Capítulo XIV
1. “E OLHEI, e eis que estava o cordeiro
sobre o monte de Sião, e com ele centro e quarenta e quatro mil, que em suas
testas tinham escrito o nome dele e o de seu Pai”.
I. “...o Cordeiro sobre o monte de Sião”. “Sião” é mencionado somente uma vez no Apocalipse e é um
termo extremamente interessante. Como certo escritor expressou: “Das 110 vezes
que Sião é mencionado, 90 são em termos do grande amor e afeição do Senhor por
ele, de modo que o lugar tem grande significação.
No Novo Testamento, Sião é
mencionado nas seguintes passagens: (Mt 21.5; Jo 12.15; Hb 12.22; 1Pd 2.6). “A
palavra “Sião” significa “monte ensolarado”. Ainda que a palavra tenha uma
ampla aplicação, (incluindo até mesmo o local do templo de Jerusalém, algumas
vezes), indica a colina mais oriental das duas sobre as quais Jerusalém foi
edificada. O monte Sião também é identificado com a Jerusalém “lá de cima” (Gl
4.26), e com a cidade de Deus nos céus (Hb 12.22)”. A cidade de Davi era
Jerusalém (1Rs 8.1). O templo foi edificado no monte de Moriá; o palácio de
Davi, no monte Sião. Portanto, Sião se tornou o lugar escolhido como a sede do
reinado de Cristo durante o Milênio (Is 2.3; Ob v.17).
1. Com ele 144.000. Novamente há aqui uma
visão sobre os 144.000 vistos no capítulo sétimo deste livro. durante a Grande
Tribulação, esse grupo de assinalados são comparado a “orvalho” ou “chuvisco”,
e no Milênio a “leão” (Mq 5.7, 8). O presente texto, parece descrever um quadro
do começo do Milênio. No capítulo 12.10, João ouve uma grande voz (“no céu”);
nesta secção porém, ele ouve uma voz (“do céu”). Evidentemente, ele não está no
céu e, sim na terra. A visão, trata-se, pois, de uma antecipação: o Cordeiro,
na sua segunda vinda ou “parousia”, reunindo o grupo já mencionado no capítulo
7.4-8. São eles os 144.000 israelitas selados em suas frontes, preservados
vivos, durante a grande Tribulação, agora o Senhor os reúne no monte de Sião.
Neste versículo é descrita a natureza do selo: tinham em suas testas o nome do
Cordeiro e o de seu Pai.
2. “E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um
grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas”.
I. “...como a voz de muitas águas”. A descrição da palavra “voz” que se repete por quatro vezes
no texto em foco, é similar à várias outras que aparecem no Apocalipse. A voz é
associada ao “trovão”, conforme também se vê no presente versículo. Há quase
sessenta ocorrências da “voz”, neste livro, e com certa variedade de
discriminações. (Cf. notas expositivas sobre isso em Ap 1.15, p.2). Agora a
“voz” assume uma qualidade musical, produzida por instrumentos de cordas. O
grande som dos céus se transforma em uma música, e de natureza agradável. Tais
simbolismos eram usados para mostrar a “bem-aventurança” daquele que entrar nos
céus por meio do martírio; e isso visa também a consolar aqueles que em breve
teriam de seres martirizados pelo próprio Anticristo (cf. 6.11). Nos versículos
que se seguem, são chamados de “primícias”. Isto é, o nome que se dava à parte
das coisas que os israelitas adquiriam para oferecer ao Senhor (Lv 22.12; Nm
5.9; 18.8; 28 e 29). Segundo o Dr. J. Davis, os primeiros frutos colhidos,
penhores da futuras messes, pertenciam ao Senhor. Assim também, os 144.000 são
as “primícias” dentre os israelitas comprados para Deus e para o Cordeiro.
3. “E cantavam um como cântico novo
diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia
aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram
comprados da terra”.
I. “...cantavam um como cântico novo”. O cântico do Senhor, é declarado nas Escrituras como “um
novo cântico” (Sl 40.3; 96.1; 149.1) e só pode aprendê-lo aquele que está com
seus pés em um lugar firme “como o monte de Sião, que não se abala, mas
permanece para sempre” (Sl 125.1). Não devemos nos esquecer de que os 144.000
regozijam-se porque foram “comprados dentre os homens”. Temos a frase dupla
“comprados da terra” (um lugar pecaminoso) e “comprados como primícias” (os
primeiros). Algumas versões dizem: “comprados” ou “resgatados” em lugar de
“redimidos”.
