Lição 13 – A Formosa Jerusalém - 1


Capítulo XXI

 1. “E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”.
 I. “...um novo céu, e uma nova terra”. no principio, portanto, Deus criou os céus e a terra. no texto original hebraico a palavra para céus é (“shamayim”). A terminação “im” indica o plural. Isso pretende mostrar que há mais do que somente um céu.
1. Na Bíblia distingue-se pelo menos três céus; o céu inferior (auronos), o céu intermediário (mesoranios) e o superior (eporanios).

(a) Céu inferior. Por céu inferior entendemos o céu atmosférico. Isto é o (“alto”): onde sobrevoam as aves e os aviões, passam as nuvens, desce a chuva, se processam os trovões e relâmpagos. Deus o chamou de “...a face da expansão dos céus”. Gn 1.20 e Jesus, de “...extremidade inferior do céu”. Lc 17.24.
(b) Céu intermediário. Por céu intermediário entendemos céu estelar ou planetário, chamado também o céu astronômico. A Bíblia o chama de a (“altura”):
(c) Céu superior. Esse é chamado de as (“alturas”). Sl 93.4; At 1.9; Hb 1.3. É declarado em 2Co 12.2, como sendo “...o terceiro céu”, o “Paraíso”; podemos chamá-lo de “o espiritual”, e de “céu dos céus” por estar acima de todos (Ne 9.6; Jo 3.13). É o lugar onde habita Deus (Sl 123.1), Cristo (Mc 16.19), o Espírito Santo em seu retorno (Ap 14.13), os anjos (Mt 22.30; Jd v.6); será também a morada dos salvos em Cristo (Jo 14.3).
2. Deus criou os céus pelo supremo poder da palavra (1Cr 16.26; Jó 26.13; Sl 8.3; 33.6; 96.5; 136.5; Pv 8.27). Os céus incluindo a terra (Êx 20.11; 31.17; Ne 9.6; Sl 89.11, 12; 102.25; Salmo 115; Salmo 121.2; 124.8; 134.3; 156.6; Pv 3.19; Is 37.16; 42.5; 44.18; 51.13; Jr 10.12; 32.17; 51.15; Zc 12.1; At 4.24; 14.15; Ef 3.9; 2Pd 3.5; Ap 4.11; 10.6; 13.7). Deus os criou em seis dias (Êx 20.11; 31.17). São sustentados pelo poder da sua palavra (Sl 33.9; 148.5; Hb 1.3; 2Pd 3.5). Uma vez que o (“Céu Superior”), é eterno, não é, pois sujeito a nenhuma mudança “...um novo céu, e uma nova terra” implica a transformação dos (“céus atmosféricos e astronômicos”); eles passarão com grande estrondo no dia do juízo (Is 51.6; Mt 24.33; Mc 13.31; Lc 21.33; Hb 1.10, 11; 2Pd 3.7, 10; Ap 6.16 (1º estágio); Ap 20.11; 21.1; consumação.
3. E o mar já não existe. Uma omissão conspícua da nova criação de Deus é a de oceano: “...e o mar já não existe” (21.1). Como o coração de João deve ter sido confortado por tal revelação, pois na ilha de Patmos o Apóstolo estava separado pelo revolto do mar! No céu, entretanto, nada nos separará dos nossos queridos.
 2. “E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido”.
 I. “...a nova Jerusalém”. Esta linda cidade, vista por João, corresponde à mesma do versículo 10, deste capítulo; porém, em relação ao tempo, uma visão está distante da outra cerca de mil anos. “Este trecho ocupa-nos outra vez com o período milenial. O que foi dito em 20.5-6, é agora revelado plenamente, e temos uma descrição da noiva, a esposa do Cordeiro, na sua glória milenial, em relação a Israel e às nações sobre a terra”.
1. A cidade em foco de gigantescas dimensões tendo o formato quadrangular, vista no versículo 10; descrerá para a terra no início do Milênio e, ficará (“acima”) da Jerusalém terrestre durante mil anos e, a iluminará (v. 23). Iluminada pela glória da Jerusalém celeste a Jerusalém terrestre se transformará também na cidade casada como descreve o profeta Isaías: “Nunca mais te chamarão: desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: Hefzibá; e à tua terra: Beulá...”(Is 62.4a.). Aqui o profeta descreve a glória de Sião durante o Milênio. A cidade (“desamparada”), será chamada (“Hephzibat”) meu regozijo está nela”, e a terra desolada, (“Beulá”), ou casada. E o senhor habitará em Sião e se regozijará sobre ela como o noivo se regozija da noiva.
 3. “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus”.
