A última entrevista do papa Francisco, antes de chegar a Roma, foi concedida aos jornalistas que o acompanharam no avião. A despeito de estar visivelmente cansado, ele, com boa vontade, deixou sua primeira classe e cumpriu uma promessa que fizera no voo de ida ao Brasil.
Uma das perguntas foi a respeito da mala preta que o papa faz questão de carregar. E ele, com muito bom humor, respondeu: "Não tinha a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso. Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre levei eu mesmo minha maleta. É normal. Nós temos que ser normais" (Fonte: Blog do Jamil Chade, jornalista de O Estado de São Paulo).
Sem dúvida, é exemplar o fato de o papa carregar a própria bagagem de mão. Mas acho curioso, por outro lado, que o líder do catolicismo — e admirado por muitos evangélicos — não leve consigo um exemplar da Bíblia Sagrada! Aliás, fiquei pensando: que exemplo — melhor do que carregar a própria mala — o papa teria dado a todos os cristãos brasileiros se ele os tivesse incentivado a ler a Bíblia! Imagine o que aconteceria se ele, em suas homilias, tivesse dito aos milhões de peregrinos e telespectadores que o assistiam: "Abramos as nossas Bíblias e leiamos a Palavra de Deus"!
Não é a Bíblia, ao lado da tradição, a fonte de todas as encíclicas, homilias e discursos papais? Acredito que, se o papa Francisco — nesses tempos em que a Bíblia é tida como um livro "altamente preconceituoso" e "fomentador de ódio" — portasse um exemplar das Escrituras, ele não seria tão admirado pela grande mídia. Aliás, por que esta, que tanto criticava Bento XVI, agora endeusa Francisco? Justamente porque ele tem se mostrado um pontífice flexível, disposto a dialogar, um gentleman, um líder religioso politicamente correto, que evita tocar em assuntos polêmicos.
Uma coisa é certa: na Bíblia Sagrada encontramos a melhor defesa dos conceitos de família, valores éticos e morais, vida embrionária, etc. E os que se opõem a tais conceitos não querem, evidentemente, ouvir falar de Bíblia. Sendo assim, se o papa objetiva agradá-los, o primeiro passo é ignorar ou menoscabar tal Livro, dando a entender — tacitamente — que ele é fonte de autoridade precípua e primacial apenas para os "fanáticos" e "fundamentalistas" evangélicos.
Bem, vamos esperar... O argentino Jorge Mario Bergoglio só está começando o seu pontificado. Talvez ele me convença de que estou enganado e tenha coragem de defender com firmeza os valores cristãos esposados nas páginas sagradas, especialmente nas homilias do Sumo Pastor (cf. Mateus 5-7; 23; João 13-17, etc.).
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