Texto: Lucas 10.38-42 Introdução. - Do primeiro ao último livro da Bíblia, vemos a presença da mulher, direta e indiretamente, como parte importante do plano de Deus para a humanidade. No princípio, criada à imagem de Deus,
a mulher foi protagonista inicial da Queda. Recebeu, no entanto, a promessa de que, de sua semente, nasceria o salvador. E Jesus, desde o seu nascimento, até a sua morte, teve participação feminina no cumprimento de sua missão.
a mulher foi protagonista inicial da Queda. Recebeu, no entanto, a promessa de que, de sua semente, nasceria o salvador. E Jesus, desde o seu nascimento, até a sua morte, teve participação feminina no cumprimento de sua missão.
Israel era uma sociedade definitivamente patriarcal. Em geral, os homens eram os chefes da família e do governo. Embora aos olhos de Deus as mulheres fossem de importância igual à dos homens, estes não viam assim.
Havia algumas leis que impunham sérias restrições à mulher. No primeiro século, havia uma célebre oração que os judeus recitavam, na qual agradeciam a Deus por não terem nascido mulheres. Porém, com advento do Messias essas barreiras foram quebradas. Jesus reservou para as mulheres um grande privilégio: elas foram as primeiras a gozar da enorme alegria de ver as evidências da sua ressurreição.
Uma das grandes conquistas do Cristianismo foi o resgate da mulher como pessoa e sua elevação à verdadeira condição diante de Deus. Jesus entronizou uma nova postura em relação às mulheres.
Para os judeus ortodoxos, a mulher não podia ter participação ativa no culto. Nas sinagogas deviam sentar-se ao fundo. Em vez de participar dos atos religiosos, elas tinham que se manter a certa distância dos homens. Elas não podiam ler, nem ter outro tipo de atuação.
No templo havia uma área denominada “Pátio das Mulheres”. Entretanto, no Santo dos Santos, elas nunca poderiam entrar. Mas Jesus simplesmente ignorou tudo o que era contrário à mulher, e deu início a uma era de total participação feminina.
Jesus em seu ministério valorizou as mulheres, admitindo-as como cooperadoras em sua missão terrena.
Nesta noite, vamos conhecer a história de 2 mulheres, duas servas do Senhor, mulheres que amavam a Jesus e o serviam com alegria. Uma chamada Maria. Mulher tranqüila, coração entregue ao mestre, mulher de oração. Outra, chamada Marta. Valente, guerreira. Gostava de servir. Tenho certeza que serão momentos de profundo aprendizado!
Baseado no texto lido quero dar um tema a esta mensagem: “Vivendo como Maria em um mundo de Martas”.
Comentário.
I. A História.
Nenhuma passagem Bíblica descreve tão bem o conflito que sentimos em nossa vida como aquelas mulheres encontrada no Evangelho de Lucas. Basta mencionar os nomes de Maria e Marta de Betânia em um grupo de pessoas cristãs para perceber olhares e risadinhas nervosas. Sem fugir a regra todos nós passamos por esse conflito. Queremos adorar como Maria, mas Marta dentro de nós continua no controle de nossa vida.
Caso você tenha esquecido, ai vai um lembrete desta história. Está registrado no Evangelho de Lucas, é a história de duas irmãs, é a história sobre mim e você.
É possível que Jesus tenha passado por Betânia (a 3 km de Jerusalém) e se hospedado na casa de Marta, Maria e Lázaro, na época da Festa dos Tabernáculos, alguns meses antes da Páscoa.
Nesse período, a mulher que normalmente, já se ocupava muito com os preparativos para o sábado, tinha seu serviço multiplicado durante essas festas que durava a semana toda.
(v. 38-40) “Marta o recebeu em sua casa... estava ocupada como muito serviço... Senhor, não te importas que minha irmã me deixando sozinha com o serviço?Dize-lhe que me ajude!”
