Lição 1° – O livro de Êxodo e o Cativeiro de Israel no Egito

São estes, pois, os nomes dos filhos de Israel que entraram com Jacó no Egito, cada um com a sua respectiva família: Rúben, Simeão, Levi e Judá; Issacar, Zebulom e Benjamim; Dã, Naftali, Gade e Aser. Ao todo, os descendentes de Jacó eram setenta; José, porém, já se encontrava no Egito. Ora, morreram José, todos os seus irmãos e toda aquela geração. Os israelitas, porém, eram férteis, proliferaram, tornaram-se numerosos e fortaleceram-se muito, tanto que encheram o país. Então subiu ao trono do Egito um novo rei, que nada sabia sobre José. Disse ele ao seu povo: "Vejam! O povo israelita é agora numeroso e mais forte que nós. Temos de agir com astúcia, para que não se tornem ainda mais numerosos e, no caso de guerra, aliem-se aos nossos inimigos, lutem contra nós e fujam do país". Estabeleceram, pois, sobre eles chefes de trabalhos forçados, para os oprimir com tarefas pesadas. E assim os israelitas construíram para o faraó as cidades-celeiros de Pitom e Ramessés. Todavia, quanto mais eram oprimidos, mais numerosos se tornavam e mais se espalhavam. Por isso os egípcios passaram a temer os israelitas, e os sujeitaram a cruel escravidão. Tornaram-lhes a vida amarga, impondo-lhes a árdua tarefa de preparar o barro e fazer tijolos, e executar todo tipo de trabalho agrícola; em tudo os egípcios os sujeitavam a cruel escravidão. Êxodo 1:1-14 NVI

INTRODUÇÃO 

A lição do primeiro trimestre de 2014 tem como título: Uma jornada de fé: a formação do povo de Israel e sua herança espiritual, onde teremos a gloriosa oportunidade de estudar treze lições baseadas livro do Êxodo. Nesta primeira lição destacaremos importantes informações a respeito do livro do Êxodo. Veremos também como Deus foi fiel cumprindo a promessa de suscitar uma grande nação através de Abraão, Isaque e Jacó. Por fim, pontuaremos a atualidade da mensagem deste livro para a Igreja nos dias de hoje.

I – INFORMAÇÕES A RESPEITO DO LIVRO DO ÊXODO

1.1 Nome. Os hebreus nomearam de “We'elleh Shemot” devido à sua primeira frase do livro: “são estes os nomes”, pois esta seção da Torá (os cinco primeiros livros do AT) começa com os nomes dos patriarcas que desceram ao Egito (Êx 1.1). Já o nome Êxodo é uma transliteração do título Exodos da Septuaginta (Tradução grega do Antigo Testamento), que veio até nós através da Vulgata Latina (Tradução da Bíblia para o Latim). A palavra em grego (a expressão “ex” quer dizer: “fora” + “hodos” que é caminho). Portanto, significa “partida” ou “saída”. A palavra sair aparece duas vezes em neste livro para traduzir o verbo hebraico yatsa que quer dizer “sair” (Êx 19.1; 23.16). Os tradutores da Septuaginta chamaram-no assim devido ao fato de seu tema central tratar das ações redentoras de Deus para com o seu povo, tirando-o com mão forte do Egito (Êx 13.3,9,14,16; 32.11).

1.2 Autoria. Embora não se afirme no próprio Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia) que este haja sido escrito por Moisés em sua totalidade, outros livros do AT citam-no como obra dele (Js 1.7,8; 23.6; I Rs 2.3; II Rs 14.6; Ed 3.2; 6.18; Ne 8.1; Dn 9.11-13). Os escritores do NT estão de pleno acordo com os do AT. Falam dos cinco livros em geral como “a lei de Moisés” (At 13.39; 15.5; Hb 10.28). Para eles, “ler Moisés” equivale a ler o Pentateuco (II Co 3.15). Finalmente, as palavras dos próprio Jesus dão testemunho de que Moisés é o autor (Jo 5.46; Mt 8.4; 19.8; Mc 7.10; Lc 16.31; 24.27,44). No livro do Êxodo em especial, Moisés coloca-se como o centro de todas as ações (Êx 17.14; 24.4; 25.9; 36.1).

