Como administrar bem o seu tempo! '1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:2 há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
3 tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;4 tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; 5 tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; 6 tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;7 tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;8 tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3.1-8).
3 tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;4 tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; 5 tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; 6 tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;7 tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;8 tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3.1-8).
A nossa era já foi denominada pelos filósofos como sendo a “era do vazio” e das “incertezas”. Isso tem uma explicação — com a rejeição da tradição implantada na cultura ocidental pelo cristianismo, a sociedade mergulhou num vazio sombrio e numa era de incertezas.De repente o homem ocidental se encontrou sem valores, sem absolutos e sem a crença no Deus verdadeiro. A consequência disso tudo é percebida na relativização dos valores, visto na fragmentação da ética e rejeição de uma verdade absoluta. Não existe mais a Verdade, mas somente “verdades” e a história perde o seu sentido.
O livro de Eclesiastes mostra a experiência de alguém que também teve essa sensação. Procurando viver uma vida com intensidade, ele mergulhou profundamente em mundo contingente e sensual para somente depois descobrir que sem Deus tudo isso é perder tempo, mergulhar no vazio e correr atrás do vento.
Conhecendo o autor
Ao escrever sobre a autoria salomônica de Eclesiastes o escritor William McDonald destaca: A tradição judaica atribui a autoria de Eclesiastes a Salomão, e vários estudiosos cristãos ao longo dos séculos aceitaram essa interpretação até não muito tempo atrás. Essa evidência, aliada ao fato de que os argumentos linguísticos contrários à autoria salomônica têm sido seriamente desafiados por especialista em hebraico, leva-nos a optar pela autoria salomônica, conforme a sustenta o ponto de vista judaico-cristão tradicional.1
MacDonald ainda acrescenta os argumentos indiretos e diretos a favor da autoria salomônica de Eclesiastes: Uma vez que a opinião tradicional nunca foi totalmente refutada, a despeito do baixo nível de aceitação hoje em dia, entendemos ser apropriado continuar afirmando a autoria salomônica. Entre os indícios indiretos da autoria salomônica está a referência ao escritor como “filho de Davi, rei de Jerusalém” (Ec 1.1,12). Embora a palavra “filho” se refira a um descendente posterior, o termo adquire relevância quando combinado a detalhes diretos e conhecidos da biografia do rei Salomão.Muitos entendem a expressão “fui rei” (Ec 1.12; d. NTLH, NVI, ARC e AR (exceto a ARA) como prova de que o escritor náo era rei quando escreveu o livro e, portanto, não pode ser Salomão, uma vez que morreu ocupando o trono. Contudo, não se trata de uma inferência necessária. Salomão pode ter escrito o livro durante a velhice e haver usado a expressão em referência a seu passado.
As referências históricas diretas em Eclesiastes se encaixam perfeitamente à vida de Salomão (e à de ninguém mais) : 1) Salomão era grande em sabedoria (1.16); 2) muito rico (2.8); 3) aproveitou a vida ao máximo; 4) tinha muitos servos (2.7); 5) ficou famoso por seus programas de construção e aprimoramentos (2.4-6).2
Salomão, portanto, autor de Eclesiastes, identifica-se como o “Pregador”, termo que traduz o hebraico qoheleth. “Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém” (Ec 1.1,12). A palavra “Pregador” deriva de gahal, um outro termo hebraico que possui o sentido de “reunião” ou “assembleia”. A Septuaginta traduziu qoheleth pelo seu equivalente grego ekklesia, daí o nome Eclesiastes. Eclesiastes, portanto, é uma referência a alguém que fala ou discursa em uma reunião ou Assembleia — esse homem foi o sábio Salomão, que por esse tempo já estava velho e com uma visão mais realista da vida. De fato, as suas palavras, conforme registradas em Eclesiastes, embora retratem um período de declínio político, moral e econômico apontam para a única fonte de satisfação, realização e felicidade, Deus.