Naquela semana agitada, mantendo a casa em ordem, as botijas cheias até a boca, as candeias com azeite, alimentos para todos, roupas limpas e preparadas para a festa, Marta estava trabalhando duro e ainda queria receber bem e alimentar aqueles treze homens, talvez, até um grupo de vinte pessoas no total. (Lc. 8.1-3)
Embora essa situação também possa nos parecer injusta, Jesus repreende a Marta e não Maria, como se esperaria:
(v. 41-42) “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta como muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”
Sem duvida, Marta estava trabalhando de modo elogiável como a mulher virtuosa de Provérbios 31. 10-31 “ Mulher virtuosa, quem acharás? O seu valor excede o de rubis.” Notemos bem, Jesus não a repreende por isso. Não acredito que Jesus contradiga os ensinamentos de Paulo sobre a mulher ser boa dona de casa e hospitaleira... (1 Tm. 5.10, Tt. 2. 4-5) e estivesse incentivando mulheres deixarem a casa de “pernas por ar” para estudar a Bíblia, pois difamaria a palavra de Deus! Até acho que Maria estava numa condição imprópria para a época permanecendo “na sala” com as visitas, ao invés de ajudar “na cozinha”. Na verdade Maria estava “invisível”, humilhada, sendo “nada” no meio daqueles homens. Aos pés de Jesus, ela se assemelhava ao próprio Cristo que, “embora sendo Deus... esvasiou-se... vindo ser servo... semelhante aos homens... humilhou-se... foi obediente até a morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou...” (Fp. 2.6-9)
Mais uma vez, Jesus inverte nossos valores e exalta os humildes “sem valor”. Repreende a “perfeita” e exalta a “ninguém”. Com isso, ele revela seu amor por ambas, dando chance as duas para que façam bem aquilo que têm capacidade para fazer.
A. O mundo de Marta.
Quando analisamos a primeira parte da história a primeira lição que aprendemos sobre o serviço cristão é a hospitalidade. A hospitalidade é orientada na Bíblia: “Sendo hospitaleiro uns para com os outro, sem murmurações”. (1Pe. 4.9)
Sei que somos propensos a proclamar elogios a Maria, mas a Marta, para ser honesto, combina melhor com as minhas e as suas tendências perfeccionistas de fazer tudo melhor.
Que mulher! Marta era o tipo de mulher que abre sua casa para um grupo de aproximadamente 20 pessoas famintas. (Lc. 8.1-3) Que anfitriã! Marta era o tipo de mulher que gostava de servir de diversas formas. Penso que começou a preparar uma boa refeição, por uma mesa bem arrumada, lavou as louças, passou o aspirador, levou o lixo para fora, enfim, fez incontestáveis expressões de amor para Jesus. Queria agradá-lo, pois não é sempre que temos uma visita tão ilustre como a de Jesus.
A história de Lucas começa com Marta em teu momento de glória. Afinal, trata-se de Jesus. Ela rasga o cardápio do dia-a-dia, composto por sopa e pão, resgata todos os livros de receita. Este decide ela, será um banquete inesquecível, memorável, digno de um Messias. Para o Messias.
Certamente Marta enviou um servo ao mercado, passando a ele uma imensa lista de compras, como num quartel-general, ela dita ordens para seus assistentes de cozinha. Tanta coisa para fazer em tão pouco tempo. A mente de Marta está tão preocupada com tantos afazeres. Será que Jesus e sua comitiva passarão a noite aqui? Alguém deve trocar os lençóis e dobrar algumas toalhas. “Onde está Maria? Alguém viu?” Ela pergunta a um servo, apressando-o. Se Maria trocasse os lençóis, Marta poderia ter tempo para moldar o queijo em forma de arca e esculpir as frutas como pequenos animais marchando dois a dois. Produções desta magnitude requerem a habilidade de uma mestra em planejamento. E Marta é uma administradora extraordinária.
Marta, a irmã mais velha, desde que Jesus chegara, começou logo a arrumar todas as coisas na casa para dar-lhe total conforto. Certamente Maria já tinha feito as “tarefas” designadas pela irmã Marta, a casa estava pronta e Jesus chegara. Agora ela queria “desfrutar” da presença de Jesus. Cada palavra do Mestre, cada gesto, cada ensino, eram como música aos seus ouvidos, como o entalhar desenhos magníficos em seu coração, perpetuando aquele momento. As dúvidas eram tiradas. Os céus se abriram para Maria. Os tesouros da sabedoria iam se descobrindo nas palavras de Jesus. Maria, extasiada, se alimentava de cada palavra proferida pelo Senhor.