1.3 Livro. Êxodo é o segundo livro do AT. Seu tema central é a “redenção e organização de Israel como povo da aliança”. Ele foi escrito aproximadamente em 1440 a.C. (ELISSEN, 1984, p. 25). Provavelmente ele foi escrito no deserto, durante as peregrinações de Israel, em algum lugar da península do Sinai. O versículo chave deste livro está em (Êx 3.7,10) que fala do sofrimento do povo hebreu e da intervenção divina para libertá-los. O Êxodo recomeça a história dos israelitas onde o Gênesis parou. O longo período entre José e Moisés fica coberto por dois resumidos versículos (Êx 1.6,7), e então descreve-se a situação inteiramente nova dos descendentes de Jacó. Os hóspedes protegidos por Faraó e José tornaram-se uma nação de escravos, objeto de medo e ódio de seus superiores. Enquanto Faraó procura controlar os hebreus por meio de brutal opressão, Deus age no sentido de libertá-los. Moisés, o libertador, é primeiro preparado e, então, no poder de Deus, o grande livramento acontece. Uma informação bastante interessante deste livro é que ele relata mais milagres do que qualquer outro livro do AT e é notório por conter os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17).

1.4 Sua relação com os outros livros do Pentateuco. Este livro é o elo indispensável que une de forma inseparável o Pentateuco. Continua a história dos hebreus iniciada no Gênesis no mesmo estilo inigualável deste e acentuando o elemento pessoal. É a figura de Moisés que domina quase todo o relato de Êxodo. Os assuntos do sistema sacerdotal e da lei de santidade iniciados neste livro, por sua vez, se desenvolvem em Levítico. Também a história da caminhada de Israel para a terra prometida, a qual constitui a maior parte de Números, encontra seu princípio em Êxodo. Finalmente, acha-se em Deuteronômio um eco tanto de Números como de Êxodo. Por isso ele é considerado “O coração do Pentateuco”.

1.5 Seu cumprimento no Novo Testamento. A prefiguração da redenção que temos no Novo Pacto, é evidente em todo o livro do Êxodo. A primeira Páscoa, a travessia do mar Vermelho e a outorga da Lei no monte Sinai são, para o Velho Concerto, aquilo que a vida, morte e ressurreição de Jesus, e a outorga do Espírito Santo no Pentecoste, são para o Novo Pacto. Os tipos do Êxodo que prenunciam Cristo e a redenção no NT são: (1) Moisés (Dt 18.15; At 3.22-26); (2) a Páscoa (Êx 12; I Co 5.7); (3) a travessia do mar Vermelho (Êx 14.16-24; I Co 10.1,2,11); (4) o maná (Êx 16.14-18; Jo 6.31-35; I Co 10.3); (5) a rocha e a água (Êx 17.6; I Co 10.4); (6) o Tabernáculo (Êx 25.8; Jo 1.14); e (7) o sumo sacerdote (Êx 29.30; Hb 5.10). As exigências morais absolutas dos Dez Mandamentos são repetidas no NT, para os crentes do Novo Concerto (Êx 20; Rm 13.9).

II – A PROMESSA DIVINA FEITA A ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ

2.1 A revelação de Deus a Abraão, Isaque e Jacó. Deus chamou Abraão e prometeu lhe dar uma terra (Gn 12.1); e também de lhe fazer uma grande e poderosa nação (Gn 12.2). A mesma promessa foi feita a Isaque e Jacó (Gn 26.3;  28.13). A Bíblia nos mostra que Abraão não podia ter filhos porque a sua esposa era estéril (Gn 11.30). Por isso, pensava o patriarca que seu herdeiro seria um dos seus servos (Gn 15.4). Todavia, o Senhor lhe diz que esta promessa se cumpriria através de um filho que viria dos lombos do próprio patriarca (Gn 15.4). Deus disse que a sua descendência seria como as estrelas do céu e como o pó da terra (Gn 15.5). Para ratificar esta promessa o Senhor pede a Abraão que lhe apresente um sacrifício (Gn 15.9-11). As palavras de Deus na cerimônia da aliança asseguram a Abraão que seus descendentes definitivamente estariam na terra, embora um doloroso caminho pelo Egito iria retardar o cumprimento até muito depois da sua morte (Gn 15.13,14).

