me considerará persona non grata. Mas a minha esperança é de que alguns (ou pelo menos um) deles se curvem à inerrante e infalível Palavra de Deus. Afinal, não haverá argumentos convincentes, “ricamente embasados”, para quem se opõe à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra.
A Trindade é uma doutrina inegociável, não porque os teólogos dizem isso. São as próprias Escrituras que confirmam que a Deidade é formada por três Pessoas distintas. E quem nega isso, mesmo que ame a Jesus, embarcou em uma canoa furada, à luz do que Ele mesmo ensinou em João 14.23.
Com amor e em verdade,
Ciro Sanches Zibordi
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