A infidelidade conjugal é um dos fatores mais desastrosos, danosos de uma relação. Ela desequilibra as esferas emocional, familiar, espiritual, social, profissional e sexual do indivíduo. Provoca danos, muitas vezes, irreversíveis. Se as pessoas previssem ou antecipassem as conseqüências da traição, provavelmente pensariam melhor antes de, irracionalmente, darem vazão aos sentimentos e desejos impulsivos que o levaram a tal. A impulsividade impede de o infiel medir a conseqüência entre seu ato impensado e a culpa e o prognóstico diante disso.
Alguns pacientes relatam que a culpa contínua é infinitamente maior do que o prazer que obtiveram. A pessoa infiel não consegue mensurar as conseqüências danosas na vida de seu companheiro (a). Por outro lado, parceira sentindo-se traída em todos os aspectos, principalmente, na invasão de sua intimidade e de seu lar, de seu trabalho, dá vazão as suas piores reações. É onde, muitas vezes, ocorrem os chamados crimes passionais.
É importante que haja o perdão. Costumo dizer que esquecer é impossível, é como uma cicatriz, estará sempre ali, mas se o casal seguir em frente é prova de que realmente há o que se esperar, em que apostar e, portanto, na maioria das vezes, deve ser lhe dado outra chance. Por incrível que pareça, o casal que passa por isso e que procura um terapeuta é o casal que realmente merece ter sua estrutura conjugal (em todos os aspectos) restabelecida, porque sabem que houve um desequilíbrio, uma lacuna e que se amam e estão dispostos a recuperar a relação. Portanto, a transparência, a verdade e a cumplicidade, como meios de resgatar a confiança, são extremamente importante, fundamentais. O casal tem de se permitir e reconhecer que errou, falhou, questionar o porquê, etc.
É necessário que cada cônjuge compreenda a importância de seu espaço e o do outro dentro do casamento, a responsabilidade de cada um. Em que pese à redundância, o casamento deve ser solidificado num relacionamento de amor, amizade, intimidade, companheirismo, confiança e cumplicidade.
Hoje, o que contribui muito para que o terreno da infidelidade cresça, de ambos os sexos, é independência feminina, que promoveu mudanças em diversos aspectos da sociedade, inclusive no terreno da traição. As mulheres estão traindo mais e sem culpa (‘vingança da Amélia’) e os homens, ao contrário delas e de anos atrás, traem com mais culpa. E ainda, para eles, a ressaca moral do adultério nunca foi tão pesada. Eles sentem-se amedrontados de serem traídos ou abandonados por suas mulheres (‘sua mulher’). Ainda perdura que a outra é a Outra; é só para satisfação do ego e do desejo masculino e só para sexo casual.
A maioria dos homens que traem têm insônia, estresse, devido ao martírio em que vivem. Muitos ficam vermelhos ou sente o coração acelerar quando o celular toca perto da companheira. Um paciente disse que “era muito ruim viver assim, sempre 'antenado', amedrontado de tomar umas e outras e falar o que não deve... dá muito trabalho trair”.
Ao trair o homem sente um remorso grande porque sente que “sua mulher” não merece, e tenta muitas vezes mascarar o fato dando-lhe presentes, aumentando, por mais paradoxal que pareça, a sua vida sexual com ela, etc.
Sabemos que, culturalmente os homens têm maior propensão de te um caso extraconjugal e que o sexo casual é a forma mais usual de relacionamento por não estabelecer vínculos entre os parceiros. É sexo por sexo. As mulheres, apesar de a traição ser um terror, agora pensão em igualdade de condições, e ainda, a vingança propicia um poder que antes julgavam não terem ou de serem capazes de realizar. Ainda, lhes possibilita uma permissão social e uma inserção no terreno do poder aquisitivo, também, muitas vezes usados por elas como arma. As mulheres estão conseguindo emanciparem-se de velhos tabus e conseguem separar sexo de amor, o que antes era atitude inerente ao sexo masculino.
Estudiosos classificam a infidelidade conjugal em três tipos básicos:
- traição como desejo de novidade para vencer o tédio do casamento;
- traição como afirmação da feminilidade ou da masculinidade – é o caso dos compulsivos que precisam de nova conquista para descartá-la em seguida;
- síndrome de Madame Bovary, em que a insatisfação afetiva leva à busca de um amor romântico que não existe.
Para a restauração da confiança é necessário haver dedicação e compreensão do casal. Evitar cobranças constantes, pressões. E pensar sempre que, se quiser realmente reconstruir o que se quebrou, é necessário resgatar as raízes que os levaram a dar o passo inicial do casamento, relembrar o que os aproximou, as qualidade de um de e outro, os defeitos de ambos que ao longo dos anos foram se acostumando, ou foram exterminados ou remodelados, a cumplicidade. Sempre, munidos de confiança, e de que aquele amor romântico, de que tudo bastaria, de que tudo agüentaria está obsoleto e que agora resta a responsabilidade baseada nas diferenças individuais que foram observadas e, muitas vezes, obstadas ao longo dos anos, de reaprender, de reconquistar, de amar com responsabilidade mesmo.
Clínica de Psicologia Rosângela Tostes
CRP 06/81495
Terapia Cognitivo Comportamental, Reabilitação Cognitiva e Exames Neuropsicológicos
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