2.2 Através de José os hebreus adentram ao Egito. José, foi o décimo primeiro filho do patriarca Jacó. Ele foi o agente de Deus na preservação e na prosperidade de seu povo no Egito, durante o período de fome na terra de Canaã (Gn 45.5-7). Quando se deu a conhecer aos seus irmãos, José os pediu que dissessem a Jacó, seu pai, sobre o alto posto que ele havia alcançado no Egito e que todos deveriam vir para habitar em Gosén sob seus favores (Gn 45.10,11,13; Gn 47). Contudo, a migração da família de Jacó ao Egito não seria simplesmente para que suas vidas fossem poupadas da fome. O patriarca, em Gn 46.3, reconheceu que se tratava de uma jornada divinamente ordenada, e que, no final, Israel tornar-se-ia uma grande nação em terra egípcia (Gn 46.2,3). Além disso, teriam a presença divina no meio deles, a qual constituía a essência da aliança abraâmica (Gn 15.1; 28.15; 46.4). José, estava tão convicto do cumprimento da promessa do retorno dos hebreus para a terra prometida aos seus pais, que perto da morte exigiu que seus irmãos lhe prometessem solenemente que guardariam o seu corpo em segurança até que retornassem a Canaã, para o levar até a sua terra natal onde o sepultariam (Gn 50.24,25; Hb 11.22).

2.3 O Tempo da visitação e libertação. Os filhos de Israel viveram em paz muitos anos após a morte de José no Egito, até que “levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José” (Êx 1.8). Por se multiplicarem grandemente os hebreus foram duramente oprimidos por Faraó (Êx 1.7-14). Durante muito tempo pensava-se que que esse Faraó fosse Ramsés II, mas hoje, as evidências arqueológicas confirmam Amósis I (1580 a.C.), que fundou a décima oitava dinastia do Egito e expulsou os hicsos (povo semita que governou o Egito nos dias de José, segundo alguns historiadores) do Egito. Isso levaria o êxodo para 1440-1400 a.C., que se harmoniza com os 480 anos de I Reis 6.1 (SOARES, 2003, p. 118). Entre a chegada dos filhos de Israel e a saída destes do Egito, a Bíblia nos diz que passaram-se 430 anos (Êx 12.40,41). Diante da escravidão e o infanticídio (homicídio das crianças) promovido por Faraó, o povo de Israel clamou e Deus ouviu o seu gemido (Êx 2.23-25). O Senhor interveio na história poupando a vida de uma criança que foi criada pela filha de Faraó a quem chamou de Moisés (Êx 2.1-10). Este por sua vez, foi o escolhido de Deus para libertar os hebreus da dura servidão no Egito e conduzi-los a terra prometida a Abraão, Isaque e Jacó (Êx 3.6-8).

III – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE ÊXODO PARA A IGREJA

3.1 Opressão e libertação. Quando os hebreus foram escravizados por Faraó no Egito, Deus ouviu seus clamores e os resgatou (Êx 3.9,10). De igual forma, fomos libertos do império do mal cujo dominador era Satanás (Cl 1.13). Vimos que o canal por quem Deus executou essa libertação aos filhos de Israel foi Moisés (Êx 3.10). Quanto a Igreja, foi por meio de Jesus Cristo, que aconteceu a nossa redenção da escravidão do pecado (I Jo 3.5; 4.10; Ap 1.5).

3.2 A difícil vida no deserto. Após saírem do Egito, o povo de Israel passou pelo Mar Vermelho e peregrinaram no deserto rumo a Canaã. No caminho para a terra prometida, muitos israelitas foram reprovados porque pecaram contra o Senhor (Êx 15.24; 16.2; 17.3; Nm 14.2; 14.36). Paulo utiliza-se deste mal exemplo do israelitas, para ensinar a Igreja que a história de Israel é uma figura, a fim de que não caiamos no mesmo erro (I Co 10.5-11); pois, também somos peregrinos nesta terra, e Pedro diz que devemos nos comportar de forma digna durante a nossa peregrinação (I Pe 1.17; 2.11).

3.3 A Lei, o compromisso moral do povo resgatado. Deus revelou sua Lei para os israelitas no Sinai (Êx 20). Foi através dela que eles aprenderam mais sobre Deus e como deveriam viver. Cristo nos libertou da maldição da Lei, pois nós éramos transgressores (Gl 3.13). Fomos salvos pela fé independente das obras (Rm 3.28). E agora, o Espírito Santo no qual estamos selados produz em nosso caráter o amor que é o cumprimento da Lei (Rm 13.8,10; Gl 5.22,23).

CONCLUSÃO

O livro do Êxodo nos ensina como Deus é fiel em cumprir as suas promessas, e também como Ele está disposto a intervir nas circunstâncias difíceis em resposta ao clamor do seu povo.

REFERÊNCIAS

 Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
 ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
 SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
 STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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