APOCALIPSE 3:14-22
TEMA: UMA CONVOCAÇÃO URGENTE AO FERVOR ESPIRITUAL
INTRODUÇÃO
1. De todas as cartas às igrejas da Ásia, esta é a mais severa. Jesus não faz nenhum elogio à igreja de Laodicéia.
2. A única coisa boa em Laodicéia era a opinião da igreja sobre si mesma e, ainda assim, completamente falsa.
3. A cidade de Laodicéia foi fundada em 250 a.C, por Antíoco da Síria. A cidade era importante pela sua localização. Ficava no meio das grandes rotas comerciais. Era uma cidade rica e opulenta.
4. A igreja tinha a cara da cidade. Em vez de transformar a cidade,
ela tinha se conformado à cidade. Laodicéia era a cidade da transigência e a
igreja tornou-se também uma igreja transigente. Os crentes eram frouxos, sem
entusiasmo, débeis de caráter, sempre prontos a comprometerem-se com o mundo,
descuidados. Eles pensavam que todos eles eram pessoas boas. Eles estavam
satisfeitos com sua vida espiritual.
5. A igreja de Laodicéia é a igreja popular, satisfeita com a
sua prosperidade, orgulhosa de seus membros ricos. A religião deles era apenas
uma simulação.
6. A cidade de Laodicéia destacava-se por quatro
características:
1) Centro bancário e financeiro -
Era uma das cidades mais ricas do mundo. Lugar de muitos milionários. Em 61
d.C, foi devastada por um terremoto e reconstruída sem aceitar ajuda do
imperador. Os habitantes eram jactanciosos de sua riqueza. A cidade era tão
rica que não sentia necessidade de Deus.
2) Centro de indústria de tecidos -
Em Laodicéia produzia-se uma lã especial famosa no mundo inteiro. A cidade
estava orgulhosa da roupa que produzia.
3) Centro médico de importância -
Ali havia uma escola de medicina famosíssima. Fabricava-se ali dois ungüentos
quase milagrosos para os ouvidos e os olhos. 0 pó frígio para fabricar o
colírio era o remédio mais importante produzido na cidade. 4) Centro das
águas térmicas - A região era formada por três cidades: Colossos,
Hierápolis e Laodicéia. Em Colossos ficavam as fontes de águas frias e em
Hierápolis havia fonte de água quente, que em seu curso sobre o planalto
tornava-se morna, e nesta condição fluía dos rochedos fronteiros a Laodicéia.
Tanto as águas quentes de Hierápolis, como as águas frias de Colossos eram
terapêuticas, mas as águas mornas de Laodicéia eram intragáveis.
I. O DIAGNÓSTICO QUE CRISTO FAZ DA
IGREJA
• O Cristo que está no meio dos candeeiros e anda no meio dos
candeeiros, sonda a igreja de Laodicéia e chega ao seguinte diagnóstico: A
igreja tinha perdido seu vigor (v. 16-17), seus valores (v. 17-18), sua visão
(v. 18b) e. suas vestimentas (v. 17-22). Vejamos o diagnóstico de Cristo.
1. Jesus identificou a falta de fervor espiritual da
igreja - v. 15
• Na vida cristã há três temperaturas espirituais: 1) Um
coração ardente (Luc 24:32); 2) Um coração frio (Mt 24:12), e 3) Um coração
morno (Ap 3:16). Jesus e Satanás conhecem a maré espiritual baixa da igreja.
Nada se informa sobre tentação, perseguição, negação, apostasia ou abalos nessa
igreja.
• O problema da igreja de Laodicéia não era teológico nem
moral. Não havia falsos mestres, nem heresias. Não havia pecado de imoralidade
nem engano. Não há na carta menção de hereges, malfeitores ou perseguidores. O que
faltava à igreja era fervor espiritual.
• A vida espiritual da igreja era morna, indefinível,
apática, indiferente e nauseante. A igreja era acomodada. O problema da igreja
não era heresia, mas apatia.
• Nosso fogo espiritual íntimo está em constante perigo de
enfraquecer ou morrer. O braseiro deve ser cutucado, alimentado e soprado até
incendiar.