 I. “...o tabernáculo de Deus”. O trecho de Ezequiel 37.27, mostra esse tempo futuro: “O meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. No presente texto, é-nos dito com notável franqueza que a habitação de Deus está com os homens. A expressão, “...grande voz”, presente em cerca de 18 versículo deste livro, e tão nossa conhecida, aparece agora, pela última vez, para anunciar o tabernáculo de Deus com os homens. O tabernáculo, como sabemos, era a tenda em que permanecia a glória de Deus, e onde, no deserto, o povo se reunia para, através de sacrifícios e sacerdotes, aproximar-se de seu Criador. Agora, esta cidade será eterno tabernáculo, pois nela Deus mesmo estará com os homens. E a fim de que não haja engano, as palavras são repetidas: “O mesmo Deus estará com eles”. E então o pensamento é expressivo e um verdadeiro clímax de esperança: “...eles serão o seu povo”.
1. O antigo tabernáculo tinha o “sshekinah” de Deus ou resplendor divino; na nova cidade isso sucederá supremamente. O próprio tabernáculo fora construído de modo a permitir certa manifestação de Deus entre os homens. Aqui, porém, agora, tudo que no passado era sombra, agora é realidade.
 4. “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas”.
 I. “...toda a lágrima”. No capítulo 7.17 deste livro a expressão “...toda a lágrima” é atribuída aos mártires da Grande Tribulação: a do presente texto, porém, a todos os santos de todos os tempos. Agora, como nos versículos anteriores, essa cidade será o eterno tabernáculo, pois nele Deus mesmo estará com seus filhos e nela não haverá lágrimas, nem morte, nem luto, nem pranto, nem dor. A lágrima é (“silenciosa”): o pranto não. Na dor ou sofrimento intenso sobrevém o pranto. A lágrima é antes expressão da dor surda, intensa, intima. Agora tudo isso é (“pretérito”), diz o texto em foco: “...as primeiras coisas são passadas”. Hough observa que as lágrimas acompanham todos os atos dos homens. Elas são contundentes em três fases principais da vida humanas: Ao nascer; no viver; e na morte. As lágrimas afloram-nos aos olhos pelas tristezas, pelos ideais perdidos ou frustrados, pelos defeitos e pelas vitórias que foram obtidas ou perdidas. Porém, na nova terra, a última lágrima já foi derramada, e toda tristeza será substituída por uma alegria eterna.
 5. “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis”.
 I. “...Eis que faço novas todas as coisas”. O versículo em foco não diz quem está assentado no trono. O Pai ou o Filho. Sabemos que no estado eterno será de Deus e do Cordeiro (22.1), porque o reino é de Cristo e de Deus (Ef 5.5).
1. A presente voz, assim, é do Criador, visto dizer: “Eis que faço novas todas as coisas”, mas Cristo estará também ali, pois “...sem ele nada do que foi feito se fez”. Lemos neste livro neste livro sobre muitas coisas novas como por exemplo: (a) “um novo nome”. 2.17; (b) “o novo nome de Cristo”. 3.13; (c) “novo céu e nova terra”. 21.1; (d) “a Nova Jerusalém”. 21.3, 12; (e) “todas as coisas”. 21.5. Neste versículo há um fato extremamente singular: “Essa é a primeira e única vez que Deus Pai se dirige a João, ou, de fato (à parte de 1.8), ao menos fala. O silêncio quase inquebrantável atribuído a Deus, no Apocalipse, corresponde à razão divina, prescindível de dizer palavras, a dirigir as coisas mortais por meio da sua retidão e poder”.
 6. “E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o principio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da água da vida”.
 I. “...o Alfa e o Ômega”. Em Ap 1.8, Deus é retratado como sendo o primeiro: em sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade, amor, retidão e verdade. Ele é o último, porque nele existe a potencialidade de toda a vida e bem-estar. Nele também se acha o cumprimento desses objetivos. Nele há a consolidação de todas as promessas. Na passagem já focalizada (1.8) esse título (“o alfa e o Ômega”) é dado a Deus; aqui, parece-nos também assim. Em Ap 22.13 é aplicado a Cristo. Além das grandes promessas feitas ao vencedor, neste livro, aparece mais uma “...de graça lhe darei da água da vida”. O Senhor Jesus Cristo em sua vida terrena, duas vezes declarou ter sede: no poço de Jacó e nos braços da cruz (Jo 4.7; 19.28). Em ambas as ocasiões seus circunstantes lhe negaram, mas Jesus perdoa e exclama agora: “...a quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da água da vida”.
7. “Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho”.
 I. “...e ele será meu filho”. A filiação especial é tomada de 2Sm 7.14 (feita a Salomão) mais tarde a Davi (Sl 89.26), os quais próximos de Deus por seu cargo, eram chamados filhos. Aqui no texto em foco tem sentido mais preciso e mais vasto, pois implica a filiação divina que Deus participa a todos, vista como ponto de chegada em sua realização plena. A antecipação do contexto diz: “...herdará todas as coisas”; é, pela adoção. Em (“Huiothesia”), nós tornamos “...herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8.18).