Data e canonicidade
Alguns intérpretes querem nos fazer crer que Eclesiastes foi escrito em meados do século III a.C. Acreditam que o livro revela a situação do contexto sócio-histórico do período interbíblico quando a Palestina estava sob o domínio do Ptolomeus. Nesseperíodo o centro administrativo do regime ptolomaico estava no Egito. Por outro lado, os intérpretes mais conservadores observam que esse livro é um relato dos fatos ocorridos aproximadamente 1000 a.C, período no qual o grande Salomão governava Israel. Como vimos, o próprio livro de Eclesiastes diz ser Salomão, rei de Jerusalém e filho de Davi, o autor desse livro: “Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém” (Ec 1.1; 12).
Propósito
Esse livro, juntamente com o livro de Provérbios, Cânticos, Jó e Salmos faz parte também do gênero literário conhecido como "Literatura SapienciaP e também é atribuído a Salomão: “Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém” (Ec 1.1). Embora tenha sido escrito pelo mesmo autor de Provérbios e mesmo pertencendo ao mesmo gênero literário, todavia o livro de Eclesiastes possui um estilo diferente. Eclesiastes assume o estilo de um discurso usado em assembleias ou templo. Alguns intérpretes acreditam que se trata de uma coletânea usada por Salomão em suas prédicas.
Ao contrário do que muitos pensam, Eclesiastes não expõe uma espécie de ceticismo ou desencanto com a vida. O livro revela a avaliação feita por alguém que teve o privilégio de viver a vida com intensidade e descobrir que a mesma é totalmente vazia se não vivida em Deus! A própria sabedoria tão ovacionada nos Provérbios é tida como tola quando usada para interesses pessoais e objetivos mesquinhos.
Discernindo os Tempos
A transitorieda.de da vida
Um dos temas bem claro no livro de Eclesiastes é o da transitorie- dade da vida. A vida é efêmera, passageira. Salomão está consciente disso: “Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre” (Ec 1.4). Sendo a vida tão curta, “que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?” (Ec 1.3).É o que o Pregador procurará responder. Muitos procuram driblar e viver fugaz com as mais várias formas de satisfação. Há aqueles que acham que possuir muita sabedoria resolveria o problema (Ec
1.16-18; 2.12-16); enquanto outros buscam no prazer essa mesma resposta (Ec 2.1 -3); ainda outros procuram compensar isso com uma vida cheia de posses (Ec 2.4-11) e por último há aqueles que buscam suas realizações no próprio trabalho (Ec 2.17-23). Tudo é vaidade! O centro de realização e satisfação não está nessas coisas.
Por sua vez a obra ThePulpit Commentary comenta Eclesiastes 1.4: Geração vai e geração vem — A tradução vez enfraquece a força do original, que é uma geração [que] vai e vem de uma geração. O homem é apenas um peregrino sobre a terra, ele logo passa, e os seu lugar é ocupado por outro (...) Embora a sucessão constante de gerações de homens passa, a terra permanece inalterada e imóvel. Se os homens fossem tão permanentes como é a sua morada, seu trabalho podia lucrar, mas como as coisas estão, o doloroso contraste entre os dois se faz sentir. O termo “para sempre”, como o grego eis tonai ona, não implica necessariamente a eternidade, mas muitas vezes denota duração limitada ou condicionada, como quando o escravo é contratado para servir a um mestre “para sempre” (Ex 21,6), ou para as colinas que são chamadas de “eternas”. Este versículo dá um exemplo de crescimento e decadência, em contraste com uma continuidade insensata.3
A eternidade de Deus
O pregador se refere a Deus cerca de 40 vezes em Eclesiastes, sempre o identificando pelo nome hebraico helohim, o Deus da criação. Isso é proposital visto que Salomão se refere com frequência aquilo que acontece “debaixo do sol”. “Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol” (Ec
1.3,9,14; 2.18). É debaixo do sol que está a criação; é debaixo dosol onde se encontra o homem. Mas o Pregador tem algo mais a dizer — ele quer deixar bem claro que há um contraste enorme entre a criação e o Criador, mais especificamente entre Deus e o homem. Deus é eterno, onipotente, autoexistente; enquanto o homem é mortal, transitório e limitado. Não deve, portanto, esse homem mortal se fixar apenas nas coisas dessa vida, já que o Deus eterno pôs no coração desse homem a eternidade. “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim (Ec 3.11).