1. A última vez que vimos o Cordeiro ele
estava diante do trono, no céu (9.9); aqui ele está na cidade Santa, Sião ou
Jerusalém. É possível que devemos entender também que simbolicamente o monte
Sião, significa lugar de vitória e libertação. O Salmo 2, promete que o Ungido
do Senhor será colocado “...sobre... o monte de Sião”. No Novo Testamento,
todavia, Sião se tornou “a cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial” (Hb
12.22). Os 144.000 são todos novas criaturas, e por este motivo entoam “um novo
cântico” ao Cordeiro que os resgatou.
4. “Estes são os que não estão
contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o
Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram
comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro”.
I. “...não estão contaminados com mulheres”. A sabedoria divina divide este versículo em quatro partes
distintas, como segue:
1. (a) Não estão contaminados. É esta uma
das razões que os faz “primícias” à semelhança de Cristo as primícias dos que
dormem (1Co 15.20). Isso não quer dizer (segundo se depreende) que os 144.000
são somente homens (ainda que a expressão “não se contaminaram com mulheres”
tenha esse sentido), ou meninos recém-nascidos como tem sido interpretado por
alguns eruditos.
(b) São virgens. Devemos compreender isto no
sentido espiritual (Mt 25.1 e ss), em contraste com a igreja apóstata (14.8),
que espiritualmente era uma “prostituta” (17.1 e ss). Significa que não foram
desviados da fidelidade ao Senhor. Conservaram em si mesmos seu amor virginal.
2Co 11.2; Ef 5.25-27; Ap 2.4.
(c) São os que seguem o Cordeiro. Essas
palavras estão de acordo com o que lemos em Mc 2.14; 10.21; Lc 9.59; Jo 1.43 e
21.19, que falam sobre as exigências do discipulado cristão e sobre o fato que
Cristo chama alguns para “segui-lo”. As exigências feitas por Cristo ao
discipulado é “renúncia total”, e logo a seguir: “tomar a cruz”. O caráter dos
144.000 demonstra isso muito bem, a seriedade em suas vidas e no seu caráter,
os declarou “pioneiros da fé” não fingida durante o sombrio tempo de extrema
apostasia.
(d) Como primícias. Isso é dito também
acerca de Cristo, em primeiro Coríntios 15.20, quando Paulo faz uma importante
defesa sobre a “ressurreição”. Paulo diz que Cristo ressuscitou, como o emblema
expressivo, da ressurreição da imortalidade. Na qualidade de “colheita”, Cristo
foi o primeiro exemplar. No presente texto, os 144.000 foram também aceitos
como os primeiros exemplares a aceitarem o testemunho de Cristo, e por cuja
razão são contados como “primícias”, e “seguidores” do Cordeiro para onde quer
que vai.
5. “E na sua boca não se achou engano;
por que são irrepreensíveis diante do trono de Deus”.
I. “...na sua boca não se achou engano”. O leitor deve observar que a expressão contida no texto
“...na sua boca não se achou engano” é dita também a respeito de cristo, em 1Pd
2.22. O termo grego, deste texto, diz “anomos”, forma negativa de “momos”, isto
é, “mácula”, “culpa”, “censura”, etc. Isso pode ser comparado com 1Pd 1.19,
onde Cristo, na qualidade de Cordeiro de Deus, aparece “sem mácula”. A
dignidade destes 144.000 já se encontrava profetizada nas páginas áureas da
Bíblia Sagrada, (cf. Sf 3.13), que diz: “o remanescente de Israel não cometerá
iniqüidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua
enganosa”. Os 144.000 serão assim. Eles não “negarão” a Cristo; não concordarão
com a fraude do culto do Anticristo. Eles se manterão puros de toda idolatria e
imoralidade. “Serão nazireus completos para Deus no tocante à sua relação com o
mundo”.
6. “E vi outro anjo voar pelo meio do
céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a
terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo”.