1. Adoção não é tanto uma palavra de parentesco, como de posição. Esse direito ou poder, só é concedido ao homem através do novo nascimento (Jo 3.12, 13). Adoção é o ato de Deus pelo qual crente, já filho, é colocado na posição de adulto (Gl 4.1 e ss), e como o direito de clamar: (“Aba”), isto é, Pai. Mas a plena adoção, o crente espera na ressurreição, mudanças e trasladação dos santos, que é, “...a redenção de nosso corpo” (Rm 8.23; 1Jo 3.2). No Apocalipse, essa é a única instância em que a bem-aventurança eterna é expressa em termos de “filiação”. Mas em o Novo Testamento, a idéia e comum (Hb 2.10).
 8. “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.
 I. “...quanto aos tímidos, etc”. O presente versículo, fala-nos de pecadores. O pecado é a doença espiritual. A doença da alma. Era comum, entre os grego, usar-se “lista de vícios” como meio de instrução, algo semelhante ao uso dos mandamentos da cultura hebraica. Nesta secção vejamos a lista de adjetivos apresentada:
1. TÍMIDOS. Acreditamos que os tais sejam os apóstolos que por covardia, viraram as costas ao combate da fé, e que em tempo de tribulação, abandonaram a Cristo e seu testemunho, a fim de salvarem a pele. Negaram a Cristo na terra, e em conseqüência disso, serão negados no céu (Mt 10.33):
2. INCRÉDULOS. São aqueles que recusaram a crer em Cristo e aceita-lo como fiel Salvador: são os discípulos do mundo ateu de todos os tempos (Sl 14.1; 53.1):
3. ABOMINÁVEIS. São aqueles que praticam a idolatria e seus vícios acompanhantes. A alma de Deus aborrece essas criaturas, e por isso ficarão fora do céu; tendo por herança o lago de fogo (cf. 1Co 6.10):
4. HOMICIDAS. Em outras listas de vícios do Novo Testamento, o “homicida” também é alistado como “uma figura sombria” (Gl 5.21); especialmente nesta secção, o homicida faz parte do pecado chamado de “obras da carne”. Em Rm 1.29 é alistado esse pecado entre as características dos antigos povos pagãos, cujos atos pecaminosos atraís contra eles o julgamento de Deus. Em 1Jo 3.15, está ligado com o mundo religioso. É um pensamento solene: aquele, que como Caim, “Não matarás” (Êx 20.13):
5. FORNICÁRIOS. A fornicação é uma perversão ligada ao campo da sexualidade e tem sido nocivo tanto a Deus como à sociedade; as tais criaturas ficarão fora do céu por ser esse um lugar de pureza, amor e inocência (Ef 5.5):
6. FEITICEIROS. Em Gl 5.20, as feitiçarias são alistadas entre “as obras da carne”, e no capítulo 9.21 do Apocalipse, a palavra ocorre sempre com um duplo sentido do mal. Em Apocalipse 18.23, ocorre de novo o termo usado neste texto. O substantivo correspondente se acha em Apocalipse 21.8, que é o texto em foco: (onde os “feiticeiros” são sentenciados a “segunda morte”); em Apocalipse 22.15; (onde são colocados ao lado daqueles que ficarão de “fora” dos portões da cidade celestial). A feitiçaria está ligada ao mundo pagão, e se entrelaça estritamente com o mundo nas trevas. São criaturas que se tornaram escravas dos demônios, e devem ser aprisionadas (Êx 22.18):
7. IDÓLATRAS. Nos dias de João, a idolatria permanece em todos os setores do Universo; o culto ao imperador romano tinha se tornado a mais vil forma de idolatria. Nos últimos dias, o Anticristo será assim adorado (2Ts 2.4; Ap 13.4). A idolatria também figura na lista de vícios, portanto, é pecado (Gl 5.20):
8. MENTIROSOS. No momento que o homem mente está se tornando um agente do diabo que é o pai da mentira (Jo 8.44). No campo espiritual ou religioso, o mentiroso é aquele que nega que Jesus é o Cristo, o filho Eterno de Deus (1Jo 2.22):
 9. “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete praga, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro”.
 I. “...a mulher do Cordeiro”. Uma introdução particularmente solene (21.9-10) prepara a verdadeira descrição da Jerusalém celeste. Numa perspectiva literária que se reporta a Oséias (2.19-21), a Isaías (44.6; 54.1 e ss; 61.10), a Ezequiel (capítulo 16), desenvolve-se gradualmente a imagem da nova Jerusalém. Na presente era, a Igreja, como uma virgem, é a noiva de Cristo (2Co 11.2; Ef 5.22); Após o arrebatamento, ela é contemplada como sendo a “esposa, a mulher do Cordeiro” (19.7; 21.9; 22.17). É curioso observar duas expressões significativas do anjo a João; a primeira é descrita no capítulo 17.1 e a segunda no capítulo 21.9: (“Vem, mostrar-te-ei...”). Embora estes versículos e o trecho sejam paralelos em sua forma de expressão, aquilo que é mostrado em segunda é bastante diferente. O primeiro mostra uma “mulher poluída” (Babilônia), o segundo uma “mulher pura” (a Igreja). Notemos o entrelaçamento entre a esposa do Cordeiro e a cidade amada; uma é contemplada como sendo a outra, visto que no reino eterno e na glória infinda, tudo é de Cristo e Cristo de Deus.