O Tempo e as Relações Interpessoais
Na família
Nessa vida fugaz, Salomão tem uma palavra para as relações interpessoais no convívio familiar: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol” (Ec 9.7-9, ARA).
O contexto não deixa dúvidas de que o ambiente aqui é festivo! As referências ao “pão”, “vinho” (Ec 9.7), “vestes” e ao “óleo” (Ec 9.8) demonstram isso. O vinho era usado em ocasiões especiais pelos orientais (Gn 9.20; Dt 7.13; Ne 2.1; Jo 2.3; Mt
11.19), enquanto o óleo era usado também como perfume (Am 6.6; Ct 1.3; 2 Sm 14.2; SI 104.15). É uma festa, mas é uma festa em família. Isso fica bem claro pela presença da esposa, “a mulher que amas” (Ec 9.9). E uma festa onde se usa a melhor roupa e o melhor perfume! A metáfora é bem clara para nós hoje: A família cristã, como o bom perfume de Cristo e sem necessitar recorrer ao uso de bebidas alcoólicas para se alegrar (Ef 5.18), deve viver com intensidade o relacionamento interpessoal.
Infelizmente 0 que encontramos em muitos lares não é esse ambiente festivo, mas uma verdadeira guerra. Todos se encontram entrincheirados e ninguém quer ceder. Há uma bela história bíblica que ilustra o que estou dizendo. Encontra-se em
1 Samuel 25.1-37. O versículo 23 diz: “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, desceu do jumento e prostrou-se sobre o rosto diante de Davi, inclinando-se até à terra” (1 Sm 25.23).
Para salvar seu casamento Abigail, esposa de Nabal, precisou descer do jumento. Por que muitos casamentos fracassam? Porque ninguém quer descer do jumento. A pergunta que fazemos é: por que Abigail precisou descer do jumento:
1. Porque ela possuía um homem, mas não um marido (1 Sm 25.2)
2. Infelizmente os lares possuem um homem, que sabe comprar arroz e feijão para dentro de casa, mas nada sabem sobre relacionamento familiar. Estão sempre mal-humorados, não possuem afetividade com a esposa e muito menos com os filhos.
3. Porque ela possuía uma casa, mas não um lar (1 Sm 25.7)
Abigail e Nabal viviam debaixo do mesmo texto, mas isso não é garantia de que eles possuíssem um lar. Um lar c muito mais do que isso. Um lar é convívio, relacionamento, amizade, compreensão e perdão. É amor.
4. Porque ela sabia que possuía posses, mas não prosperidade (1 Sm 25.2).
Nabal era rico, possuía muitos bens, mas isso não significava que era próspero. Ter posses não significa necessariamente ter prosperidade. Alguém pode ser muito rico, mas pobre nos relacionamentos, na comunhão com Deus e pobre também dentro do lar.5. Porque possuíam tradição religiosa, mas não comunhão com Deus (1 Sm 25.3).
O texto diz que Nabal era da casa de Calebe, uma das tribos importantes de Israel e que possuía uma tradição religiosa muito forte. Sem dúvida, Nabal e Abigail também eram religiosos, mas a forma como Nabal vivia no seu lar mostra que era somente tradição religiosa que ele possuía. Não havia comunhão com Deus. Infelizmente é isso que ocorre em muitos lares. São protestantes, vão à igreja aos domingos, mas não passa de uma tradição religiosa.
6. Porque possuíam vizinhos, mas não amigos (1 Sm25.7,l 1).
O texto deixa claro que Nabal era um homem incomunicável. Era difícil lhe dirigir a palavra. Com certeza possuía vizinhos, mas não amigos.
7. Porque havia sexo, mas não intimidade (1 Sm 25.19).
O texto deixa claro que Abigail foi procurar Davi às escondidas. Por quê? Ela simplesmente não conseguia se comunicar com ele e essa falta de comunicação com certeza estava com eles no quarto de dormir. Havia sexo, mas não havia intimidade que um casal precisa para se relacionar.
