Lição 1° – O Livro de Êxodo e o Cativeiro de Israel no Egito

COMENTÁRIO INTRODUÇÃO: VENHO TRAZER A TONA A HISTORIA CONTADA PELO HISTORIADOR DO SEC I FLAVIO JOSEFO, ONDE OBTEMOS MAIS PROVAS E EVIDENCIAS DO QUE A BÍBLIA JÁ RELATA, NÃO ESTOU DE MANEIRA ALGUMA PASSANDO POR CIMA DA AUTORIDADE DA MESMA.

Um dos doutores da sua lei, ao qual eles dão o nome de escribas das coisas santas e que passam entre eles por grandes profetas, disse ao rei que naquele mesmo tempo deveria nascer um menino entre os hebreus, cuja virtude seria admirada por todo o mundo, pois aumentaria a glória de sua nação e humilharia o Egito, e cuja reputação seria imortal. O rei, assustado com a predição e seguindo o conselho daquele que lhe fazia essa advertência, publicou um edito pelo qual ordenava que se deveriam afogar todas as crianças hebreias do sexo masculino e ordenou às parteiras do Egito que observassem exatamente quando as mulheres fossem dar à luz, porque não confiava nas parteiras de sua nação. Esse edito ordenava também que aqueles que se atrevessem a salvar ou criar alguma dessas crianças seriam castigados com a pena de morte, juntamente com toda a família.

Um hebreu de nome Anrão, muito estimado entre os seus, vendo que a sua mulher estava grávida, ficou muito preocupado, por causa do edito que iria exterminar a sua nação. Recorreu então a Deus, rogando-lhe que tivesse compaixão de um povo que sempre o havia adorado e fizesse cessar a perseguição que os ameaçava de ruína total. Deus, tocado por aquela oração, apareceu-lhe em sonho e disse-lhe que esperasse: que Ele se lembrava da piedade do povo e da de seus antepassados; que os recompensaria agora, tal como havia recompensado aqueles; que era por essa consideração que os fizera multiplicar-se, desde Abraão, quando este partiu sozinho da Mesopotâmia para a terra de Canaã, a quem Ele cumulou de bens e tornou a mulher fecunda, e os sucessores dele, aos quais outorgou províncias inteiras: a Arábia a Ismael, Troglodita aos filhos de Quetura e o país de Canaã a Isaque; que eles não poderiam sem ingratidão e mesmo sem impiedade esquecer os felizes êxitos obtidos na guerra pela aliança com Ele; que o nome de Jacó se tornara célebre, tanto pela felicidade na qual viveu quanto pela que legou aos seus descendentes como um direito hereditário, e porque, havendo chegado ao Egito com setenta pessoas somente, a sua posteridade multiplicou-se, atingindo o número de seiscentos mil homens; que se tranquilizassem, pois teria cuidado de todos em geral e dele em particular; que o filho de que a sua mulher estava grávida era o menino de quem os egípcios temiam tanto o nascimento e por causa de quem faziam morrer todos os meninos dos israelitas; que ele viria, contudo, felizmente ao mundo, sem ser descoberto pelos encarregados daquela cruel devassa; que ele, contra todas as esperanças, seria criado e educado e libertaria o seu povo da escravidão; que tão grande feito eternizaria a sua memória, não somente entre os hebreus, mas entre todas as nações da terra; que, por mérito dele, o seu irmão seria educado até tornar-se um grande sacerdote, sendo que todos os descendentes deste seriam honrados com a mesma dignidade.

Miriã, irmã do menino, por ordem de sua mãe, foi para o outro lado do Nilo ver o que aconteceria. Como o berço flutuasse ao sabor das águas, Termutis, filha do rei, que passeava pela margem do rio, avistou-o e ordenou a alguns dos que a acompanhavam que a nado fossem buscá-lo. A princesa logo ordenou que fossem procurar uma ama. Veio uma, porém a criança não quis mamar e recusou todas as outras que lhe trouxeram. Miriã, então, fingindo lá encontrar-se por acaso, disse à princesa: "É inútil, senhora, que mandeis chamar outras amas, pois elas não são da mesma nação que esta criança. Se tomardes uma ama hebreia, talvez ele não sinta aversão". Termutis aprovou a ideia e disse-lhe que fosse procurar uma. Ela foi imediatamente para casa e trouxe Joquebede, que ninguém conhecia, para ser a ama da criança, a qual deu-lhe de mamar. Moisés, isto é, "salvo das águas", como sinal de um estranho acontecimento, pois mo, em língua egípcia, significa "água", e isés, "preservado".

Era o sétimo desde Abraão, porque Anrão, seu pai, era filho de Coate, Coate era filho de Levi, Levi era filho de Jacó, Jacó era filho de Isaque e Isaque era filho de Abraão.

Recebi-o em meus braços, resolvi adotá-lo e vo-lo ofereço como sucessor, pois não tendes filhos". Com essas palavras, ela o colocou entre os braços do rei, que o recebeu com prazer e, para obsequiar a filha, estreitou-o nos braços, colocando-lhe o diadema sobre a cabeça. Moisés, como uma criança, que se diverte, tirou-o e o jogou ao chão, pisando-lhe em cima.

Essa ação foi considerada de péssimo augúrio, e o doutor da lei que predissera o quanto seria funesto o nascimento daquele menino para o Egito ficou tão nervoso que desejou matá-lo imediatamente. "Eis aí, majestade", disse ele, dirigindo-se ao rei, "este menino, do qual Deus nos faz saber que a morte deve garantir a vossa paz.

Logo que o menino, criado e educado dessa maneira, chegou à idade de poder dar provas de sua coragem, praticou atos de bravura que não permitiram mais dúvidas quanto à veracidade do que se havia sido predito, isto é, que ele elevaria a glória de sua nação e humilharia os egípcios. Eis o motivo: A fronteira do Egito foi devastada pelos etíopes, que lhe estão próximos. Os egípcios marcharam com um exército contra eles, mas foram vencidos no combate e retiraram-se com desonra. Os etíopes, orgulhosos de tamanha vitória, julgaram que era covardia não aproveitar a boa sorte e começaram a se vangloriar de poderem conquistar todo o Egito. E lá entraram, por diversos lugares. A quantidade de despojos que arrebataram e o fato de não terem encontrado resistência alguma aumentaram-lhes a esperança de conseguir um feliz resultado na empresa. Assim, avançaram até Mênfis, chegando até o mar. Os egípcios, reconhecendo-se muito fracos para resistir a tão grande força, mandaram consultar um oráculo, e, por ordem secreta de Deus, a resposta que receberam foi que somente um homem havia — um hebreu! — do qual podiam esperar auxílio.

O rei não teve dificuldade em julgar, por essas palavras, que Moisés era o hebreu em questão, ao qual o céu destinava salvar o Egito, e pediu à filha para fazê-lo general de todo o exército. Ela consentiu e disse-lhe que julgava assim prestar ao rei um grande serviço. Contudo obrigou-o ao mesmo tempo a prometer, com juramento, que não lhe fariam mal algum. A princesa, não se contentando em testemunhar assim a sua extrema afeição por Moisés, não pôde também deixar de — com azedume — perguntar aos sacerdotes egípcios se eles não se envergonhavam de o haverem tratado como inimigo e de desejarem tirar a vida a um homem a quem eram agora obrigados a pedir auxílio.

Pode-se imaginar com que prazer Moisés obedeceu às ordens do rei e da princesa, que lhe eram tão gloriosas. E os sacerdotes das duas nações tiveram com isso, por motivos diferentes, idêntica alegria. Os egípcios esperavam que, depois de vencerem os inimigos sob o comando de Moisés, encontrariam facilmente ocasião para matá-lo, à traição. E os hebreus ansiavam, por esse mesmo motivo, sair do Egito e livrar-se da escravidão.

Esse excelente general, posto à frente do exército, logo se fez admirar pela sua prudência. Em vez de marchar ao longo do Nilo, atravessou pelo meio das terras, a fim de surpreender os inimigos, que jamais pensariam que ele os fosse alcançar por um caminho tão perigoso, devido à quantidade de serpentes de várias espécies que ali vivem: muitas delas não existem em nenhum outro lugar e não somente são temíveis pelo seu veneno, mas são horríveis de se ver, porque, tendo asas, atacam os homens elevando-se no ar, para se atirar sobre eles. Moisés, para precaver-se contra elas, mandou colocar em gaiolas algumas aves chamadas íbis, que são domesticadas, amigas do homem, e inimigas mortais das serpentes, sendo que estas as temem não menos que aos cervos.

Nada mais direi sobre essas aves, porque não são desconhecidas aos gregos. Quando Moisés chegou com o seu exército a essa tão perigosa região, soltou os pássaros e passou assim sem perigo. Então surpreendeu os etíopes, deu-lhes combate e os dispersou, fazendo-os perder a esperança de se tornarem senhores do Egito. Mas tão grande vitória não reteve os seus intentos: entrou no país deles, tomou várias cidades, saqueou-as e fez grande mortandade. Tão gloriosos resultados reanimaram de tal modo a coragem dos egípcios que eles seriam capazes de tudo empreender sob o comando de tão excelente general. Os etíopes, ao contrário, só tinham diante dos olhos a imagem da escravidão e da morte.

O ilustre general impeliu-os até Sabá, capital da Etiópia, que Cambises, rei dos persas, chamou depois de Meroe, nome de sua irmã. Aí Moisés os sitiou, embora a cidade fosse tida como inexpugnável, porque, além de suas grandes fortificações, era rodeada por três rios: o Nilo, o Astape e o Astobora, cujo percurso é muito difícil. Ficava, assim, situada numa ilha e não era menos defendida pela água que a rodeava de todos os lados que pela força de suas muralhas e de suas defesas. Os diques que a preservavam das inundações dos rios serviam ainda de terceira defesa quando os inimigos passassem as outras.

Moisés ficou aborrecido ao constatar que tantas dificuldades juntas tornavam a conquista da cidade quase impossível, e o seu exército começava a enfadar-se, porque os etíopes não se atreviam mais a dar-lhes combate.
Tarlis, filha do rei da Etiópia, tendo-o visto do alto das muralhas praticar, num assalto, atos de valor e de coragem extraordinários, ficou tão cheia de admiração pela sua bravura, a qual reerguera o ânimo dos egípcios e fizera tremer a Etiópia, antes vitoriosa, que sentiu o coração ferido de amor por ele.

Com a paixão sempre aumentando, mandou oferecer-lhe a mão em casamento. Ele aceitou a honra, com a condição de que ela lhe entregasse a cidade. A promessa foi confirmada com um juramento e, depois que o tratado foi feito, em boa fé de parte a parte, ele deu graças a Deus por tantos favores e reconduziu os egípcios vitoriosos de volta à sua pátria.

E assim, Faraó consentiu na morte de Moisés, e ela seria inevitável, se este não houvesse descoberto a intenção dos egípcios e se ausentado no momento oportuno. Moisés fugiu para o deserto e desse modo salvou-se, porque os inimigos não podiam imaginar que ele tomaria tal caminho. Como nada encontrasse para comer, viu-se atormentado por uma fome extrema, mas a suportou com paciência e, depois de haver andado muito, chegou, pelo meio dia, próximo da cidade de Midiã — nome que lhe deu um dos filhos de Abraão e Quetura —, à beira do mar Vermelho. Estando muito cansado, sentou-se à beira de um poço, para repousar, e esse fato deu-lhe ocasião de mostrar a sua coragem, abrindo o caminho para uma sorte melhor.Flávio Josefo. HISTÓRIA dos HEBREUS De Abraão à queda de Jerusalém. Editora CPAD.

A história do êxodo de Israel tem figurado por séculos na história dos hebreus e é acompanhada ao longo da história da Igreja como um referencial de interpretação da história da salvação. E isso não é sem motivo, pois não se pode imaginar um estudo sério da Palavra de Deus sem que se examine o Pentateuco, e, mais precisamente, a forma como Deus libertou o seu povo da escravidão e o levou à Terra Prometida.

Este capítulo trata da origem de Moisés, o homem que Deus escolheu para trazer a liberdade para o povo de Israel. Levemos em conta que Deus costuma se utilizar de instrumentos humanos para que a sua glória seja manifesta, e por isso podemos estudar os exemplos de homens e mulheres usados por Deus para grandes feitos ao longo da Bíblia Sagrada. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 5.

Vi a aflição do meu povo. O povo de Israel chamava a atenção de Deus, conforme já vimos em Êxo. 2.25. Era chegado o momento certo de agir. A Terra Prometida deveria passar para o poder de Israel, após o exílio no Egito, e depois que a culpa dos cananeus chegasse ao seu ponto culminante. Ver Gên. 15.13,16. Deus cuida de Seu povo. Por certo essa é a mensagem central do evangelho. Deus amou de tal maneira que deu (João 3.16), e uma provisão universal foi feita (I João 2.2). Ver no Dicionário 0 artigo Misericórdia (Misericordioso). Deus sabia da situação aflitiva de Seu povo, e não podia tolerá-la. Ver Êxo. 3.7-9 e cf. Êxo. 2.24. E assim, foi planejada a libertação.

Exatores. Temos aqui uma palavra diferente da que é empregada em Êxo. 1.11, onde nossa versão portuguesa diz leitores”. Mas ambos os termos implicam um tratamento cruel. Os “exatores” não eram apenas capatazes. Tinham-se torna· do opressores; e era com eles que os escravos tinham de tratar todos os dias. Deus sabia o quanto os israelitas sofriam fisicamente, 0 quanto a mente deles se sentia aflita e o quanto seu espírito se sentia desolado. Pareciam abandonados a uma sorte pior do que poderiam suportar. Mas a vontade soberana de Deus estava prestes a reverter tudo isso. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 314.

I - O LIVRO DE ÊXODO
1. Seu propósito.
O êxodo é o acontecimento crucial na história de Israel. Foi a poderosa libertação realizada pelo Senhor, para trazer todo o povo de Israel da escravidão no Egito e levá-lo à Terra Prometida. Esta saída do Egito e a consequente migração em direção a Canaã, sob a liderança de Moisés, foi marcada por muitos milagres, e resultou no estabelecimento dos israelitas como uma nação em aliança com Deus, que era seu próprio governador teocrático.

Dentro do Pentateuco, o Êxodo faz uma ligação para que a história dos hebreus seja encadeada de forma que haja continuidade na narrativa mosaica. Um olhar panorâmico no Pentateuco nos mostra que em Gênesis Deus cria o mundo, a humanidade, promete um Salvador e conduz Abraão, Isaque e Jacó a um relacionamento com Ele. O fim do livro de Gênesis fala sobre José, filho de Jacó, que vai para o Egito como escravo e se torna governador, com uma administração pautada no temor a Deus e no bom senso. José traz seus irmãos e seu pai para o Egito, para que tenham um lugar mais tranquilo para viver, e o livro é encerrado com o pedido de José para que os israelitas tirassem os seus ossos daquelas terras, pois Deus os visitaria e os tiraria de lá. A seguir, o livro de Êxodo mostra a escravidão dos hebreus no Egito e a libertação divina por intermédio de Moisés, um personagem que vai figurar nos demais livros do Pentateuco. O livro de Levítico se encarrega de ensinar ao povo o valor da comunhão com Deus, a lei sacrificial e o trabalho no Tabernáculo. O livro de Números aborda a peregrinação dos israelitas no deserto, e o livro de Deuteronômio mostra os discursos de Moisés ao povo antes de entrarem na Terra Prometida. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 6-7.