I. “...tinha o evangelho eterno”. Deus nunca se deixou a si mesmo sem testemunho (At 14.17);
Ele é o Deus que “nunca muda” (Ml 3.6), e durante o tempo da Grande Tribulação
levantará um grupo de pregadores do “Evangelho do Reino” que com grande poder
darão o seu testemunho. Na plenitude dos tempos ele levantou antes da
manifestação do Messias prometido a Israel, um João Batista; a pregação de João
era precursora, isto é, preparava o caminho da manifestação do Filho de Deus
aos filhos de Israel (Ml 4.5, 6; Mt 3.1 e ss; Jo 1.15 e ss). O mesmo Jesus
designou também um grupo de pregadores do “Evangelho do Reino” (Mt 10.5-7).
Observe bem a frase: “Ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel. E, indo,
pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus”. Após sua morte e ressurreição ele
ordenou que se pregasse o “Evangelho da graça de Deus” a toda criatura
“começando por Jerusalém” (Mc 16.15; Lc 24.47). Agora, no presente texto, vimos
um elevado poder angelical a pregar “O Evangelho Eterno”.
1. O Evangelho pregado nessa época de
Angústia é o mesmo Evangelho ensinado por Jesus, porque, como sabemos, não há “outro
evangelho” (Gl 1.8). O Evangelho é o mesmo, mas pode ser apresentado na sua
multiforme: (a) O EVANGELHO DO REINO; (b) O EVANGELHO DA GRAÇA; (c) O EVANGELHO
ETERNO; (d) O QUE PAULO CHAMA DE MEU EVANGELHO. O Dr. C. I. Scofield, define o
Evangelho como segue:
2. A palavra evangelho, em si significa
“boas novas”; por isso o Evangelho é alguma coisa essencialmente diferente de
qualquer ensino ou doutrina anterior. Quatro manifestações do Evangelho devem
ser anotadas e cada uma delas, com significação especial:
(a) O EVANGELHO DO REINO. Isto é, as boas
novas que Deus propôs estabelecer na terra, em cumprimento do concerto davídico
(2Sm 7.16, etc), um reino não político, mas espiritual, judaico, porém,
universal, sobre o qual o Filho de Deus herdeiro de Davi, reinará, e o qual
será, por mil anos, a manifestação da justiça de Deus entre os homens. Duas
pregações deste Evangelho são mencionadas nas Escrituras, uma passada,
começando com o ministério de João Batista e terminando com a rejeição do seu
Rei pelos judeus. A outra. Ainda futura (Mt 24.14), durante a Grande
Tribulação, e imediatamente antes da Vinda em glória de Cristo – O Rei
rejeitado:
(b) O EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS. Isto é,
“as boas novas” de Jesus Cristo, o Rei rejeitado, que morreu na cruz pelos
pecados do mundo, que ressurgiu para nossa justificação,e que por Ele todos os
que crêem são justificados de todas as coisas. Esta manifestação do Evangelho é
referida de várias maneiras, como segue: (aa) É o Evangelho “de Deus”. Rm 1.1,
porque se origina no seu amor; (bb) “de Cristo”. 2Co 10.14, porque dimana do
Seu sacrifício e porque ele é o único objeto de fé para salvação; (cc) “da
graça de Deus”. At 20.24, porque salva aquele a quem a lei condena; (dd) “da
glória”. 1Tm 1.11, porque diz respeito Àquele que está na glória, e que leva
muitos filhos à glória. Hb 2.10; (ee) “da nossa salvação”. Ef 1.13, porque é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; (ff) “da circuncisão”. Gl
2.7, porque diante do poder deste Evangelho, “não há grego nem judeu,
circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo
em todos”. Cl 3.11; (gg) “da incircuncisão”. Gl 2.7, porque salva inteiramente
à parte de forma e ordenanças; (hh) “da paz”. Ef 6.15, porque por Cristo o
Evangelho estabelece paz entre o pecador e Deus, e dá paz interior também:
(c) O EVANGELHO ETERNO (o do presente
texto). Este será pregado logo no fim da Grande Tribulação e imediatamente
antes do julgamento das nações descritas em Mt 25.31 a 46. Essas “boas novas”,
pregadas pelo “anjo” é universal, e abrange a “toda a criatura”.