Parece que cada vez que Marta passava pela sala de estar e via Maria assentada aos pés de Jesus ouvindo os seus ensinamentos, ela dava um toque na irmã, pedindo-lhe que viesse ajudá-la. Um toque, dois toques, três toques, e nada da Maria sair do lugar. Marta sendo a mais velha da família sentia o peso da responsabilidade em seus ombros. Talvez seja por isso que nos compreendemos a frustração de Marta quando encontrou Maria. A casa toda estava alvoroçada, agitada em receber o mestre mais famoso de seu tempo, provavelmente o próximo Rei de Israel. Posso enxergar a raiva que ferve dentro de Marta ao olhar sua irmã preguiçosa sentada aos pés do mestre na sala de estar.
É muito simples. Com tantas coisas a serem feitas, lá estava sentada a pequena Maria, muito teimosa, participando de uma reunião somente para homens. Pior, parece ignorar literalmente Marta gesticulando no corredor. Marta novamente tenta tossir. Chega até a lançar sua arma mais eficaz, “aquele olhar de raiva”, famoso por intimidar os homens. Mas nada do que fazia era capaz de surtir efeito em sua irmãzinha. Maria só tinha olhos para Jesus.
Todos podiam perceber que Marta estava chateada com a irmã. Todo peso do serviço esta somente sobre ela. Geralmente, as pessoas que trabalham muito não suportam ver os outros descansados, “de papo pro ar”... Ficam incomodados. Só que Maria não estava apenas parada, descansando, não. Ela estava se alimentando da “verdadeira Fonte”. Maria estava se saciando do “Pão da Vida”. Ela estava na presença do “Filho de Deus Criador”, cujas palavras traziam “vida eterna”. Aquele não era um hóspede comum. O simples fato se estar perto dele já enchia o coração de doce paz.
Marta cansou-se. Já em seu limite, Marta faz algo inédito. Interrompe a reunião dos rapazes, certo de que Jesus ficaria do seu lado. Afinal, o lugar de mulher é na cozinha pilotando um fogão a lenha, se tivesse naquele tempo, quem sabe um fogão de 4 ou 6 bocas automático. Sua irmã Maria, deveria estar ajudando a preparar a refeição.
Marta percebe que há uma espada afiada em sua voz, mas Jesus vai compreender. Ele sabe mais do que ninguém o significado de carregar o peso do mundo.
É claro que vocês não vão encontrar tudo isso na Bíblia. Lucas apenas dedicou 4 versículos para um acontecimento histórico, destinado a mudar a vida de Marta para sempre. E a minha também. E a sua, se permitir que essa verdade fundamental penetre em seu coração.
Em vês de aplaudir Marta, Jesus gentilmente a repreendeu, dizendo-lhe que Maria havia escolhido a “boa parte”. Ou, como diz outra tradução, “Maria escolheu a melhor parte”.
“A melhor parte!” É o que eu digo a Deus em meio a minha pressa de fazer tudo. Quer dizer que há mais? Eu tenho que fazer mais?
Não, não chega à resposta ao meu cansado coração. As palavras de Jesus descritas em Lucas 10 são inacreditavelmente libertadoras para aqueles que se ocupam com os trabalhos árduos desta vida.
Não é “mais” que o Senhor quer de nós. De fato pode ser menos. O Senhor quer um momento aos seus pés para revelar o seu amor, a sua bondade e a sua verdade para os seus filhos que tanto ama. Ama tanto que entregou a sua própria vida para salvar a minha e a sua vida.
Jesus com aquela palavra aconselhava Marta a pensar nas coisas espirituais que são eternas e colocar prioridades em seu lugar. Tudo tem seu tempo certo... Tempo de cozinhar... Tempo de descansar... Tempo de aproveitar... A presença do próprio Deus em sua casa e ouvir dEle lições preciosas para a sua vida. Isto Maria fez e foi elogiada por Jesus, enquanto Marta ansiosa e afadigada não escolheu a boa parte que jamais lhe seria tirada.
É importante termos o nosso cantinho para diariamente nos deliciarmos com os momentos de comunhão com o Senhor. Em nossa vida temos que colocar Deus em primeiro lugar. Tenho que organizar a minha vida de modo que eu coloque todas as coisas em seu devido lugar, não esquecendo que tenho que ter minha casa organizada, a comida sempre pronta e bonita para o bem estar da família.