 10. “E levou-me em espírito a uma grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu”.
 I. “...a santa Jerusalém”. Devemos observar que no versículo 2, deste capítulo, essa cidade é chamada de (“nova”), enquanto que agora no presente versículo de (“santa”). A diferença é apenas em relação ao tempo. Tudo sugere uma cidade literal: ouro, ruas, dimensões, pedras. Ela desce do céu, pois é impossível construir uma cidade santa aqui. O versículo 10 desta secção tem uma ação retrospectiva; enquanto que o versículo 2, prospectiva; no versículo 2, João contempla esta nova cidade já na (“eternidade”) como capital do “Novo Céu e da Nova Terra”. Porém, o nome será o mesmo que o Senhor lê deu durante o Milênio: “Jerusalém-Shammah” – isto é, O Senhor está ali (Ez 48.35). A frase no texto e contexto: “...de Deus descia do céu”, significa: desceu para a terra no início do Milênio (v.10); enquanto que no versículo 2, o significado do pensamento deve ser: desceu para a nova terra já na Eternidade. A concebida como algo encobria o monte, mas como algo que descia o local próximo, conforme se ver descrito em Ez 40.2.
 11. “E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente”.
 I. “..semelhante a uma pedra preciosíssima”. A glória da cidade do senhor, do presente texto, é comparada a uma pedra (“preciosíssima”). Por igual modo, a salvação que os homens recebem de Cristo não tem descrição em palavras, não podendo ser calculado o seu valor. Isso envolve até mesmo a obtenção de “toda a plenitude de Deus”. Isso indica também particularmente, a presença de Deus, e não somente sua manifestação ocasional como acontecia no antigo tabernáculo montado no deserto (Êx 40.34). Essa situação fará a glória divina a “Shekinah”, vir habitar permanentemente com os santos, pois a frase em si: “...o Senhor está ali” (Ez 48.35) no seu equivalente ocorre três vezes aqui (vs. 3, 22; 22.3). No deserto a nuvem especial servia de sombra, aqui, porém, só de luz da cidade, como já ficou demonstrado, compara-se ao ofuscar do jaspe, como cristal resplandecente, isto é, tem uma glória como a do Criador, cuja aparência se diz ser como a de pedra jaspe (4.3).
 12. “E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel”.
 I. “...com doze portas”. O número (“12”), com seus cognatos, ocorre mais de 400 vezes na Bíblia e é extremamente importante. Neste livro ocorre cerca de (“20”) vezes, e permeia o governo patriarcal, apostólico e nacional. Temos, assim: “As 12 estrelas (12.1); os 12 anjos (12.12); as 12 tribos (21.12); os 12 fundamentos (21.14); os 12 frutos (22.2); as 12 portas (21.12, 21); as 12 pérolas (21.21); entre os múltiplos de 12 temos: 12.000 estádios (21.16); 12.000 selados (7.5-8); 144.000 é um número formado de 12 vezes 12.000 (14.1); 24 anciãos e 24 tronos (4.4; 11.16), são também especiais”. Todos esses números se relacionam agora com a Jerusalém celestial, na qual se viam 12 portões como sendo 12 pérolas, 3 de cada lado do quadrado (21.21). Em cada portão havia a gravação do nome de uma das 12 tribos de Israel. Em Ez 48.31-34, há uma descrição semelhante da nova Jerusalém durante o Reino Milenial de Cristo.
 13. “Da banda do levante tinha três portas, da banda do norte três portas, da banda do sul três portas, da banda do poente três portas”.
 I. “...tinha três portas, etc”. Na antiga cidade de Jerusalém terrestre, havia também 12 portas, sendo, por assim dizer, uma cópia da Jerusalém celestial (cf. Hb 8.5 e 9.23); essas portas estavam também nas cardeais; ladeavam toda a cidade de Davi: a porta do gado (Ne 3.1); a porta do peixe (Ne 3.3); a porta velha (Ne 3.6); a porta do vale (Ne 3.13); a porta do monturo (Ne 3.14); a porta da fonte (Ne 3.15); a porta da casa de Eliasibe: sumo-sacerdote (Ne 3.20); a porta das águas (Ne 3.36); a porta dos cavalos (Ne 3.28); a porta oriental (Ne 3.29); a porta de Mifcade (Ne 3.31); a porta de Efraim (Ne 8.16). “Isso pode ser comparado também ao acampamento de Israel, onde havia o arranjo das tribos de acordo com direções dos pontos cardeais: A leste ficava Judá, Issacar e Zebulom; Ao sul, Rúben, Simeão e Gade; A oeste, Efraim, Manassés e Benjamim; E ao norte, Dã, Asser e Naftali. Números capítulo 2.