(d) O EVANGELHO QUE PAULO PREGAVA. (Ele o
chamou de “meu Evangelho”. Rm 2.16). Este é o Evangelho de Deus no seu mais
pleno desenvolvimento, e inclui a revelação do resultado desse Evangelho na
chamada da Igreja, e as relaçoes, posições, privilégios e responsabilidades:
(e) HÁ OUTRO EVANGELHO. 2Co 11.4; Gl 1.6.
Este é apenas uma falsificação que alguém usa tirando proveito do “Evangelho de
Cristo”. Somos advertidos contra ele, o tal evangelho.
7. “Dizendo com grande voz: Temei a Deus,
e daí-lhe glória; porque vinda é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o
céu, e a terra, e o mar e as fontes das águas”.
I. “...porque vinda é a hora do seu juízo”. O leitor deve observar como a mensagem do Evangelho é
progressiva em suas várias manifestações ao mundo, e em qualquer época: -
simplesmente “Evangelho” (Mc 1.15). “O Evangelho de Cristo” (Rm 1.16). “O
Evangelho de Deus”(Rm 1.1). “O Evangelho de Jesus Cristo” (Mc 1.1). “O
Evangelho do Reino” (Mt 4.23). “O Evangelho da graça de Deus” (At 20.24). “O
Evangelho de seu Filho” (Rm 1.9). “O Evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4).
“O Evangelho da vossa salvação” (Ef 1.13). “O Evangelho da paz” (Ef 6.15). “O
Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.18). “O Evangelho Eterno” como é
visto no presente versículo e no anterior. Em todas as formas apresentadas nas
notas expositivas do versículo seis e ss, o evangelho é “um só” (Gl 1.6-9). Em
qualquer época o Evangelho pode se chamado de “pro tõn aiõnõn”, (desde a
eternidade), isto é, “as boas novas da época”, com este sentido, o termo se
acha mais de 25 vezes em o Novo Testamento. Este Evangelho é eterno no plano de
Deus, desde a fundação do mundo.
1. Temei a Deus. Este termo em (Ec 12.13), é
abrangente a todos os homens. Essa expressão é judaica, e ocorre inúmeras vezes
tanto no Antigo como no Novo Testamento. É evidente que esse Evangelho é uma
“boa novas” tanto para Israel, como para todas as nações, como mensagem
precursora para o Reino Milenial (cf. Mt 3.2, 3).
8. “E outro anjo seguiu dizendo: Caiu,
caiu Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a beber do vinho
da ira da sua prostituição”.
I. “...caiu, caiu Babilônia”. O que é descrito detalhadamente no capítulo 18 deste livro
sobre a grande Babilônia, é antecipado pelo anjo de Deus no presente versículo.
O anjo estabelece a seqüência deste acontecimento com grande poder, e ainda
enfatizado pelo duplo clamor: “Caiu, caiu Babilônia”. “No Antigo Testamento,
muitas vezes a cidade de Babilônia é tomada como símbolo de todos os inimigos
do povo de Deus. Era chamada de “Babilônia, a grande”, porque era a cidade do
poder, da riqueza, da cultura, do orgulho e da grandeza humana”.
1. Deu a beber do vinho. Sabemos pela
história secular e por declarações bíblicas contemporâneas que a Babilônia da
Caldéia embriagou as nações com a loucura de sua prostituição; mas essa cidade
real desapareceu há muito. O versículo 8 desta secção, trata de uma famosa
capital, hoje existente, cujo nome simbólico é Babilônia e, a exemplo daquela,
“tem dado a beber do vinho da...sua prostituição”. O profeta Isaías (Is 21.9),
enfatiza a lei da dupla referência profética sobre o mesmo assunto e Jeremias,
segue o mesmo paralelismo (Jr 25.15).
9. “E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo
com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na
sua testa, ou na sua mão”.
I. “...se alguém adorar a besta”. nos dias da Grande Tribulação, o Anticristo, que será o
paralelo profético dos imperadores babilônicos, e romanos, adorados no antigo
culto, será adorado pelos habitantes do mundo, no período determinado de 42
meses. O falso profeta, que é a Besta que “subiu da terra”(13.11), é quem
dirigirá esse culto. O poder e a ira de Deus, porém, fará tudo isso chegar ao
seu fim, pelo zelo da sua palavra que disse: “Só ao Senhor teu Deus adorarás, e
só a ele servirás” (Mt 4.10). Este versículo encerra a quarta visão deste
capítulo, e a voz do anjo proclamador, apresenta uma contra-ordem divina ao
edito da Besta que os homens não recusassem a adorar a imagem, sob pena de
morte (13.15, 16). A advertência divina é essa: Quem for tragado pelo engano da
Besta; também tragado será pelo ardente lago de fogo!
