ACONSELHANDO PESSOAS ENVOLVIDAS COM A PORNOGRAFIA (PARTE 1)

Vivemos em um mundo pornificado, um mundo em que a pornografia está misturada à cultura popular, ela não é mais algo secreto e vergonhoso. Meninos e meninas têm tido acesso ao mundo da sexualidade por meio da pornografia. E ela tem definido, em alguns casos, as suas vidas sexuais, estando presente não presente apenas nos filmes pornográfico, como também nas esculturas, pinturas, no cinema, nas novelas, nas músicas e nos clips da MTV, não dá mais para fingir que a pornografia não faz parte da vida do homem do século XXI. Ignorar a pornografia significa fechar os olhos para um problema que tem afligido a vida de milhões de brasileiros.

Desta forma, a pornografia também está presente na vida da igreja, na vida de vários cristãos, que temem ser descobertos, mas ao mesmo tempo não conseguem se livrar deste mal que os aflige e domina. A pornografia tem consistido na vida de muitos, em uma força sinistra que gera vazio e desesperança, mas que ao mesmo tempo consiste em uma fuga, fuga de uma realidade que exige que nos relacionemos com o próximo, e sejamos íntimos uns dos outros. Acontece que intimidade significa conhecer defeitos e qualidades de uma pessoa. E a pornografia oferece uma rota alternativa, uma fuga da intimidade, uma fuga de relacionamentos profundos e transformadores, uma fuga que tem seduzido a muitos.

A sexualidade não é um tema tratado com muita ênfase pela igreja, apesar de estar sempre presente na vida das famílias que a compõem, e a pornografia é, sem dúvida, um assunto delicado. Mas não se pode ignorar que os conceitos advindos da pornografia estão remodelando o entretenimento, a publicidade, a moda e toda a cultura popular. E além de influenciar seus usuários, influencia também toda a forma de viver de uma geração; ela tem influenciado as bases da nossa sociedade. A cultura pornificada está presente no nosso dia a dia, e na nossa cosmovisão de mundo.

Portanto, a proposta deste trabalho é mostrar as influencias da pornografia em nosso mundo, fazendo uma leitura teo-referente dela e, por fim, apresentar uma proposta de aconselhamento para as pessoa diretamente envolvidas nela.

Para os adolescentes a pornografia torna-se um rito de passagem, é como se fosse, para muitos, um ingresso na vida adulta, é quando muitos têm acesso ao mundo da sexualidade, ao descobrimento do nú feminino. Para os homens que hoje estão na casa dos trinta, esse acesso se deu por meio de revistas “masculinas”, como playboy, sex, hustle, etc. Mas para os adolescentes contemporâneos, bem como aqueles que estão por volta dos vinte, isto se deu por meio da internet. A pornografia tem sido o meio de “instrução” sexual para muitos. Neste sentido Pamela Paul faz a seguinte afirmativa:

“A pornografia é, com frequência, a primeira instância sexual na qual os meninos aprendem sobre sexo e começam a compreender a própria sexualidade, as fantasias, as preferências e as predileções. Ali têm os seus desejos filtrados e moldados pelo que a pornografia vista lhes oferece. Adolescentes aprendem por intermédio da pornografia a direcionar os seus impulsos sexuais para o sexo oposto, a perceber a fonte dos próprios desejos e os meios de satisfazê-los – lições tradicionalmente suplementadas pela educação sexual, a orientação dos pais, as conversas entre amigos e experiência da vida real. (...) a lição pornográfica é direta: boa parte dela visa à mente do adolescente: simples, primordial, agitadora de hormônios, voltada para os resultados, enfim, um jogo que se pode vencer. A pornografia pinta o sexo como uma atividade fácil, pronta a proporcionar uma fuga bem-vinda às complicações da política sexual que os adolescentes enfrentam no mundo concreto”. (PAUL, 2006, pg. 23)

Portanto, muitos adolescentes que logo se tornam adultos, têm definido a sua vida sexual a partir da perspectiva da pornografia. A pornografia tem definido a maneira como encaram a sexualidade e até mesmo a maneira como irão estabelecer os seus relacionamentos. E, infelizmente, muitos homens concluem que o que acontece na pornografia acontece na vida real. A pornografia divulga conceitos distorcidos tais como: todas a mulheres querem sexo o tempo todo e a qualquer momento; ter muitas mulheres é melhor do que ter uma só, o que define o prazer sexual das mulheres é o que os homens desejam, ou seja, a pornografia trata-se de uma perspectiva masculina e dominadora da sexualidade.