 14. “E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.
I. “...doze apóstolos do Cordeiro”. Devemos observar que, cada vista da cidade se menciona o (“Cordeiro”), e a referência sétupla a ele (21.9, 14, 22, 23, 27; 22.1, 3) indica que embora Cristo entregue o reino ao Pai, não obstante partilha-o com os remidos. Os Apóstolos do cordeiro, mostram nisso sua importância, tanto naquilo que eram como naquilo que faziam. Porém, Cristo Jesus é quem dá por empréstimo o seu valor àqueles, o que significa que eram grandes somente por sua causa. Não obstante, os Apóstolos e profetas são grandes, tal como todos os homens o são, uma vez que sejam transformados segundo a imagem de Cristo, já que participação da sua natureza divina. Na nova Jerusalém o divino se combinará com o humano, da mesma maneira que o número três, multiplicado pelo número do mundo “quatro”, resulta em doze. Assim cumpre-se a frase: “...para o humano se tornar divino, foi necessário que o divino torna-se humano”. Na cidade do Deus vivo, o humano se encontra com o divino absorve o humano, menos a individualidade (2Co 5.4).
 15. “E aquele que falava comigo tinha uma cena de ouro, para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro”.
 I. “...para medir a cidade”. O texto em foco, mostra-nos um anjo que trazia “...uma cana de medir” para medir a grandeza da cidade do senhor. “Neste ponto, a cidade, ao ser medida, dá a entender a sua total importância e consagração, em todas as suas partes, trazida ao padrão exato das exigências de Deus; outrossim, fica entendido o cuidado de Deus, dali por diante, cada partícula de sua Santa Cidade, para o mal não a atinja”. É a medição que exibe a beleza e as proporções da cidade, a qual agora viverá em paz. O ouro é uma das grandes características dessa cidade; as ruas são de ouro; isso pode representar o rico resplendor da cidade real (cf. 1Rs 10.14-21; Sl 77.15); mas a riqueza daquela cidade será o amor. Essa “medição”, sem dúvida, denota o caráter e ideal da Igreja eterna, o conhecimento e a nomeação divina da mesma (Ez 42.16; Ap 11.1).
 16. “E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios: e o seu comprimento, largura e altura eram iguais”.
 I. “...doze mil estádios”. Segundo os rabinos, o estádio era uma oitava da milha romana, ou seja, cerca de 185 metros. Portanto, doze mil estádios correspondem mais ou menos a 2.200 quilômetros. Porém, devido à ambigüidade das conforme é observada no grego, os intérpretes diferem imensamente no que se refere ao seu formato tencionado. “Os judeus dizem acerca de Jerusalém que, no porvir, ela será tão grande e ampliada que atingirá os portões de Damasco, sim, até ao trono da glória”. Cremos que realmente a nova Jerusalém terá, sem dúvida, essas dimensões em foco nesta secção, isto é, 12.000 estádios. “Doze mil estádios multiplicados por cento e oitenta e cinco metros, e o resultado elevado à terceira potência dará a medida cúbica da cidade: (“dez bilhões, novecentos e quarenta e um milhão e quarenta e oito mil quilômetros”). A grandeza da cidade assegura lugar para todos!”.
 17. “E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados, conforme à medida de homem, que é a dum anjo”.
I. “...à medida de homem”. Essa expressão (“à medida de homem, que é a dum anjo”) tem deixado alguns teólogos perplexos. Provavelmente isso deriva do fato de que o côvado era uma medida tomada com base na estrutura do corpo humano, o comprimento entre a ponta do dedo médio da mão e a junção do cotovelo. Para ocidentais, o côvado mais conhecido é o francês: 66 centímetros, mas o côvado mencionado na Bíblia é o hebraico: 50 centímetros, aproximadamente. Apesar da cidade ter aproximadamente 555 quilômetros de altura, o seu muro é bastante baixo (cerca de 72 metros) para nós aqui na terra; mas, segundo se diz que, no céu ele é bastante alto. Pois é importante lembrarmos que lá não existe ladrão! Há outras possíveis interpretações sobre a medida do anjo, vista nesta secção. “Supõe-se que esse “côvado” é uma medida angelical, não do mesmo comprimento do côvado humano, sendo antes cerca de 180 centímetros, isto é, da altura de um homem. Mas essa opinião é extremamente improvável”. É evidente que 144 côvados, refere-se a medida estabelecida acima, isto é, cerca de 72 metros.
 18. “E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro”.
