Muito se tem falado sobre os resultados efetivos do avivamento espiritual na igreja. Para alguns (e são muitos), o avivamento está intrinsecamente ligado ao exercício de dons que, em sua essência, contrariam o cotidiano natural. São as curas, as línguas, e os êxtases revelacionais diante dos membros e das multidões. Outros pensam que o avivamento se encerra no crescimento numérico. Quanto mais forte a presença do Espírito Santo, mais mega se torna a igreja local.
Diante disso eu me pergunto se, de fato, isto é o resultado cabal de um enchimento do Espírito Santo.
Não há dúvidas de que o enchimento do Espírito Santo muda o indivíduo, tornando-o amoroso, alegre, pacificado, paciente, delicado, bondoso, fiel, humilde e controlado. Também a sua percepção de Reino de Deus se aperfeiçoa no culto, na gratidão, diante do próximo e da família. Também concordo que ser cheio do Espírito Santo é ser cheio da Palavra de Cristo, ou seja, é saber e guardar a Palavra no coração.
Mas será que tudo se encerra nisto e nisto encontramos todo o resultado de um avivamento espiritual? Creio que não. Se avivamento começa com uma forte consciência de pecado e desejo por confessá-lo e deixá-lo, seu fim é o envolvimento com a injustiça social. E antes que me rotulem de teólogo da libertação, quero lembrar o que encontramos em Isaías 1: 16, 17 que diz:
“Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.”
Está claro o que o profeta exige do povo de Deus, uma ação efetiva que atinge a sociedade e alcança os desvalidos (órfãos e viúvas). Toda a corrupção deveria ser condenada, principalmente a que acachapa os desprotegidos. Para mim esta oportunidade é gigantesca em nosso país onde a corrupção impera sossegadamente e a miséria impregna todos os cantos da cidade e do campo. Neste sentido, se a Igreja se torna forte em uma sociedade, logo há mudanças sociais significativas.
Todavia não é isso que vejo no Brasil, apesar do crescimento evangélico (termo que já está esvaziado de sentido). Nada muda, pois a igreja se cala diante do mal, da injustiça, do opressor, da iniqüidade contra o órfão e da tirania contra a viúva. O que ocorre por aqui não é avivamento genuíno. Pode ser avivamento do fogo, dos milagres, dos dons, da prosperidade, do crescimento numérico, mas não é o avivamento promovido pelo Espírito Santo.
Muitos podem se enganar, mas eu sempre procuro refletir sobre isso. Penso que o Brasil será impactado por um genuíno avivamento quando a sociedade se deparar com uma Igreja corajosa que denuncia o erro social e exige justiça. Que nos tornemos cheios do Espírito, que nos tornemos cheios da Lei de Deus.
Sola Scriptura.
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