Filipenses 1 :1 -11 - Que tal vocês virem aqui em casa para “termos um tempo de comunhão? - Marcamos dois gols no jogo e depois tivemos uma ótima comunhão. - A comunhão no retiro foi muito abençoada. As pessoas parecem entender o termo comunhão de várias maneiras diferentes, e, talvez, como acontece com as moedas antigas, ele esteja perdendo seu cunho original. Se não queremos que esse termo bíblico tão maravilhoso saia de circulação, devemos tomar algumas providências para resgatar seu significado verdadeiro.
Apesar das circunstâncias difíceis em que se encontra como prisioneiro em Roma, Paulo se regozija. O segredo dessa alegria é a determinação do apóstolo; ele vive somente para Cristo e para o evangelho (Cristo é citado 18 vezes em Fp 1 e o evangelho é mencionado seis vezes). "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Fp 1:21). Mas o que vem a ser essa "determinação"? É uma atitude que diz: "o que acontece comigo não importa, desde que Cristo seja glorificado e o evangelho seja levado a outros". Paulo regozija-se apesar de sua situação, pois ela fortalece sua cooperação no evangelho (Fp 1:1-11), favorece o progresso do evangelho (Fp 1:12-26) e guarda a fé do evangelho (Fp 1:27-30).
O termo cooperação também pode ser traduzido por comunhão, que significa, simplesmente, "ter em comum". Mas a verdadeira comunhão cristã é muito mais profunda do que apenas fazer uma refeição ou jogar futebol juntos. Muitas vezes, aquilo que pensamos ser "comunhão" é, na verdade, apenas amizade ou um bom relacionamento entre conhecidos. Não podemos desfrutar comunhão com alguém a menos que tenhamos algo em comum e, no caso da comunhão cristã, isso significa ter a vida eterna dentro do coração. A menos que a pessoa tenha aceitado Jesus Cristo como seu Salvador, não tem conhecimento algum da "cooperação [comunhão] no evangelho". Em Filipenses 2:1, Paulo escreve sobre a "comunhão do Espírito", pois quando uma pessoa nasce de novo, recebe o dom do Espírito (Rm 8:9). Também há uma "comunhão dos seus sofrimentos" (Fp 3:10). Quando compartilhamos aquilo que temos com os outros, também temos comunhão (Fp 4:15, "se associou").
Assim, a verdadeira comunhão cristã é muito mais do que ter o nome no rol de membros ou comparecer a uma reunião. É possível estar fisicamente próximo das pessoas e espiritualmente separado delas. Uma das fontes da alegria cristã é essa comunhão que os cristãos têm em Jesus Cristo. Paulo estava em Roma e seus amigos estavam a quilômetros de distância em Filipos, mas sua comunhão espiritual era real e gratificante. Quando temos determinação, não nos queixamos das circunstâncias, pois sabemos que as dificuldades redundarão no fortalecimento da comunhão no evangelho. Em Filipenses 1:1-11, Paulo usa três idéias que descrevem a verdadeira comunhão cristã. A presença na memória (Fp 1:3-6), a presença no coração (Fp 1:7, 8) e a presença nas orações (Fp 1:9-11).
1. A PRESENÇA NA MEMÓRIA (FP 1:3-6)
É impressionante ver Paulo pensando nos outros, não em si mesmo. Enquanto o apóstolo aguarda seu julgamento em Roma, os cristãos de Filipos lhe vêm à memória, e ele se alegra com as recordações que tem deles. Ao ler Atos 16, descobrimos que algumas coisas que aconteceram a Paulo em Filipos poderiam ter deixado lembranças tristes. Foi preso e açoitado ilegalmente, colocado no tronco e humilhado diante do povo. Mas até mesmo essas memórias alegram o coração de Paulo, pois foi por meio desse sofrimento que o carcereiro conheceu a Cristo! Paulo se lembra de Lídia e de sua casa, da jovem serva infeliz, liberta da possessão demoníaca, e também de outros cristãos queridos de Filipos (vale a pena perguntar: "será que somos o tipo de cristão que traz alegria ao pastor quando ele se lembra de nós?").
