Belíssima é a fábula tupi da mandioca, alimento básico de várias culturas indígenas. Fonte de sustento e provisão da vida.
Conta-se que um dia certo cacique ganhou uma linda netinha. Sua pele era branca como a nuvem mais branca. Mandi era o seu nome. Todos na aldeia ficaram intrigados e amedrontados quando viram a cor da pele de Mandi. Na tribo os olhares se cruzavam comparando o castanho-dourado de suas peles com a alvura da linda menina. E acreditaram que o fato significava um triste presságio. Pediram, então, ao cacique, sem meias-palavras, que fizesse desaparecer aquela criança.
Ele, no entanto, cheio de amor e compaixão, foi protelando tal crueldade dia após dia. Até que no silêncio de uma certa noite, ainda de madrugada, foi ao rio, levando a netinha. Lavou-a cuidadosamente. No dia que se seguiu, reuniu a tribo e disse com voz forte para não tolerar objeções: que os deuses recomendaram que Mandi ficasse entre nós e que fosse bem tratada por todos da tribo. Os índios, ainda em dúvida, obedeceram e acabaram se resignando.
Com o passar do tempo, Mandi foi crescendo com tanta graça que todos esqueceram o mau presságio e acabaram por ser cativados por ela. O cacique estava orgulhoso e feliz. Mas um dia, inesperadamente, Mandi morreu. Os pais, sabendo o quanto o avô-cacique a amava, enterraram-na em sua maloca. Mas ele, inconsolável, fechou-se em sua dor e nada fazia senão chorar. Chorava dia e noite sobre a tumba de sua querida Mandi. Tanta e tantas foram as lágrimas, que do chão brotou uma plantinha. Os pássaros vinham bicá-la e ficavam inebriados.
Conta o mito que, um dia, a terra se abriu para deixar à mostra as belas raízes da planta, nascida do pranto do avô. Eram anos de fome e seca. Os animais haviam sumido e os rios abaixado. Os índios, respeitosos, colheram aquela raiz e logo viram que ela era branquíssima como a pele da Mandi. E, ao comê-las para saciar a fome,perceberam que eram as raízes mais deliciosas que haviam provado. E assim foi que aquelas raízes se fizeram o principal alimento dos índios tupi. Chamaram-na, então de Mandioca que significa “ corpo de Mandi”.
Com sua morte, ela pelo seu corpo alimentou toda a tribo que dela cuidou nos dias da seca.
Extraído livro: Saber Cuidar
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça comentários produtivos no amor de Cristo com a finalidade de trazer o debate para achar a verdade. Evite palavras de baixo calão, fora do assunto ou meras propagandas de outros blogs ou sites.