ESCOPO E PROPÓSITO
O livro de Êxodo é o livro da redenção. O nome grego "Êxodo" (lit. "saída") descreve aqui como Deus tirou os filhos de Israel da escravidão no Egito; mas por redenção compreendemos que o Redentor não apenas livra Seu povo da escravidão mas também coloca esse povo em relação especial Consigo mesmo, fazendo dele Sua própria possessão adquirida, sua "propriedade peculiar" (19.5).

O início do livro descreve, portanto, a grande libertação do povo de Deus, Israel, o que culmina com a Páscoa e prefigura a redenção ainda maior operada no Calvário. Desse ponto o livro passa para o concerto estabelecido no monte Sinai, no qual Deus declarou que Israel era Seu povo, dando-lhes os dez mandamentos, enquanto que por sua vez eles aceitaram Jeová como seu Deus, comprometendo-se a obedecê-lo. Esse concerto foi o fundamento do sua existência nacional, do qual a nova aliança (1Co 11.25; Hb 8.6-13) forma o antítipo, com a chamada da Igreja. Finalmente, a história do estabelecimento do tabernáculo e de sua adoração provê a base sobre a qual a vida do povo redimido, em sua relação para com Deus, precisava ser mantida. Na nova aliança a base da comunhão com Deus é Cristo. O tabernáculo e sua adoração, portanto, provêm muitos tipos e prefigura Cristo (ver, por ex. Hb 8.5; 9.1-11; 10.1).

As referências no Novo Testamento justificam plenamente nossa posição que vê Cristo como o "cumprimento" deste livro. Nos milagres registrados vemos "sinais" da operação divina (conf. Jo 2.11), no concerto do Sinai vemos um precursor da nova aliança, e na adoração do tabernáculo vemos uma "sombra dos bens vindouros" (Hb 10.1). DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Êxodo. pag. 2.

O SIGNIFICADO DO ÊXODO
O êxodo é o evento teológico e histórico mais expressivo do A. T., porque mostra a magnificente ação de Deus em favor de seu povo, uma ação que os conduziu da escravidão à liberdade, da fragmentação à unidade, de um povo com uma promessa - os hebreus - à uma nação estabelecida - Israel. No livro de Gênesis encontram-se a introdução e o propósito, seguindo-se então todas as revelações subsequentes do .Antigo Testamento. Um registro que é ao mesmo tempo um comentário inspirado e uma exposição detalhada. Em última análise, o êxodo serve como um tipo do êxodo promovido por Jesus Cristo, de forma que ele se torna um evento significativo tanto para a Igreja quanto para Israel. MERRILL. Eugene H. Historia de Israel no Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 49-50.

2. A escravidão.
O livro de êxodo fala de escravidão. Essa expressão traz para nós a ideia de uma pessoa que está sob controle absoluto de outra por meio da força, e para essa pessoa trabalha sem qualquer direito. Tendo em vista os avanços na esfera social que o homem moderno obteve por meios democráticos, falar em trabalho escravo em nossos dias é uma coisa absurda, apesar de ele existir em muitos lugares no mundo. Não se pode pensar em um trabalho que não seja remunerado (exceto o voluntário), nem se pode imaginar pessoas trabalhando sem hora de descanso e ainda sendo tolhidas de direitos como o descanso e alimentação adequada. Mas no mundo antigo, a escravidão era uma prática bem difundida. Uma pessoa poderia cair nessa situação caso fosse vendida por familiares ou se fosse uma presa de guerra, ou mesmo se não pudesse pagar dívidas. O certo é que era uma situação constrangedora e humilhante para homens e mulheres que se viam envolvidos por ela.

O livro de Êxodo narra o princípio da escravidão do povo hebreu pelas mãos dos egípcios. Um rei se levantou no Egito, e esse monarca não tinha prazer em recordar a história daquela nação. Ele não conheceu a José, e essa expressão pode indicar que esse novo rei não soube que o Egito anteriormente passara por um período de extrema provação, quando os alimentos se tornaram escassos, e que se não fosse pela instrumentalidade de José, filho de Jacó, o Egito provavelmente não subsistiria.

Deus fora misericordioso para com os egípcios, dando-lhes um administrador como José. E muito tempo depois, o Egito decide retribuir o livramento dado por José usando os hebreus como mão de obra escrava. Essa foi uma forma muito ruim de demonstrar gratidão, mas de forma geral essa é a tendência humana: esquecemo-nos das bondades de Deus e nos tornamos senhores das bênçãos que Ele nos tem dado graciosamente.
A opressão dos egípcios contra os israelitas era tão grande que Deus disse: “Por isso desci para libertá-los do poder dos egípcios” (Êx 3.8, NTLH). A expressão “poder” mostra o grau de opressão com que os egípcios tratavam os hebreus, considerando-os como se fossem nada, descartáveis.

"Qualquer egípcio ou egípcia poderia entrar nas casas dos israelitas, pará-los nas ruas ou em qualquer lugar onde estivessem, pegar a criança recém-nascida, conferir-lhe o sexo e, se fosse um menino, tomá-lo da sua mãe e ir direto ao Rio Nilo para jogar o bebê, a fim de que ele se afogasse ou fosse devorado por v crocodilos." COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 7-8.

Êx 1.14 A ideia de tirania é reiterada (ver o versículo anterior). Havia trabalho forçado nos campos, nos projetos de construção. Havia dura servidão, e os direitos pessoais não eram respeitados — o que sempre acontece em todas as opressões. Normalmente, a história tem sido escrita por elementos das classes altas, girando em torno dos feitos de reis e príncipes; essas histórias estão cheias de atos de violência, ódio e opressão. Mas o livro de Êxodo relata a história de homens comuns que estavam sendo oprimidos; e, em lugar de elogiar aos opressores, diz a verdade sobre eles.

“Os egípcios criaram uma boa variedade de maneiras para oprimir os israelitas; pois forçavam-nos a cavar grande número de canais para 0 rio, ou a erigir muralhas para suas cidades ou a levantar moles para conter as águas do Nilo, impedindo que o rio extravasasse para além de suas margens. Também obrigaram os filhos de Israel a edificar pirâmides, com 0 que queriam desgastá-los”, disse Josefo em Antiq. (Ilv.ii. cap. ix. see. 1). Cf. Deu. 11.10.

Filo esclareceu que alguns israelitas trabalhavam com o barro, moldando-o em tijolos, ao passo que outros colhiam e transportavam palha e outro material para ser misturado à massa. Alguns filhos de Israel serviam em casas; outros, nos campos, outros cavando canais, e ainda outros transportando cargas” (De Vita Mosis, 1.1 par. 608). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 306.

O LIBERTADOR INDISPENSÁVEL (Êx 1:1-22)
Os rabinos judeus chamam o Livro de Êxodo de "Livro dos Nomes" (ou "Estes São os Nomes"), pois ele começa com uma lista dos nomes dos filhos de Jacó (Israel) que levaram suas famílias para o Egito, a fim de fugir da fome que assolava Canaã (Gn 46).

Deus usou a experiência de Israel no Egito com a intenção de prepará-los para a tarefa especial que deviam cumprir aqui na Terra: ser testemunho do verdadeiro Deus vivo, escrever as Sagradas Escrituras e trazer ao mundo o Salvador.

Bênção (w. 1-7). Durante os anos em que José serviu como vice governante do Egito, sua família foi extremamente respeitada e, mesmo depois que José morreu, sua memória foi honrada pela forma como os egípcios trataram os hebreus. Deus cumpriu as promessas da aliança que havia feito com Abraão ao abençoar seus descendentes e fazer com que se multiplicassem grandemente (Gn 12:1-3; 15:5; 17:2, 6; 22:17). No tempo do êxodo, o povo hebreu contava com mais de seiscentos mil homens de vinte anos ou mais (Êx 12:37; 38:26) e, se acrescentarmos a esse número as mulheres e crianças, temos um total de cerca de dois milhões de pessoas, sendo que todas elas eram descendentes da família de Jacó. Sem dúvida, Deus havia cumprido sua promessa!

No entanto, um novo Faraó não se agradou da rápida multiplicação do povo hebreu e, assim, tomou medidas para controlá-la.

Primeira medida - A aflição dos adultos (w. 8-14). Deus havia dito a Abraão que seus descendentes iriam para um país estrangeiro e lá seriam escravizados e maltratados, mas prometeu libertá-los por seu poder quando fosse a hora certa (Gn 15:12-14). Deus comparou o Egito com uma fornalha de ferro (Dt 4:20) em que seu povo iria sofrer, mas sua experiência nessa fornalha transformaria os israelitas numa nação poderosa (Gn 46:3).

Ao longo dos séculos que os hebreus habitaram no Egito (Gn 15:13; Êx 12:40, 41), passaram pela mudança de várias dinastias egípcias. Mas que novo Faraó seria tão ignorante a ponto de não saber sobre José e sua família e de tentar destruir "o povo dos filhos de Israel"? A décima sétima dinastia dos hicsos4 também era de origem estrangeira, como os hebreus, de modo que provavelmente simpatizavam com Israel. No entanto, a décima oitava dinastia era egípcia, e seus governantes expulsaram os estrangeiros da terra do Egito. Pode ter sido nessa dinastia que começou a perseguição ao povo de Israel.

Por que os egípcios desejavam tornar a vida dos hebreus tão infeliz? Israel era uma fonte de bênçãos para a terra, como José havia sido antes deles (Gn 39:1-6), e não estava causando problemas. De acordo com a razão apresentada pelo Faraó, a presença de tantos hebreus era um risco para a segurança nacional, uma vez que eram estrangeiros e, se houvesse uma invasão, sem dúvida se tornariam aliados dos inimigos. No entanto, quer o Faraó percebesse quer não, a verdadeira causa do conflito anunciado em Gênesis 3:15 era a inimizade entre o povo de Deus e os filhos de Satanás, conflito que persiste no mundo de hoje.

Não encontramos nos registros da história nenhum povo que tenha sofrido tanto quanto os judeus, mas toda a nação ou governante que perseguiu o povo de Deus foi castigada por isso. Afinal, Deus havia prometido a Abraão: "Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem" (Gn 12:3). Deus cumpriu essa promessa na forma como tratou com o Egito e a Babilônia na antiguidade e com Stalin e Hitler nos tempos modernos. Deus é longânimo ao observar as nações que perseguem seu povo escolhido, mas chega a hora em que sua mão de julgamento pesa sobre os opressores.

Os capatazes egípcios, "com tirania, faziam servir os filhos de Israel" (Êx 1:13), obrigando os escravos hebreus a construir cidades e trabalhar nos campos. Mas a bênção de Deus fez com que o povo de Israel continuasse a se multiplicar, o que assustou e irou ainda mais seus dominadores egípcios. Era preciso fazer alguma coisa para manter Israel sob controle. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 234-235.

Crueldade engendrada (1.11,13,14). A sabedoria mundana sabe inventar métodos cruéis. O rei queria debilitar o poder dos israelitas, quebrando-lhes a vontade como grupo e levando-os a se tornar como os egípcios. De acordo com avaliações posteriores (Js 24.14; Ez 20.7-9), alguns israelitas fizeram exatamente isso. Sob circunstâncias normais, tais métodos teriam cumprido o desígnio do rei.

Os maiorais de tributos (11) eram supervisores gerais cujos métodos tiranos eram famosos. Provavelmente alguns desses chefes de serviços fossem israelitas (5.14). “Há [...] lugar para pensar que eles os faziam trabalhar desumanamente e, ao mesmo tempo, os obrigava a lhes pagar exorbitante tributo.”5 Cidades de tesouros eram “cidades armazéns” onde eram armazenados provisões e armamentos.

As tarefas para os israelitas ficaram muito amargas com dura servidão (14). Pelo visto, o trabalho no campo refere-se a projetos de irrigação ou ao cuidado dos rebanhos do governo, ou possivelmente a levar tijolos para os lugares de construção. A escravidão era tão cruel quanto o homem podia torná-la sem infligir a morte. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 142.

A LOCALIZAÇÃO HISTÓRICA DO ÊXODO
O novo reino egípcio Segundo 1 Reis 6.1, o êxodo aconteceu cerca de 480 anos antes da fundação do templo de Salomão. De fato, Salomão deu início à construção em seu quarto ano, ou seja, em 966 a.C., de forma que, de acordo com uma hermenêutica normal e uma aproximação séria dos dados cronológicos bíblicos, o êxodo ocorreu em 1446 a.C. Antes de apresentarmos argumentos detalhados em favor de tal data, vamos por enquanto nos deter na décima oitava dinastia do Egito que, de acordo com a data tradicional, forma o quadro da época em que o êxodo aconteceu.

Como apontado no capítulo 1, a décima oitava dinastia foi fundada por Amósis, o responsável pela expulsão dos hicsos. E bem provável ter sido ele o que está descrito em Êxodo como o novo rei que não conhecia

Tabela 4 18a e 19a Dinastia do Egito.
18a Dinastia
Amósis 1570-1546
Amenotepe I 1546-1526
Tutmose I 1526-1512
Tutmose II 1512-1504
Hatchepsute 1503-1483
Tutmose III 1504-1450
Amenotepe II 1450-1425
Tutmose IV 1425-1417
Amenotepe III 1417-1379
Amenotepe IV (Akhenaten) 1379-1362
Semenca 1364-1361
Tutankamon 1361-1352
Ai 1352-1348
Horembeb 1348-1320

19a Dinastia
Ramsés I 1320-1318
Setos I 1318-1304
Ramsés II 1304-1236
Merneptá 1236-1223

José (Êx 1.8). Isto não sugere que ele não tenha conhecido José pessoalmente, mas apenas que sua benevolência não mais se estendia aos descendentes de José - os hebreus. Ele havia, afinal, expulsado os hicsos, um povo bastante aparentado aos hebreus, e pode ter ficado receoso de que a rápida multiplicação destes pudesse se constituir numa séria ameaça ao seu recente governo e autoridade.

Ele ou seu sucessor, Amenotepe I (1546 - 1526), foi o responsável pela política repressiva que se seguiu naqueles dias. Isto incluía a redução dos hebreus à escravidão com trabalhos forçados em projetos de construções públicas (Êx 1.11-14), um plano que foi igualmente implementado por Amósis. Quando tal projeto fracassou, seguiu-se um decreto promulgando o genocídio de todos os machos hebreus que nascessem (Êx 1.15,16).

Esse decreto pode ter sido emitido por Amenotepe ou, o que é mais provável, por Tutmose I, de acordo com a reconstrução histórica promovida neste trabalho.

Admitindo a data de 1446 a.C. para o êxodo, podemos determinar a data do nascimento de Moisés, um fato de elevada importância nesta conjuntura. O Antigo Testamento informa que Moisés tinha a idade de 80 anos pouco antes do êxodo (Êx 7.7), e 120 anos na sua morte (Dt 34.7). Visto que sua morte ocorreu bem no fim do período do deserto, podemos datá-la em 1406. Um simples cálculo então fornece o ano 1526 para o seu nascimento. Por conseguinte, Moisés nasceu no mesmo ano da morte do faraó Amenotepe. E preciso enfatizar que não se pode esperar uma absoluta precisão, mas nossas datas para a cronologia do Novo Reinado, assim como todas as datas que usamos, são as mesmas utilizadas pelo Cambridge Ancient History, uma publicação lançada por estudiosos imparciais, reconhecidos academicamente como autoridades da mais alta confiabilidade. Quaisquer ajustes nas datas que aumentem ou diminuam alguns anos em nada afetarão as conclusões aqui propostas.