 I. “...a cidade de ouro”. O livro do Apocalipse traz muitas alusões ao “ouro”. Para o leitor curioso, esta lista é provida: (1.12, 13, 20; 2.4; 3.18; 4.4; 5.8; 8.3; 9.7, 13, 20; 14.14; 15.6, 7; 17.4; 18.12, 16; 21.15, 18, 21). Mas a maioria das referências aludi ai ouro de qualidade celestial. Será um ouro transparente, de qualidade metafísica, o da cidade do Senhor! Presumivelmente de uma qualidade desconhecida na terra. será um “ouro” celeste, de origem divina. “O ouro é emblema da natureza divina (Jó 22.25), difundido por todo o mundo, por causa da fusibilidade desse metal”. Alguns intérpretes instem aqui em um material literal, mas a maioria deles vê o ouro como símbolo de dignidade, valor, pureza e natureza exaltada do caráter da Noiva. Mas essa opinião não se coaduna com a natureza do argumento principal. Seja como for, importantíssimo aparece aqui, e, evidentemente, refere-se mesmo ao “ouro”, mas de natureza celestial.
 19. “E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de todas a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda”.
 I. “...os fundamentos”. Notemos que as várias pedras preciosas mencionadas são essencialmente paralelas às pedras do peitoral do Sumo Sacerdote, conforme se depreende em Êx 28.17 e ss; 39.10 e ss; Na Septuaginta (LXX) feita do hebraico para o grego essas pedras também são vistas no adorno das vestes do rei de Tiro: literalmente, o monarca Itobal II. Ez 28.13.
1. No livro do Êxodo, cada pedra recebeu a gravura do nome de uma tribo, mas no Apocalipse, cada pedra tem o nome de um Apóstolo do Cordeiro. No versículo 14 do presente capítulo, é dito que o “...muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”; é evidente que estas pedras correspondam aos nomes desses personagens respectivamente. 2Pd 2.5:
(a) Jaspe (Pedro). Isso pode ser confrontado com Ap 4.3, onde o Deus supremo aparece em uma manifestação visível com a aparência de jaspe. A simbologia aqui empregada mostra sua natureza divina; será verdadeiramente, uma habitação apropriada para Deus, para Cristo e para seu povo. Esse jaspe é como uma pedra luminosa, “cristalina” que refletirá por assim dizer, a glória de Deus, tal como os remidos são a “imagem de Deus” em Cristo. “O jaspe oriental é extremamente duro, quase indestrutível. As colunas feitas dessa pedra têm perdurado alguns milênios, e parecem nada ter sofrido dos estragos do tempo”. O material da muralha, portanto, se reveste de igual importância com a sua altura, valor infinito e duração infinita, qualidades que pertencem às pedras mais preciosas;
(b) Safira (André). Podemos comparar o presente texto, com Is 44.11 e Ez 1.26. Talvez se trate do (“láios lazúli”), ao passo que a moderna safira talvez seja o “jacinto” do vigésimo versículo . Plínio descreve a pedra aqui mencionada (sappheiros) como uma pedra opaca e rajada com tracinhos de ouro... procedia da Média, Pérsia e Bocara, essa pedra era opaco azulada:
(c) Calcedônia (Tiago). Assim chamada por proceder da Calcedônia, onde era encontrada nas minhas de cobre. Provavelmente era uma esmeralda de qualidade superior à que conhecemos atualmente. Plínio informa-nos que ela era pequena e quebradiça e que era fruta-cor. Não possuímos maiores detalhes sobre esta pedra, calcedônia: este é o único lugar onde essa palavra figura em todas as Escrituras:
(d) Esmeralda (João). Essa palavra aparece em Ap 4.3. Dentre todos os escritores antigos que conhecemos, Heródoto foi o primeiro a mencionar essa pedra. Ele visitou um templo dedicado a Hércules, em Toro, adornado de esmeralda. Havia ali duas colunas, uma de ouro puro e a outra de esmeralda, que “brilhava com grande fulgor à noite”. A que foi vista por João na muralha da cidade celeste, ultrapassa todas as perspectivas daquela contemplada por Heródoto, em Tiro.
 20. “O quinto sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista”.
