Passou a catarse provocada pelas festas de fim de ano, e parece que as coisas estão voltando ao normal – as pessoas idem! Propositadamente esperei passar todo este tempo para escrever sobre o assunto, pra não cair na tentação dos velhos e chatos jargões.
Invariavelmente, durante quase todo o mês de Dezembro muita gente se deixa absorver pelas comemorações, presentes, banquetes, viagens, etc. Juntem-se a todo este aparato os símbolos próprios do Natal e Ano Novo e, então, é de se esperar mesmo que no período das chamadas “festas de fim de ano” que muitos se comportem como se estivessem hipnotizados, atraídos e seduzidos pelas sensações e emoções desencadeadas por este conjunto de coisas. Por fim, e como se tudo isto não bastasse, monta-se um imenso cenário carregado de sons, luzes e cores espalhados pelas ruas, praças, shoppings e casas, que completa o enredo.
Embalados por este efêmero mundo irreal, uma considerável parte das pessoas parece entrar numa espécie de “transe”, se permitindo exagerar no comer, no beber, no comprar, etc.
Há de se observar também que surgem exageros nos comportamentos das pessoas que, de repente, parecem emanar e respirar ares de benevolência e altruísmo em ambientes comumente hostis e desagradáveis – às vezes penso que é só uma trégua temporária, após este tempo os embates e diferenças voltam à tona. Todo mundo sabe, por exemplo, que várias confraternizações entre funcionários de empresas e até mesmo entre familiares representam apenas uma ilha no meio de um mar revolto de inimizades, contendas, rixas e diferenças quase intransponíveis. Entretanto, no fim de cada é comum as pessoas também abrirem concessões pessoais que lhes permitam até fazer de conta que tudo é amizade e solidariedade, não é?!
É nesta época que as pessoas também tendem a prometer céus e terra para si e para os outros. Promessas que vão do “este ano vou perder peso” a “vou dar mais atenção a minha família” é o que não faltam. Entretanto, é quase consenso que boa parte destas promessas não passa de palavras ao vento, de reverberações inócuas e estúpidas.
Mas agora, é hora de “cair a ficha”, de lembrar que a vida continua com toda a sua intensidade.
Penso que a cultura (ou costume) de se apegar a virada de ano pra mudar de vida pode ser algo traiçoeiro. Recuso-me a crer que é necessária uma data específica para agregarmos novos valores ou tomarmos atitudes em direção às mudanças necessárias para nosso próprio bem e dos outros também. Isto pode ser feito hoje, agora!
Não acho nada inteligente atribuir poderes místicos ou mágicos à mudança do calendário. Vida nova não acontece, não vem de bandeja. Vida nova é a gente que provoca; é a gente que faz acontecer em qualquer tempo. Basta querer! – pr Aécio
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