Os homens, quando vêem pornografia, costumam fantasiar em torno do poder. Ela acaba funcionando como um escape de relacionamentos reais que muitas vezes deixam as pessoas inseguras e frustradas. Muitos homens se sentem aceitos e seguros quando têm acesso à pornografia, pois neste mundo eles mandam, têm as mulheres que querem e da maneira como querem. Neste mundo fantástico da pornografia os homens definitivamente mandam. Mas a pornografia também, “reforça” a virilidade masculina. Porque, conquistar mulheres de carne e osso tem exigido cada vez mais esforço, tempo e dinheiro. Mulheres de verdade têm TPM, irritam-se e nem sempre estão dispostas a fazer tudo o que os homens querem. Paul afirma:

“Na pornografia, elas exigem isso: a excitação e a gratificação é o que conta. O contraste entre as demandas da conquista sexual de mulheres reais e a gratificação imediata da pornografia é suficientemente sedutor para subjugar muitos homens pelo menos parte do tempo. (...) No mundo concreto, a mulher detém um poder: o de avaliar e rejeitar, bloqueando o desejo do homem e fazendo-o sentir-se inadequado, indesejado. O macho repelido, particularmente durante os anos de adolescência, quando mais apto está a descobrir a pornografia, vê-se sempre sujeito à humilhação e à frustração.”(Paul, 2006, pág.44)

Isto nos faz concluir que a pornografia oferece aos homens a opção de sexo sem risco, sem vulnerabilidade e sem mágoa, oferecendo um mundo mágico, onde os homens não deixam de ter ereção na hora certa, as mulheres sempre chegam ao orgasmo, não há obesidade, suor em excesso ou medo de perder o fôlego. Na pornografia o homem pode possuir a mulher de todas as maneiras que desejar, não há limites. Não há conversa na cama, não há necessidade de declarações de amor ou de se fazer o café da manhã ou mandar flores no dia seguinte; as pessoas não pegam doenças contagiosas, não têm que se casar ou marcar outros encontros.

Na pornografia as mulheres existem para agradar aos homens e por isso estão dispostas a tudo. A atriz pornô se acomoda ao que o homem quer ou deseja, priva-o do mau hálito, dos cabelos embaraçados. As mulheres da pornografia não discriminam. Não importa a aparência do homem, profissão ou reputação. Enfim, é um mundo de fantasia.

Mas apesar desta aparente beleza e perfeição, a pornografia tem afetado profundamento homens e mulheres e, principalmente, o relacionamento entre eles. As pessoas em geral já chegam ao casamento com o conceito de sexualidade profundamente afetado pela pornografia. Apesar do aparente discurso de que a pornografia existe apenas para entreter, há profundos maleficios para aqueles que são usuários dela.Os grandes afetados pela pornografia são os homens. Pois ao verem pornografia buscam uma agradável sensação de alívio sexual. 

“A adrenalina flui pelas veias. O cérebro libera dopaminas, serotonina e oxitocina – todas, poderosos neurotransmissores associados às sensações de prazer. A testosterona ferve. Há, ainda, a emoção da caçada, além do gosto voyeurístico de observar e fantasiar depois de descoberto o objeto pretendido.” (Paul, 2006, pág. 76)

Essas sensações todas promovem uma prisão de prazer, pois a pessoa se vê presa na fantasia, que não se alcança ao lado de uma mulher após desligar o computador. Desta forma, a pessoa precisa prosseguir. Sempre mais, o que pode levá-la a uma compulsão. O acesso à pornografia também faz com que o seu usuário passe a ter uma visão distorcida da realidade sexual. Segundo Paul:

“Um grupo de exposição maciça assegurou em média que 67% dos americanos praticavam sexo oral, contra os 34% sugeridos por aqueles que não haviam visto pornografia nas três semanas anteriores. A avalição do número de adultos que fazem sexo anal foi, por parte dos que ficaram à mercê de quantidades maciças de pornografia, duas vezes maior que a dos pesquisados não expostos à pornografia (29% contra 12%). Diga-se o mesmo de práticas sexuais menos comuns.” (Paul, 2006, pág. 78)

Pode-se perceber que o uso da pornografia afeta a maneira como se vê a sexualidade e até mesmo a definição de prazer sexual. Um homem que vê pornografia, imagina que a mulher mostrada o deseja. Isso ensina os homens a ver as mulheres como objetos e não a tratá-las como seres humanos, dando a impressão de que sexo e prazer estão completamente divorciados dos relacionamentos. A pornografia traz uma proposta de sexo autocentrado – algo que o homem faz por si mesmo e para si mesmo – usando as mulheres como recursos de prazer, como mais um produdo de consumo,e também, acentua a ênfase masculina no visual, tendo quem vista que o homem vê a mulher mas não interage com ela. A pornografia exalta o físico, trivilizando ou ignorando os demais aspectos da mulher. A mulher é literalmente reduzida às partes do seu corpo e ao seu comportamento sexual. A pornografia oferece pouco em termos de beijos, carícias iniciais, abraços, aconchegos, aspectos estes considerados “femininos”, mas que também são importantes para os homens. Portanto, não há intimidade ou confiança mútua.

Para a geração pornificada, o mundo real acaba se tornando tedioso, uma vez que no mundo pornificado as mulheres têm prazer no simples visualizar as genitais de um homem. Comparadas às atrizes pornôs, as mulheres de carne de osso parecem frígidas e desinteressadas.

Extraído - Material de Carlos mendes
Citações:
PAUL, Pamela. Pornificados: Como a Pornografia está transformando a nossa vida, nossos relacionamentos e as nossas famílias. Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa – São Paulo: Cultrix, 2006.

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