 I. “...o quinto e ss”. O presente versículo, é a continuidade da lista das pedras iniciada no versículo anterior.
1. Seguiremos aqui a ordem anterior do versículo 19 deste capítulo:
(e) Sardônica (Filipe). Era uma bela e rara forma de Ônix, assim chamada devido à sua semelhança com as veias brancas e amarelas da unha humana. (No grego: “onuks”). Em tempos antigos, evidentemente essa pedra era chamada “Ônix”, quanto a pedra era rajada ou salpicada de branco:
(f) Sárdio (Bartolomeu). Essa pedra também é encontrada em Ap 4.3. Era de cor vermelha, usualmente rebrilhante. Sua cor vermelha se aplicava à pessoa de Cristo, como a vitima da expiação no holocausto da cruz:
(g) Crisólito (Tomé). O termo grego subentende uma pedra de cor dourada. Plínio a descreve como “translúcida e com um tom dourado”. Está em foco o topázio, que é um quartzo amarelo:
(h) Berilo (Mateus). De acordo com Plínio, essa pedra se assemelhava ao verde mar. Talvez tenha sido uma espécie de esmeralda, embora muitos eruditos pensem que era uma espécie de pedra inferior àquela; mas em sentido natural é esmeralda. Ez 1.16; 10.9; 28.13:
(i) Topázio (Tiago, filho de Alfeu). Essa é a nossa pedra “peridot”. Alguns estudiosos afirmam que o topázio era desconhecido dos antigos, mas isso parece impossível. A pedra aqui mencionada era de cor verde-amarelado. Jó 38.19; Ez 28.13:
(j) Crisópraso (Lebeu, apelidado Tadeu). Devida-se do grego que significa “alho de ouro”. Essa pedra era de cor verde-dourado e translúcido, e se assemelhava a um alho, do formato do (“mundo ocidental”). Plínio pensava que essa pedra era uma variedade de berilo; uma pedra bastante conhecida de todos:
(l) Jacinto (Simão Cananita). Essa pedra, segundo os antigos, era usada para lembrar um belo jovem, que segundo a mitologia grega, foi morto durante um jogo de disco. O termo grego aqui empregado indica a pedra preciosa que leva esse nome. Sua cor podia ser vermelha, vermelho-escuro, azul-escuro ou púrpura:
(m) Ametista (Matias). O termo grego significa “não estar bêbado de vinho” por causa da noção de que a pedra evitava a intoxicação alcoólica. Essa pedra é a quartzo ametistino, ou cristal de rocha, que pode receber um tom purpurino, devido ao manganês ou do ferro. É evidente que estas doze pedras preciosas, são responsáveis por cada cor durante um (“mês”) na cidade celestial (22.2).
 21. “E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérolas; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro transparente”.
 I. “...as doze portas eram doze pérolas”. Há uma promessa para a Jerusalém terrestre durante o período milenial. Em Is 54.12, diz: “E as tuas janelas farei cristalinas, e as tuas portas de rubins...”. A pérola é a única jóia que a arte humana não consegue aprimorar. Instrumentos podem dar lustro a outras pedras. Mas a perfeição da pérola deve ser algo original e inerente a ela mesma. As bênçãos mais profundas de Deus, na Nova Jerusalém, não poderão ser melhoradas, porquanto, participam da perfeição da própria perfeição de Deus. Ainda sobre essa jóia tão importante, encontramos em Mt 13.45, 46 a parábola da pérola de grande valor que em uma interpretação comum representa a Igreja comprada pelo “precioso sangue de Cristo”. No presente texto, a pérola significa unidade, pureza e amor. Uma porta de pérola conforme o tamanho das portas daquela cidade! Só Deus e mais ninguém possui tal riqueza! Mas ali tudo é dele e para ele.
 22. “E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro”.
 I. “...nela não vi templo”. Cada um desses versículos traz particularidades que distinguem o estado eterno do Reino Milenial. As sombras aqui agora dão lugar à substância (cf. Hb 8.5 e 9.23). No Milênio havia o sol e a lua que iluminava. Havia também templo, por mão humana (Ez capítulos 40-48). Mas na nova Jerusalém celestial não são necessários. Em algum sentido todos os templos, (isto é, o de Salomão. 1Rs capítulo 6; o de Esdras. Ed capítulo 6; o de Herodes. Jo 2.20; esse que será construído pelos judeus (Dn 9.27; Mt 24.15; 2Ts 2.4), e o templo escatológico de Ezequiel (usado no Milênio). Ez capítulos 40 e ss, todos são tratados como uma só casa: (“a casa de Deus”), visto que todos professaram ser isso). Aqui, porém, no texto em foco, não haverá mais templo: “porque o seu templo (da cidade) é o Senhor”. A cidade inteira será então um só santo templo de Deus. Como observa Lang, “A nova Jerusalém não terá lugar para abrigar ao Senhor, porquanto ela mesma será abrigada por ele. Ele armará tabernáculo sobre eles (7.15). Seus habitantes habitarão sob sua luz manifesta e abrigadora”.
 23. “E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada”.
 I. “...não necessita de sol nem de lua”. No versículo anterior João viu que a cidade não precisa de santuário, isso equivale a dizer que toda a cidade é o próprio santuário, pois Deus e o Cordeiro são seu próprio santuário (Jo 2.21). A cidade brilha desde seu interior, não precisando de qualquer iluminação externa. A luz de Cristo atravessa em todas as direções, por tratar-se de ouro transparente, e nada pode impedir a difusão dos raios luminosos de Cristo. Assim fica demonstrado que, a cidade celeste não necessita de luz, nem mesmo de sol. Entretanto, na cidade terrestre (na era milenial) haverá necessidade de luz, como podemos ver em Is 30.26, pois haverá noite e haverá dia: fatores da vida física (cf. Is 24.23-30). Agora na presente era, os remidos andam por fé, vêem as coisas celestes “...refletindo como um espelho” (2Co 3.18); mas ali tudo será alterado.
 24. “E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra”.
