A carta à igreja de Sardes (Ap 3.1-6)
Sardes era uma cidade de glória delustrada. Outrora tinha sido a capital do antigo reino da Lídia, mas entrou em ocaso, depois da conquista persa, até que Tibério a reconstruiu depois de um terremoto. A cidade era célebre por duas coisas: a sua indústria de tintura e lã, e a libertinagem. A igreja em Sardes parece refletir a história da cidade.
Houve tempos quando tinha um nome para progresso espiritual, mas agora era sem vida (1); a libertinagem caracterizava tanto os cristãos como os pagãos, de sorte que ali havia poucas pessoas que não tinham contaminado os seus vestidos (4), isto é, manchado a sua profissão cristã.
Consequentemente, ela foi censurada com uma severidade igualada somente na carta aos laodicenses. O título reflete #Ap 1.4 e #Ap 1.16. Cristo se apresenta como o possuidor dos sete espíritos, possivelmente para representar o Seu perfeito conhecimento dos feitos da igreja (veja vers. 6), se bem que isto possa sugerir os dons espirituais que ele deseja conferir-lhe em contraste ao estado desanimado da igreja. Para as sete estrelas (1) ver #Ap 1.4; #Ap 1.20.
Note-se que embora alguns cristãos permaneçam fiéis ao seu Senhor (4), a igreja como tal é caracterizada como morta; por estarem nesta condição todos são tidos como responsáveis. Com a primeira parte do vers. 2, comparar #Mt 24.42; com a segunda parte, comparar #Dn 5.27.
Os tempos dos verbos no vers. 3 são descomunalmente variados: "Lembra-te (presente), pois, do que tens recebido (perfeito) e ouvido (aoristo); e guarda-o (presente), e arrepende-te (aoristo). E, se não vigiares (3) relembra #Mt 24.43-44 e se refere ao Advento final. Alguns estudiosos consideram que #Ap 16.15 tem sido deslocado e deve ser inserido logo antes desta afirmação. É fato que a situação de #Ap 16.15 no contexto atual é curiosa e fica melhor aqui, mas a deslocação do texto não passa de ser pura conjetura.
O seu nome (5). Segundo certo uso da época o nome era sinônimo de "pessoa". É de supor que os cristãos contaminavam os seus vestidos acomodando-se aos costumes pagãos dos seus próximos. Aquele que mantinha o seu caráter e testemunho imaculados haveria de acompanhar a Cristo num vestuário de glória. Andarão comigo (5); Swete compara o convívio dos doze com Ele, nos dias do seu ministério terrestre.
O vencedor recebe a dupla promessa deste privilégio. A literatura apocalíptica, contemporânea considerava o corpo da ressurreição como um vestuário de glória. A idéia é usada por Paulo (ver #2Co 5.4), e se revela neste livro também (ver #Ap 4.4). Porém #Ap 7.13-14 e #Ap 19.8 parecem salientar a pureza moral no uso deste símbolo, enquanto que, segundo Swete, o uso de branco às vezes denota festividade (#Ec 9.8) e vitória (2Mac 11.8). Parece que várias idéias se associam com este quadro; é bom aceitar e ao mesmo tempo reconhecer que o elemento ético predomina.
O riscar do livro da vida (5) recorda #Êx 32.32, onde o livro mencionado é um registro dos cidadãos do reino teocrático, aqui trata-se do registro de reino eterno, como em #Dn 12.1 e muitas passagens neotestamentárias (ver por exemplo, #Lc 10.20; #Fp 4.3; #Hb 12.23). Ver #Ap 20.12,15, onde isto se explica. Para a confissão do vencedor, comparar #Mt 10.32.
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