Porque, então, ficar afadigados e ansiosos com o muito trabalho esquecendo-nos da boa parte que nunca nos será tirado? A Bíblia diz que “A ansiedade no coração deixa o homem abatido” (Pv. 12.25), mas, por outro lado... “O coração alegre aformoseia o rosto” (Pv. 15.13).
Marta naquele momento, não tinha um semblante bonito, pois a ansiedade tomava conta do seu coração e ela esta abatida, enquanto Maria tinha um semblante bonito, pois o seu coração estava alegre.
Ao lermos esta história sobre Marta e Maria, sempre vemos Marta de modo negativo e Maria de modo positivo. Talvez eu e você diante daquela situação tivéssemos reagido do mesmo jeito que Marta reagiu – reclamando de alguém que poderia estar ajudando e correndo para deixar tudo pronto na hora certa. Afinal, alguém tinha que preparar a comida, mas Marta estava trabalhando com um espírito revoltado e não com um espírito cheio de jubilo pela a oportunidade de servir ao próprio Deus.
Marta casou-se, algumas vezes nos vimos como Marta. Procuramos tanto servir ao Senhor que esquecemos sentar-se aos seus pés e beber da sua fonte.
São tantos os afazeres... Estamos preocupados em levar o irmão na igreja, estamos preocupados em manter o irmão na igreja, estamos preocupados em trazer de volta o irmão que sai da igreja, estamos preocupados com a altura do som, com a ventilação, com o multimídia. São tantas preocupações, que freqüentemente esquecemos-nos de ser Maria. Apenas sentar e ouvir. Deixar que o Espírito Santo fale aos nossos corações, sem correrias, sem querer entender ou até mesmo interpretar, quando apenas nos está convidando para orar.
Muitas vezes, só lembramos-nos de Maria quando a dor nos bate a porta. Então passamos horas em sua presença, para calar a angústia, as aflições, os sofrimentos interiores que nos corroem a alma.
Oramos menos que antigamente. A modernidade tem nos afastado do poder da oração. No passado, uma mãe ora pelo filho distante, sempre que sentia saudades. Hoje, ela telefona e sabe se o filho passa bem. Um fazendeiro orava para que chovesse no dia e na semana seguinte. Hoje, consulta o serviço meteorológico. Os pais oravam para que os filhos nascessem homens ou mulheres. Hoje, fazem um ultrassom e sabem do sexo por antecipação. Enfim, muitas das coisas que faziam orar no passado já não o fazem mais, automaticamente, no presente. Vivemos como Marta no mundo atual.
B. Um coração de Maria.
A Bíblia não nos fala muito a respeito de Marta e Maria. São mencionadas pelos nomes apenas três vezes na Escrituras, Lucas 10. 38-42; João 11. 1-44 e João 12. 1-12. Mas através desses breves relatos, um quadro fascinante se revela sobre como devia ser a vida naquela casa em Betânia – e como a vida sempre se mostra para nós.
Maria, a segunda personagem dessa história, é uma figura a ser seguida por todos aqueles que almejam ter a paz e o equilíbrio dentro do lar. Essa mulher descobriu o grande prazer de estar com Jesus bem pertinho e fez disso o fundamento onde ela edificou sua vida! Ela também teve duas atitudes a serem destacadas por quem deseja ter uma família abençoada pelo Senhor.
A primeira atitude de Maria foi viver nos pés do Senhor. Quando ela viu a Jesus dentro do seu lar, deixou tudo o que estava fazendo para ficar aos seus pés e ouvi-lo. Ela reconheceu que o hóspede que estava no seu lar era muito mais do que um mero visitante, mas o próprio Deus feito em carne para abençoar os povos. Se você quiser uma família abençoada, passe a viver uma vida nos pés de Jesus. Conte pra Ele seus problemas, suas lutas e dificuldades. Incomode a Cristo com respeito a Sua família. Aos pés de Cristo há palavras de vida eterna para a salvação da sua casa.
A segunda coisa que Maria fez foi escolher a boa parte. Aquele dia seria apenas mais um se Cristo não estivesse dentro daquele lar. Mas ela não se conformava em ter a Jesus dentro do seu lar e não tê-lo no coração. Não adianta o Senhor abençoar uma casa se as pessoas continuam sem a presença dEle no coração. A boa parte que Maria escolheu foi a presença de Cristo com ela. Sem essa boa parte você perece, sua família sofre e o seu lar sempre será um caos. Será que depois de tanto tempo sofrendo não é tempo de ter o melhor ao seu lado? Abra seu coração, Jesus tem um plano para a sua vida!