Amenotepe foi sucedido por Tutmose I (1526-1512), um plebeu que tinha se casado com a irmã do rei. Provavelmente foi ele o autor do decreto que ordenou o infanticídio, pois enquanto Moisés estava em iminente perigo de morrer, Arão, que havia nascido três anos antes (Êx 7.7), parece ter estado isento. Não seria difícil admitir que o faraó que promulgou essa política deve ter subido ao trono após o nascimento de Arão e antes do nascimento de Moisés. Nesse caso, a evidência bíblica aponta diretamente para Tutmose I.
Tutmose II (1512-1504) casou-se com Hatchepsute, sua meia-irmã mais velha. Ele morreu jovem sob circunstâncias bastante misteriosas. Sentindo que se aproximava da morte, ordenou a nomeação de Tutmose III (1504-1550) como seu co-regente e herdeiro. Esse governante que, sem dúvida, foi o mais ilustre e poderoso dentre os que viveram no Novo Reino, distinguiu-se de várias maneiras. Seus primeiros anos não foram muito promissores era filho de uma concubina e tinha se casado com sua meia-irmã, filha de Hatchepsute e Tutmose II - mas por fim veio a obter notáveis vitórias nas terras ao seu redor, que incluíram nada menos que 16 campanhas à Palestina. Porém, os primeiros 20 anos de seu reino foram dominados por sua poderosa madrasta, Hatchepsute. Embora proibida pela cultura de se tornar faraó, ela de fato agia como tal e, em todos os critérios, pode ser considerada a pessoa de maior fascínio e influência da história egípcia. Sem dúvida, nos primeiros anos de Tutmose III, foi Hatchepsute quem ditou as resoluções, um relacionamento que decerto ele detestava, mas encontrava-se impotente para se opor. Somente após a morte da madrasta, Tutmose III demonstrou toda repugnância que sentia por ela, mandando extinguir toda e quaisquer inscrições ou monumentos em sua homenagem.

O quadro geral de Hatchepsute leva-nos a identificá-la como a ousada filha do Faraó que resgatou Moisés. Somente ela dentre todas as demais mulheres de sua época seria capaz de ir contra uma ordem do Faraó, bem diante dele. Embora a data de seu nascimento seja desconhecida, ela provavelmente era vários anos mais velha do que seu marido, Tutmose II, que morrera em 1504, bem próximo de seus 30 anos. Ela devia estar no início de sua adolescência, por volta de 1526, data do nascimento de Moisés e, portanto, com condições de agir em favor de sua libertação.

Tutmose III era menor de idade quando assumiu o poder em 1504 e mais novo que Moisés. Se, de fato, Moisés foi filho de criação de Hatchepsute, há probabilidade de haver ele sido uma forte ameaça ao jovem Tutmose III, visto que Hatchepsute não tinha filhos naturais. Isso significa que Moisés era um candidato a ser faraó, tendo apenas como obstáculo sua origem semítica. Parece-nos que houve uma real animosidade entre Moisés e o faraó. Isto fica claro em virtude de Moisés, após matar um egípcio, ter sido forçado a fugir para salvar a vida. O fato de ter o próprio faraó considerado a questão - que, em outra situação, seria pouco relevante - sugere que este faraó especificamente tinha interesses pessoais em se livrar de Moisés. O exílio auto imposto por Moisés ocorreu em 1486, quando ele tinha 40 anos de idade (At 7.23). Tutmose III já estava no poder havia 18 anos; e a idosa Hatchepsute, que faleceria três anos mais tarde, não tinha mais condições de interditar a vontade de seu enteado/sobrinho.

Durante longos quarenta anos, Moisés permaneceu fugitivo do Egito, tendo se abrigado entre os midianitàs do Sinai e da Arábia. Uma das razões para tão longo exílio foi justamente o fato de continuar a viver e reinar o Faraó de quem Moisés havia escapado. Somente após sua morte, Moisés sentiu-se livre para retornar ao Egito (Êx 2.23; 4.19). Tutmose III morreu em 1450 e foi sucedido por seu filho Amenotepe II (1450-1425).

Segundo os padrões cronológicos aceitáveis nesta discussão, era este Amenotepe quem reinava na ocasião do êxodo.

Antes de deixarmos Tutmose III, é essencial notarmos que o relato bíblico requer um reinado de quase 40 anos para o Faraó que perseguiu a vida de Moisés, porquanto o rei que morreu no fim dos anos do exílio de Moisés em Mídia era claramente o mesmo que o havia ameaçado quase 40 anos antes. Dentre todos os reis da 18a Dinastia, somente Tutmose III teve um reino tão longo. De fato, ele é o único governante que, em todo período durante o qual o êxodo poderia ter ocorrido, reinou tanto tempo - com exceção de Ramsés II (1304-1236). Mas Ramsés, o faraó preferido pela maioria dos estudiosos, é geralmente associado ao faraó do êxodo, não ao faraó cuja morte possibilitou o retorno de Moisés ao Egito. Caso a morte de Ramsés houvesse trazido Moisés de volta ao Egito, o êxodo deveria ter ocorrido após 1236, uma data muito tarde para ser satisfatória.

O FARAÓ DO ÊXODO
Quando finalmente Moisés retornou ao Egito, ele e seu irmão Arão começaram a negociar com o novo rei, Amenotepe II, a respeito de uma permissão para Israel deixar o Egito com o propósito de adorar a Jeová e, enfim, deixar o país definitivamente. Este poderoso rei conduziu uma campanha em Canaã em seu terceiro ano (aprox. 1450) e uma outra em seu sétimo ano, provavelmente em 1446, coincidindo com a tradicional data do êxodo. Não é difícil imaginar que a dizimação do exército de Faraó no mar de Juncos pode ter ocorrido após essa sétima campanha e que, após tamanha desmoralização, um total desinteresse por uma aventura imediata se abateu sobre o reino, especialmente para o norte.

Nossa identificação de Amenotepe II como o faraó do êxodo está baseada em duas outras considerações. Em primeiro lugar, embora a maioria dos reis da 18a Dinastia tenha estabelecido sua principal residência em Tebas, bem ao sul dos israelitas no Delta, Amenotepe morava em Mênfis e, aparentemente, reinou daquele local por um bom tempo. Isto o colocava em grande proximidade com a terra de Gósen, fazendo-o bastante acessível a Moisés e Arão. Em segundo lugar, evidências sugerem que o governo de Amenotepe não passou para seu filho mais velho, mas para o caçula Tutmose IV. Esta é uma informação subentendida na chamada "esteia do sonho", que foi encontrada na base da Grande Esfinge perto de Mênfis.

O texto, que registra um sonho no qual Tutmose IV recebeu a promessa de que um dia viria a ser rei, sugere, como diz um historiador, que o seu reino sucedeu "mediante uma imprevista mudança no destino, como a morte prematura do irmão mais velho". E claro que isto é praticamente impossível de se provar, mas também não há como deixar de especular se tal morte prematura não tenha ocorrido por intermédio do juízo de Jeová que, na décima praga, matou todos os primogênitos do Egito que estavam sem a proteção do sangue da Páscoa, "...desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere..." (Êx 12.29). MERRILL. Eugene H. Historia de Israel no Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 50-52, 54-56.

Um Rei que não conhecia a Deus

"Depois, levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, o qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que nós. Eia, usemos sabiamente para com ele, paraque não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra" (versículos 8-10). Vemos aqui o raciocínio de um coração que nunca aprendera a contar com Deus nos seus cálculos. O coração não-regenerado nunca o pode fazer, e por isso, quando Deus se revela, todos os seus argumentos caem por terra. Fora de Deus, ou independentemente d'Ele, podem parecer muito prudentes, mas logo que Deus aparece em cena, vê-se que são perfeita loucura.
Mas porque havemos nós de permitir que as nossas mentes sejam, de qualquer modo, influenciadas por argumentos e cálculos que dependem, para a sua verdade aparente, da exclusão total de Deus? Fazê-lo é, em princípio, e de acordo com a sua extensão, praticamente, ateísmo. No caso de Faraó verificamos que ele podia julgar corretamente as várias eventualidades dos negócios do seu reino: a multiplicação do povo, as possibilidades de guerra e de os israelitas fazerem causa comum com o inimigo e abandonarem o país. Ele podia pesar todas estas circunstâncias na balança com invulgar sagacidade; mas nunca lhe ocorreu que Deus pudesse ter alguma coisa a ver com o assunto. Este simples pensamento, se alguma vez tivesse ocorrido a Faraó, bastaria para lançar a confusão em todos os seus planos classificando-os como loucura. Ora é conveniente refletirmos que sucede sempre assim com o raciocínio da mente céptica do homem. Deus é inteiramente excluído; sim, a sua pretendida verdade e solidez dependem dessa exclusão. O aparecimento de Deus em cena dá o golpe mortal em todo o cepticismo e infidelidade. Até ao momento em que o Senhor aparece, podem pavonear-se no palco com maravilhosa demonstração de sabedoria e destreza; porém, assim que o olhar distingue o mais fraco vislumbre do bendito Senhor, são despojados do manto da sua ostentação e revelados em toda a sua nudez e deformidade.

Com referência ao rei do Egito, pode dizer-se, com segurança, que errou grandemente, não conhecendo a Deus nem os Seus desígnios imutáveis. Faraó ignorava que, muitos séculos antes, ainda ele estava longe de respirar o fôlego desta vida mortal, a palavra e o juramento de Deus—"duas coisas imutáveis"—haviam assegurado infalivelmente a libertação completa e gloriosa daquele mesmo povo que ele, na sua sabedoria, propunha esmagar. Tudo isto ele desconhecia; e, portanto, todos os seus pensamentos e todos os seus planos baseavam-se sobre a ignorância dessa grande verdade, fundamento de todas as verdades, que DEUS, É.Imaginava, loucamente, que, com a sua sabedoria e poder, poderia impedir o crescimento daqueles acerca dos quais Deus havia dito: "serão como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar" (Gn 22:17). Portanto, o seu procedimento não passava de loucura e insensatez. O pior erro que alguém pode cometer é agir sem contar com Deus. Mais cedo ou mais tarde o pensamento de Deus impor-se-á ao seu espírito e então dá-se a destruição terrível de todos os seus planos e cálculos. Quando muito, tudo quanto é empreendido sem contar com Deus só pode durar o tempo presente. Mas não pode de modo algum alongar-se para a eternidade. Tudo quanto é apenas humano, por muito sólido, brilhante e atraente que possa ser, está destinado a cair nas garras da morte e a abolorecer no silêncio do túmulo. A leiva do vale há de cobrir as maiores honras e as glórias mais brilhantes do homem (Jó 21:33); a mortalidade está esculpida na sua fronte, e todos os seus projetos são evanescentes. Pelo contrário, tudo aquilo que está ligado e fundado em Deus permanecerá para sempre. "O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos" (SI 72:17). C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.

3. Clamor por libertação.

A busca pela liberdade também é um dos temas descritos no livro de Êxodo. Quem está preso deseja ser livre, e o mesmo ocorre para com aqueles que estão sendo submetidos à escravidão. Não foi à toa que Moisés escreveu:

E aconteceu, depois de muitos destes dias, morrendo o rei do Egito, que os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão. E ouviu Deus o seu gemido e lembrou-se Deus do seu concerto com Abraão, com Isaque e com Jacó; e atentou Deus para os filhos de Israel e conheceu-os Deus. (Êx 2.23-25)

O rei que decretou a escravidão falecera, mas seu sucessor manteria aquele sistema até que Deus visitasse o seu povo e o libertasse daquela situação. Reter os israelitas no Egito como escravos se mostrou caríssimo para Faraó e a nação egípcia.

Aqui cabe uma observação: apesar de o povo de Deus passar por aquela tribulação, a Bíblia nos diz que Deus manteve o seu plano de levar seu povo a uma terra onde poderiam viver como uma nação. Para isso, Deus usaria Moisés como o instrumento não apenas de libertação, mas também como um legislador, a fim de que o povo pudesse seguir regras adequadas para sua existência na nova terra. Deus não perdeu o controle da história. Ele apenas estava esperando o momento certo para agir. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 9.

Êx 2.24 O Pacto Abraâmico. O cronograma de Deus requeria vários acontecimentos: o exílio e a servidão no Egito; os pecados dos cananeus teriam de chegar a seu ponto culminante, a fim de que um justo juízo divino viesse a privá-los de suas terras (Gên. 15.13-16); Moisés teria de cumprir um período de quarenta anos de exílio no deserto (Êxo. 2.15; Atos 7.30). Mas uma vez satisfeitos todos esses itens, o cronograma divino passaria para o passo seguinte: a chamada de Abraão. E esta levaria o Pacto Abraâmico a um novo degrau. Ver em Gên. 15.18 as notas completas que damos ali sobre esse pacto. Uma de suas principais estipulações era que Israel haveria de ter seu próprio território pátrio. Isso requereria que Israel fosse livrado de sua escravidão no Egito.

“Êxodo 2.24,25 é um eixo na narrativa. A supressão, a escravidão e a mor- te são temas dominantes no trecho de Êxodo 1.1-2.23. Daqui por diante, a ênfase recairá sobre as ideias de livramento e triunfo. Deus, em Seu poder soberano, estava preparado para agir em consonância com as Suas promessas a fim de livrar e preservar o Seu povo” (John D. Hanna, in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 311.

Êx 2. 24. Deus... lembrou-se da sua aliança com Abraão. Mesmo antes da visão da sarça ardente, o narrador coloca a libertação do Egito no contexto da promessa feita aos patriarcas. Para o antigo Israel, o curso todo da história da salvação podia ser resumido em termos de “ promessa e cumprimento” : Deus promete, Deus Se lembra, Deus age salvadoramente. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 59-60.

Mas Deus estava cuidando dos seus. Ele ouviu o gemido do povo e se lembrou do concerto (24). Deus adiou a libertação de Israel até que Moisés e Israel estivessem prontos. Moisés precisava das disciplinas do deserto, e o desejo de Israel por liberdade precisava aumentar. A escravidão continuada no Egito uniu o povo de Israel no desejo por liberdade e na fé de que só Deus podia livrá-lo. Deus ouve os clamores do seu povo, mas espera até “a plenitude do tempo” para dar a vitória. Conheceu-os Deus (25) significa “Deus se preocupava com eles” (VBB). Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 145.

II - O NASCIMENTO DE MOISÉS
1. Os israelitas no Egito.
Moisés nasceu em um momento desfavorável aos filhos de Abraão no Egito. O livro de Êxodo começa indicando que “os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito” (Êx 1.7). Esse cenário nos parece bastante favorável à existência de um povo, tendo em vista que as relações sociais entre os hebreus são descritas como propícias à expansão demográfica. Os israelitas podiam se casar, ter filhos e criá-los, e estes cresciam, tinham seus filhos e os criavam, e assim sucessivamente.

Mas no versículo 8, a história nos mostra uma mudança no cenário político do Egito que traria muito sofrimento aos filhos de Israel. “Depois, levantou-se um novo rei no Egito, que não conhecera a José”. Este verso mostra o que eu chamo de “princípio das dores” para os hebreus que moravam no Egito. Até esse momento, não há indicação de que eles eram vistos como uma massa de trabalho escravo pronta para satisfazer os desejos de reformas e construção de novas estruturas no Egito. Os hebreus tinham seus afazeres, e ao que tudo indica, não influenciavam negativamente em qualquer fato social dos egípcios.

