É sempre assim… Chegam as eleições, e petistas que nunca deram a menor bola para a religião tornam-se católicos, quase carolas. Chegou a vez de Fernando Haddad. Mais um pouco, essa turma do PT disputa um papel nas novelas que não se cansam de fazer caricatura do catolicismo.
Nota à margem: os autores de novelas aprenderam que é preciso respeitar todas as religiões em nome da diversidade cultural, que se tornou um valor. Respeitam todas, claro!, menos o cristianismo. Católicos e evangélicos, nos folhetins televisivos, são invariavelmente hipócritas, falsos moralistas, pilantras… Há a evangélica que evoca a Bíblia e faz filme pornô, a católica que faz o sinal da cruz, chifra o marido e rouba dinheiro de ONG dirigida por um padre pilantra e comilão, a carola que já foi quenga… Chama-se a isso “liberdade de expressão”, claro! Não se ousaria retratar um muçulmano assim para milhões de pessoas, certo? Seria considerado preconceito. Sem contar o eventual perigo… Termina a nota à margem. Sigo.
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Antes de Dilma Rousseff ser candidata à Presidência, quantas vezes nós a vimos numa igreja? Resposta: nenhuma! Antes de Fernando Haddad ser candidato à Prefeitura, qual era a intimidade que exibia com a religião? Ocupando cargos públicos, o que falaram ou disseram que demonstrasse respeito às convicções religiosas? Essas são perguntas objetivas e têm respostas também objetivas.
Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma “honrou” o catolicismo defendendo a legalização do aborto. E o fez de várias maneiras. Deu declarações nesse sentido e permitiu que o Plano Nacional de Direitos Humanos incorporasse a legalização como diretriz a ser seguida pelo governo. O plano veio à luz na forma de um decreto. Todo decreto ganha forma final na Casa Civil. Quando percebeu que a questão poderia lhe custar caro eleitoralmente, foi à igreja rezar e se persignar — de modo errado, diga-se. O plano, aprovado necessariamente por Dilma, bania todos os crucifixos de órgãos públicos, numa clara manifestação de perseguição religiosa.
E Haddad no poder? Como se demonstrou seu apego aos fundamentos do cristianismo ou, se quiserem, do catolicismo em particular? Ora, entregando uma dinheirama a ONGs militantes para que organizasse o tal kit gay. O material é pedagógica e didaticamente doloso na medida em que, sob o pretexto de combater a intolerância, faz a apologia de comportamentos sexuais de exceção — que devem, sim, ser respeitados —, apontando a sua suposta vantagem no cotejo com o comportamento de regra. Entre outros absurdos, sustenta-se, num dos filmes dirigidos a adolescentes, que a bissexualidade traz vantagens em relação à heterossexualidade porque o bissexual tem mais chances de ter com quem sair no fim de semana. O nome disso é delinquência intelectual. Nesse caso, Haddad não quis ouvir os cristãos, católicos ou evangélicos, porque, sustentava-se, a educação no Brasil é laica.
Muito bem! Hoje, lá foi ele fazer o sinal da cruz e comungar na Obra Social Dom Bosco de Itaquera, Zona Leste, em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, comandada pelo padre Rosalvino Morán Viñayo. O Estadão retratou assim a sua postura durante o culto: “Durante a maior parte do culto, Haddad, que em seus discursos tem enfatizado a necessidade de separar política e religião, manteve uma posição rígida, com o semblante fechado e as mãos cruzadas à frente do corpo, enquanto sua mulher, Ana Estela, e Chalita, ambos à vontade, cantavam hinos católicos e agitavam os braços. Ao final, o petista rezou um pai nosso e comungou.” Como a gente nota, um homem sério e respeitador, certo?
Como não se tem notícia de qualquer vínculo anterior de Haddad com o catolicismo, agora se dá destaque à sua “formação ortodoxa”. Ninguém vai investigar seus vínculos reais com a Igreja Ortodoxa, e fica tudo por isso mesmo… Digamos que ortodoxo fosse, ele poderia ter comungado?
A Igreja Católica não é a festa da uva, a que basta chegar para ir se enturmando. O Direito Canônico trata do assunto no Cânone 844, a saber:
“Os ministros católicos podem legalmente administrar os sacramentos apenas aos membros católicos fiéis a Cristo; estes só podem receber os sacramentos de ministros católicos”. Mas se abre, sim, uma exceção específica para a Igreja Oriental (à qual pertenceria — ??? — Haddad). No parágrafo terceiro desse cânone:
“Os ministros católicos podem legalmente administrar os sacramentos da penitência, Eucaristia e unção dos enfermos aos membros das Igrejas orientais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica se, espontaneamente, lhes perguntar se estão devidamente preparados (…)”
Não sei se a pergunta foi feita. Parece que não! Se fosse, até imagino qual seria a resposta — e certamente estaria em desacordo com os fatos.
Antes da missa, vejam vocês, esse Haddad que descobriu agora o seu amor pelo catolicismo acusou o adversário José Serra de explorar temas religiosos… Como a gente nota, ele não faz isso, certo? Ele só comunga na boca da urna, mas não explora a religião…
Não por acaso, o seu cicerone na Igreja é este católico exemplar chamado Gabriel Chalita.Por Reinaldo Azevedo
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