Dizem que adversidade é o tempero da vida. Deve ser por esta razão que Deus às vezes coloca pessoas com personalidades tão diferentes na mesma família como vemos nesta história relatada por Lucas. Maria era o oposto de Marta. Observando-a, vemos nela o tipo de mulher que gostaríamos de ter coragem de ser, pois foi ela quem ...
1- Aproveitou aqueles momentos em que o próprio Deus estava em sua casa, apesar dos tantos afazeres que ela tinha;
2- Escolheu a boa parte, sem se preocupar com o serviço de casa que a estava esperando;
3- Assentou-se aos pés de Jesus para ouvir a Sua palavra sem se incomodar com as reclamações que viriam sobre ela.
Aos olhos da sua irmã Marta, ela estava sendo uma pessoa ociosa. Mas aos olhos de Deus, ela estava tendo coragem de colocá-Lo em primeiro lugar em sua vida.
Maria era dócil, corajosa e sabia que Deus deveria ser a pessoa mais importante para ela.
Não há como dizer que uma está certa e a outra errada. Somos todos diferentes e foi assim mesmo que Deus criou. Cada personalidade e talentos têm seus pontos fortes e fracos, suas glórias e tentações.
Acho interessante que, quando Jesus corrigiu Marta, não disse “Por que você não pode ser parecida com a sua irmã Maria?” Ele sabia que Marta nunca seria Maria e Maria nunca seria Marta. Mas quando ambas estiveram diante da mesma escolha – de trabalhar ou de adorar – Jesus disse: “Maria escolheu a melhor parte”.
Para mim, isso implica que a melhor parte estava disponível tanto para Maria como para Marta. E está à disposição de cada um de nós, não obstante nossa personalidade e talentos. É uma escolha que cada um de nós podemos fazer.
É verdade que, sob o ponto de vista da personalidade, a escolha deve ter sido mais facial para Maria do que para Marta. Maria parece ser mais propensa a caminhar sob o orvalho da manhã do que a ser levada pelas obrigações cotidianas.
Tenho certeza de que quando Jesus chegou de modo inesperado naquela tarde, Maria provavelmente começou a servir as visitas, como havia feito muitas vezes antes. Posso vê-la pegando os cajados, enquanto os discípulos se espalhavam pela casa bem arrumada de sua irmã. Encoberta por mantos e saco de viagem observa o homem que cativou o coração de Israel com suas palavras. Há tanta alegria e encanto nEle, que é impossível não ser atraído para esse homem.
“Jesus poderia ser o Messias sobre quem as pessoas falavam?”, Maria se pergunta. Ela sabe que Ele é um grande mestre. Mas esse homem que admira a tapeçaria feita por ela, que a liberta de sua timidez e que faz parte do círculo de seus amigos íntimos poderia ser de fato o Filho de Deus?
Ela coloca os pertences dos discípulos em um canto e se apressa em servir o vinho ao grupo sedento. Entre eles, há uma tranqüilidade, uma camaradagem genuína. Os homens riem das brincadeiras dos enquanto tiram a poeira dos pés com o líquido providenciado por ela. Então, se acomodam nas almofadas ao redor da sala de estar e Jesus começa a ensinar.
Maria nunca tinha ouvido ninguém falar como Ele. Há um magnetismo em suas palavras, como se contivessem fôlego e vida – coisas que Maria desconhecia necessitar até naquele dia. Ela se move lentamente para chegar mais perto e ficar em um canto escuro ouvindo Jesus. Seus braços seguram o cântaro vazio. Esta atenta a qualquer movimento ao seu redor. Vários servos ocupados lavando pés sujos, enquanto outros colocam a mesa para a refeição, do outro lado da sala. Maria sabe que há muito a fazer. Mas ainda é incapaz de se mover – a não ser para chegar mais perto.
Não é costume uma mulher se sentar com um grupo de homens, mas a palavras de Jesus a acolheram. Apesar de sua natural discrição, ela se move gradualmente até se ajoelhar aos pés do Senhor. O ensino de Jesus a envolve, revelando a verdade ao seu coração faminto.