10. “Também o tal (seja quem for) beberá
do vinho da lei de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e
será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do
Cordeiro”.
I. “...o tal beberá do vinho da ira de
Deus”. “Os antigos sempre misturavam água com seu
vinho e outras bebidas fortes e davam às tais bebidas um baixo conteúdo
alcoólico, porquanto apenas oito por cento de álcool é suficiente para
fermentação natural”.
1. Sem mistura. A. R. Fausset escreve: “...o
vinho era tão comumente misturado com água que misturar vinho, no grego, é
usado por “despejar vinho”; (mas) este vinho da ira de Deus não é diluído; não
tem alguma gota de água para arrefecer seu calor. Nada da graça ou da esperança
é misturado com ele”. No tempo presente da dispensação da Graça, o “vinho” do
juízo de Deus, ainda é dado com uma certa mistura (de misericórdia). Sl 75.8;
porém, durante o tempo da angústia, isso afastado e os súditos da Besta beberão
do “vinho da ira de Deus” que foi deitado não misturado. Isto é, puro! Não
haverá nenhuma mistura de misericórdia, mas será executado em forma crescente.
Logo mais eles entrarão em foco, conforme se vê no capítulo 16, deste livro.
por essa razão é que as “taças” são chamadas “as sete salvas da ira de Deus”
(16.1 e ss).
11. “E o fumo do seu tormento sobe para
todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta
e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome”.
I. “...seu tormento sobe para todo o
sempre”. No versículo anterior
desta secção, o castigo eterno dos adoradores da Besta é descrito na linguagem
medonha. “O fog e o enxofre” estão em foco! Fogo e enxofre são símbolos de
terrível angústia (Is 30.33). “Enxofre”, diz W. Newell, “é uma substância por
demais terrível... em sua ação sobre a carne humana em tormento ao tocar o
corpo. Combinado com o fogo, é agonia absoluta, angústia inexprimível! E é este
o seu propósito, pois será a imposição ilimitada da vingança divina”. Aqui
neste versículo, é revelado a natureza deste “vinho”; será um julgamento de
Deus a ser aplicado em caráter eterno. Jesus falou do castigo eterno dos
perversos (Mt 25.46), e advertiu acerca do inferno de fogo, onde “o seu bicho
não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.46, 48).
12. “Aqui está a paciência dos santos:
aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”.
I. “...os mandamentos de Deus”. Alguns manuscritos trazem: “As dez palavras” ou a designação
que se tornou comum sobre o conteúdo das duas tábuas de pedra – o “Decálogo”.
Foram originalmente proferidas pela voz divina do monte Sinai, para serem ouvidas
pelo povo de Israel (Êx 19.16 e 20.17). Depois disso, na presença de Moisés, no
monte Sinai, foram escritas pelo “dedo de Deus” no verso e no anverso das duas
tábuas de pedra. Todos, com exceção de um (“o quinto”), tinham uma expressão
negativa (“não”): Êx 20.3, 4, 5, 7, 10, 13, 14, 15, 16, 17. No Novo Testamento,
os mandamentos foram citados por Jesus quando interpelado pelo jovem rico: “Se
queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17). Evidentemente
nesta secção, os mandamentos se relacionam com os judeus: enquanto que a “fé de
Jesus” com os gentios (cf. At. 14.27).
13. “E ouvi uma voz do céu, que me dizia:
Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o
Espírito para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam”.
I. “...Bem-aventurados os mortos”. No Apocalipse há sete “bem-aventuranças”. Esta é a segunda
delas (1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7, 14). A primeira está em Ap 1.3. Ela
se origina de uma palavra grega que significa “riqueza”: no texto em foco, ela
além de outros sinônimos, significa: “ser feliz”, ser “bem-sucedido”, etc. O
Senhor Jesus em o “Sermão da Montanha” falou das “Bem-aventuranças” e dos
“Bem-aventurados” (cf. Mt 5.3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11). No Antigo Testamento,
o conceito de ser “bem-aventurados” era apenas ser “feliz”. O Novo Testamento,
porém, elevou essa palavra, dando-lhe o sentido de “felicidade espiritual”. Com
base no bem-estar espiritual.
