Texto Áureo: Jo. 10.10 – Leitura Bíblica: Jo. 15.1-11
INTRODUÇÃO
A Teologia da Ganância deturpa a Palavra de Deus, há uma negação do evangelho de Jesus Cristo. Os pregoeiros da falsa prosperidade se apegam mais a Abrãao do que a Cristo, tendo em vista que a mensagem do Mestre vai de encontro aos princípios deles. Na lição de hoje pretendemos resgatar o cristocentrismo evangélico, destacando Sua suficiência para as nossas vidas, cuja abundância nos traz vida eterna.
1. EM JESUS HÁ PROSPERIDADE
Jesus não dá prosperidade aos crentes, Ele, e somente Ele, já é a verdadeira prosperidade. Aos invés de pregarem a Cristo, os adeptos da prosperidade ufanam-se nos desafios que Deus fez a Abraão e da prosperidade material que este alcançou. Mas esquecem de que o Senhor, ao aparecer para o patriarca, revelou-se como seu galardão e recompensa, isto é, como sua verdadeira prosperidade (Gn. 15.1). A palavra galardão ou recompensa, em hebraico, é sakar, e diz respeito “a manutenção, salário e benefício”. Paradoxalmente, os pregadores televisivos estão centrando-se apenas na benção, se esquecem do Abençoador. Abraão desfrutou de riquezas materiais, mas sabia que Seu maior benefício era o Senhor Seu Deus. Ele não se furtou a sacrificar o seu próprio filho, a fim de demonstrar sua fidelidade ao Senhor (Gn. 22.1,2). Os judeus tinham muita consideração por Abraão, a prova disso é que rejeitaram a Cristo, sobrepondo o nome do patriarca acima do Filho de Deus. Mas Jesus revelou-lhes que Ele era maior que Abraão (Jo. 8.48-49). A superioridade de Cristo é apresentada ao longo de todo evangelho, mas é na Epístola aos Hebreus que essa doutrina é explicitada em profundidade. A maior necessidade do ser humano não é a de um carro novo ou uma mansão para morar. A salvação é sua grande carência, tendo em vista que o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23) e que todos pecaram (Rm. 3.23). Diante desse quadro, como escaparemos nós se não atentamos para tão grande salvação providenciada por Deus em Cristo (Hb. 2.1-4). Os adeptos da falsa prosperidade sequer falam a respeito da salvação, a doutrina do novo nascimento está longe dos seus púlpitos. Cristo não apenas é maior que Abraão, Ele é maior do que os anjos (Hb. 1.4), a expressão do Pai, a revelação plena de Deus, se encontra nEle (Hb. 1.1,2). Por isso, escrevendo aos Efésios, Paulo destaca o valor das bênçãos espirituais em Cristo nas regiões celestes (Ef. 1.3). Essa é a maior prosperidade do crente, a convicção de ter sido aceito pelo Senhor, pelas abundantes riquezas da Sua graça (Ef. 2.7)
2. EM JESUS HÁ ABUNDÂNCIA
Cristo nos dá mais do que precisamos, o problema é que as pessoas querem ter mais do que necessitam. A abundância de Cristo é o suprimento que dEle recebemos para viver, produto do trabalho. Nada de vivermos ansiosos pelo que haveremos de comer ou nos vestir, pois o Pai Celestial, como bem lembrou o Senhor Jesus, sabe muito bem que precisamos de tais coisas (Mt. 6.7-15). A Teologia da Ganância deturpou inclusive a passagem bíblica alusiva a esse tema, há os que defendem, citando Mt. 6.33, que ao investirmos no Reino de Deus, receberemos riqueza material. Mas o contexto da passagem destaca “essas coisas”, não “todas as coisas”. Quando encontramos a Cristo, nada mais nos faltará, Ele já nós é suficiente. A Sua graça nos basta, ainda que estejamos fracos, pois o Seu poder se aperfeiçoa em nossas fragilidades (II Co. 12.7-9). A Teologia predominante no Novo Testamento não é a da prosperidade material, muito menos a da miséria total, mas a do contentamento (I Tm. 6.8; Hb. 13.5), que é o antídoto contra a ansiedade pós-moderna (Mt. 6.25; I Pe. 5.7). A busca desenfreada pelo ter é tão intensa que as pessoas não conseguem mais sequer agradecerem a Deus pelo que têm. Não devemos esquecer que a ação de graças é uma demonstração da nossa dependência de Deus, que reconhecemos Sua generosa providência (Fp. 4.6; Cl. 2.7). O crente contente subverte o poderio das trevas, que se alimenta da ganância (II Pe. 2.3), que faz com que as pessoas queiram sempre mais. Estar satisfeito com Cristo é o caminho da plena satisfação, os que estão debaixo dessa verdade são capazes de abundarem em riquezas de generosidade (II Co. 8.1,2). A convicção do crente está no intangível, sua maior esperança, “a certeza de coisas que se esperam” (Hb. 11.1), olhando firmemente para Jesus, o qual, em troca da alegria que estava proposta, suportou a cruz (Hb. 12.2) a fim de nos dar, na eternidade, a imarcescível coroa da glória (I Pe. 5.4).