A Bíblia não deixa claro se essa foi ou não a primeira visita de Jesus àquela casa em Betânia. A franqueza de Marta parece indicar uma familiaridade prévia, mas, seja qual for o caso, nesse dia Maria escolheu deixar outra pessoa servindo, para que ela pudesse ouvir um pouco. Não é todo dia que Deus nos visita em casa. Então, ela ignora a tradição, quebra a etiqueta social e chega mais perto. O mais perto possível de Jesus.
Não tem importância que seu gesto poderia ser mal interpretado. Não se importa com os olhares estranhos dos discípulos. Em algum lugar distante, ela ouve o seu nome, mas está atraída pelo chamado do Mestre. O chamado para ouvir, E é isso o que ela faz.
Através do cenário de hóspedes inesperados em Betânia, vejo a luta que nos enfrentamos todos os dias quando o trabalho e a adoração entram em conflito.
Mas parte de mim é Marta – e há tantas coisas para fazer!
Tantas necessidades legítimas me cercam, me compelindo ao trabalho. Ouço o terno chamado de Deus para assentar a seus pés e ouvir as suas palavras e eu respondo “Sim, Senhor, eu irei”. Mas, então o telefona toca e me lembro que tenho algo a fazer. De repente, todas as minhas boas intenções de adorar desaparecem engolidas pela a então chamada “tirania do urgente”. Arrumamos tempo para tudo, menos adorar a Deus, menos estar assentado com Maria aos seus pés ouvindo os seus ensinamentos.
“Vivemos em tensão constante entre o urgente e o importante”. O problema é que muitas tarefas importantes não precisam ser feitas hoje, ou mesmo esta semana. Horas extra de oração e estudo bíblicos podem esperar. Mas as tarefas urgentes requerem uma resposta imediata – demandas intermináveis pressionam cada dia e hora.
Isso soa familiar? Para mim, sim As vinte e quatro horas distribuída para cada dia raramente são suficientes para o cumprimento de todas as minhas obrigações. Tenho uma casa para administrar, tenho uma esposa para amar, crianças para cuidar e alimentar. Tenho compromissos na igreja, almoços marcados. E apenas uma pequena parte disso eu chamaria de inútil.
Então, onde encontramos tempo para seguir Maria até os pés de Jesus? Onde encontramos energia para servir o Senhor?
Como escolhemos a melhor parte e ainda conseguimos fazer tudo o que realmente deve ser feito?
Jesus é o nosso exemplo supremo. Nunca estava apressado. Sabia quem era e para onde ia. Não se tornou refém das demandas e das necessidades afoitas deste mundo. “Apenas faço o que o Pai me enviou a fazer”, Jesus disse aos discípulos.
Alguém disse que Jesus saía de um lugar de oração para o outro e fazia milagres nestes intervalos. Como é incrível estar em sintonia com Deus, de modo que nenhuma ação seja desperdiçada e nenhuma palavra caia por terra!
Esta é a intimidade que Jesus nos convida a compartilhar. Convida-nos a conhecer, a vê-lo tão claramente que, quando olhamos para Ele, veremos a face do próprio Deus.
Assim como acolheu Maria para se assentar aos seus pés na sala de estar e convidou Marta para deixar a cozinha por um instante e gozar da melhor parte. Jesus nesta noite te convida para vir, Ele quer mudar a sua vida como mudou a de Maria e Marta naquele dia lá em Betânia.
Atendemos ao seu convite, encontramos a chave para os nossos anseios, o segredo de viver além das pressões diária, que por vez tenta nos afastar com forças. À medida que aprendemos o significado de escolher a melhor parte da intimidade com Cristo, inicia-se uma mudança em nós.
Não se trata de mudança qualquer. O salvador nos aceita da maneira que somos – Maria, Marta ou a combinação de ambas – mas nos ama demais para permitir que continuemos assim. Ele é o único que pode nos dar um coração de Maria no mundo de Marta.
C. A Transformação.
Esta transformação é exatamente o que vemos na continuação das histórias de Maria e Marta nos Evangelhos. Marta, como veremos adiante, não põe de lado a sua personalidade, não desiste de seus hobbies ou queima seus livros de receitas para adorar a Jesus. Não tenta ser igual à Maria; simplesmente obedece. Recebe a repreensão de Jesus e aprende que há momento para trabalhar e o momento para adorar. A Marta que vemos mais tarde nos Evangelhos não é mais inquieta ou ressentida, mas cheia de fé e confiança. O tipo de fé e confiança que se adquire aos pés de Jesus.
