A Fundação da Igreja em Pérgamo
Pérgamo situava-se a 30 km do Mar Egeu, e cerca de 100 km ao norte de Esmirna. Devido a um embargo comercial, não podendo comprar o tradicional papiro, a industrialização de peles de animais (pergaminho) tornou-se forte na cidade.[1]
Como centro cultural destacou-se em possuir uma biblioteca com cerca de duzentos mil rolos e uma escola de medicina.[2] Como centro religioso, em Pérgamo havia um templo para Zeus, Atena, Nicéfora, Dioniso Catégemo e Asclépio. Um imponente altar dedicado a Zeus com cerca de 37 metros chamava a atenção. O culto ao imperador tinha seu centro em Pérgamo.[3] A idolatria dominava a cidade.
Como centro cultural destacou-se em possuir uma biblioteca com cerca de duzentos mil rolos e uma escola de medicina.[2] Como centro religioso, em Pérgamo havia um templo para Zeus, Atena, Nicéfora, Dioniso Catégemo e Asclépio. Um imponente altar dedicado a Zeus com cerca de 37 metros chamava a atenção. O culto ao imperador tinha seu centro em Pérgamo.[3] A idolatria dominava a cidade.
Assim como no caso de Esmirna, não há registros específicos da chegada do Evangelho e da fundação da igreja em Pérgamo, podendo se enquadrar também no contexto de Atos 19:10.
A Condição da Igreja em Pérgamo
Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes: Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. (Ap 2.12.13)
Ao se apresentar na carta à igreja em Pérgamo, Jesus enfatiza o poder da sua espada afiada de dois gumes (Ef 6.17; Hb 4.12; Ap 19.15), que simboliza o poder da sua palavra. Jesus afirma ainda conhecer o lugar onde a igreja estava estabelecida, as condições adversas, a fidelidade dos crentes perseguidos e martirizados, como no caso de Antipas, a quem o Senhor chama de “minha fiel testemunha”. Que possamos ser considerados pelo Senhor como fiéis testemunhas (gr. martys).
Por se recusarem a participar das práticas idólatras e imorais predominantes em Pérgamo, os cristão foram vitimados pela perseguição e pelo martírio. Foram injustamente acusados de infidelidade a Roma, escarnecidos e ridicularizados. Enfrentavam constantemente as pressões de uma sociedade pagã. Eram evitados por se negarem a participar da adoração pagã, perdiam o emprego ou negócio. Eram considerados pelas pessoas como indignos de viver em Pérgamo.[4] A resistência satânica era muito grande contra aquela igreja.
Em relação ao chamado “trono de satanás”, os estudiosos indicam cinco possibilidades[5]:
- A própria cidade como centro da religião pagã.
- O aspecto arquitetônico da acrópole.
- O formato do altar de Zeus.
- O deus Asclépio (da cura) que tinha a forma de serpente (símbolo da medicina).
- O fato de Pérgamo ser o centro do culto ao imperador.
O Problema doutrinário e Moral na Igreja em Pérgamo
Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. (Ap 2.14.15)
Com aproximadamente 60 anos de fundação, a igreja em Pérgamo já sofria com falsas doutrinas (heresias). A palavra “doutrina” (gr.didache) pode se referir ao ato de ensinar ou as coisas ensinadas. O Novo Testamento nos fala da doutrina do Pai (Jo 7.16), da doutrina de Jesus (Jo 18.19; 2 Jo 9) e da doutrina dos apóstolos (At 2.42). As falsas doutrinas são também citadas (Mt 16.12; Mc 7.7; Ef 4.14; 1 Tm 6.3).
Na igreja de Pérgamo estava presente a doutrina de Balaão (Nm 22-25; 31.16; 1 Co 10.8; Jd 11) e a doutrina dos nicolaítas (Ap 2.6). Em ambas a ênfase estava num ensino distorcido associado a um estilo de vida permissivo. Quando a doutrina está doente, o que se resulta disso é uma vida cristã enferma. Neste sentido, a falsa doutrina ensinada fundamentava a idolatria e a imoralidade sexual (práticas geralmente associadas nos ritos de adoração aos deuses).
Lições que Aprendermos com a Igreja em Pérgamo
A máxima “boa doutrina gera bons costumes” é verdadeira. No sentido de estabelecer os seus parâmetros doutrinários, e dessa forma se proteger das heresias, as principais igrejas cristãs protestantes elaboraram as suas confissões de fé ou documentos doutrinários oficiais (Ex: Luteranos, Reformados e Batistas).