Mas não foi isso que o novo rei do Egito viu. Ele assumiu o poder e entendeu que três situações poderiam ocorrer. Conforme Êxodo 1.11, a) os israelitas, como um grande grupo de pessoas, estava crescendo bastante; b) ele imaginou que em um caso de guerra futura, os israelitas se associariam com os inimigos dos egípcios; c) ele também entendeu que no caso de uma guerra, os israelitas sairiam do Egito (“suba da terra”), o que traria uma grande frustração aos planos de expansão e de reformas estruturais de construção civil nacional.

Podemos extrair dessas observações que o homem sem Deus vai buscar razões malignas para justificar seus feitos, e vai convencer a si mesmo e aos que o cercam. Faraó não percebeu que se o povo de Israel estava crescendo, era um sinal claro da bênção de Deus. Além disso, não há registros de que Israel tivesse intenções de se associar a outras nações em uma guerra futura contra os egípcios. Mas a Bíblia declara que os pensamentos de Faraó estavam relacionados a trazer prejuízo aos israelitas. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 9-10.

Êx 1.7 Grande Posteridade e Grande Prosperidade. Uma das provisões do Pacto Abraâmico falava na grande posteridade de Abraão, a qual desfrutaria abundância de riquezas materiais. Ver as notas sobre Gên. 15.18 quanto a uma descrição detalhada desse pacto e suas provisões.

Aumentaram muito. No hebraico, “enxamearam”, como se fossem insetos a zumbir em razão de seu grande número. Ver Gên. 7.21. Houve extraordinária multiplicação; e foi precisamente isso que assustou os egípcios, levando-os a subjugar a grande massa que aumentava mais e mais.

Israel se desenvolvera, impondo sua própria identificação e seu poder. Havia muitos jovens em idade de serviço militar. A situação tornara-se explosiva. A hostilidade egípcia tinha sido assim despertada.

A terra se encheu. Ou seja, a terra de Gósen (ver sobre ela no Dicionário), a região que 0 Faraó havia concedido à família de Jacó (Gên. 45.10). Ela era também chamada terra de Ramessés (Gên. 47.11), aquela porção do Egito que Faraó Ramsés II, mais tarde, desenvolveu, construindo ali muitas cidades. O tempo que se escoou entre Gên. 50.26 e Êxo. 1.7 foi, talvez, de cem anos. Uma posteridade numerosa fazia parte do Pacto Abraâmico desde sua versão original (Gên. 12.1-3). A nação de Israel haveria de formar-se; receberia seu próprio território; e, então, ser-lhe-iam conferidas sua constituição nacional e suas leis. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 305.

Êx 1. 7. O texto hebraico repete deliberadamente três verbos usados em Gênesis 1: 21,22 e que podem ser traduzidos “ frutificaram ... aumentaram muito ... se multiplicaram” . Esse aumento foi interpretado como a bênção prometida por Deus à Sua criação. Um tempo considerável já passara desde a morte de José: na menor das estimativas, Moisés era a quarta geração depois de Levi (Nm 26:58) e ele pode ter vivido centenasde anos depois (12:40). E a terra se encheu deles se refere ou à terra de Gósen (provavelmente o Wadi Tumilat, que se estende do Nilo à linha do atual Canal de Suez) ou então, em linguagem hiperbólica, todo o território do Egito. Esta última interpretação, embora estatisticamente incorreta, expressa bem os sentimentos dos egípcios, que em algumas partes haviam sido reduzidos a uma minoria diante dos indesejáveis imigrantes. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 51-52.

O cumprimento da promessa de Deus (1.7). Os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito. Ainda que os homens que Deus escolheu morram, Ele cuida dos filhos que ficam. Deus prometeu para Abraão que lhe aumentaria a semente (Gn 12.2; 15.5; 17.1-8) e aqui, no Egito, esta promessa foi cumprida. Quando Israel saiu do Egito o total computava cerca de 600.000 homens, além das mulheres e crianças (12.37). Levando-se em conta o tempo decorrido, não se tratava necessariamente de crescimento incomum. Mas considerando o ambiente hostil, esse aumento mostrava a providência especial de Deus. O que Deus prometeu ao gênero humano na criação (Gn 1.28) agora estava tendo cumprimento na sua família escolhida. As palavras aumentaram muito provêm do hebraico que significa “abundar ou enxamear” como se dá com os insetos e na vida marinha (ver Gn 1.20; 7.21).3 Os israelitas não somente eram muito numerosos, mas foram fortalecidos grandemente. E lógico que esta expressão indica saúde e vigor. Moisés reconheceu esta providência graciosa quando escreveu: “Siro miserável foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com pouca gente; porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa e numerosa” (Dt 26.5).

A terra que se encheu deles diz respeito a Gósen, onde Jacó e seus filhos se instalaram (Gn 47.1,4-6,27). Não há dúvida de que com o passar do tempo eles cresceram a ponto de este lugar se tornar pequeno demais, levando-os a se relacionar com os egípcios em outras regiões do país. O aumento numérico logo chamou a atenção do rei. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 141.

2. Um bebê é salvo da morte.
Como foi dito, Moisés não veio ao mundo em um período propício ao nascimento de um menino hebreu. Quanto mais os israelitas eram afligidos, mais se multiplicavam, a ponto de o rei dar ordens às parteiras das hebreias, Sifrá e Puá, para que matassem os meninos recém-nascidos. Faraó acreditou que poderia contar com a obediência dessas mulheres, mas estas temeram a Deus e não obedeceram ao rei, sendo posteriormente recompensadas por Deus. Quando chamadas para prestar contas, disseram ao rei que as mulheres hebreias eram “vivas”. A Versão Atualizada da Bíblia usa a expressão “vigorosas”, e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje diz que as mulheres hebreias “dão à luz com facilidade”. Independentemente das versões utilizadas, os textos mostram que as parteiras foram inquiridas por Faraó e deram a ele uma resposta que as isentou de sujarem as mãos com sangue inocente. A nossa fé em Deus deve sempre nos motivar a fazer o que é certo e justo, e acima de tudo, a não compactuar com o que está errado.

Mas os planos de Faraó não pararam. Se as parteiras hebreias não cumpriam as ordens dadas, a ordem agora passou para o povo egípcio: “Então, ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida” (Ex 1.22). Isso significa que qualquer egípcio ou egípcia poderia entrar nas casas dos israelitas, pará-los nas ruas ou em qualquer lugar onde estivessem, pegar a criança recém-nascida, conferir-lhe o sexo e, se fosse um menino, tomá-lo da sua mãe e ir direto ao Rio Nilo para jogar o bebê, a fim de que ele se afogasse ou fosse devorado por crocodilos. Os planos de Satanás eram cruéis, e deixavam um sinal claro do que ainda estava por vir para os filhos de Abraão. Outra coisa a se observar é o fato de que a maldade humana cria métodos malignos para conseguir seus feitos. Mas se Satanás tinha um plano de opressão, escravidão e morte contra os hebreus, Deus também tinha um plano, mas de livramento, libertação e de vida para os seus filhos.

A Bíblia diz que um casal da tribo de Levi teve um menino, e, não podendo mais escondê-lo, colocou-o em um cesto de juncos, uma construção bem frágil para proteger uma criança. Aquele cesto simples foi colocado na borda do rio, entre as plantas. E exatamente naquele lugar a filha de Faraó foi se banhar, e vendo o cesto, ordenou que uma de suas criadas o fosse pegar. A filha de Faraó se compadeceu do menino, decidiu criá-lo e dessa forma Deus preservou a vida do menino Moisés, usando a filha de Faraó para tal livramento. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 10-11.

Êx 1.17 As parteiras... temeram a Deus. As parteiras hebreias ouviram e assentiram com a cabeça (a fim de salvarem a própria vida). Mas, na hora critica, poupavam da morte aos meninos. Humanidade, misericórdia e temor a Deus foram, para elas, motivos mais poderosos que 0 da autopreservação. O temor a Deus e a misericórdia fazem parte da verdadeira religiosidade.

Humor. Yahweh frustrou o plano genocida do Faraó. Foram baixadas ordens de uma origem ainda superior às do Faraó, o próprio trono do Altíssimo. Assim, Israel continuou a multiplicar-se e a prosperar, apesar de todos os planos do Faraó e suas ordens genocidas.

Quando Israel finalmente partiu do Egito, segundo disse Moisés, os israelitas pediram “emprestadas” coisas dos egípcios. E quando Arão tentou desculpar-se diante de Moisés sobre por que fizera um bezerro de ouro, Arão lançou culpa sobre o fogo, dizendo: “e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro" (Êxo. 32.24), como se ele tivesse ficado tão admirado quanto qualquer outra pessoa. Portanto, há bastante humor no livro de Êxodo. Mas podemos estar certos de que, no tocante às parteiras, a questão era tão mortiferamente séria quanto uma questão de vida e morte. Alguns estudiosos pensam que neste versículo há alguma indicação de que também estavam envolvidas parteiras egípcias, e não apenas hebreias. O fato foi que as parteiras, como uma classe, responderam “sim” ao Faraó, mas agiram com um “não”, no que toca ao decreto real da matança dos meninos hebreus.

Êx 1.18 Por que... deixastes viver os meninos? “Por que vocês desobedeceram às minhas ordens e agiram de modo contrário ao que eu tinha ordenado?" Assim perguntou 0 Faraó. Tratava-se de algo que não podia ser ocultado. O vs. 19 dá uma resposta ridícula em que 0 Faraó dificilmente poderia ter acreditado. Mas não lemos que ele tenha mandado castigar as parteiras. Talvez 0 autor sacro tenha querido poupar-nos dos detalhes sangrentos da vingança. Ver Eze. 16.4 quanto a itens envolvidos no antigo processo de nascimento.
de nascidos. Alguns estudiosos supõem que estaria envolvido em tudo isso um “esperto uso dos fatos”, ou seja, talvez o que as parteiras disseram até ocorria com certa frequência; mas o fato é que o autor sagrado contou aqui uma pequena piada. Ver uma demonstração de vivido humor em Gên. 29.26. Vários eruditos fazem grande esforço na tentativa de ilustrar como algumas mulheres dão seus filhos à luz, com grande facilidade, especialmente entre as classes laboriosas. Apesar de alguns casos poderem ser apresentados como comprovação disso, temos aí meras exceções, e não a regra do que acontece no ato do parto.

Êx 1.20 Deus fez bem às parteiras. Elas negaram-se a praticar uma imensa maldade, e Deus as abençoou. E assim Israel aumentou mais ainda em número e em poder por certo período de tempo. Por quanto tempo, o autor sagrado não nos informa. Mas o tempo passava, e o problema do Faraó ia apenas se acentuando, deixando-o vexado. Deus estava ganhando em cada “round” da luta. Uma de minhas fontes informativas diz que Deus abençoou àquelas mulheres, apesar de suas mentiras. Mas outros supõem que mentiras capazes de salvar vidas não se revestem de maldade. Obedecer a Deus, e não aos homens, sempre será dever dos homens (Atos 5.29).

Êx 1.21 Ele lhes constituiu família. Essa tradução é uma interpretação, O hebraico diz “fez-lhes casas", dando a entender que os outros israelitas, vendo o bom serviço que elas tinham prestado, construíram casas para elas. Mas alguns estudiosos dão ao Faraó o crédito: ele as teria posto dentro de casas, para que pudessem ser mais bem controladas. Todavia, o mais provável é que temos aqui uma alusão à fertilidade. Aquelas boas mulheres, ao ajudarem os casais israelitas, por não obedecerem às ordens de Faraó, foram abençoadas juntamente com suas respectivas famílias.

Este versículo amplia a ideia da bênção divina, referida no vs. 20. Como Deus poderia recompensar meto àquelas mulheres? Conferindo-lhes filhos delas mesmas.

Êx 1.22 Tirania Redobrada. Visto que 0 decreto dado às parteiras não funcionou, agora 0 Faraó deu ordens à sua própria gente para que se desvencilhasse dos pestíferos hebreus, lançando seus filhos de sexo masculino no Nilo, para que se afogassem. Entre outras coisas, o autor sagrado nos está dizendo aqui que a perseguição contra Israel tinha de chegara um ponto culminante para que o povo de Israel fosse forçado a sair do Egito. Sem a perseguição, Israel ter-se-ia contentado em permanecer em uma região tão fértil. Somente a adversidade poderia fazê-los querei· partir dali. Assim, quanto pior se tornasse a pressão exercida pelo Faraó, tanto melhor para o plano divino.

Quando Israel estava prestes a partir, por causa da opressão, então seria provido o agente da libertação, Moisés. Deus tem uma cronologia em Seu plano eterno, e também conta com os meios, humanos e outros, para satisfazer a essa cronologia.

Infanticídio. Esse crime, tão chocante para os ouvidos cristãos, tem uma história muito rica. Sua contraparte moderna é o aborto. Todos estamos familiarizados com a exposição às intempéries de crianças, nos tempos antigos, especialmente no caso de meninas, que eram deixadas ao léu a fim de morrerem, marcando-se um certo prazo. Se uma criança chegasse a resistir a tão cruel tratamento, então é que os deuses queriam que ela vivesse. Mas visto que usualmente a criancinha morria, chegava-se à conclusão de que os deuses não queriam sua sobrevivência.

“Em Esparta, o estado decidia se uma criança viveria ou morreria. Em Ate- nas, uma lei de Sólon deixava essa decisão ao encargo dos pais. Em Roma, a regra era que os infantes eram mortos, a menos que seus pais fizessem intervenção, declarando que sua vontade era que a criança vivesse. Os sírios ofereciam crianças não-queridas a Moloque, em sacrifício. Os cartagineses sacrificavam-nas a Melcarte” (Ellicott, in loc). Visto que o rio Nilo era considerado um tanto divino, lançar crianças ali era um ato encarado como sacrifício feito aos poderes divinos. O rio Nilo vivia cheio de crocodilos, e as crianças ali lançadas serviam de comida para os répteis, e assim seus corpinhos não poluíam o rio. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 307.

Êx 1.19. São vigorosas e antes que lhes chegue a parteira já deram à luz os seus filhos. Não somos informados se as parteiras estavam mentindo ou se os rápidos partos dos bebês israelitas eram um fato biológico.

Driver cita paralelos árabes mas Raquel certamente teve um parto difícil (Gn 35:16). E mesmo que tivessem mentido, não foi pela mentira que foram elogiadas, e sim por se terem recusado a tirar a vida aos recém-nascidos, dádivas de Deus. Seu respeito à vida era fruto de sua reverência a Deus, o doador da vida (20:12,13), e por isso foram recompensadas com suas próprias famílias. A relevância deste incidente para a controvérsia atual sobre o aborto deve ser cuidadosamente examinada.