Maria também mudou. Embora sua natureza contemplativa faça dela uma adoradora nata, também a deixa vulnerável ao desespero, quando seu irmão Lázaro morre. Quando acontece o infortúnio, Maria tende a ser inundada pela tristeza e paralisada pelas dúvidas. Mas, no final, quando percebe que Jesus está próximo, ela coloca em ação o que aprendeu com adoração. Ela segue e agarra a oportunidade de servir de um modo maravilhoso e sacrificial.
No Evangelho de João 11. 1-36 – Quando Lázaro morreu, podemos notar muito bem esta transformação.
Posso imaginar como Maria e Marta devem ter se sentido quando o irmão Lázaro ficou doente. Tudo ia bem. Desde o momento em que Jesus os visitou nada mais era como antes. Havia uma nova paz. Uma nova alegria. Um novo amor permeava a casa toda. O incidente, registrado em Lucas 10. 38-42 foi mais do que alguns pequenos parágrafos. Aquele encontro reescreveu completamente a histórias de suas vidas. Mas parecia que agora a história estava tomando outro rumo intrigante.
Talvez tudo tenha começado com uma febre. “Um pouco da minha canja de galinha, uma boa noite de sono e você se sentirá melhor”. Foi o que provavelmente a prática Marta disse enquanto levava uma colher de sopa saborosa à boca de sei irmão. É possível que Maria tenha acenado com um sorriso quando se sentou ao seu lado com um pano úmido para esfriar a testa do irmão.
“Tenho certeza de que estou bem, Marta”, Lázaro deve ter dito com gratidão, enquanto voltava para o travesseiro sob os cuidados hábeis de suas irmãs. “Estarei bem”.
Mas, como você já sabe Lázaro não estava bem.
A passagem de João 11 não apresenta detalhes da enfermidade de Lázaro, limitando-se a dizer que havia um homem, chamado Lázaro, que esta doente.
Mas, através dos relatos seguintes, é óbvio que Lázaro deve ter sido um homem muito especial. Ele era afetuosamente amado não apenas pelas suas irmãs, mas por Jesus também. A mensagem enviada por Maria e Marta: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas”. Seu relacionamento com esta família era excepcional, Ele não era um estranho, Ele era um amigo.
Posso imaginar a esperança a que elas se apegaram quando enviaram o mensageiro. Certamente, tudo ficaria bem. A doença parecia grave, mas Jesus viria, disto elas tinham certeza. Lázaro seria curado.
Mas quanto à notícia sobre Lázaro chegou a Jesus lhes disse que a enfermidade de dele não era para morte, “mas para a glória de Deus”.
“Boa notícia” devem ter pensado os discípulos. Lázaro viverá.
Mas Deus tinha outros planos para Lázaro e suas irmãs. Eles estavam inseridos em uma história maior e mais rica; uma história comovente. Mas é dessa forma que as coisas acontecem no plano de Deus, Ele demorou mais dois dias. Como Marta e Maria descobriram naquele dia trágico em Betânia. O que elas aprenderam com a experiência dolorosa foi a primeira das lições que podemos aprender através da história de Lázaro:
1. A Vontade de Deus nem sempre opera em linha reta.
Isto significa que nem sempre veremos uma conexão clara entre o ponto A e o ponto B. Nem sempre veremos um padrão naquilo que acontece comigo e com você. Nem sempre veremos o plano de Deus, mas há uma razão para isso; é que Deus esta imaginando uma glória maior do que a minha própria vida.
2. Nunca coloque um ponto final onde Deus coloca uma vírgula.
Com bastante freqüência, interpretamos a demora de Deus como uma negativa. Mas a história de Lázaro nos diz que “a demora em responder não é sinal da indiferença de Deus ou de não estar ouvindo. É um sinal de seu amor. A demora vai ajudar vai nos tornar mais forte”.