1. Sim, diz o Espírito. Passagens como (Gn
24.7 e ss; ilustrada no versículo 58: “Irás tu com este varão? Ela respondeu:
Irei”; Jo 14.16; 2Ts 2.7; Ap 14.13), demonstram que, durante a Grande
Tribulação, o Espírito Santo estará “no céu”, na Corte Celestial. Isso se
depreende do significado do pensamento: “Bem-aventurados...”. Sim, diz (“o
Espírito”). A “voz” é a “voz do Espírito” e, evidentemente, foi partida
diretamente “do céu”.
14. “E olhei, e eis uma nuvem branca, e
assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua
cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda”.
I. “...um semelhante ao filho do homem”. O profeta Daniel (cerca de 607 a.C.) teve uma visão sobre o
Filho do homem no presente quadro: “Eu estava olhando nas minhas visões da
noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do homem: e dirigiu-se
ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele” (Dn 7.13). Baseado na passagem
de (Mateus 13.37), que diz: “...O que semeia a boa semente, é o Filho do homem”
e, Gálatas 6.7: “...tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. João
identifica o Ceifeiro celeste como sendo o Senhor Jesus Cristo. “Sentado em uma
nuvem branca está o Criador de todas as nuvens. Fazendo dela sua carruagem, ele
parte para sua tarefa sombria. O sentar-se sobre a nuvem do juízo sugere “calma
e deliberação”. Sem pressa: o Ceifeiro sega sua colheita”.
1. Uma foice aguda. A foice “aguda” (afiada)
indica que a ceifa será rápida e completa. Temos aqui o simbolismo da “ceifa”
(Jl 3.13), que representa o julgamento no fim da presente era (Mt 13.39-43). A
foice é objeto mencionado por mais de 12 vezes nas Escrituras (Is 2.4; Jl 3.10,
13; Mq 4.3; Mc 4.29), e por sete delas nos versículos que temos nesta secção
(vs. 14, 15, 16, 17, 18, 19). O livro do Apocalipse apresenta Cristo em sua
magnitude! “No capítulo 22.1 vê-se seu poder repousante. O Pai e o Filho estão
“assentados no trono”. No capítulo 19.11 ele está “assentado sobre um cavalo
branco”, o que indica seu poder que avança. Mas aqui o Cordeiro está “assentado
sobre uma nuvem”, o que indica seu poder de executar o juízo”.
15. “E outro anjo saiu do templo,
clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua
foice, e sega; é já vinda a hora de segar, porque já a seara da terra está
madura”.
I. “...outro anjo saiu do templo”. Cremos que a pessoa do Pai está em foco nesta passagem. Um
anjo comum jamais teria dado ordem ao elevado poder da nuvem branca (cf. Hb 1.4
e ss). Na passagem de Joel 3.13, Deus é que manda “lançar a foice”, e a seguir
o Filho do homem (que ali está oculto e aqui revelado) age prontamente, pois a
seara está madura, ou “mais do que madura”, ou “seca”. A “seara da terra” diz
respeito a Israel e não as “nações gentílicas”; enquanto que a “vinha da terra”
(diferente da “vinha do Senhor” – Israel), diz respeito aos gentios e não
Israel. “A palavra grega usada aqui é a mesma empregada para a figueira de
Marcos 11.20; em Lucas 23.32 usa-se a forma adjetiva: o que se fará no caso?
Significando o último e terrível estado de Israel”.
1. A seara da terra. Há muitas interpretações
sobre a “seara da terra” visto nesta secção. Alguns opinam que ela se refere a
uma “colheita especial” dos “bagos caídos”: da grande colheita – o
arrebatamento (1Ts 4.13-17) e tomam a passagem de (Lv 19.9-10) para
exemplificar. Essa ceifa o Filho do homem não só mas usará também seus anjos
como reais ceifeiros (Mt 13.39). Haverá então a “separação entre o trigo e o
joio”.
16. “E aquele que estava assentado sobre
a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada”.