8. Porque havia submissão, mas não havia amor (1 Sm 25.25).
O texto diz que Abigail se referiu a Nabal como “um filho de Belial”. Quando a esposa já não consegue falar com afeto do esposo, mas com certo amargor, rancor, etc., é porque o amor já foi embora faz tempo. O casamento é apenas uma fachada.
No trabalho
O trabalho nunca deve ser um fim em si mesmo, portanto se frustra quem pensa dessa forma. Quando o trabalho, e não Deus, é o centro de tudo, então ele se transforma em fadiga (Ec 5.17).Mas o Pregador irá mostrar que esse trabalho, quando deixa de ser um fim em si mesmo, passa a ter um sentido na nossa existência. Nesse sentido o trabalho se torna algo prazeroso e não pesaroso. “Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção. Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua por- ção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus” (Ec 5.18,19). A palavra hebraica samach, traduzida aqui como “gozar”, possui o sentido de regozijar, estar alegre. O nosso local de trabalho deve ser um lugar alegre, fruto das relações interpessoais sadias.
Lemos no comentário dos Expositores da Bíblia:
Tradicionalmente o assaltante exige: ‘O seu dinheiro ou sua vida!’ O Pregador (Salomão) descreveu aqueles que preferem perder a vida do que perder o dinheiro. Podemos então ter a vida em primeiro lugar e em segundo encontrar um lugar para o dinheiro? Sim, se levarmos a vida diariamente diante de Deus e procurar saber o seu plano, até onde ele pode ser conhecido. Devemos estar dispostos a trabalhar (v. 18). Uma vez que a maioria dos trabalhos era construtivo e muitas vezes criativo. Hoje muitos de nós estão envolvidos em atividade monótona, que um Salomão moderno citaria como outro exemplo de frustração. Devemos também olhar para os usos construtivos de lazer
— atividade que pode não trazer muito dinheiro, mas vai trazer maior gozo, que o Pregador tem em mente. Portanto, é correto orar e olhar para o trabalho que irá produzir
o suficiente para viver, podendo então desfrutar de uma boa consciência, porque são coisas que Deus nos dá para apreciar (1 Tm 6.17).4
Administrando Bem o Tempo
Evitando o falso saber e o hedonismo
Buscar o conhecimento tem sido o alvo do homem através dos séculos. Salomão também se empreendeu nessa busca (Ec 1.17,18). A conclusão é clara: quem aumenta o conhecimento aumenta a consciência do mundo a seu redor e com isso um sentimento de impotência por não poder melhorar a natureza das coisas. A busca do conhecimento como um objeto de realização pessoal conduz à frustração. E um falso saber.
Da mesma forma a busca do prazer em si, configura-se simplesmente uma prática hedonista (Ec 2.1-3). Pode ser a busca de satisfação no álcool, drogas, sexo, etc. Tudo terminará com um sentimento de vazio e frustração. Quem beber dessa água tornará a ter sede” (Jo 4.13)
Lembro-me de um velho obreiro que pastoreou a igreja de Altos, Piauí há muitos anos. Era um pastor simples, quase analfabeto. Mas era um homem sábio. Havia naquela cidade uma jovem, não convertida ao evangelho e que pertencia à alta sociedade. Gabava- se de ser muito culta. Possuía muito conhecimento, mas não era sábia. Ela resolveu então experimentar o velho pastor. Fez-lhe então uma pergunta, achando que iria deixá-lo embaraçado.
— O senhor conhece quantas línguas?
— Pelos menos umas cinco — respondeu o velho pastor.
Admirada com a resposta, a jovem interpelou:
— Como assim?
— Conheço língua de gente, língua de porco, língua cavalo,
língua de ovelha e língua de vaca — respondeu o sábio homem.