• Muitos fogem do fervor com medo do fanatismo. Mas fervor
não é o mesmo que fanatismo. Fanatismo é um fervor irracional e estúpido. É um
entrechoque do coração com a mente. Jonathan Édwards disse que precisamos ter
luz na mente e fogo no coração. A verdade de Deus é lógica em fogo.
• Muitos crentes têm medo do entusiasmo. Mas entusiasmo é
parte essencial do Cristianismo. Não podemos ter medo das emocões, mas do
emocionalismo.
2. Jesus identificou que um crente morno é pior do que um
incrédulo frio - v. 15
• É melhor ser frígido do que tépido ou momo. E mais honroso
ser um ateu declarado do que ser um membro incrédulo de uma igreja evangélica.
A queixa de Jesus contra os fariseus era contra a hipocrisia deles. Alguém que
nunca fez profissão de fé e tem a consciência de sua completa falta de vida
moral é muito mais fácil de ser ajudado que algum outro que se julga cristão, mas
não tem verdadeira vida espiritual.
• Uma pessoa morna é aquela em que há um contraste entre o
que diz e o que pensa ser, de um lado, e o que ela realmente é, de outro. Ser
morno é ser cego à sua verdadeira condição.
Jesus identificou que a autoconfiança
da igreja era absolutamente falsa - v. 17
a) A tragédia do auto-engano (v.
17) - Laodicéia se considerava rica e era pobre. Sardes se considerava
viva e estava morta. Esmirna se considerava pobre, mas era rica. Filadélfia
tinha pouca força, mas Jesus colocara diante dela uma porta aberta. O fariseu
deu graças por não ser como os demais homens. Muitos no dia do juízo vão estar
enganados (Mt 7:21-23). A igreja era morna devido à ilusão que alimentava a
respeito de si mesma.
b) A tragédia da auto-satisfação (v.
17) - A igreja disse: "Não preciso de coisa alguma". A
igreja de Laodicéia era morna em seu amor a Cristo, mas amava o dinheiro. O
amor ao dinheiro traz uma falsa segurança e uma falsa auto-satisfação. A igreja
não tinha consciência de sua condição. A lenda de Narciso.
c) A tragédia de não ser o que se
projetou ser e ser o que nunca se imaginou ser (v. 17c) -
Estava orgulhosa do seu ouro, roupas e colírio. Mas era pobre, nua e cega.
• A congregação de Laodicéia fervilhava de freqüentadores
presunçosos. Eles diziam: Estou rico e abastado e não preciso de coisa
alguma. Os crentes eram ricos. Freqüentavam as altas rodas da sociedade.
Eram influentes na cidade. A cidade era um poderoso centro médico, bancário e
comercial.
• O orgulho de Laodicéia era contagioso. Os cristãos
contraíram a epidemia. O espírito de complacência insinuou-se na igreja e
corrompeu-a. Os membros da igreja tornaram-se convencidos e vaidosos.
• Eles achavam que estavam indo maravilhosamente bem em sua
vida religiosa. Mas Cristo teve de acusá-los de cegos e mendigos nus. Mendigos
apesar de seus bancos, cegos apesar de seus pós frígios e nus apesar de suas
fábricas de tecidos.
• São mendigos porque não têm como comprar o perdão de seus
pecados. São nus porque não tem roupas adequadas para se apresentarem diante de
Deus. São cegos porque não conseguem enxergar a sua pobreza espiritual.
3. Jesus revelou que um crente morno
em vez de ser o seu prazer, lhe provoca náuseas -
v.16
• Você só vomita, o que ingeriu. Só joga fora o que está
dentro. A igreja de Laodicéia era de Cristo, mas em vez de dar alegria a Cristo
estava provocando náuseas nele. Uma religião morna provoca náuseas. Jesus tinha
muito mais esperança nos publicanos e pecadores do que orgulhosos fariseus.
• Fomos salvos para nos deleitarmos em Deus e sermos a
delícia de Deus. Somos filhos de Deus, herdeiros de Deus, a herança de Deus, a
menina dos olhos de Deus, a delícia de Deus. Mas, quando perdemos nossa paixão,
nosso fervor, nosso entusiasmo, provocamos dor em nosso Senhor, náuseas no
nosso Salvador.