3. Nunca coloque uma vírgula onde Deus coloca um ponto final.
Nos Evangelhos Jesus sempre fez menção sobre a sua morte, mostrando aos discípulos o que aconteceria com Ele. Mas Pedro não deu ouvido, simplesmente ele chamou o Mestre à parte e começou a censurá-lo dizendo: “Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso”. (Mt. 16.22)
Provavelmente, Pedro pensou que estava sendo corajoso, protegendo e corrigindo o Senhor. Ele deve se sentido muito bem... Até Jesus censurar sua repreensão.
“Para trás de mim, Satanás, que serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens”, disse Jesus a Pedro.
Ai! Não é todo dia que o Filho de Deus o chama de Satanás e, quando o faz, isso deve doer. Se eu e você estivesse tentando colocar uma vírgula aonde Deus pretende colocar um ponto final. Porque quando você tenta dar vida a alguma coisa para qual Deus planeja um fim, você se torna um escândalo para Cristo.
O plano de Deus é liberado quando cremos e obedecemos. Diante da repreensão de Jesus naquele dia Marta não agiu com indignação, embora a Bíblia não nos conte como Marta reagiu, mas ela recebeu a repreensão de Jesus com humildade e aprendeu com ela. Creio que seu coração estava disposto aprender, pois nada mais poderia explicar sua transformação na Marta de João 11 e 12.
Nestes dois capítulos, vemos uma mulher completamente diferente daquela encontrada em Lucas 10. Bem, ela ainda era insistente, um pouco impaciente e prática demais para o seu próprio bem. No entanto, como temos visto, também havia terna vulnerabilidade que não existia antes. Uma nova fé. Um novo tipo de intimidade com Jesus que somente surge quando o recebemos e colocamos em prática a correção de Deus.
Quero enfocar as mudanças que vemos em João 11, pois elas pintam o retrato de uma mulher transformada através de um coração disposto a aprender. Em primeiro lugar, Marta deixa a casa que acostumava ser obsessiva quanto à hospitalidade. O que a teria feito deixar a casa cheia de visitantes?
Entretanto, quando Jesus chegou a Betânia, em vez de agüentar firme, Marta deixou de lado suas obrigações e correu em direção ao Senhor. Que transformação!
Senhor diz Marta: Se estivesse aqui meu irmão não teria morrido. Suas palavras verteram junto com a dor e confusão. Mais tarde, essas mesmas palavras foram usadas por Maria para manifestar a sua dor. Entretanto, apenas Marta disse uma coisa a mais. Sem interrupção ou pausa, ela acrescentou: “Mas também, agora, sei que tudo quanto pedirdes a Deus, Deus to concederá”.
Fé. Era esse diferencial. Em vez de chorar como Maria exigindo que Jesus fizesse as coisas do jeito dela, Marta declarou a sua fé. E foi a esse coração aberto e receptivo que Jesus revelou-se toda a sua glória: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá; Crê tu isto”? Pergunta Jesus a Marta. Ela respondeu: “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”.
Espere um minuto! O que aconteceu com a rivalidade das irmãs que vemos em Lucas 10? Estava claro que essa não era a mesma mulher que vimos antes naquela casa em Betânia. Não existia mais a ansiosa, tudo que vemos, em seu lugar, ficou uma mulher com um coração transformado. É o tipo de coração transformado que desejamos, mas passamos a maior parte da vida perguntando como alcançá-lo.
Creio que ganhamos um novo coração do Senhor da mesma maneira que Marta – sendo receptivos ao ensino. E ser receptivo ao ensino envolve três coisas:
Estar disposto a ouvir.
Agir conforme o que ouvimos.
Corresponder à disciplina.
Conclusão.
SER MARTA É PRECISO, SER MARIA É IMPRESCINDÍVEL.
O que seria de nós sem as “Martas”. Pessoas que põe a mão no arada e fazem acontecer. A vida não é feita somente de reflexão. Precisamos também de ação. O Apostolo Paulo afirmou: “Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma” (II Tessalonicenses 3.10) .
Ser Marta é preciso, mas ser Maria é imprescindível. Também precisamos ter nosso tempo aos pés do Senhor. Precisamos escolher a melhor parte.
Ora Marta, ora Maria, buscar o equilíbrio entre trabalho e adoração, é estar fazendo e vivendo a Obra do Senhor.
Fonte: Livro – Como ter o coração de Maria no mundo de Marta Autora: Joanna Weaver - CPAD
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