É possível que Filipenses 1:5 seja uma referência a sua cooperação financeira com Paulo, assunto ao qual ele volta em Filipenses 4:14-19. A igreja de Filipos foi a única congregação que contribuiu para sustentar o ministério de Paulo. A expressão "boa obra", em Filipenses 1:6, pode ser uma referência a esse compartilhamento de seus recursos; essa obra foi iniciada pelo Senhor, e Paulo estava certo de que o Senhor a continuaria e completaria.
Mas não se foge do significado do texto ao aplicar esses versículos à salvação e à vida cristã. Ninguém é salvo pelas boas obras (Ef 2:8, 9). A salvação é a boa obra de Deus na vida do indivíduo, efetuada quando cremos em seu Filho. Em Filipenses 2:12, 13, vemos que Deus continua a trabalhar em nós por meio de seu Espírito. Em outras palavras, a salvação compreende uma obra tripla:
- a obra que Deus realiza por nós - a salvação;
- a obra que Deus realiza em nós - a santificação;
- a obra que Deus realiza por meio de nós - o serviço.
Essa obra terá continuidade até vermos Cristo e, então, será consumada. "Seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é" (1 Jo 3:2).
Paulo se alegra em saber que Deus continua a operar na vida de seus irmãos e irmãs em Cristo em Filipos. Afinal, essa é a verdadeira base para comunhão cristã jubilosa: Deus operando em nossa vida diariamente.
- Estamos tendo certo atrito em casa - comentou com o conselheiro uma esposa preocupada. - Não sei exatamente qual é o problema.
- O atrito pode ter duas causas - disse o conselheiro e, para exemplificar, pegou dois blocos de madeira que estavam sobre a sua mesa. - Ocorre quando um bloco se move e o outro não, ou quando os dois se movem em direções contrárias. Qual é seu caso?
- Preciso admitir que, ultimamente, minha vida cristã sofreu um retrocesso; meu marido, no entanto, tem crescido na fé reconheceu a esposa. - Preciso voltar a ter comunhão com o Senhor.
2. A PRESENÇA NO CORAÇÃO ( F p 1:7, 8 )
Passamos a um nível um pouco mais profundo, pois podemos pensar em outras pessoas sem que estejam em nosso coração. O amor profundo de Paulo por seus amigos é algo que não pode ser disfarçado nem escondido.
O amor cristão é o maior elemento de união e a prova da salvação: "Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos" (1 Jo 3:14). É o "lubrificante espiritual" que garante o bom funcionamento do motor de nossa vida. É interessante observar como Paulo usa a expressão "todos vós" com freqüência nesta epístola, referindo-se diretamente a todos os seus leitores em pelo menos nove ocasiões. Ele não deseja deixar ninguém de fora!
De que maneira Paulo demonstrava seu amor por eles? Em primeiro lugar, estava sofrendo por eles. Suas cadeias eram prova de seu amor. Ele era "prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios" (Ef 3:1). O julgamento de Paulo daria ao cristianismo a oportunidade de receber uma audiência justa diante das autoridades romanas. Uma vez que Filipos era uma colônia de Roma, o veredicto também afetaria os cristãos filipenses. O amor de Paulo não era da boca para fora; era algo que ele praticava. O apóstolo considerava suas circunstâncias difíceis uma oportunidade para defender e confirmar o evangelho, o que seria benéfico para os irmãos em Cristo em toda a parte.
Mas como os cristãos podem aprender a colocar em prática esse tipo amor?
- Eu me dou melhor com meus vizinhos incrédulos do que com meus parentes convertidos um homem comentou com seu pastor. - Sei que "o ferro com o ferro se afia", mas estou cansado dessa gente!
O amor cristão não é algo que geramos dentro de nós, mas sim algo que Deus faz em nós e por meio de nós. Paulo ansiava por seus amigos "na terna misericórdia de Cristo Jesus" (Fp 1:8). Não se trata do amor de Paulo transmitido a eles por meio de Cristo, mas sim do amor de Cristo transmitido por meio de Paulo. "Porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Rm 5:5). Quando permitimos que Deus realize sua "boa obra" em nós, passamos a amar uns aos outros cada vez mais.