• Cristo repudiará totalmente aqueles cuja ligação com ele é
puramente nominal e superficial. A igreja de Laodicéia desapareceu. Da
cidade só restam ruínas. A igreja perdeu o tempo da sua oportunidade.
II. O APELO QUE CRISTO FAZ À IGREJA
1. Cristo se apresenta à igreja como um mercador
espiritual - v. 18
• Cristo prefere dar conselhos em vez de ordens -
Sendo soberano do céu e da terra, criador do universo, tendo incontáveis
galáxias de estrelas na ponta dos dedos, tendo o direito de emitir ordens para
que lhe obedeçamos, prefere dar conselhos. Ele poderia ordenar, mas prefere
aconselhar.
• A suficiência está em Cristo - A igreja julgava-se
auto-suficiente, mas os crentes deveriam encontrar sua suficiência em Cristo. "Aconselho-te
que compres DE MIM...”.
• Cristo se apresenta como mascate espiritual - Cristo
se apresenta à igreja como um mercador, um mascate e um camelô espiritual. Seus
produtos são essenciais. Seu preço é de graça. Há notícias gloriosas
para os mendigos cegos e nus. Eles são pobres, mas Cristo tem ouro. Eles estão
nus, mas Cristo tem roupas. Eles são cegos, mas Cristo tem colírio para os seus
olhos. Cristo exorta a igreja a adquirir ouro para sua pobreza, vestimentas
brancas para sua nudez e colírio para sua cegueira.
• A preciosa mercadoria que Cristo oferece - O ouro
que Cristo tem é o Reino do céu. A roupa que Cristo oferece são as vestes da
justiça e da santidade. O colírio que Cristo tem abre os olhos para o
discernimento.
• Cristo está conclamando os crentes a não confiarem em seus
bancos, em suas fábricas e em sua medicina. Ele os chama à ele mesmo. Só Cristo
pode enriquecer nossa pobreza, vestir nossa nudez e curar a nossa cegueira.
2. Cristo chama a igreja a uma mudança de vida - v. 19
• Vemos aqui uma explanação e uma exortação: "Eu
disciplino e repreendo a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te".
• Desgosto e amor andam juntos. Cristo não desiste da
igreja. Apesar da sua condição, ele a ama. Antes de revelar o seu juízo
(vomitar da sua boca) ele demonstra a sua misericórdia (repreendo e disciplino
aqueles que amo).
• Disciplina como ato de amor - A pedra precisa ser
lapidada para brilhar. A uva precisa ser prensada para produzir vinho.
Inegavelmente é porque anseia salvá-los do juízo final é que os repreende e
disciplina.
• A base da disciplina é o amor. Porque ele ama, disciplina.
Porque ama chama ao arrependimento. Porque ama nos dá oportunidade de
recomeçar. Porque ama está disposto a perdoar-nos.
• Arrepender-se é dar as costas a esse cristianismo de
aparências, de faz de conta, de mornidão. A piedade superficial nunca
salvou ninguém. Não haverá hipócritas no céu. Devemos vomitar essas coisas da
nossa boca, do contrário, ele nos vomitará. Devemos trocar os anos de mornidão
pelos anos de zelo.
3. Cristo convida a igreja para a ceia, uma profunda
comunhão com ele - v. 20
• Triste situação - Cristo, o Senhor da igreja, está
do lado de fora. A igreja não tem comunhão com ele. Ilustração: o homem
que não conseguia ser membro da igreja.
• Este é um convite pessoal - A
salvação é uma questão totalmente pessoal. Enquanto muitos batiam a porta no
rosto de Jesus, outros são convidados por ele. Cristo vem visitar-nos.
Coloca-se em frente da porta do nosso coração. Ele bate. Ele deseja entrar. E uma
visita do Amado da nossa alma.
• Uma decisão pessoal - "Estou à porta e bato,
se alguém abrir a porta entrarei...". Jesus bate através de
circunstâncias e chama através da sua Palavra. Embora Cristo tenham todas as
chaves, ele prefere bater à porta. A PORTA - a famosa pintura de Holman Hunt,
Cristo batendo à porta, mas a porta não tinha maçaneta do lado de fora. Ilustração:
O Pai e o Filho. O menino diz para o pai: eles não ouvem
porque estão ocupados com outras coisas no quartinho dos fundos. Aqui vemos
uma amostra sublime da soberania de Cristo e da responsabilidade humana.
