Lição 5 - Conflitos na Família - 2

ALGUNS ITENS PARA RESOLVER CONFLITOS CONJUGAIS
Resolvendo os conflitos conjugais. Construindo um casamento com amor “Longe de vós toda amargura, e cólera, e ira... Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou ” (Ef 4.31-32). No casamento, mesmo havendo boa comunicação, haverá sempre algum desentendi-mento. As pessoas são diferentes, têm opiniões próprias sobre muitas coisas. Além disso, quando se casam, logo descobrem que os respectivos cônjuges não possuem todas aquelas qualidades que idealizaram e visualizaram no amado ou na amada antes do casamento. Então, tentam “mudar” o cônjuge. 

Aí começam os conflitos! Principalmente porque o “método de ensino” geralmente adotado inclui queixa, crítica, ironia, sarcasmo, sermões e até choradeira... 
A maioria atribui seus conflitos às circunstâncias adversas: o trabalho não é bom, o salário é insuficiente, o apartamento é pequeno, o vizinho é barulhento, as crianças dão muito trabalho... Entretanto, o verdadeiro problema é o ego. As pessoas são naturalmente egoístas; buscam o próprio interesse; exigem liberdade irrestrita; e ainda contam com a aprovação incondicional do outro. 

Os jovens, às vezes, têm pressa de se casar... para escapar à situação infeliz do seu lar. Todavia, o problema real nem sempre é o relacionamento difícil dos pais. É o próprio ego pecaminoso. Esse ego os acompanha quando deixam pai e mãe e formam um novo lar... E os problemas dos pais se perpetuam nos filhos. O novo lar tem as mesmas discussões e brigas. Às vezes, esses conflitos são tão freqüentes e aborrecidos, que marido e mulher acabam pensando que eles são incompatíveis. Mais provavelmente não é isso. Os dois só precisam submeter o ego, os respectivos desejos, tendências e defeitos ao Senhorio de Cristo. Se Jesus estiver mesmo no coração de cada um e no centro do casamento, os cônjuges poderão viver em harmonia. 

Uma boa discussão! 
“Todo casal tem suas brigas!” É verdade, lamentavelmente. Suponha, porém, que um casal cristão queira evitar discussões e brigas freqüentes. O que podem fazer? Antes de tudo, precisam entender que uma discussão não tem que terminar com agressões e briga. Pode e deve ser uma boa discussão. Se servir para ampliar os canais de comunicação, expor e sarar as feridas da alma... Um e outro terão que admitir e corrigir equívocos e faltas. Na verdade, os casados precisam de uma boa discussão, de vez em quando. Mas há regras que precisam ser obedecidas. 

1. O propósito é entender melhor o que o outro pensa. 
O objetivo da discussão não é determinar um vencedor e um perdedor. Também não é mudar o cônjuge. É entender melhor o que ele pensa a respeito do assunto em questão. Assim sendo, pode ser estratégico um dizer para o outro, a certa altura da discussão: “Diga-me se eu entendi bem. Você acha que...” Se, com a discussão, marido e mulher se entenderem melhor, então terá valido a pena.

2. Controlar as emoções, com a ajuda de Deus. 
Quando emocionados, costumamos dizer coisas que não queremos dizer, coisas que ferem o outro. Mas o fruto do Espírito é... domínio próprio.. Não é preciso excluir toda emoção. Mas este sentimento têm que ser controlado pelo Espírito. Se a discussão esquentar, é melhor que um dos cônjuges diga, delicadamente: “Que tal pararmos por aqui, e orarmos sobre este assunto hoje e amanhã? Conversaremos mais depois.” Isto evita brigas, mágoas e... separações. 

3. Atacar o problema em si, não as pessoas e seus motivos. 
Numa discussão, é fácil criticar, acusar, julgar e condenar o oponente e seus motivos. Às vezes, agimos como se pudéssemos ler as mentes e discernir os motivos das pessoas. Ver Mt 7.1-2 e Rm 2.1.