Como saber se estamos verdadeiramente ligados a outros cristãos em amor? Em primeiro lugar, quando nos preocupamos com eles. Os cristãos em Filipos preocupavam-se com Paulo e enviaram Epafrodito para lhe ministrar. Paulo também se preocupava extremamente com seus amigos em Filipos, especialmente quando Epafrodito caiu enfermo e não pôde voltar de imediato (Fp 2:25-28). "Fiihinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade" {1 Jo 3:18).
Outra evidência do amor cristão é uma disposição de perdoar uns aos outros. "Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados" (1 Pe 4:8).
- Conte-nos algumas das burradas que sua esposa já fez - disse o locutor de rádio a um dos participantes de seu programa.
- Não me lembro de nada - respondeu o participante.
- Não acredito! Você deve se lembrar de pelo menos uma asneira dela! - insistiu 0 locutor.
- Não me lembro mesmo - disse o participante.
- Amo muito minha esposa e simplesmente não guardo coisas desse tipo na memória.
O amor "não se ressente do mal", diz 1 Coríntios 13:5.
Os cristãos que praticam o amor sempre experimentam alegria, pois as duas coisas são resultado da presença do mesmo Espírito Santo. "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria..." (Gl 5:22).
3. A PRESENÇA NAS ORAÇÕES (Fp 1:9-11)
Paulo alegra-se com as recordações que tem de seus amigos em Filipos e com seu amor cada vez maior por eles. Também se alegra em se lembrar deles diante do trono da graça em oração. O sumo sacerdote de Israel usava sobre o peito uma vestimenta especial chamada de "peitoral do juízo". Nela se encontravam engastadas doze pedras preciosas, e em cada uma estava gravado o nome de uma das tribos de Israel (Êx 28:1 529). Como o sacerdote, Paulo trazia o povo junto ao coração em amor. Talvez a maior comunhão cristã e alegria que podemos experimentar nesta vida encontre-se diante do trono da graça, ao orarmos uns com os outro se uns pelos outros.
Vê-se aqui uma oração pedindo maturidade, e Paulo começa com o amor. Afinal, se o amor cristão se desenvolver corretamente, o resto será conseqüência. O apóstolo pede que os filipenses experimentem amor abundante e discernente. O amor cristão não é cego! O coração e a mente trabalham juntos para que se tenha amor discernente e discernimento amoroso. Paulo deseja que seus amigos cresçam em discernimento, ou seja, na capacidade de "fazer distinção entre coisas diferentes".
A capacidade de distinguir é um sinal de maturidade. Quando uma criança está aprendendo a falar, às vezes chama todo animal quadrúpede de "au-au". Mas, à medida que se desenvolve, descobre que existem gatos, ratos, vacas e outras criaturas quadrúpedes. Para uma criança, todos os carros são iguais, mas com certeza não é o caso para o adolescente aficionado por automóveis! Ele é capaz de identificar as diferenças entre os modelos antes mesmo de seus pais conseguirem distinguir a marca. O amor discernente é um dos sinais inequívocos de maturidade.
Paulo também ora pedindo que tenham um caráter cristão maduro e que sejam "sinceros e inculpáveis". O termo grego traduzido por "sinceros" pode ter vários significados. Alguns o traduzem por "testado à luz do sol". O cristão sincero não tem medo de ser exposto à luz.
O vocábulo correspondente a sincero também significa "girar em uma peneira", o que sugere a idéia de separar a palha do trigo. Em ambos os casos, a verdade é a mesma: Paulo ora para que seus amigos tenham um caráter que possa ser testado e aprovado. Na língua portuguesa, o adjetivo "sincero" vem do latim sinceru, que significa "sem mistura, não adulterado, puro".
Paulo ora por eles para que tenham amor e caráter cristão maduros, "inculpáveis para o Dia de Cristo"(Fp 1:10)
Isso significa que a vida não deve ser motivo de tropeço para outros e que estamos preparados para o tribunal de Cristo em sua volta (ver 2 Co 5:10; 1 Jo 2:28).
Há aqui dois testes excelentes para usar como referência ao exercitar o discernimento espiritual: (1) Esse ato será tropeço para outros? (2) Ficarei envergonhado se Jesus voltar agora?