3. EM JESUS HÁ VIDA
Em Jesus está a verdadeira prosperidade porque Ele é a Vida, todo o dinheiro do mundo é incapaz de adquirir a condição espiritual que recebemos através de Cristo. Paulo diz que não fomos comprados com prato ou ouro, mas por bom preço, o sacrifício de Jesus (I Co. 7.22,23). Quando tomamos nossa decisão ao lado de Cristo passamos a desfrutas de uma nova posição espiritual. Isso porque Ele nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez assentar nos lugares celestiais (Ef. 2.6). No grego do Novo Testamento, o termo zoe - vida espiritual - tem a ver com essa nova condição. Especialmente nos escritos joaninos, aquele que ouve as Palavra de Cristo, já tem a vida eterna (Jo. 5.24; 11.25,26; I Jo. 3.14). A propósito de João, ao escrever o evangelho que traz o seu nome, é produzir vida em seus leitores (Jo. 20.31). Jesus Cristo é a própria Vida Eterna, porque Ele é o Pão da Vida (Jo. 6.35,48), o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo. 14.6), o Autor da Vida (At. 3.15), a Vida dos crentes (Cl. 3.4), e o poder da vida indestrutível (Hb. 7.16). João testemunha que somente Ele tem palavras de vida eterna (Jo. 6.68). Muitas pessoas, no entanto, preferem apenas a vida – bio em grego – isto é, a condição material das possessões e subsistência (I. Jo. 3.17). Tais pessoas se apegam somente às posses, ao que se ver e se pega (I Jo. 2.16). De nada adiante ganhar o mundo inteiro e perder a alma, a vida, que é mais importante (Mc. 8.36). Muitas pessoas estão estraviando as suas vidas, pois colocaram as riquezas materiais acima de tudo, inclusive de Deus, trazendo sobre si perdição e ruína (I Tm. 6.9). A vida de Cristo em nós é a esperança da glória, porque morremos com Ele e a nossa vida está oculta nEle (Cl. 3.3). Ele destruiu a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho (II Tm. 1.10).
CONCLUSÃO
Qual o maior valor na vida de alguém? Seriam os bens que possui, a família? Isso é bastante relativo, tendo em vista que cada pessoa, a partir das suas visões, elege suas prioridades. Para o cristão, sua maior riqueza é Cristo, pois nEle habita toda a plenitude (Ef. 4.14). As pessoas não conseguem encontrar satisfação na vida presente, a razão é muito simples, porque dentro delas há um vazio que somente pode ser preenchido por Aquele que permanece para sempre, que nos dará patrimônio superior e durável. Portanto, não abandonemos a nossa confiança; ela tem grande galardão (Hb. 10.32-35).
BIBLIOGRAFIA
FOSTER, R. A liberdade da simplicidade. São Paulo: Vida, 2008.
PIPER, J. Plena satisfação em Deus. São José dos Campos: Fiel, 1998.
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
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