As próximas quatro lições da revista Lições Bíblicas, da CPAD — adotadas principalmente pelas Assembleias de Deus em suas Escolas Dominicais —, abordarão os dons do Espírito Santo, começando com a lição: O Propósito dos Dons Espirituais. Apresento aqui a primeira parte da minha modesta contribuição sobre o assunto. A segunda parte desta abordagem será publicada ainda no início desta semana.
Haja vista a alegação dos críticos das doutrinas paracletológicas de que a expressão “dons espirituais” não consta da Bíblia, iniciarei esta série fazendo um esclarecimento. De fato, o termo “dons espirituais” não aparece em 1 Coríntios 12.1 e 14.1,12. Mas o termo original pneumatikon(literalmente, “espiritualidades” ou “coisas espirituais”) pode ser perfeitamente traduzido por “dons espirituais”, uma vez que esta tradução é abonada pelo contexto imediato: “há diversidade de dons” (1 Co 12.4); “dons de curar” (vv.9,28); “dom de curar” (v.30); “procurai com zelo os melhores dons” (v.31).
“Dons”, em 1 Coríntios 12.31, é charisma, mas em 1 Coríntios 14.1 épneumatikon. Isso confirma que os termos são perfeitamente intercambiáveis, à luz do contexto. Ambas as formas se referem aos dons espirituais. Estes fazem parte das ministrações do Espírito Santo na igreja e manifestam a glória divina.
Os dons espirituais edificam os crentes e atraem os pecadores. São capacidades, dotações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo, com o propósito principal de edificar a igreja (1 Co 14.3,4,5,12,26; Ef 4.11-13). Através deles, o Senhor revela poder e sabedoria aos seus servos.
Há distinção entre os dons espirituais mencionados em 1 Coríntios 12.6-11 e o batismo com o Espírito Santo, também chamado de dom do Espírito (At 2.38; 10.45). Este é um revestimento de poder outorgado pelo Espírito Santo, enquanto os primeiros são as capacidades sobrenaturais decorrentes do tal batismo. Nesse caso, quem já fala em línguas, como evidência do aludido revestimento, deve desejar e buscar outros dons: “procurai com zelo os dons espirituais” (1 Co 14.1); “como desejai dons espirituais, procurai sobejar neles” (v.12).
Também há distinção entre os dons espirituais como manifestações esporádicas (1 Co 12.6-11) e como ministérios (1 Co 12.28). Os primeiros estão à disposição de todos os que buscam a Deus (At 2.39; Rm 11.29). Já os dons ministeriais são residentes nos servos do Senhor e dependem, evidentemente, da chamada soberana de Deus (Mc 3.13).
À luz da Palavra de Deus, todo crente fiel, batizado com o Espírito Santo, pode ser usado com o dom de profecia (1 Co 14.1). Mas nem todo crente, mesmo que batizado com o Espírito, pode ser um pastor, por exemplo, visto que este dom não é uma manifestação momentânea, esporádica, e sim um ministério outorgado soberanamente por Deus (Ef 4.11; Hb 5.4). Os dons como ministérios serão abordados nas presentes Lições Bíblicas da CPAD a partir da lição 6.
De modo geral, todos os dons são dados à igreja para o que for útil (1 Co 12.7; 14.28). E, por isso mesmo, não devemos ignorá-los ou desprezá-los (1 Co 12.1; 1 Ts 5.19,20; At 19.1-7). É o Senhor quem nos concede essas dádivas, “segundo a graça” (Rm 12.6). E, como essas dotações são, primacialmente, para a edificação do povo de Deus (1 Co 14.26), não devem ser mal utilizadas, sem decência e ordem, no culto genuinamente pentecostal (1 Co 14.37-40).
Ciro Sanches Zibordi
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