I. “...as nações”. Cronologicamente falando, a última vez que lemos neste livro sobre (“nações terrenas”), é em 20.8; aqui, portanto, e, nas secções que se seguem (21.26 e 22.2); trata-se de (“nações celestiais”). Por três vezes são mencionadas as nações aqui. O Milênio aqui já é passado (obedecendo a ordem cronológica dos acontecimentos). É verdade que palavra “nação” empregada nos versículos (24, 26; 22.2), não contenha certos elementos que lhe pertencem quando se refere às “nações gentílicas”, mas o sentido de “nação” lhe é inerente. Assim podemos depreender que essas nações não soa mais os convertidos da era milenial, a menos, que trate-se de uma secção (“tópica”) e não (cronológica”). Mas, se assim for, esses versículos estariam deslocados de suas posições. Essas nações, portanto, devem ser “nações santas” já numa forma de vida (cf. 1Pd 2.9; Ap 5.9; 7.9-14). A menos que numa ação retroativa sejam as nações mileniais que aqui são contempladas (Zc 14.16). Mas dificilmente isso se harmoniza com o argumento principal.
 25. “E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite”.
 I. “...suas portas não se fecharão”. O Dr. J. A. Seiss diz aquilo que segue: “A hospitalidade da cidade santa será suprema em todos os seus aspectos. Há uma rica e calorosa cidade de portões abertos. Ela oferecerá o dom das portas abertas a todos os peregrinos da luz. Onde quer que os homens tenham visto estrelas de esperança no firmamento noturno e tenham querido viajar para a pátria da expectação, têm pertencido à companhia daqueles que foram acolhidos pelas portas abertas da cidade de luz. Em paz durante o dia, as portas da cidade estarão abertas; e nem haverá noite ali”. Uma cidade é um centro de cooperação, harmonia e governo, e, colocada sobre um monte, é bem evidente (Mt 5.14; Ap 21.10). Na capital do céu, tudo será paz, pois o oxigênio espiritual nela existente será o amor. Não haverá nela trevas, nem pecado, nem egoísmo, nem violência, coisas que encobrem os corações dos homens como uma noite tenebrosas. Mas, seja como for, “ali não haverá noite!”.
 26. “E a ela trarão a glória e honra das nações”.
 I. “...glória e honra”. Na era presente e honra e a glória que pertencem a Deus, em muitas das vezes, têm sido dedicadas a outras criaturas (cf. Is 42.8; Rm 1.19 e ss). Porém, na cidade do Senhor, isso não acontecerá, pois ali toda a honra e toda a glória e todo o louvor, só serão dados a Deus e ao Cordeiro, porque merecem (5.12, 13). A cidade será o objeto especial e eterno da riqueza das nações. Assim essa linda cidade denominada “nova Jerusalém”, não é a mesma Jerusalém do mundo atual; “a Jerusalém deste mundo pode penetrada por quem quiser nela entrar; mas a do mundo vindouro não poderá ser penetrada por ninguém, exceto por aqueles que estiverem preparados e foram nomeados para ela”. As Escrituras nos levam a entender que, na Nova Jerusalém celeste não poderá sobreviver seres humanos, mas, só celestiais. As nações convertidas durante o Milênio, serão (“transformadas”) quando “o céu e a terra” passarem (20.11); enquanto que os mortos da era milenial, serão ressuscitados numa nova forma de vida (cf. Dn 12.2; Jo 5.29). E, assim num contexto demonstrativo do significado do pensamento diz Paulo: “...assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”.
 27. “E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”.
 I. “...não entrará nela coisa alguma que contamine”. O presente texto nos faz lembrar das palavras de Platão, quando dizia: “Na vida presente, penso que nos aproximamos mais do conhecimento quanto menor for a nossa comunhão e ligação com o corpo (o corpo do pecado), não sendo infectados pela natureza do corpo (que é má), mas antes permaneceremos puros até a hora em que o próprio Deus agradar-se em libertar-nos... nenhuma coisa impura (há não ser por meio de Jesus) terá licença de aproximar-se do puro”.
1. Só os que estão inscritos. O contexto seguinte diz: “...no livro da vida do Cordeiro”. Entre os livros escritos com tintas e outras não, encontramos os seguintes:
(a) O livro da consciência. Rm 2.15; (b) O livro da natureza. Sl 19.1-14; (c) O livro da lei. Rm 2.12; (d) O livro do evangelho. Rm 2.16; (e) O livro das memórias. Lc 16.25; (f) O livro(s) das obras humanas. Ap 20.12; (g) O livro da vida. O livro da vida do Cordeiro é o livro que dá admissão ao mundo eterno. A missão plena de Jesus Cristo, derramando o seu sangue, foi para conduzir-nos a Deus, em sua real presença. Seu título, “Cordeiro”, faz subentender tudo isso. O livro da vida é o livro de uma infinita compaixão, porque contem, exclusivamente, nomes de ex-pecadores. Está aberto para todos; e, no entanto, muitos desprezam as suas promessas. 

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