4. Lembrar que alguns ataques resultam de incidentes que nada têm a ver. 
Geralmente, os casados descarregam sobre o cônjuge as irritações e aborrecimentos gerados por circunstâncias adversas ou atitudes erradas de outras pessoas. O cônjuge é o alvo mais próximo... Haja paciência, compreensão, sabedoria! É melhor deixar o outro desabafar, e, então, encorajá-lo ou confortá-lo com uma boa palavra. Não entre nessa briga!

5. Aprender como e quando encerrar uma discussão. 
Algumas discussões e brigas nunca terminam; continuam por anos. Alguns cônjuges brigam por certas coisas a vida toda. Algumas questões são abandonadas sem solução. Um dos cônjuges, cansado, diz: “Deixa pra lá...!”. Mas o ressentimento permanece. A questão não foi resolvida. Se não é bom discutir a vida toda a mesma questão, também não é bom deixar o problema sem solução. Uma, duas ou três conversas, com oração, humildade e boa disposição podem ser suficientes. 

Como resolver o conflito. 

Cartas na mesa. Marido e mulher disseram o que precisavam dizer um ao outro, e entenderam melhor um ao outro. Que fazer, então? Como resolver o conflito?

Três sugestões preciosas, todas baseadas no ensino geral das Escrituras. 

1. Atentar para as próprias faltas e áreas que precisam ser melhoradas. 
Marido e mulher, quando discutem, tendem a ficar amuados um com o outro, revivendo velhas ofensas e injustiças. É melhor cada um reconhecer sua parcela de culpa, por menor que seja. A culpa nunca é de um só. Provavelmente um e outro negligenciaram aspectos importantes do relacionamento conjugal, foram frios e desatentos um com o outro, disseram alguma coisa indevida, foram exigentes, pouco prestativos... É tão fácil culpar o outro e se justificar! Leia MATEUS 7.3-5. 

Numa crise conjugal, costumamos pensar que as coisas só serão resolvidas quando o nosso cônjuge mudar seu modo de ser. Raramente pensamos que nós também precisamos mudar. Porém, Deus não pede que mudemos nosso cônjuge; ele espera que façamos o melhor por nosso cônjuge. Se melhorarmos, nosso cônjuge também melhorará. 

2. Perdoar completamente as faltas do cônjuge. 
Perdoar é sempre difícil, principalmente quando o outro não se arrepende e não pede desculpas. Mas veja as coisas deste modo. Se reconhecemos realmente nossa parte de culpa, temos que admitir que a falta do outro, pelo menos em parte, resultou da maneira como o tratamos. Não temos outra opção senão perdoar, mesmo quando o cônjuge não admite os próprios erros. Além disso, se o perdoamos, mais facilmente lhe pediremos perdão por nossa parte de culpa.

Certa vez, Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Não te digo que até sete vezes, mas setenta vezes sete?” (Mateus 18.21-22). (Não significa 490 vezes, mas, sim, que não há limite para o perdão!). E não consta que o ofensor de Pedro lhe tenha pedido perdão sequer uma vez! 

“Mas a mágoa é muito grande. Eu não posso perdoar”. Este é um comentário interessante. Veja o que Cristo disse em Mateus 6.14-15. À primeira vista, esta passagem parece ensinar-nos que nós só seremos perdoados se perdoarmos aos outros as suas ofensas contra nós. Ou seja: o perdão dos nossos próprios pecados depende da nossa disposição para perdoar aos que nos ofendem. Entretanto, isto contradiz o ensino de Cristo e dos apóstolos noutras passagens, ou seja, que o perdão dos nossos pecados é uma graça de Deus em Cristo; está disponível para todos; qualquer um pode apropriar-se dessa graça; basta confessar (admitir) seus pecados e crer no perdão (Salmos 32. 5; I João 1.9). Assim sendo, entendemos que o que esta passagem ensina é o seguinte: Se uma pessoa recusa-se sistematicamente a perdoar os outros, isto somente indica que ela nunca se arrependeu sinceramente dos próprios pecados, nunca os confessou de verdade, razão porque não foi perdoada, não tem experiência do perdão e não sabe perdoar. João escreveu: “Deus é amor... Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (I João 4.8,19). Isto aplica-se ao perdão: “Deus é perdoador... Nós perdoamos porque ele nos perdoou primeiro”. Foi isto mesmo que Paulo disse aos efésios: “Longe de vós, toda amargura... Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como Deus, em Cristo, vos perdoou. Sede imitadores de Deus...” (Efésios 4.31-5.1). O cônjuge que admite os próprios pecados e crê que Deus o perdoou, perdoa o outro, incondicionalmente. Somente então estará pronto para o próximo passo... 