Êx 1. 22. O termo hebraico para o Nilo é uma palavra emprestada da língua egípcia e significa “ o rio” por excelência, isto é, o Nilo. (Outros termos tomados por empréstimo ao egípcio são “ junco” e “ rã” ; além disso, vários nomes próprios egípcios ocorrem, especialmente na tribo de Levi.) A execução por afogamento era um método óbvio em países tais como o Egito e Babilônia, tal como o apedrejamento era o método óbvio num país rochoso como Israel (Josué 7:25). Se a nação israelita em geral obedeceu o mandato de Faraó não sabemos: com certeza, os pais de Moisés desafiaram a ira do Faraó (Hb 11:23). Todas as filhas. Estas, presumivelmente, se tornariam concubinas (esposas-escravas) e poderiam ser absorvidas pelos egípcios em uma geração. Essa vã tentativa de eliminar o povo de Deus encontra seu paralelo no Novo Testamento quando Herodes tenta destruir toda uma geração de meninos em Belém (Mt 2:16). Todavia, como no Novo Testamento, o agente escolhido de Deus é protegido; nem Faraó nem Herodes podem se opor ao plano de Deus. Expositores judeus veem paralelos entre o plano de Faraó e a tentativa de genocídio contra Israel feita por Hitler e outros; expositores cristãos têm buscado tais paralelos nas severas perseguições sofridas pela Igreja ao longo de sua história. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 53-54.

Segunda medida - A matança de meninos hebreus recém-nascidos (w. 15-21). Se esse plano tivesse dado certo, o Faraó teria exterminado o povo hebreu. A futura geração de homens estaria morta, e as meninas acabariam se casando com escravos egípcios e sendo assimiladas pela raça egípcia. No entanto, de acordo com Gênesis 3:15 e 12:1-3, Deus não permitiu que isso acontecesse e usou duas parteiras hebréias para frustrar o plano do Faraó. Esse é o primeiro caso nas Escrituras daquilo que chamamos, hoje, de "desobediência civil", a recusa em obedecer a uma lei perversa tendo em vista o bem comum.

Textos das Escrituras, como Mateus 20:21-25, Romanos 13 e 1 Pedro 2:1 T, admoestam os cristãos a obedecer às autoridades humanas. Contudo, Romanos 13:5 nos lembra de que essa obediência não deve ofender nossa consciência. Quando as leis de Deus são contrárias às leis dos homens, "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5:29). Vemos um exemplo disso não apenas no caso das parteiras, mas também no de Daniel e de seus amigos (Dn 1; 3; 6) e no dos apóstolos (At 4, 5).

As parteiras estavam mentindo para o Faraó? Provavelmente não. Os bebês nasciam antes que as parteiras chegassem, pois Sifrá e Puá haviam pedido a suas assistentes que se atrasassem! Deus abençoou às duas parteiras-chefes por arriscarem a vida a fim de salvar a nação israelita da extinção. No entanto, honrou-as de um modo estranho: deu-lhes filhos numa época em que isso era tão arriscado! Talvez tenha lhes dado filhas ou, então, protegido seus filhos como fez com Moisés. De qualquer modo, essa bênção de Deus mostra quão preciosas são as crianças para o Senhor: ele desejava conceder a essas mulheres a mais alta recompensa e, assim, deu filhos a Sifrá e a Puá (Sl 127:3).

Terceira medida - o afogamento de bebês do sexo masculino (v. 22). Quando o Faraó descobriu que havia sido enganado, mudou seu plano e ordenou a todo o povo que providenciasse para que os bebês hebreus do sexo masculino fossem afogados no sagrado rio Nilo. Os guardas do Faraó não tinham como vigiar cada uma das parteiras hebreias, mas o povo egípcio podia ficar de olho nos escravos hebreus e avisar quando um menino nascia. No entanto, estava para nascer um menino que o Faraó não conseguiria matar. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 235.

As Parteiras Hebreias
Os versículos finais deste capítulo oferecem-nos uma lição edificante com a conduta dessas mulheres tementes a Deus, Sifrá e Puá. Arrostando com a ira do rei não executaram o seu plano cruel e por isso Deus lhes fez casas."...aos que me honram, honrarei" (1 Sm 2:30). Recordemos sempre esta lição e atuemos de acordo com ela. C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.

O FRACASSO DE SATANÁS
Esta parte do Livro do Êxodo abunda em princípios profundos de verdade divina— princípios que podemos subdividir da seguinte forma: o poder de Satanás, o poder de Deus e o poder da fé.

No último versículo do primeiro capítulo lemos: "Então, ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio". Este era o poder de Satanás. O rio era o lugar da morte; e, por meio da morte, o inimigo procurou frustrar os propósitos de Deus. Tem sido sempre assim. A serpente sempre tem vigiado com olhar maligno os instrumentos que Deus está prestes a usar para realizar os Seus desígnios. Vejamos o caso de Abel, em Gênesis, capítulo 4. A serpente não estava espreitando aquele vaso de Deus para o pôr de parte por meio da morte? Vejamos o caso de José, em Gênesis, capítulo 37. Aí o inimigo procura pôr o homem escolhido por Deus num lugar de morte. Vejamos o caso da "semente real", em 2 Crônicas, capítulo 22; a matança promovida por Herodes, em Mateus 2; e a morte de Cristo, em Mateus 27. Em todos estes casos vemos o inimigo procurando, com a morte, interromper a corrente de atuação divina.

Mas, bendito seja Deus, há qualquer coisa depois da morte. Toda a esfera de ação divina, pelo que respeita à redenção, está para além dos limites do domínio da morte. Quando o poder de Satanás se esgota é que o de Deus começa a mostrar-se. A sepultura é o limite da atividade de Satanás; mas é aí que começa também a atividade divina. Isto é uma verdade gloriosa. Satanás tem o poder da morte; porém, Deus é o Deus dos vivos e dá a vida que está fora do alcance e poder da morte—uma vida na qual Satanás não pode tocar. O coração encontra doce refrigério nesta verdade, num mundo onde reina a morte. A fé pode contemplar calmamente Satanás empregando a plenitude do seu poder; ela pode apoiar-se sobre a potente intervenção de Deus na ressurreição. Pode postar-se junto da sepultura que acabou de fechar-se sobre um ente amado e beber dos lábios d'Aquele que é "a ressurreição e a vida" a elevada garantia de uma imortalidade gloriosa. Ela sabe que Deus é mais forte que Satanás e pode portanto esperar, serenamente, a manifestação desse poder superior, e enquanto assim espera encontra a sua vitória e a sua paz. Temos um nobre exemplo deste poder da fé nos primeiros versículos do capítulo que estamos considerando. C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.

3. A mãe de Moisés (Êx 6.20).
A Bíblia apresenta a mãe de Moisés como uma mulher que descendia de Levi, um dos irmãos de José. Ela teve um menino, e tentou escondê-lo por três meses. Precisamos concordar que esse foi realmente um grande feito, pois em uma época em que os egípcios caçavam bebês meninos dos hebreus, essa mulher arriscou-se muito para preservar em vida o fruto do seu ventre. Foi um ato de fé. Observe que a Palavra de Deus não cita o nome dos pais de Moisés nesse momento, mas cita o de Miriá. Léo G. Cox, comentarista do livro de Êxodo no Comentário Beacon, sugere que Moisés não era o primeiro filho do casal, pois a irmã Miriã tinha idade suficiente para cuidar do irmão (4; Nm 26.59). Além disso, o irmão de Moisés, Arão, era três anos mais velho que ele (6.20; Nm 26.59). Parece que o édito do rei entrou em vigor depois do nascimento de Arão, sendo Moisés o primeiro filho deste casal cuja vida estava em perigo por causa da proclamação do rei.

O certo é que essa mulher colocou seu filho em um cesto de juncos pela fé, e pela fé viu a vida de seu filho ser preservada por Deus. O Senhor não apenas guardou a vida do menino, mas fez com que a mãe de Moisés fosse remunerada para cuidar do próprio filho. COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 11-12.

Êx 6. 20 Joquebede. No hebraico, glorificada por Deus ou Yahweh é a glória. Esse era o nome de uma filha de Levi, irmã de Coate, esposa de Anrão, mãe de Míriã, Arão e Moisés (Êxo. 6.20; Núm. 26.59). Alguns eruditos põem em dúvida o sentido desse nome, que parece ser composto com o nome divino Yahweh (ver no Dicionário). Isso eles alegam porque estão convencidos de que o uso do nome divino, Yahweh, vem da época de Moisés. Há evidências, porém, de que esse nome realmente pré-datava os dias de Moisés, e que era usado entre os povos semitas antigos. Em Êxodo 6.20 está registrado que Joquebede era irmã de Anrão, pelo que era tia de seu próprio marido. Visto que casamentos entre parentes assim chegados foram posteriormente proibidos (Lev. 18.12), várias tentativas têm sido feitas para aliviar a situação de incesto. Mas essas tentativas são inúteis, visto que há provas claras de tais relações de sangue em outros casos. Abraão casou-se com Sara, sua meia-irmã (Gên. 20.12). A Septuaginta faz de Joquebede uma prima de Anrão, mas isso somente reflete uma antiga modificação no texto sagrado. Expus um estudo detalhado sobre as incidências de incesto no Antigo Testamento, na introdução ao décimo oitavo capítulo do livro de Levítico. Os costumes sociais se modificam, e há ensinos bíblicos que têm acompanhado essas mudanças. A revelação é progressiva, e não fixa e estagnada. Coisas que antes não eram consideradas erradas passavam a ser consideradas erradas, acompanhando o progresso da iluminação espiritual, e vice-versa.

Anrão viveu até ao cento e trinta e sete anos. E esse detalhe é mencionado por ter sido ele o pai de Arão e Moisés. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 328.

Êx 6. 20. Anrão se casou com sua tia paterna. Tal casamento seria proibido pela lei mosaica (Lv 18:12,13), logo tal detalhe jamais poderia ter sido inventado mais tarde. Quanto a outras “ transgressões” antigas, compare o casamento de Abraão com sua meia-irmã.

Joquebede. Muito já se debateu quanto à possibilidade de a primeira sílaba deste nome conter o nome YHWH ;em sua forma abreviada Yo (como em Josué, por exemplo). Caso isso seja verdade, segue-se o argumento de que o nome YHWH poderia já ser conhecido e usado pela família de Moisés como um título familiar para Deus, antes de ganhar uso mais amplo em todo o Israel. Mesmo se fosse conhecido apenas pelos descendentes de Coate, seria válido pensar que tivesse havido mais de uma única ocorrência. Se a vocalização tradicional é correta, o nome significa “ YHWH é glória” (compare Icabô, “ não há glória” ).

Provavelmente é melhor vocalizar a palavra como yakbid, “ que Ele (o Deus não identificado) glorifique” , que segue um padrão comum entre os nomes israelitas: assim vocalizado, não haveria referência ao nome YHWH. Nomes formados a partir da terceira pessoa do singular são frequentes: cf Jacó e Ismael.

Arão e Moisés. Em todas as genealogias, os dois aparecem como a quarta geração a partir dos patriarcas. Isso pode ser irrelevante. Em árvores genealógicas israelitas é comum a omissão de alguns ramos, quer seja por simetria (como aparentemente é o caso na genealogia de Cristo) ou por outra razão qualquer. Se “ quatro gerações” for tomado literalmente, então a permanência no Egito não deve ter excedido em muito um século, e os “ quatro séculos” de Gênesis 15:13 devem ser vistos como uma aproximação geral, “ quatro gerações” . R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 84.

Os pais de Moisés eram Anrão e Joquebede (Êx 6:20), e, enquanto o texto de Êxodo enfatiza como a mãe teve fé, Hebreus 11:23 elogia tanto o pai quanto a mãe por terem confiado em Deus. Sem dúvida, foi preciso que os dois tivessem fé para ter relações conjugais numa época perigosa em que os bebês hebreus estavam sendo mortos.

Moisés tornou-se um grande homem de fé e aprendeu sobre isso primeiramente com seus pais, um casal temente e Deus. Anrão e Joquebede tinham mais dois filhos: Miriã, a mais velha, e Arão, três anos mais velho que Moisés (Êx 7:7).

Desde o princípio, Moisés foi considerado "formoso aos olhos de Deus" (At 7:20; ver Hb 11:23),9 e ficou claro que Deus tinha um propósito especial para ele. Crendo nisso, os pais contrariaram o édito do Faraó e protegeram a vida de seu filho. Não foi nada fácil, uma vez que todos os egípcios haviam se tornado espiões oficiais do Faraó à procura de bebês para serem afogados (Êx 1:22).

Joquebede obedeceu à lei ao pé da letra quando colocou Moisés nas águas do Nilo, mas certamente desafiou as ordens do Faraó na forma como seguiu essa lei. Confiou na providência de Deus e não foi decepcionada. Quando a princesa foi até o Nilo para realizar suas abluções religiosas, viu o cesto, descobriu o bebê e ouviu-o chorar. Seguindo seus instintos maternos, salvou o menino e cuidou dele.

Deus usou as lágrimas de um bebê para controlar o coração de uma princesa poderosa.
Usou as palavras de Miriã a fim de providenciar para que o bebê fosse criado por sua mãe e ainda recebesse por isso! A expressão "frágil como um bebê" não se aplica ao reino de Deus, pois quando o Senhor deseja realizar sua obra poderosa, com frequência começa enviando um bebê. Foi o que aconteceu quando ele mandou Isaque, José, Samuel, João Batista e, especialmente, Jesus. Deus pode usar as coisas mais fracas para derrotar os inimigos mais poderosos (1 Co 1:25-29). As lágrimas de um bebê foram as primeiras armas de Deus em sua guerra contra o Egito. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 235-236.

"E foi-se um varão da casa de Levi e casou com uma filha de Levi. E a mulher concebeu, e teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses. Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a betumou com betume e pez; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do rio. E a irmã do menino postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer" (versículos l-4).

Aqui temos uma cena de tocante interesse, qualquer que seja o ponto de vista por que a encaramos. Na realidade, era simplesmente o triunfo da fé sobre as influências da natureza e da morte, deixando lugar para que o Deus da ressurreição agisse na Sua esfera e no caráter que Lhe é próprio. É certo que o poder do inimigo está patente, visto a criança ter de ser colocada em tal posição — em princípio, uma posição de morte. E, além disso, era como se uma espada atravessasse o coração da mãe ao ver o seu filho precioso exposto à morte. Satanás podia agir e a natureza podia chorar; contudo, o Vivificador dos mortos estava detrás daquela nuvem sombria e a fé via-O ali iluminando o cume dessa nuvem com os Seus raios brilhantes e vivificadores. "Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei" (Hb 11:23). C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
4. A Filha de Faraó (Êx 2 5,6).

A filha de Faraó entra em cena na história do povo hebreu. Deus tem um senso de humor interessante: Se o rei do Egito ordenara a morte dos meninos hebreus, Deus graciosamente usaria a filha do Faraó para preservar em vida o menino que seria, anos mais tarde, o libertador dos israelitas. Quase nada é falado acerca dessa mulher, mas o que temos aqui é suficiente para entender que a providência divina pode utilizar pessoas que desconhecemos, e que nem mesmo têm o mesmo temor a Deus que nós, para nos ajudar e fazer prosperar os planos divinos.

A filha de Faraó não apenas se sentiu comovida com a situação daquele menino colocado no cesto de juncos. Ela soube imediatamente que aquele bebê era dos hebreus, e apesar de haver uma ordem para que os egípcios jogassem os bebês do sexo masculino do rio, a filha de Faraó decidiu não obedecer. Ela guardou o menino em vida.

"Dwight L. Moody comentou sabiamente que 'Moisés passou seus primeiros quarenta anos pensando que era alguém. Os segundos quarenta anos, passou aprendendo que era um ninguém! Os últimos quarenta anos ele os passou descobrindo o que Deus pode fazer com um ninguém'." COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 12-13.