I. “...e a terra foi segada”. Este versículo informa que chegou o tempo da “colheita”,
pois a metáfora baseada na vida agrícola continua (Tg 5.7). No momento exato,
de acordo com o conhecimento do Pai, começará. O grego nesta passagem diz,
literalmente, “secou”, o verbo “zeraino” é usado para indicar “estar maduro”. O
fato de estar seca a seara parece, na nossa concepção, traduzir um certo
“atraso”, mas o sentido realmente não é este. Lembremos que Jesus disse aos
seus discípulos: “Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão
brancas para a ceifa” (Jo 4.36). Nos dias de Jesus na terra já havia chegado o
“tempo” mas faltava a “hora”. A misericórdia divina esperou pacientemente por
essa “hora”. Porém, chegara a hora: “E aquele que estava assentado sobre a
nuvem meteu a sua foice à terra: e a terra foi segada!”. O segundo advento de
Cristo começará, sobre a terra, quando for lançada a “foice”. Por assim dizer,
será o provável começo deste acontecimento. O juízo da ceifa pode ser o
Armagedom em foco! (16.16; 19.11-21). Isso se dará, no fim da presente era.
17. “E saiu do templo, que está no céu,
outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda”.
I. “...outro anjo, o qual também tinha uma
foice aguda”. Cremos que novamente a
pessoa de Cristo está em foco nesta visão. Haverá tanto o “corte” como o
“recolhimento” do joio. Temos aqui nesta secção a combinação do quadro duplo da
colheita e da vindima, segundo Joel 3.13, que diz: “Lançai a foice, porque já
está madura a seara: vinde, descei, porque o largar está cheio”. O leitor deve observar
bem as duas frases: “seara” (está ligada a colheita), e “largar” (está ligado a
vindima). Para alguns teólogos a vinha da terra compreende toda apostasia
religiosa do mundo, e terá como recompensa o dia da vingança do nosso Deus.
Seja como for, esses versículo aqui, apresentam um quadro profético da grande
guerra no vale de Armagedom (Is 63.16; Jl 3.11-16). É evidente, como já
demonstramos, que o simbolismo da “seara” e da ‘vindima da terra”, aponta para
a batalha do “grande dia do Deus Todo-poderoso”.
18. “E saiu do altar outro anjo, que
tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda,
dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque
já as suas uvas estão maduras”.
I. “...outro anjo, que tinha poder sobre o
fogo”. Dado a interpretação que se dar a pessoa da
divina visão do versículo 17, só a pessoa do Pai deve esta em foco nesta visão;
devemos ter em mente que, o anjo do presente texto “tinha poder sobre o fogo”,
que comparado com (Mt 10.28 e 21.40), esta cena deve ser representada pelo
próprio Deus. No juízo executado pelo anjo do templo, são colhidos “os cachos
da vinha da terra”. Nesta passagem, vemos os “ímpios” amadurecidos para o juízo
de Deus. É o Armagedom em cena (Gn 49.9; Is 63.1 e ss; Jl 3.13 e ss; Zc 14.1 e
ss; Ap 19.11 e ss). A expressão “vinha da terra” abrange todo o sistema
religioso na visitação vindoura da ira de Deus. As uvas da apostasia largamente
difundida são “uvas silvestres” (ímpios apodrecidos) transformados em “uvas da
ira”. Mas, evidentemente, o poder político mundial deve também está inserido no
quadro (Is 63.16; Jl 3.13-16; 2Ts 1.7-8).
19. “E o anjo meteu a sua foice à terra e
vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de
Deus”.
I. “...e lançou-as no grande largar”. Quão terrível será esse julgamento no fim da presente era e,
é ilustrado pelo fato que o suco das uvas se transformou em “sangue”. As “uvas”
(os ímpios) serão lançadas no lagar, e assim terá início a grande matança
provocadas pela ira divina. Esta descrição refere-se ao momento quando o Senhor
Jesus iniciar a grande batalha na região sul da terra Santa, especialmente nas
fronteiras de Edom e sua capital (Is 63.1). Ao romper da aurora ele descerá ao
vale com a rapidez da imaginação (Is 13.10; Zc 14.6-7; Ap 19.11 e ss). Seu
primeiro contato na terra será no monte das Oliveiras (Zc 14.4). A partir desse
local seguirá para o extremo sul da Palestina e começará a “pisar o lagar”;
dali, para o monte Hermom no extremo Norte (Sl 29; Is 63.1-6).