3. Pedir desculpas ao cônjuge por nossa parte na culpa. 
Não adianta pedirmos desculpas da boca para fora, só para encerrar a discussão ou melhorar o clima... Só vai dar certo se o fizermos com sinceridade, reconhecendo nossa parte na culpa e perdoando, de antemão, o nosso cônjuge, por sua parte. Também não ajuda nada dizer: “Eu errei, mas você também...” ou “Eu lamento o que eu fiz, mas você pediu isso...” Um pedido de desculpas verdadeiro não inclui atenuantes nem acusações. É preciso dizer claramente e com absoluta sinceridade: “Querido(a), me desculpe por...” (segue uma lista das coisas específicas que dissemos ou fizemos e que contribuíram para o conflito) – e ponto final! Nada de “mas...” Estas simples palavras “Querido(a), me desculpe. Eu errei!”, ditas com sinceridade são as mais doces que um cônjuge pode dizer ao outro, e podem salvar o casamento. Veja Tiago 5.16 (O texto refere-se à cura física, mas aplica-se às relações conjugais). 

Por que é tão difícil pedir desculpas? 

(a) Alguns homens acham que pedir desculpas é um sinal de fraqueza. Não é. Na verdade, é um sinal de força espiritual e emocional. 

(b) Muitos maridos e esposas temem perder o respeito ou mesmo o amor do cônjuge (e dos filhos) se admitirem suas faltas. Mas acontece justamente o contrário... 

(c) Alguns insistem em dizer que seriam hipócritas se pedissem desculpas, uma vez que, mais provavelmente, farão a mesma coisa outra vez. Não necessariamente. Deus diz que devemos confessar nossas faltas uns aos outros e perdoar uns aos, sempre. E ele sabe que somos fracos e reincidentes. Ele nos ajudará a melhorarmos dia após dia. “Aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la” (Felipenses 1.6). 

(d) Alguns acham difícil pedir desculpas porque já tentaram fazê-lo uma ou mais vezes e não foram bem sucedidos. O cônjuge não quis saber, e não os perdoou. É preciso repassar aquele momento... Pediram desculpas sem convicção, apenas para encerrar a discussão? Pediram desculpas, e, ao mesmo tempo, acusaram o cônjuge: “Eu errei, mas você...” Oraram antes para Deus mudar a disposição do cônjuge? 

Reconciliação e adoração.

Leia Mateus 5.23-24. Jesus ensinou que os adoradores precisam se reconciliar uns com os outros, sempre que necessário, antes de qualquer ato de culto. Note que ele disse: “Se você se lembrar que o seu irmão (quanto mais o cônjuge!) tem alguma queixa contra você... vá logo fazer as pazes com o seu irmão (cônjuge)...” Se o outro tem alguma queixa contra nós, certamente nós o ofendemos ou entristecemos. Por isso não empurremos para ele a responsabilidade e a iniciativa da reconciliação. 

Conclusão. 

Não, não é realmente difícil fazer o que Deus nos pede em sua Palavra. Se nós honestamente queremos ver o nosso casamento mudar, devemos seguir estas sugestões baseadas no ensino geral das Escrituras e orar pedindo ao Senhor que nos ajude. 


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