O Senhor Jesus prometeu que sinais aconteceriam como consequência da pregação do Evangelho (Mc 16.15-17). E também afirmou, em João 14.12: “aquele que crê em mim também fará as obras queeu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”. Essas palavras do Mestre avalizam tudo o que tem acontecido nas igrejas?
Em primeiro lugar, o termo grego meizõn, traduzido por “maiores”, em João 14.12, literalmente denota “coisas maiores”. Já o vocábulo “obras” (gr. ergon) significa: “trabalho”, “ação”, “ato” (VINE. W.E., Dicionário Vine, CPAD, pp.764,827), e não “curas” e “milagres”, estritamente. É claro que a obra da Igreja de Cristo envolve curas e milagres, como consequência da pregação do Evangelho (Mc 16.18-20), mas o aludido termo alude a trabalho ou empreendimento, em sentido amplo (Jo 5.21; Rm 15.18; At 5.38).Na versão bíblica inglesa King James (KJV), o vocábuloergon foi traduzido para works, denotando que o termo original diz respeito a trabalho, obras, empreendimento, e não a milagres, estritamente. Qual foi a obra, o trabalho, de Jesus, ao andar na terra? O texto de Mateus 4.23 responde a essa pergunta: “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo”.
Outra passagem que enfatiza a obra do Senhor é Atos 10.38: “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”. Nesse caso, em que sentido Ele asseverou que o trabalho ou o empreendimento da sua Igreja, representada em João 14 por seus primeiros discípulos, seria maior do que o seu?
“As obras que os discípulos farão depois da partida de Jesus serão maiores do que as de Jesus, não em seu valor intrínseco, ou em sua glória, mas no objetivo. Os discípulos farão obras de Deus numa escala mais ampla, enquanto levam a mensagem da vida eterna ao mundo todo, tanto a gentios como a judeus” (MICHAELS, J. Ramsey, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo de João, Editora Vida, p.277).
Segue-se que as “obras ‘maiores’ incluem tanto a conversão de pessoas a Cristo, como a operação de milagres. Este fato é demonstrado nas narrativas de Atos (At 2.41,43; 4.33; 5.12), e na declaração de Jesus em Mc 16.17,18... As obras dos discípulos serão ‘maiores’ em número e em alcance” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1601).
Benny C. Aker — professor do Assemblie of God Theological Seminary, em Springfield, Missouri, Estados Unidos —, referindo-se às tais “obras maiores”, afirmou que elas: “Dizem respeito à quantidade em lugar de qualidade. Jesus fez estas ‘obras’, mas seus seguidores ao longo dos séculos trarão milhões de mais obras para o Pai. É o que eles fazem enquanto aguardam a vinda de Jesus” (Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, CPAD, p.581).
Portanto, a passagem em análise não abona fenômenos estranhos ou experiências exóticas,além de invencionices, modismos, sandices, truques, práticas hipnóticas e recursos outros empregados por super-pregadores milagreiros e ilusionistas do nosso tempo. Fiquemos com a Palavra de Deus, haja o que houver (1 Co 4.6; Gl 1.8; 2 Co 11.3,4; Dt 13.1-4).
Ciro Sanches Zibordi
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