Paulo também ora para que tenham um serviço cristão maduro. Deseja que sejam plenos e abundantes em frutos (Fp 1:11). Não está interessado apenas nas "atividades da igreja", mas sim no tipo de fruto espiritual produzido quando se está em comunhão com Cristo. "Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim" (Jo 15:4). Muitos cristãos tentam "gerar resultados" por meio dos próprios esforços em vez de permanecer em Cristo e permitir que ele produza os frutos.
Qual é o "fruto" que Deus deseja ver em nossa vida? Sem dúvida, o "fruto do Espírito" (Gl 5:22, 23), o caráter cristão que glorifica a Deus. Paulo compara o trabalho de ganhar almas perdidas para Cristo com a produção de fruto (Rm 1:13) e cita a "santidade" como um fruto espiritual (Rm 6:22). Exorta-nos, ainda, a "[frutificar] em toda boa obra" (Cl 1:10). Hebreus fala do louvor como o "fruto [dos] lábios" (Hb 13:15).
A árvore frutífera não faz barulho enquanto produz sua safra; apenas permite que a vida interior trabalhe de maneira natural, redundando em frutos. "Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15:5).
A diferença entre o fruto espiritual e a "atividade religiosa" humana é que o fruto glorifica a Jesus Cristo. Sempre que alguém faz algo pelas próprias forças, há a tendência de vangloriar-se. O verdadeiro fruto espiritual é tão lindo e maravilhoso que ninguém é capaz de assumir o crédito; a glória deve ser dada somente a Deus.
Eis, portanto, a verdadeira comunhão cristã: o compartilhamento é um elemento em comum bem mais profundo que a simples amizade. A presença na memória, no coração e nas orações - esse é tipo de comunhão que produz alegria e que é resultante de uma mente determinada.
Muito a contragosto, Jerry teve de ir a Nova Iorque para se submeter a uma cirurgia complexa. Preferia ser operado na própria cidade, pois não conhecia uma viva alma naquela metrópole inamistosa. Mas quando Jerry e a esposa chegaram ao hospital, havia um pastor esperando por eles com um convite para que ficassem hospedados em sua casa até se adaptarem. A operação foi séria, e a recuperação no hospital foi longa e difícil, mas a comunhão com o pastor e a esposa dele renovaram a alegria de Jerry e de sua esposa. Eles aprenderam que as circunstâncias não precisam nos privar da alegria, se permitirmos que fortaleçam a comunhão no evangelho.
Warren W. Wiersbe
Esta obra é o resultado de toda uma vida dedicada ao estudo da Palavra de Deus. Seu autor, o grande teólogo norte-americano Warren W. Wiersbe produziu um comentário completo e profundo da Bíblia, fazendo uso de um estilo que todos possam entender.
Ao longo de mais de 4.000 páginas, Warren W. Wiersbe, que entre outros títulos é detentor de 3 doutorados, reuniu tudo o que aprendeu durante mais de 50 anos de estudos e ensinamentos das Sagradas Escrituras.
Outro detalhe que torna o Comentário Bíblico Expositivo uma obra especial, é o fato de seu autor ter-se servido também, do lastro de comentários produzidos por centenas de especialistas em ciências bíblicas, teólogos, historiadores, arqueólogos e eruditos em geral.
O Comentário Bíblico Expositivo é composto por 6 volumes, são eles:
1º Volume: PENTATEUCO
2º Volume: HISTÓRICOS
3º Volume: POÉTICOS
4º Volume: PROFÉTICOS
5º Volume: NOVO TESTAMENTO 01
6º Volume: NOVO TESTAMENTO 02
Lendo esta obra, você adquirirá uma compreensão mais profunda, variada e clara da Palavra de Deus!.
Informações sobre o autor:
Warren W. Wiersbe é um pastor americano, conhecido como professor internacional de conferência bíblica e tem seu coração inclinado para missões. Ele é o primeiro pastor da igreja de Moody em Chicago. Há 10 anos atua como diretor geral e professor bíblico da "Back to the Bible".
Dr. Wiersbe é autor de mais de 80 livros e é conhecido como "pastor dos pastores". Seus escritos, suas mensagens e suas ministrações no rádio têm trazido novos entendimentos, sobre as verdades do mundo de Deus, para as pessoas em todo mundo.
Vale a pena adiquirir esta coleção como obra de referência? E o autor da mesma quem ele é?
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