Êx 2.5 A filha de Faraó. Ver as notas sobre Êxo. 1.8 e 2.1 quanto a conjecturas sobre quem seria esse Faraó. Ver também no Dicionário 0 artigo Faraó, em sua terceira seção, quanto aos faraós ligados ao Antigo Testamento. As tradições judaicas fantasiam a história, dizendo que a filha do Faraó era leprosa, mas, ao tirar0 cesto de dentro da água, ficou curada. A arqueologia desenterrou 0 mural de uma antiga sinagoga em Dura-Europos que retrata a cena deste versículo. As mentes estavam ligadas. A mente da mãe de Moisés; a mente da princesa egípcia; a mente do infante Moisés. As coincidências não ocorrem por acaso. Nada sucede por acidente. Deus estava envolvido em tudo aquilo. “Com frequência não podemos ver nenhum sentido ou razão na maneira como as coisas sucedem a outras pessoas, mas conforme envelhecemos vamos vendo uma espécie de providência na maneira como as coisas têm acontecido conosco mesmos... Somos por de- mais adolescentes, espiritualmente falando, para chegarmos àquela fé que Jesus possuía, mas percebemos que há algo ali que podemos seguir de longe” (J. Edgar Park, in loc.).

As Donzelas Perderam a Oportunidade. Elas estavam por demais preocupadas em obedecer ao decreto do Faraó. Mas a princesa não teve medo, e, por isso, a recompensa foi dela.

Josefo chamou essa princesa pelo nome de Thermuthis, adicionando elementos fabulosos à história. Esses elementos tornam-se uma leitura agradável, mas são distantes da realidade. A princesa foi à beira do rio tomar banho, sem dúvida um lugar onde as mulheres estavam acostumadas a fazê-lo. Talvez a mãe de Moisés 0 tenha deixado propositadamente onde as mulheres egípcias costumavam ir, na esperança de que alguma delas usasse de misericórdia. E foi precisamente 0 que aconteceu.

Êx 2.6 O menino chorava. O choro de um infante derrete o coração de qualquer mulher, e também da maioria dos homens. Nada existe tão impotente quanto um infante humano, o qual, por tanto tempo, se mostra tão dependente. A princesa teve compaixão, embora soubesse muito bem que o menino era um hebreu. Mas o amor não faz as distinções que o ódio faz. O choro da criança representava o choro do mundo inteiro que Deus amou, pois os homens, diante de Deus, nada mais são do que infantes impotentes. Alguns homens, por meio de sua teologia, fazem esses “infantes” ser odiados e destruídos, em vez de ser tirados das águas perigosas. Mas o amor de Deus é suficiente para todos (João 3.16), e houve provi- são para todos (I João 2.2; I Ped. 4.6). Assim como a princesa estendeu a mão e salvou o bebê, assim também o longo braço da provisão divina realmente acode a todos os homens, e não apenas potencialmente. Não bastava que, potencialmente, a princesa pudesse tirar Moisés das águas. Foi mister tirar Moisés das águas, ou nada mais teria sentido. A providência de Deus mostra-se claramente evidente na natureza e em todos os aspectos da vida humana. Portanto, permitamos que flua o amor de Deus. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 308-309.

"E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos e enviou a sua criada, e a tomou. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este" (versículo 5-6). Aqui, pois, começa a soar a resposta divina em doce murmúrio aos ouvidos da fé. Deus intervinha em tudo isto. O racionalismo, o cepticismo, a infidelidade, e o ateísmo, podem rir-se desta ideia. E a fé também; mas são risos diferentes. Os primeiros riem com desprezo da ideia da intervenção divina num banal passeio duma princesa real pela margem do rio. A segunda ri de cordial contentamento ao pensar que Deus está em tudo. E, de fato, se alguma vez Deus interveio em qualquer coisa foi neste passeio da filha do Faraó, embora ela o não soubesse.

Uma das mais ditosas ocupações da alma regenerada é seguir as pegadas divinas em circunstâncias e acontecimentos que a mente irrefletida atribui ao acaso ou à fatalidade. Por vezes a coisa mais banal pode ser um importantíssimo elo numa cadeia de acontecimentos de que Deus Se está servindo para levar avante os Seus grandiosos desígnios. Vejamos, por exemplo, Ester 6:1; que encontramos? Um monarca pagão que passa uma noite inquieta.

Nada há de extraordinário nisso, podemos supor; e no entanto, esta circunstância constitui um elo numa grande cadeia de acontecimentos providenciais, ao fim da qual surge a maravilhosa libertação dos descendentes oprimidos de Israel.

Assim sucedeu com a filha do Faraó e o seu passeio pela margem do rio. Mas ela não pensava que estava ajudando os intentos do "Senhor Deus dos hebreus"! Mal ela sabia que o bebé que chorava na arca de juncos viria ainda a ser o instrumento do Senhor para abalar a terra do Egito até aos seus alicerces! E contudo era assim. O Senhor pode fazer com que a cólera do homem redunde em Seu louvor (SI 76:10) e restringir o restante dessa cólera. Como a verdade deste fato transparece claramente nas palavras que se seguem!

"Então, disse sua irmã à filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das hebreias, que crie este menino para ti! e a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e chamou a mãe do menino. Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino e criou-o. E, sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado" versículos (7a 10).

A fé da mãe de Moisés encontra aqui a sua inteira recompensa; Satanás fica embaraçado e a sabedoria maravilhosa de Deus é revelada. Quem poderia supor que aquele que havia dito às parteiras das hebreias "se for filho, matai-o", acrescentando, "a todos os filhos que nascerem lançareis no rio", havia de ter na sua própria corte um desses próprios filhos? O diabo foi vencido com as suas próprias armas, porque Faraó, de quem queria servir-se para frustrar os propósitos de Deus, foi usado por Deus para alimentar e educar esse Moisés, que havia de ser o Seu instrumento para confundir o poder de Satanás. Providência notável! Maravilhosa sabedoria! Certamente, "até isto procede do Senhor" (Is 28:29). Possamos nós confiar n'Ele com mais simplicidade, e então a nossa carreira será mais brilhante e o nosso testemunho mais eficaz. C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.

Êx 2. 5. A filha de Faraó. O livro Apócrifo de Jubileus (47:5) a chama de Tarmute; o comentário de Hyatt (p. 64) menciona “ Merris” e “ Bitia” como outros nomes que lhe são atribuídos. É difícil descobrir uma razão por que tais nomes seriam inventados, de modo que é bem possível que tenhamos aqui um fragmento de uma tradição extra-bíblica digna de confiança. Compare o caso de Janes e Jambres, os nomes dos mágicos que se opuseram a Moisés (2 Tm 3:8). Se o Faraó em questão foi realmente Ramessés II, ele tinha perto de sessenta filhas. Ele também possuía vários ‘ ‘chalés de caça’ ’ espalhados pela área do delta, onde havia uma abundância de patos e outros tipos de caça, assim, não há necessidade de presumirmos que os pais de Moisés viviam perto da capital, Zoã.

Êx 2. 6. Teve compaixão dele. Mãe alguma no oriente seria capaz de abandonar um menino robusto como aquele. Podemos suspeitar que uma menina não teria tido sorte tão favorável, mas elas não estavam sujeitas à pena de morte decretada por Faraó. Em tudo isso, a providência divina estava em ação. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 56.

A graça de Deus está revelada na compaixão mostrada pela filha de Faraó (6). Mesmo quando os homens maus fazem o pior que podem, Deus, por seu gracioso poder, coloca boa vontade e amor tenro no coração das pessoas que estão perto do tirano. Mal sabia o rei ímpio que Deus estava executando seu plano secretamente, mesmo quando parecia que o monarca mundano estava tendo sucesso. Também é interessante notar que, para criar o próprio filho, a mãe hebreia foi paga com parte do dinheiro de Faraó (9). Este é outro exemplo de que a ira do homem é posta para louvar a Deus. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 144.

III - O ZELO PRECIPITADO DE MOISÉS E SUA FUGA (ÊX 2.11 22)

1. Moisés é levado ao palácio (Êx 2.10).

Êx 2.10 Adoção de Moisés pela Princesa. Com a passagem do tempo, averiguou-se que Moisés não era um menino ordinário. Veio a ter duas mães: sua mãe natural, que foi quem 0 criou, e sua mãe adotiva, a princesa egípcia, que o adotou oficialmente como seu próprio filho. É lindo quando uma criança tem duas mães, pois há tantas crianças que não têm ao menos uma. O trecho de Atos 7.22 conta que Moisés foi educado nas escolas do Egito, tendo absorvido toda a sabedoria dos egípcios. Filo nos dá uma informação similar. Moisés recebeu uma educação de primeira classe como parte de sua preparação para a missão que lhe competi- ria realizar. Finalmente, depois de quarenta anos, Moisés repudiou a sua herança egípcia, porquanto, em sua vida, já havia ultrapassado aquele estágio preparatório (Heb. 11.24,25). Mas durante os primeiros quarenta anos, tal educação lhe era necessária, tendo-lhe sido útil para o resto de seus dias, embora ele não quisesse viver como egípcio.

Filo dizia que a princesa egípcia era uma mulher casada, mas sem filhos, e que corrigiu essa falha da natureza ao adotar a Moisés (De Vita Mosis, c. 1 par. 604 e 605). Artafanos ajunta a isso que o marido da princesa era homem revestido de grande autoridade no Egito, que governava o Egito na região que ficava ao norte de Mênfis (Apud Euseb. Praepar. Evan. 1.9 c. 27, par. 432).

Sendo o menino já grande. Sem dúvida depois de desmamado. O menino cresceu de forma extraordinária, física e espiritualmente. Josefo via nessas palavras algo de extraordinário [Antiq. Jud. ii.9 par. 6). Moisés era um vaso escolhido para uma elevada missão; e desde começo deu sinais disso.

Esta lhe chamou Moisés. Mui provavelmente, esse nome vem do egípcio Mes, que significa “filho” ou “criança". A forma hebraica desse nome, com som semelhante, Mosheh, quer dizer “tirado”, uma referência ao modo como foi tirado do Nilo, talvez também prevendo a “retirada" para fora do Egito, quando o êxodo tivesse lugar. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 309.

Êx 2. 10. Moisés, mõseh, seria o particípio ativo do verbo hebraico mãsâh, “ tirar, retirar” . Uma vocalização diferente nos daria o particípio passivo, “ retirado” , mas não há necessidade de forçar esse significado. Como ocorre frequentemente no Velho Testamento, este nome não é um exercício filológico perfeito, mas um trocadilho baseado numa assonância.

Possivelmente a filha de Faraó escolheu o nome egípcio que aparece na segunda metade de nomes como Tutmoses, Amoses e muitas outras formas semelhantes. É impossível saber se o nome “ Moisés” era considerado uma abreviatura de alguma forma mais longa, mas isso não tem importância. A Bíblia, além de indicar que o nome de Moisés é capaz de sustentar tal trocadilho (que para o israelita era rico em significado espiritual), sugere que o nome foi escolhido deliberadamente por causa desta capacidade. Nada há de impossível aqui; dialetos semitas ocidentais eram amplamente entendidos, e mesmo falados, na área do delta. Uma patroa egípcia podia muito bem entender e usar a língua de seus empregados para dar suas ordens, como as “ mensahib” do Império Britânico em dias mais recentes. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 56-57.

Moisés é honrado como filho da filha de Faraó (v.10). Parece que os seus pais não tinham em vista apenas a necessidade, ao cuidarem dele para a filha do Faraó, mas estavam muito felizes pela honra feita, desse modo, ao seu filho. Porque os sorrisos do mundo são tentações mais fortes do que as suas caras fechadas, e mais difíceis de resistir. A tradição dos judeus diz que a filha de Faraó não tinha filhos, e que era a filha única de seu pai, de forma que quando ele foi adotado como seu filho, passou a ter direito à coroa. Embora seja certo que ele estivesse destinado a desfrutar tudo o que a corte tivesse de melhor no momento devido, neste ínterim Moisés teve a vantagem de receber a melhor educação e o melhor desenvolvimento que a corte poderia oferecer. Este preparo, aliado a uma grande capacidade pessoal, fez com que Moisés se tornasse mestre em todo o conhecimento legítimo dos egípcios, Atos 7.22. Observe: 1. A Providência às vezes se alegra ao levantar os pobres do pó para colocá-los entre os príncipes, Salmos 113.7,8. Muitos que, por seu nascimento, parecem marcados para a obscuridade e a pobreza, através de eventos surpreendentes da Providência são trazidos para se sentarem na extremidade superior do mundo. Assim os homens passam a saber que o Céu governa todas as coisas. 2. O precioso Deus sempre conhece a maneira mais adequada para qualificar e preparar com antecedência aqueles que Ele nomeia para lhe prestai1 grandes serviços. Moisés, sendo educado em uma corte, é o homem mais adequado para ser um príncipe e rei em Jesurum. Tendo recebido a sua educação em uma corte instruída (pois assim era a corte egípcia naquela época), Moisés era o homem mais capacitado para ser um historiador. E pelo fato de ter sido educado na corte egípcia, Moisés é o homem mais adequado para ser empregado, em nome de Deus, como um embaixador para esta corte. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 228.

2. O preparo de Moisés (Êx 3.9,10).

Deus escolhe pessoas capacitadas para fazer a sua obra? Com certeza. Não há referências na Palavra de Deus que indiquem que Ele despreza talentos pessoais ou a experiência adquirida por seus servos. Saulo era versado em três línguas diferentes, e as utilizou para falar de Jesus em suas viagens missionárias. Mateus era um cobrador de impostos, e utilizou seus conhecimentos para escrever seu Evangelho. Davi era um combatente, mas também era um poeta que compôs diversos cânticos de adoração ao Senhor. Daniel era um profeta, mas também era um estadista. Portanto, entenda que Deus utiliza nossos recursos em prol do seu Reino.

Deus capacita pessoas para a sua obra? Com certeza. Ninguém pode dizer que está totalmente pronto para dar passos definitivos na caminhada com Deus. Elias, o tisbita, ressuscitou um menino morto, mas para isso teve de passar uma temporada no anonimato em Querite, sendo mantido por corvos, e depois que o ribeiro secou, foi direcionado por Deus para ficar uma temporada sendo mantido por uma viúva pobre em Sarepta, uma localidade de Sidom, terra natal de Jezabel. Ele foi capacitado por Deus para os desafios que enfrentaria. O mesmo se deu com Moisés: sua formação no Egito e o tempo no deserto, pastoreando as ovelhas de seu sogro, fizeram dele o homem escolhido por Deus para uma obra sem igual. Como cristãos, somos desafiados a usar nossos talentos pessoais em prol do Reino de Deus, e isso inclui buscar uma formação sólida e coerente.

Há uma frase que circula em adesivos de carros que diz: “Deus não chama os capacitados, mas capacita os escolhidos”. É uma frase estranha, ao menos em minha ótica, pois Deus não costuma desprezar a nossa experiência de vida, como se nada em nossa existência prestasse. Deus pode usar qualquer pessoa em sua obra, mas ao longo do texto bíblico Ele chama pessoas capacitadas, ainda que limitadamente, para servi-lo. Na prática, Deus utiliza nossos dons, estudos e demais recursos que adquirimos ao longo da vida para serem utilizados em prol do seu Reino. Portanto, quanto mais recursos obtemos ao longo da vida, mais eles poderão ser usados no serviço do Mestre. E é nossa função estar capacitados dentro de nossas forças para prestar o melhor ao Senhor. Em sua sabedoria, Ele complementará o que nos falta.

