VEJA O VÍDEO ABAIXO |
Uma menina de 18 anos foi agredida por policiais militares antes da partida do Coritiba contra o Vasco da Gama no último sábado (17), em Curitiba. Parte da agressão foi filmada por outra torcedora que participava da escolta realizada pela PM até o estádio Couto Pereira, e as imagens mostram um policial batendo a cabeça da vítima contra um portão de ferro.
“Foi bem constrangedor”, resumiu a estudante de administração Ana Paula Lima. Ela conta que a atitude violenta dos policiais começou ainda na Praça Santos Andrade, após um evento organizado chamado de “Caminhada pela paz”, e horas antes da partida de futebol. “Nós juntamos torcedores e resolvemos fazer uma caminhada pacífica em homenagem a colegas que faleceram recentemente”, disse em entrevista ao G1.
Também presente no local, a fotógrafa Ana Paula Ribeiro confirmou a versão da vítima. “Chegou uma viatura da polícia mandando o pessoal calar a boca, que lugar de cantar é no estádio. A galera obedeceu, ficou quieta reunida ali na praça. Sem tumulto algum, nenhuma algazarra, tinha até crianças de colo”, relatou. Ambas relatam que na sequência os policiais mandaram os participantes se encaminharem ao Couto Pereira.
Eles continuaram me batendo, mais umas cinco ou seis vezes. Ameaçavam me levar presa" Ana Paula Lima, vítima das agressões
De acordo com as duas torcedoras, as agressões começaram neste momento. “Eles chutavam pessoas que iam devagar e percebi que eles não estavam gostando da presença de câmeras, por isso desliguei a minha”, disse Ribeiro. Ana Paula Lima, contudo, disse que preferiu não desligar o celular dela, e reiterou que filmou algumas destas agressões. “Eu desliguei, mas andei mais um pouco, liguei e continuei filmando. Quando eles viraram para trás e me viram, disseram que teriam que quebrar meu celular”, lembrou a vítima.
Segundo Lima, foi neste momento em que os policiais partiram para cima dela e outra amiga começou a filmar. “Eles me pediram para apagar imagens, eu disse que não ia, porque não tinha nada de errado em filmar. Então eles tentaram tirar da minha mão e vieram em dois para cima de mim. Um deles pegou meu braço e pôs para trás, de forma que eu fiquei com uma mão livre apenas. Então decidi colocar o celular dentro da minha calça”, denunciou Lima.
O vídeo ainda mostra outro policial retirando do local a torcedora que filmou a agressão, e não há registros de imagens do que acontece na sequência. “Eles continuaram me batendo, mais umas cinco ou seis vezes. Ameaçavam me levar presa, eu perguntava um motivo para me levarem, e diziam que eu estava desobedecendo ordem policial. Mas com esse tipo de ordem eu não concordo”, questionou a vítima. Ela conta que o celular continuou gravando o áudio das agressões de dentro da roupa, mas que ela não pretende divulgar o material por conta do constrangimento.
“Se ainda tivesse sido feito na frente de todo mundo, eu saberia que não iam acontecer abusos, mas eles me levaram para um canto, eu não via a torcida, a torcida não me via. Eu me senti muito constrangida, além de ficar nervosa com a situação”, narrou Lima sobre o ocorrido. Ela disse que irá levar o caso à polícia na terça-feira (20), mas ainda não sabe que desdobramentos a história terá. “O pessoal da torcida agilizou advogados para me auxiliar, mas não tenho nem noção do que fazer ainda”, revelou.
Nota oficial
A Polícia Militar se manifestou sobre o caso através de nota oficial nesta segunda-feira (19), afirmando que irá abrir um procedimento administrativo para esclarecer os fatos. Confira na íntegra:
O vídeo já chegou ao conhecimento do Comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), o qual está determinou a abertura de um procedimento administrativo para apurar o que realmente houve. E caso fique comprovado que os policiais agiram irregularmente, eles serão punidos conforme prevê a Lei.
O Comando do BOPE também esclarece que não compactua com nenhum tipo de atitude que vá de encontro a todo e qualquer direito dos cidadãos, mas por "estarmos em um estado democrático de direito, e respeitando os dispositivos constitucionais, os policiais têm direito a ampla defesa e ao contraditório".
O Comando do BOPE reitera que tem sido enfático em relação aos direitos dos cidadãos, mas somente será sabido o que realmente aconteceu ao término do procedimento instaurado.
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