Quando falamos em doutrina no contexto das Assembleias de Deus, enfrentamos sérios problemas. Em primeiro lugar, o que entendemos por “Assembleia de Deus”? É lamentável afirmar, mas muitas igrejas que possuem na “placa” o nome “Assembleia de Deus” fazem isso pela credibilidade da “marca”, mas em nada se relacionam com a igreja fundada a partir da chegada ao Brasil dos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, no ano de 1911. De lá para cá muitas águas rolaram (e se dividiram).
A Assembleia de Deus no Brasil é hoje uma grande colcha de retalhos, com inúmeras ramificações. As duas maiores convenções nacionais que reúnem os seus pastores são a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Ministério de Madureira (CONAMAD). Em todos os estados existem igrejas e congregações independentes, cujos pastores não estão associados a uma destas convenções, nem a nenhuma outra. Há igrejas e congregações que são fundadas pelos motivos e interesses mais absurdos, entre os quais o desejo pelo poder, pelo título de presidente e por dinheiro. É de fundamental importância que ao procurar uma Assembleia de Deus para se congregar, você busque conhecer a história daquela igreja e alguma coisa sobre a vida do seu líder. Fazendo isso você evitará uma série de problemas futuros.
Diante desta realidade denominacional, e associada ao presente estudo, temos a questão doutrinária. Como anda a doutrina nas Assembleias de Deus no Brasil? A pergunta não é fácil de ser respondida, tendo em vista as dificuldades criadas pelo esfacelamento da denominação. Dessa forma, além de procurar conhecer sobre a história da igreja local e sobre a vida do seu líder, é necessário saber sobre os fundamentos doutrinários daquela organização.
No que diz respeito às igrejas cujos pastores estão associados à CGADB (me deterei nela pelo fato de ser um associado), existe nesta convenção de ministros órgãos e conselhos que de alguma forma procuram regulamentar a sã doutrina. Destoando das denominações protestantes históricas (e isso para mim é grave), não há um documento oficial (tipo confissão de fé) que estabeleça os padrões doutrinários da denominação (além de um tímido “cremos”, publicado mensalmente no Mensageiro da Paz, jornal oficial da instituição). Sua doutrina está dispersa nos periódicos, lições bíblicas e livros publicados pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus – CPAD, e em algumas resoluções oficiais. Quando surge um problema doutrinário tido por grave, a CGADB estabelece uma comissão para discutir a questão e emitir uma parecer, que deve ser aprovado pelo plenário em suas assembleias. A doutrina “assembleiana” tem influência de várias correntes históricas, mas principalmente dos batistas, denominação de origem de seus fundadores no Brasil, alcançados pelo movimento pentecostal no início do século XX, vivenciado nos Estados Unidos da América.
O espaço aqui não permite uma discussão mais aprofundada sobre o assunto, mas é o suficiente para dizer que as Assembleias de Deus no Brasil enfrentam uma crise doutrinária, e consequentemente uma crise moral, assim como na igreja em Pérgamo.
Diante das múltiplas faces e formas de Assembleias de Deus no Brasil, há igrejas que gozam de saúde doutrinária e moral, enquanto outras estão gravemente enfermas. Não podemos aqui de forma alguma generalizar a crise, ou passar a régua, nivelando todas e todos.
Do ponto de vista da doutrina temos problemas nas áreas da doutrina de Deus, do Espírito e de Cristo, na eclesiologia, etc. Além disso (e por causa disso), sofremos forte influência de modismos doutrinários (quebra de maldição de hereditária, teologia da prosperidade, etc.) e dos modelos “mercadológicos” de algumas igrejas neo-pentecostais.
Na questão moral, me assusto com o crescente número de divórcios envolvendo pastores, e mais ainda, com os motivos fúteis e escandalosos de boa parte destes divórcios. A consequência disso é que o mau exemplo de algumas lideranças (não podemos generalizar) acabou por banalizar o divórcio entre os membros da igreja. Se os pastores podem, podemos também, afirmam alguns.Se eles não são disciplinados, não podem também nos disciplinar, declaram outros. Além da questão do divórcio (que trato com temor e tremor), há os escândalos sexuais que envolvem do adultério à pedofilia. Pérgamo é aqui! Diante dos fatos, a nossa única saída está no arrependimento e abandono de tais práticas: “Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.” (Ap 2.16)
Jesus está voltando, e para aqueles que conseguem ouvir e atender ao seu alerta, em vez de se irritarem diante das verdades aqui expostas, fica a promessa:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. (Ap 2.17)
[1] KISTEMAKER, Simon. Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 171
[2] ANDRADE, Claudionor. Os sete Castiçais de Ouro: a mensagem final de Cristo à Igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 62
[3] KISTEMAKER, Simon. Ibid., p. 172
[4] Ibid.
[5] Ibid., p. 174.
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