Deus sempre tem um objetivo quando chama um de seus servos para que exerça alguma função ou ministério e tem sua forma própria de preparar seus escolhidos, como aconteceu com Moisés. Na prática, nunca estaremos sempre prontos para atender à voz de Deus. Sempre faltará alguma atitude da qual só teremos ciência quando estivermos no meio da jornada. Ainda assim, em sua paciência, Deus nos pede que andemos confiando nEle, e não que acumulemos a bagagem de conhecimento e experiência antes para depois decidir que vamos obedecer.

Quando foi chamado por Deus, Moisés estava apascentando as ovelhas de seu sogro. Após ter passado quarenta anos no Egito como membro da corte de Faraó, tendo recebido uma educação própria de sua classe social, Moisés foge do Egito por ter matado um egípcio. Ele passou a próxima temporada de quarenta anos auxiliando seu sogro a cuidar de ovelhas em uma região desértica, onde aprendeu os caminhos do deserto, a forma como sobreviver nele, os tipos de animais existentes na região e questões relacionadas ao clima. Eram questões simples para quem tivera uma educação de ponta no Egito, mas foi dessa forma que Deus preparou Moisés. A sabedoria dos egípcios ele já possuía. Ele precisava agora aprender como viver fora da corte egípcia e a depender de Deus em uma jornada que duraria anos.

Dwight L. Moody comentou sabiamente que “Moisés passou seus primeiros quarenta anos pensando que era alguém. Os segundos quarenta anos, passou aprendendo que era um ninguém! Os últimos quarenta anos ele os passou descobrindo o que Deus pode fazer com um ninguém” (citado por Charles Swindoll). COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida.Editora CPAD. pag. 13-15.

Êx 3. 10. Eu te enviarei. Davies aponta esta passagem como a comissão apostólica de Moisés. Não há contradição entre o envio de Moisés e a intenção declarada de Deus de realizar pessoalmente a obra, Deus normalmente trabalha através da obediência voluntária de Seus servos, realizando Sua vontade. Cristo pode ter tido esta passagem em mente quando deu uma comissão apostólica semelhante a Seus discípulos (João 20:21). R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 65.

O plano divino (3.7-10). Deus se envolveu na situação difícil do seu povo. Ele disse: Tenho visto atentamente, tenho ouvido e conheci (7). Pode ter esperado muitos anos, mas sabia o tempo todo. Estas palavras garantem que Deus ouve atentamente os clamores de tristeza e conhece os apuros humanos.

Deus sempre está agindo no mundo, “porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28). Interfere na história em ocasiões especiais para se revelar e realizar sua vontade. Ele disse a Moisés que desceu para livrar seu povo do Egito (8). Havia um lugar preparado para eles numa terra boa, larga e que mana leite e mel. Esta descrição não significa que Canaã era mais fértil que o Egito, mas que era uma terra boa, frutífera e suficientemente espaçosa para Israel. Tratava-se de uma terra identificada pelos nomes dos povos cuja iniqüidade estava cheia, tendo de renunciar a terra a favor dos escolhidos de Deus (Gn 15.16-21).19 Embora Deus pudesse ter livrado Israel diretamente por uma palavra, preferiu fazer sua obra por seu servo. Disse Deus a Moisés: Eu te enviarei a Faraó (10). Este homem, outrora autodesignado libertador, tinha de ir à presença do orgulhoso rei e tirar Israel do Egito sob a direção de Deus.

Identificamos “O Envolvimento de Deus com o seu Povo” em cinco declarações: 1) Tenho visto atentamente, 7; 2) Tenho ouvido, 7; 3) Conheci, 7; 4) Desci, 8; 5) Eu te enviarei, 10. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 146.

Moisés passou os primeiros quarenta anos de sua vida (At 7:23) trabalhando para o governo egípcio. (Alguns estudiosos acreditam que ele estava sendo preparado para tornar-se Faraó.) O Egito parece o lugar menos provável para Deus começar a treinar um líder, mas os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos. Ao capacitar Moisés para seu serviço, Deus usou várias abordagens.

Educação. "E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras" (At 7:22). O que fazia parte dessa educação? Os egípcios eram uma civilização extremamente desenvolvida para sua época, especialmente nas áreas de engenharia, matemática e astronomia. Graças a seus conhecimentos de astronomia, desenvolveram um calendário de precisão extraordinária, e seus engenheiros planejaram e supervisionaram a construção de estruturas que existem até hoje. Seus sacerdotes e médicos eram mestres na arte de embalsamar, e seus líderes possuíam grande competência em organização e administração. Aqueles que visitam o Egito hoje em dia inevitavelmente se impressionam com as realizações desse povo da Antiguidade. O servo de Deus deve aprender tudo o que puder, dedicar esse conhecimento a Deus e servi-lo fielmente. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 236.

3. A fuga de Moisés (Êx 2.11-22).

Êx 2.12 Matou o egípcio. Isso seguia 0 princípio de “vida por vida” (Êxo. 21.23), uma espécie de defesa em favor da vida, embora o texto não diga que o egípcio estava prestes a tirar a vida do israelita. Moisés exagerou, não havendo como desculpar o crime. Uma de minhas fontes informativas fala em uma “ultrajante” combinação de precipitação e prudência. Moisés agiu por sua própria autoridade, mostrando uma audácia singular. Mas a coragem audaciosa, por si só, não é uma virtude. O diabo é audaz; resolveu enfrentar o próprio Deus. Mas isso não faz dele um ser justo.

Conta-se como David Livingstone se sentiu revoltado diante do tratamento brutal dado aos escravos em um mercado árabe de escravos. Muitos homicídios sem base estavam sendo cometidos contra os escravos, sem motivos suficientes. E Livingstone confessou que sua primeira reação foi “atirar nos assassinos com sua pistola” (Encyclopaedia Brittanica, em seu artigo sobre Livingstone). Mas a vingança vem do Senhor, e não deve provir de algum indivíduo. A lei promove a vingança divina; e a vindicação que não ocorre, a vontade de Deus cuida disso, afinal. Não há erro que não venha a ser corrigido. Ver Rom. 13.1 ss. e 12.19. A violência parece inevitável, pelo menos em algumas ocasiões, mas ela sempre envolve um erro. Muitos pais castigam seus filhos tomados por uma ira violenta, usualmente por causa de alguma inconveniência trivial que sofreram.

“Os comentadores judeus geralmente apreciavam o ato [de Moisés], ou mesmo elogiavam-no como uma ação patriótica e heroica. Mas sem dúvida foi um feito precipitado, efetuado em um espírito indisciplinado” (Ellicott, in loc.).

Êx 2.13 Provocação. Moisés ocultara as evidências de seu crime; mas a questão não terminou com o egípcio sepultado na areia. No dia seguinte, Moisés tentou interromper uma briga entre dois hebreus. Mas acabou sabendo, da parte de um dos antagonistas, que seu ato homicida tinha sido visto e, sem dúvida, discutido entre os observadores. Isso significava que, em breve, a história inteira seria descoberta, e Moisés passaria a ser caçado pela justiça do Faraó. Talvez o hebreu tencionasse matar ao outro; mas afinal isso foi o que Moisés tinha feito. Ver II Sam. 14.6. A desintegração social e psicológica havia tomado conta do escravizado povo de Israel, e eles estavam abusando uns dos outros. O espírito de Moisés, pois, vexava-se diante do que via entre sua própria gente. Seu coração estava sendo preparado, mas um longo tempo seria necessário até tornar-se o instrumento devido do poder de Deus. Ver Atos 7.26 quanto ao paralelo neotestamentário deste versículo.

Êx 2.14 O autor sacro segredava aqui que não chegara ainda o tempo de Moisés receber autoridade. Os israelitas ainda não estavam preparados; o próprio Moisés também não estava preparado. Moisés era um príncipe no Egito, por ser filho adotivo da filha do Faraó, e seu pai adotivo sem dúvida era também homem de grande autoridade (vs. 10). Para os hebreus, porém, ele nada significava. Não lhe cabia decidir quem estava com a razão e quem estava errado, ainda que, posteriormente, ele se tivesse tornado o grande legislador a quem todo o povo de Israel devia obediência. No Antigo Testamento, a justiça (no hebraico, mishpat! não era um conhecimento positivo nem um princípio metafísico, como se dá com a filosofia ética. Era a lei imposta pelo Deus vivo. Os atos potencialmente altruístas de Moisés, sua preocupação com os oprimidos, não foram bem acolhidos, e isso deve ter parecido difícil para o jovem Moisés (então com quarenta anos de idade). Uma lição que devemos aprender de início é não esperar aplausos. A maioria das pessoas teme as verdades recém-descobertas que ameaçam os dogmas tradicionais.

O Erro Fatal de Moisés. Moisés tinha aplicado a violência; tinha assassinado; tinha perdido 0 respeito dos outros. Agora seria preciso muito tempo para ele vencer essa situação.

Êx 2.15 Moisés fugiu da presença de Faraó. Este estaria agora ouvindo a notícia ou em breve a ouviria, de que Moisés matara a um egípcio. E então mandaria executar Moisés. Nisso consistia o maior temor de Moisés. E assim Moisés fugiu para seu exílio de quarenta anos, na terra de Midiã, o segundo grande ciclo de sua vida. Ver o vs. 11. Ele começara a tornar-se uma figura ameaçadora, intervindo onde não devia, agitando o povo. Alguns intérpretes veem neste texto um esforço abortado de emancipação. Mas o autor sacro apresenta 0 episódio como um simples passo na preparação divina do caminho de Seu servo. Este precisava internar-se no deserto por quarenta anos. Tudo isso fazia parte de sua preparação.

Terra de Midiã. Moisés fugiu na direção sudeste, afastando-se de onde vivia talvez quatrocentos quilômetros. Midiã tinha sido um dos filhos de Abraão e Quetura (Gên. 25.1-6). Assim, os midianitas eram parentes distantes de Moisés, uma tribo árabe que vivia na região ao sul do Sinai e na porção noroeste da Arábia. Esse deserto diferia muito da favorecida região de Gósen, no Egito, que era onde estava 0 grosso da população israelita. Ver Gên. 45.10. Os midianitas eram seminômades. Seu centro ficava às margens do golfo de Ácaba. O local tradicional do monte Sinai ficava naquela região, Os nabateus, mui provavelmente, foram os sucessores dos midianitas na região, tendo sido os que edificaram a famosa cidade de Petra (ver a respeito no Dicionário).

Junto a um poço. Local muito valorizado em uma terra ressequida. Ver no Dicionário os artigos intitulados Poço e Cisterna. Moisés armou sua tenda nas imediações. Havia perdido sua exaltada posição de filho da filha do Faraó, e agora era tão sem importância quanto antes era importante. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 310.

Êx 2:11-15. Rejeição e fuga de Moisés. 11. Sendo Moisés já homem. Atos 7:23 afirma que Moisés tinha quarenta anos na época. Exodo afirma somente que ele tinha oitenta anos quando se apresentou perante Faraó (7:7) e que passara muitos dias em Midiã (2:23). É possível que quarenta anos seja representativo de uma geração, que para o mundo ocidental é um espaço de trinta anos. Atos 7:22 está absolutamente correto ao afirmar que “ Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios” , uma vez que fora criado com outros príncipes. Este era o outro lado da preparação divina. Com as possíveis exceções de Salomão, Daniel e Neemias, nenhum outro personagem do Velho Testamento recebeu treinamento semelhante (cfDn 1:4). Os códigos de direito da época provavelmente faziam parte de tal treinamento. O Código de Hamurábi, por exemplo, era amplamente estudado e comentado por escribas egípcios, de modo que Moisés possivelmente o conhecia bem.

E viu seus labores penosos. Esta frase significa mais do que simplesmente ver. Significa “ ver com emoção” , quer com satisfação (Gn 9:16) ou, como aqui, com tristeza (Gn 21:16). Moisés partilhava das emoções do coração de Deus. Deus também via o que os egípcios estavam fazendo aos israelitas e estava prestes a intervir (3:7,8). Não era o impulso de Moisés em salvar a Israel que estava errado, mas a ação em que ele se empenhou. Espancava, “ matou” (12) e “ mataste” (13) são três formas diferentes do mesmo verbo hebraico. Isso dá à narrativa uma continuidade que não é possível reproduzir em português. Comunica também a impressão de “ olho por olho, dente por dente” (21:24). Talvez o egípcio fosse um dos odiados feitores de obras; e, se hebreu tem mesmo o significado amplo sugerido acima, então a frase um do seu povo é uma restrição necessária, para indicar um verdadeiro israelita. Êx 2.12. E o escondeu na areia. Eis aqui um toque de colorido local. Não havia areia na maior parte de uma terra rochosa como Israel, e seria muito mais difícil ocultar um cadáver na Palestina do que no Egito.

Êx 2.13. E disse ao culpado. Temos aqui um termo jurídico. Compare a descrição que Faraó faz de si mesmo, como sendo culpado (ARC “ injusto” ) enquanto Deus é chamado “justo” (9:27). Simples percepção psicológica foi o que fez o culpado rejeitar Moisés, em termos que o próprio Faraó pode ter usado mais tarde (5:2). Sem dúvida, o outro hebreu, o inocente, aceitou alegremente a ajuda de Moisés, tal como os publicanos e pecadores receberam a Cristo com alegria séculos depois (Mt 9:10).

Êx 2.15. A terra de Midiâ. A localização é bastante incerta, mas sem dúvida ficava além das fronteiras do Egito, para o leste. Algumas partes da Península do Sinai, ou da Arabá (a região do sul do Mar Morto), ou ainda a parte da Arábia a leste do Golfo de Aqaba são localizações possíveis. Nos dias de Ptolomeu, a terra de “ Modiana” ficava localizada ao leste do golfo. Se, como em Gênesis 37:25, os midianitas viajavam extensamente, quer por razões comerciaisou pastoris (3:1) ou ainda bélicas (Jz 6:1), todas essas regiões poderiam ser cobertas. Pelo fato de, mais tarde, os israelitas terem se tornado inimigos mortais dos midianitas, é inadmissível que a tradição da peregrinação de Moisés por Midiã tenha sido inventada. É possível que “ ismaelitas” (Gn 37:25) e “ queneus” (Jz 4:11) fossem nomes tribais usados em Midiã. Por outro lado, Juízes 8:24 pode sustentar o ponto de vista de que o termo “ ismaelita” era bem mais amplo que “ midianita” ; o mais provável, porém, é que os termos eram usados de maneira bem livre. Junto a um poço. Onde quer que houvesse um poço no deserto, lá haveria uma povoação; e para os que lá viviam, aquele seria sempre “ o poço” . O poço de aldeia era o lugar natural onde encontrar o estranho ou visitante. Encontros semelhantes foram narrados em Gênesis 29:10 (Jacó) e João 4:6,7 (Jesus); nos três casos, oferece-se ajuda (quer material quer espiritual) a quem é indefeso e incapacitado, um retrato daquilo que Deus mesmo irá fazer.