Evitando a falsa prosperidade e o ativismo
Em Eclesiastes 2.4-11, Salomão desilude quem quer buscar nos bens terrenos a razão para uma vida satisfeita. A falsa prosperidade serevela na corrida desenfreada para acumular riquezas; para alcançar altas posições no inundo político , civil e eclesiástico; na busca por notoriedade e fama. Tudo isso, conclui o Sábio, é correr atrás do vendo.
No livro de minha autoria: A Prosperidade a Luz da Bíblia, citei Zygmunt Bauman. Em seu livro Vida para Consumo — a transformação das pessoas em mercadoria, esse sociólogo polonês, escreveu:
Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A subjetividade’ do “sujeito”, e a maior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito atingir, concentra-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e permanecer, uma mercadoria vendável. A característica mais proeminente da sociedade de consumidores — ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta — é a transformação dos consumidores em mercadorias; ou antes, sua dissolução no mar de mercadorias em que, para citar aquela que talvez seja a mais citada entre as muitas sugestões citáveis de Georg Simmel, os diferentes significados das coisas, e portanto, as próprias coisas, são vivenciados como imateriais’, aparecendo ‘num tom uniformemente monótono e cinzento’ — enquanto tudo ‘flutua com igual gravidade específica na corrente constante do dinheiro’. A tarefa dos consumidores, e o principal motivo que os estimula a se engajar numa incessante atividade de consumo, é sair dessa invisibilidade e imaterialidade cinza e monótona, destacando-se da massa de objetos indistinguíveis que flutuam com igual gravidade específica e assim captar o olhar dos consumidores [...] Ser ‘famoso’ não significa nada mais (mas também nada menos!) do que aparecer nas primeiras páginas de milhares de revistas e em milhões de telas, ser visto, notado, comentado e, portanto, presumivelmente desejado por muitos — assim como sapatos,saias ou acessórios exibidos nas revistas luxuosas e nas telas de TV, e por isso vistos, notados, comentados, desejados.5
Por outro lado, não menos danoso é a imersão total em um ativismo impiedoso ao qual muitos chamam de trabalho (Ec 2.17-23). Isso também é correr atrás do vento. O verdadeiro trabalho que nos realiza e produz satisfação não é aquele que nos desumaniza, transformando-nos em escravos, mas aquele onde ele é meio e não fim. Deus deve ser a razão do nosso labor diário.
Vimos que há um tempo para todas as coisas! E mais, esse tempo é extremamente precioso para não ser bem aproveitado! Por conta da transitoriedade da nossa existência, devemos saber usar bem o tempo quando buscamos o conhecimento; o lazer; uma vida próspera ou quando nos aplicamos no labor diário. Nunca devemos nos esquecer de que somente Deus é eterno e que somente Ele merece ser o centro de nossa busca.
José Gonçalves, e pastor em Água Branca, Piauí, graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina e em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. É comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e autor dos livros:Missões – o mundo pede socorro (Ed Halley); Por que Caem os Valentes (CPAD); As Ovelhas Também Gemem (CPAD); Defendendo o Verdadeiro Evangelho (CPAD); A Prosperidade à Luz da Bíblia (CPAD); Rastros de Fogo – o que diferencia o pentecostes bíblico do neopentecostalismo (CPAD); Porção Dobrada (CPAD); Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso (CPAD) e co-autor do livro: Davi – as vitórias e derrotas de um homem de Deus (CPAD, prêmio ABEC). É presidente do Conselho de Doutrina da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e membro da Comissão de Apologética da CGADB.
Notas
1 MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular — Antigo Testamento — versículo por versículo. São Paulo: Mundo Cristão.
2 MACDONALD, William. Idem.
1 SPENCE, H.D, EXELL, Josep S. The Pulpit Commentary, vol. 9 — Proverbs, Ecclesiastes, Song of Solomon. Peabody, Massachsetts. USA: Hendrickson Publishers, 2011.
4 GAEBELEIN, Frank E. The Expositor’s Bible Commentary — Psalms, Proverbs, Ecclesiastes, Song of Songs. Zondervan, USA (tradução livre do autor).
1 GONÇALVES, José. A Prosperidade à Luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
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