• A insistência de Jesus - "Estou à porta e
bato”. De que maneira ele bate? Através das Escrituras, sermão, hino,
acidente, doença. É preciso ouvir a voz de Jesus.
• Um convite para cear - Que ele nos convide a vir e
cear com ele é demasiada honra; mas que ele deseje participar da nossa humilde
mesa e cear conosco é tão admirável que ultrapassa nossa compreensão finita. O
hóspede transforma-se em anfitrião. Não somos dignos que ele fique embaixo do
nosso teto e ele ainda vai sentar-se à nossa mesa? Somos convidados para o
banquete do casamento do Cordeiro.
III. A PROMESSA QUE CRISTO FAZ À
IGREJA - V. 14,21,22
1. Jesus tem competência para fazer a promessa - v. 14
• Cristo é o Amém e a Testemunha Fiel e Verdadeira -
Para uma igreja marcada pelo ceticismo, incredulidade, tolerância Jesus se
apresenta como o Amém. Ele é a verdade, e fala a verdade e dá testemunho da
verdade.
• Seu diagnóstico da igreja é verdadeiro. Seu apelo à igreja
deve ser levado a sério. Suas promessas à igreja são confiáveis. Em face da
vida morna e indiferente da igreja, Jesus é a verdade absoluta que tudo vê,
tudo sonda, tudo conhece.
• Ele cumpre o que diz. Ele nunca é inconstante. É
absolutamente consistente. Para uma igreja morna, inconstante, Cristo se
apresenta como aquele é preciso e confiável. Jesus não apenas jura, ele é o
próprio juramento. Entre ele e sua palavra simplesmente não se pode meter
nenhum cunha.
2. Jesus tem autoridade para tornar a promessa realidade
- v. 14
• Cristo é o princípio da criação de Deus - Em face da
vida caótica da igreja, Jesus é aquele que é a origem da criação. Como ele deu ordem
aos caos do universo, ele pode arrancar a igreja do caos espiritual.
3. Jesus tem poder para conduzir os vencedores ao seu
trono de glória - v. 21.22
• Quando Cristo entra em nossa casa recebemos a riqueza do
Reino. Recebemos vestes brancas de justiça. Nossos olhos são abertos. Temos a
alegria da comunhão com o Filho de Deus. Mas temos, também, a promessa que
excede em glória a todas as outras promessas ao vencedor. Reinaremos com .ele..
Assentaremos em tronos com Ele. Um Trono é símbolo de conquista e autoridade.
• A comunhão da mesa secreta é transformada em comunhão de
trono pública.
• Como Cristo participa do trono do Pai, também
participaremos do trono de Cristo. Quando abrimos a porta para Cristo entrar em
nossa casa, recebemos a promessa de entrar na Casa do Pai. Quando recebemos
Cristo à nossa mesa, recebemos a promessa de sentarmos com ele em seu trono.
CONCLUSÃO
• Mas a história não termina aqui. Com o capítulo 4 de
Apocalipse passamos da Igreja sobre a terra à igreja no céu. Os olhos de João
são arrancados dos companheiros em tribulação para o trono do universo. Diante
desse trono estão querubins, os anjos e a igreja glorificada. O livro da
história está nas mãos do Cordeiro e nenhuma calamidade pode sobrevir à
humanidade enquanto Cristo não quebrar os selos. Além disso, os ventos do juízo
não recebem permissão para soprar sobre aqueles que foram selados pelo Espírito
Santo. A segurança da igreja está garantida
• Assim, depois de combatermos aqui o bom combate e
completarmos a nossa carreira, emergiremos da grande tribulação e não mais
sofreremos. Iremos nos juntar à Igreja triunfante, na grande multidão que
ninguém poderá contar, vinda de toda nação, tribo, povo e língua e ali
estaremos com eles perante o trono de Deus. Ali nossas lágrimas serão
enxugadas, depositaremos nossas coroas diante do trono e adoraremos Aquele que
é digno, para sempre.
• Possa o Senhor nos ajudar a ouvir o que o Espírito diz às
igrejas!
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