Êx 2:16-22. Moisés em Midiã. 16. O sacerdote de Midiã. Alguns estudiosos buscam apoio nesta frase para a chamada “hipótese quenita” , que presume que a religião mosaica se originou na de Midiã, e no sogro de Moisés em particular. Os midianitas, por tradição, pertenciam à mesma árvore genealógica de Israel, com raízes em Abraão (Gn 17:20) e é altamente improvável que Moisés tivesse aprendido com eles algo que já não conhecesse da “ lei comum” dos semitas ocidentais. Além disso, o relato bíblico deixa bem claro que a nova revelação foi entregue a Moisés no “ monte de Deus” (3:1) e que seu sogro só a aceitou posteriormente, quando a viu validada pelos acontecimentos (18:11). Sete filhas.

Novamente o número ideal ou sagrado; pode bem ter sido usado literalmente neste caso. As mulheres árabes (nunca os homens) ainda apanham água nos poços em Israel e na Jordânia, enquanto os rebanhos são normalmente vigiados por meninos e meninas.

Êx 2.18. Reuel. Talvez signifique “ amigo de Deus” ou “ pastor de Deus” , este último um significado muito apropriado numa sociedade pastoril. Um significado menos provável seria “ Deus é pastor/amigo” . Assim como há dúvidas quanto à localização de Midiâ e até mesmo do Monte Sinai, há também dúvidas quanto ao nome exato do sogro de Moisés. O nome Reuel é uma forma de boas possibilidades, e em Gênesis 36:4 aparece como um nome edomita. Em 3:1 o mesmo homem é chamado de Jetro, a forma nominativa de um nome árabe relativamente comum. Em Números 10:29 aparece um Hobabe, o filho de Reuel de Midiã: o texto não deixa claro qual dos dois é o sogro de Moisés. Hobabe é um simples nome semita e Juízes 4:11 certamente descreve Hobabe como o sogro de Moisés. Isso significa que, ou várias tradições sobreviveram quanto â identidade do sogro de Moisés, ou então ele tinha pelo menos dois nomes. Evidentemente não há problemas em supor que ele tivesse dois (ou mais) nomes, já que nomes duplos são conhecidos de fontes da Arábia Meridional. Em tais casos o editor bíblico às vezes especifica ambos os nomes, como em “ Jerubaal (que é Gideão)” (Jz 7:1): às vezes porém, os dois são usados independentemente no espaço de uns poucos versos (Jz 8:29). O assunto não tem importância teológica e é melhor presumir que o nome significava tão pouco para Israel que tal incerteza era possível. A tradição, contudo, é unânime em afirmar que Moisés se casou com a filha de um sacerdote semita da região desértica oriental, e lá viveu por período consideravelmente longo.

ÊX 2. 21. Zípora. Pode ser traduzido como “ canora”, ou menos polidamente, “ pipilante” ; é o nome de uma pequena ave da região. Compare com os nomes igualmente simples de Raquel (ovelha) e Léa) (novilha) em Gênesis 29.

Êx 2. 22. Gérson. Este nome contém um trocadilho por assonância, pois foi traduzido como se fosse a expressão hebraica gêr sãm, “ um peregrino ali” . Filologicamente, é provavelmente um antigo nome derivado do verbo gãras, com o significado de “ expulsão” ; o sentido geral é, assim, aproximadamente o mesmo. Como é frequente no Velho Testamento, a observação é mais um comentário sobre o significado do nome do que uma tradução exata (cf 2:10). Consultar Hyatt quanto à sugestão de que Gérson é o ancestral do clã levita de Gérson “ Gersan” (Nm 3:21-26), com a mudança da última consoante. R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 57-59.

As ações prematuras de Moisés (2.11-15). As injustiças que os israelitas sofriam deram a Moisés um senso de missão. Quando tinha idade para agir por conta própria, examinou pessoalmente a carga que seus irmãos suportavam. Quando viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu (11), seu desejo de ajudar o povo veio à tona.

Percebeu que tinha razão em punir o malfeitor, ainda que soubesse que tal ação seria perigosa. Feriu ao egípcio (12), matando-o, depois de se certificar de que ninguém estava olhando. Moisés não tinha autoridade do Egito para corrigir estes males, e Deus ainda não o comissionara. Agindo por conta própria, entrou em dificuldades.

No dia seguinte, quando tentou resolver uma diferença entre dois hebreus, Moisés ficou sabendo que o assassinato do egípcio fora descoberto (14). Também ficou sabendo que havia injustiça entre seus irmãos. O povo que não apoiava o homem que queria ajudá-lo ainda não estava preparado para ter um libertador. E um autodesignado maioral (ou “príncipe”, ARA) e juiz também não estava preparado para ser o libertador. Moisés teve de esperar o tempo de Deus para receber mais instruções de uma Autoridade superior. O rei logo tomou conhecimento do que Moisés fizera, mas antes de Faraó agir, Moisés fugiu para a terra de Midiã 15 onde quarenta anos depois (At 7.30) seria comissionado.

c) Moisés em Midiã (2.16-25). Os midianitas eram descendentes de Quetura e Abraão (Gn 25.1-4). Habitavam pelas redondezas do monte Sinai, na península do Sinai a leste do Egito, do outro lado do mar Vermelho. Esta montanha também era conhecida por “Horebe” (3.1).13 O sacerdote de Midiã (16) chamava-se Reuel (18), que significa “amigo de Deus”.14 Em outros pontos do texto, é conhecido por Jetro (e.g., 3.1; 4.12). Tinha sete filhas que apascentavam as ovelhas do pai, mas que passavam maus momentos com os pastores que maltratavam as moças. Moisés, sempre pronto a ajudar os desvalidos, levantou-se para socorrê-las. O texto não fala como conseguiu lidar sozinho com o grupo de pastores, mas conseguiu mantê-los afastados enquanto as moças davam de beber ao rebanho (17). Em consequência desta bondade, Moisés achou uma casa e uma esposa (21). Aqui se tornou pai do primeiro filho em terra estranha (22). O nome Gérson “não sugere apenas ‘estranho’, mas indica exílio, banimento”. Durante o tempo da permanência de Moisés em Midiã, o povo oprimido no Egito sentiu mais intensamente o peso esmagador da escravidão (23). Os líderes do Egito tinham recorrido à servidão cruel para manter os hebreus em sujeição, descontinuando a política de matar os recém-nascidos do sexo masculino.

Mas Deus estava cuidando dos seus. Ele ouviu o gemido do povo e se lembrou do concerto (24). Deus adiou a libertação de Israel até que Moisés e Israel estivessem prontos. Moisés precisava das disciplinas do deserto, e o desejo de Israel por liberdade precisava aumentar. A escravidão continuada no Egito uniu o povo de Israel no desejo por liberdade e na fé de que só Deus podia livrá-lo. Deus ouve os clamores do seu povo, mas espera até “a plenitude do tempo” para dar a vitória. Conheceu-os Deus (25) significa “Deus se preocupava com eles” (VBB). Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 144-145.

Fracasso (w. 11-14). Apesar de algumas pessoas se confundirem com a etnia de Moisés (v. 19), ele sabia que era hebreu, não egípcio, e não podia evitar identificar-se com o sofrimento de seu povo. Certo dia, tomou a corajosa decisão de ajudá-los, mesmo que isso significasse perder sua posição de nobre como filho adotivo da princesa (Hb 11:24-26). Os prazeres e tesouros do Egito desvaneceram quando ele se viu ajudando a libertar o povo escolhido de Deus.

É possível que o oficial egípcio não estivesse apenas disciplinando o escravo hebreu, mas espancando-o com a intenção de mata-lo, pois é isso que pode significar a palavra hebraica usada nesse caso. Assim, quando Moisés interferiu, provavelmente estava salvando a vida de um homem. E se o egípcio voltou-se contra Moisés, o que deve ter acontecido, então Moisés também estava defendendo a própria vida.

Contudo, se o plano de Moisés era libertar os hebreus matando os egípcios um por um, estava prestes a ter uma surpresa. No dia seguinte, descobriu que os egípcios eram apenas parte do problema, pois os hebreus não conseguiam nem chegar a um entendimento entre si! Quando tentou reconciliar os dois hebreus, eles rejeitaram sua ajuda! Além disso, Moisés também ficou sabendo que seu segredo havia sido revelado e que o Faraó estava atrás dele para matá-lo. A única coisa que lhe restava fazer era fugir.

Esses dois episódios revelam Moisés como um homem compassivo e de motivações sinceras, mas ao mesmo tempo impetuoso em suas atitudes. Sabendo disso, é de se admirar que, mais tarde, ele tenha sido considerado "mais [manso] do que todos os homens que havia sobre a terra" (Nm 12:3).

Moisés deve ter ficado desolado com sua tentativa fracassada de ajudar a libertar os hebreus. Por isso, Deus o levou a Midiã e fez dele um pastor de ovelhas durante quarenta anos. Ele precisava aprender que o livramento viria das mãos de Deus e não das mãos de Moisés (At 7:25; Êx 13:3).

Solidão e serviço humilde (w. 15-25). Moisés tornou-se um fugitivo e escondeu-se na terra dos midianitas, parentes dos hebreus (Gn 25:2). Agindo de acordo com sua natureza corajosa, ajudou as filhas de Reuel, o sacerdote de Midiã (Êx 2:18). Com isso, recebeu a hospitalidade daquele lar, casou-se com Zípora, uma das filhas de Reuel, e esta lhe deu um filho.11 Posteriormente, Zípora teve outro filho ao qual deu o nome de Eliezer (Êx 18:1-4; 1 Cr 23:15). Reuel ("amigo de Deus") também era conhecido como Jetro (Êx 3:1; 18:12, 27), mas é possível que Jetro ("excelência") fosse seu título como sacerdote e não seu nome.12 O homem "poderoso em palavras e obras" encontrava-se, agora, em pastos solitários cuidando de ovelhas obstinadas, mas era justamente esse tipo de preparo que precisava para liderar uma nação de pessoas obstinadas. Israel era o rebanho especial de Deus (Sl 100:3), e Moisés, o pastor escolhido pelo Senhor. Assim como nos treze anos que José viveu como escravo no Egito e como o intervalo de três anos na vida de Paulo, depois de sua conversão (Gl 1:16, 1 7), os quarenta anos de espera e de trabalho de Moisés preparam-no para toda uma vida de ministério fiel. Deus não envia seus servos imediatamente, mas capacita-os para sua obra.

Quando há demora, não se trata de desinteresse de Deus, pois ele ouve nossos gemidos, vê nossas lutas, sente nossas tristezas e lembra-se de sua aliança. Cumprirá o que prometeu, pois jamais quebra sua aliança com seu povo. Quando chega a hora certa, Deus põe-se imediatamente a trabalhar. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 236-237.

"E aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas suas cargas; e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus irmãos. E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguém ali havia, feriu ao egípcio e escondeu-o na areia" versículos (11-12). Moisés mostra aqui zelo por seus irmãos "mas não com entendimento" (Rm 10:2). Ainda não chegara o tempo determinado por Deus para julgar o Egito e libertar Israel, e o servo inteligente deve aguardar sempre o tempo de Deus. Moisés era "já grande" e "instruído em toda a ciência dos egípcios"; e, além disso, "cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar liberdade pela sua mão" (At 7:25). Tudo isto era verdade, todavia, ele correu, evidentemente, antes de tempo, e quando alguém procede assim o resultado é o fracasso (1).

E não só o fracasso como também manifesta incerteza, falta de serena devoção e santa independência no progresso de um trabalho começado antes do tempo determinado por Deus. Moisés olhou a uma c outra banda." Não há necessidade disto quando se age com e para Deus e na plena compreensão dos Seus pensamentos quanto aos pormenores da Sua obra. Se o tempo determinado por Deus tivesse realmente chegado, e se Moisés sentisse que havia sido incumbido de executar a sentença de Deus sobre o egípcio, se sentisse ainda a presença divina consigo, não teria olhado "a uma e outra banda."
A Morte do Egípcio, um Ato Impensado e Prematuro

Este ato de Moisés encerra uma lição profundamente prática para todos os servos de Deus. Duas circunstâncias se ligam com ela, a saber: o receio da ira do homem e a esperança do favor humano. O servo do Deus vivo não deve atentar numa nem outra. Que importa a ira ou o favoritismo dum pobre mortal àquele que está investido da incumbência divina e que goza da presença de Deus?-Para um tal servo estas coisas têm menos importância que o pó dos pratos duma balança. "Não o mandei eu!- Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares" (Js 1:9). "Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar-, não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na sua presença. Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra; e contra os reis de Judá, e contra os seus príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar" (Jr 1:17-19).

Colocado assim sobre este terreno elevado, o servo de Cristo não olha a uma e outra banda, mas atua de acordo com o conselho da sabedoria celestial: "Os teus olhos olhem direitos e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti" (Pv 4:25). A sabedoria divina faz-nos sempre olhar para cima e para a frente. Sempre que olhamos em redor para evitar o olhar desdenhoso de um mortal ou para merecer o seu sorriso, podemos estar certos que há qualquer coisa que está mal; estamos fora do terreno próprio de serviço divino. Falta-nos a certeza de termos a incumbência divina e de sentirmos a presença do Senhor, ambas as coisas tão essenciais.

É verdade que há muitos que, por ignorância profunda ou excessiva confiança em si próprios, entram para uma esfera de serviço para a qual Deus nunca os destinou e para a qual, portanto, os não preparou. E não só o fazem como aparentam uma frieza de ânimo e uma confiança em si próprios perfeitamente espantosas para aqueles que podem formar um conceito imparcial dos seus dons e dos seus méritos. Contudo essas aparências depressa cedem à realidade, e não podem modificar em nada o princípio que nada pode impedir realmente o homem de olhar "a uma e outra banda" senão a convicção íntima de ter recebido uma missão de Deus e de desfrutar a Sua presença. Quando possuímos estas coisas somos inteiramente livres das influências humanas e estamos independentes dos homens. Ninguém está em tão boas condições de servir os homens como aquele que é independente deles; contudo, aquele que conhece o seu verdadeiro lugar pode baixar-se e lavar os pés dos seus irmãos. Quando desviamos o olhar do homem e o fixamos sobre o único Servo verdadeiro e perfeito, não o encontramos "olhando a uma e outra banda", pelo simples motivo que nunca procurou agradar aos homens mas a Deus. Não temia a ira do homem nem cortejava o seu favor. Os Seus lábios nunca se abriram para provocar os aplausos dos homens, nem jamais os fechou para evitar as suas críticas. Por isso, o que dizia e fazia tinha uma santa estabilidade e elevação. Jesus é o único de quem se pôde dizer com verdade, "cujas folhas não caem e tudo quando fizer prosperará" (Sl 1:3). Em tudo que fazia prosperava, porque fazia todas as coisas para Deus. Cada ação, cada palavra, cada movimento, cada olhar, cada pensamento era como um belo cacho de frutos enviados ao alto para refrescar o coração de Deus. Jamais receou pelos resultados da Sua obra, porquanto sempre trabalhou com e para Deus na compreensão plena da sua vontade. A Sua própria vontade, posto que fosse divinamente perfeita, nunca se confundiu com o que, como homem, fazia sobre a terra, e assim podia dizer: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 6:38). Por isso, deu "o seu fruto na estação própria" (Sl 1:3), e fez sempre o que agradava ao Pai (Jo 8:29), e, portanto, nada teve que temer, nem necessidade de arrependimento nem de "olhar a uma e a outra banda". C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Colaborador:
Escriba Digital

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