1. Ele pisará o “lagar” sozinho, como
sozinho consumou a grande obra na cruz: “Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos
ninguém houve comigo; e os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor; e o
seu sangue (sangue dos inimigos de Cristo) salpicou os meus vestidos, e manchei
toda a minha vestidura. Porque o dia da vingança estava no meu coração...” (Is
63.3, 4). Durante a dispensação da graça, Cristo tem em seu coração “o dia da
salvação”. Isso ilustrado em Lc 4.19 quando lendo a passagem de Is 61.2, Jesus
parou na frase: “...o ano aceitável do Senhor”, omitindo assim “...o dia da
vingança do nosso Deus”. Mas esse dia terminará com o arrebatamento da Igreja,
e logo a seguir virá “o dia da vingança” (cf. Ap 6.17).
20. “E o lagar foi pisado fora da cidade,
e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil
seiscentos estádios”.
I. “...fora da cidade”. Quando o Filho de Deus veio a este mundo “...para santificar
o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta – de Jerusalém” (Hb
13.12), aqui agora, também, sua grande vitória será fora de suas portas.
Jerusalém é a cidade em referência nesta secção. O vale de Armagedom fica fora
de suas portas.
1. E saiu sangue do lagar. O “lagar” é
também um nome profético de Armagedom. Nome que se dar a grande planície que
estende-se pelo meio da Terra Santa, do Mediterrâneo ao Jordão. A palavra
originou-se de uma raiz hebraica (“Har Magedon”); que significa “derrubar”,
“cortar”, “matar”, “decepar”, e, lugar de mortandade, é o que Megido sempre
foi. Uma outra interpretação da palavra Armagedom é: “abater o alto”. Esse
duplo significado corresponde exatamente ao caráter dos acontecimentos, pois o
alto não somente é abatido, mas, tal coisa acontece desde o alto. (Ver notas
expositivas sobre isso, em 16.16). O Dr. Clake escreve: “Desde Nabucodonosor
até ao avanço de Napoleão até a Síria, essa planície foi sempre escolhida como
acampamento dos exércitos. Judeus, gentios, sarracenos, cruzadas, egípcios,
persas, drusos, turcos e outros povos armaram ali suas tendas de campanha e
deixaram molhar suas bandeiras pelo orvalho do Tabor e do pequeno Hermom”.
2. Em Ap 9.16, diz que as “uvas amadurecida”
são compostas por um exército de 200.000.000 de cavaleiros. O poderoso exército
já mencionado, partirá do extremo Oriente em direção às fronteiras do Eufrates
(16.12-16); certamente de lá, seu intuito é a invasão da Palestina, tendo como
alvo principal a cidade de Jerusalém (Lc 21.20-24). Porém, antes de alcançar
Jerusalém, “...passando por cidades do norte como (Aiate, Migrom, Micmás, Geba,
Gibeá de Saul, Galim, Anatote, Madmena, Nobe, etc) dizimarão a “terça parte dos
homens” (Ap 9.15). A Besta irá para o vale de Armagedom, por uma circunstância
sobrenatural, ao contemplar fisicamente Jesus descendo sobre o céu da Palestina
(Mt 24.30; 26.64; Ap 1.7). Apavorada com as manifestações divinas simultâneas
com a vinda do Senhor, a Besta “fugirá” para Armagedom, e ali, portanto haverá,
pois, uma grande conflagração e mortandade, cujo desenlace será, provavelmente,
naquele monte e no extremo vale do ocidente do Jordão.
3. Sangue...até aos freios dos cavalos.
Literalmente falando, cada ser humano é portador de 5 litros de sangue e, um
cavalo de 18 respectivamente. Então, teríamos aí (quatro bilhões e seiscentos
milhões) de litros de sangue aproximadamente. 1.600 estádios corresponde a 296
quilômetros, tendo o estádio 185 metros. Não teríamos dificuldade em aceitar a
interpretação literal desse número, pois se trata de uma medida de extensão e
não de área. Outros, porém, aceitam como linguagem simbólica testificando do
terrível morticínio dos ímpios quando o Senhor os pisar em sua fúria. Seja como
for, a derrota dos ímpios está prevista e a vitória de Cristo determinada! (Is
63.6).
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