Lição 11: O Homem Vestido de Linho

“E levantei os meus olhos, e olhei, e vi um homem vestido de linho, e os seus lombos, cingidos com ouro fino de Ufaz” (Dn 10.5) Dn 10.1-21 O título desse capítulo desperta curiosidade porque apresenta uma figura que revela alguém singular, diferente de todas as figuras de linguagem que ilustra o próprio Deus e, que, de forma teofânica, indica a Pessoa de Jesus Cristo.
Era, de fato, a revelação do Cristo pré-encarnado, que corresponde com a visão de Ezequiel (Ez 1.26) e depois, no Novo Testamento, com o Apocalipse de João (Ap 1.12-20). Em todo este capítulo, “o homem vestido de linho” é o personagem central das revelações feitas a Daniel.

Temos que considerar que os três últimos capítulos desse livro trazem a última visão e revelação que Daniel teve da parte de Deus. O capítulo 10 se constitui, de fato, numa preparação para a revelação que Deus queria dar a Daniel, O capítulo 11 apresenta a visão escatológica que destaca o futuro imediato de Israel em relação às nações. Nesta visão, Daniel lembra quando chegou como exilado político na Babilônia ainda bem jovem. Os anos se passaram, e agora nos capítulos 10,11 e 12, ele era um homem com mais de 85 anos de idade. Ele lembra o nome estrangeiro Belsazar que havia recebido da parte de Nabucodonosor e que tinha por objetivo apagar a memória do seu povo e do seu Deus. Mas Daniel, ao citá-lo em Dn 10.1, queria lembrar, também, que nada mudou na sua mente e coração em relação à sua fidelidade ao Deus de Israel. Ele provou que apesar do desterro de sua terra, nada havia mudado em relação à sua fé.

Fazendo uma digressão ao capítulo 9, Daniel sabia que o dedo de Deus dirige a história e o futuro do seu povo e nada o deteria de cumprir os seus desígnios para com o seu povo, mesmo que o mesmo tenha pecado contra o Senhor. Haviam passado os 70 anos preditos na profecia de Jeremias e, então, Deus envia o anjo Gabriel (Dn 9.21) para revelar esse futuro do seu povo. Foi uma revelação depois de muitas lágrimas e orações do profeta pelo seu povo. Daniel era um homem de lágrimas e Deus se agradava da sua humildade.

No capítulo 10, já era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia (534 a.C.), e Daniel, mesmo estando idoso, permaneceu no palácio sob a égide dos reis que sucederam Nabucodonosor. Assumiram o império Ciro, da Pérsia, e Dario, da Média. Constituindo, portanto, o Império Medo-persa. Entre 538 e 536 a.C., Ciro, o persa, concedeu um decreto que autorizava os judeus exilados na Babilônia a retornarem a Palestina, especialmente, em Jerusalém, para reedificarem o templo judeu. Porém, esse retorno aconteceu, de fato, a partir de 538 a.C. O edito real de Ciro emitido está registrado em Esdras nos capítulos 1 ao 6. Segundo a história, uma grande maioria de judeus havia aderido aos costumes estrangeiros e preferiu não voltar à sua terra, ficando na Babilônia. Porém, o sonho de Daniel era concretizado mediante sua pesquisa no livro do profeta Jeremias ao constatar que já haviam se passado os 70 anos profetizados de cativeiro. Mesmo assim, Daniel não desistiu de orar pelo seu povo e por sua cidade santa, Jerusalém. Daniel era um homem de oração. Neste capítulo algo diferente de todas as visões que tivera anteriormente acontece. Há uma manifestação teofanica quando o próprio Deus, prefigurativamente, na pessoa de Jesus Cristo, se apresenta a Daniel de uma forma ímpar e gloriosa. Há, também, no texto uma manifestação angelical em que anjos celestiais obedecem aos desígnios de Deus em favor dos seus servos na terra.

I - A SENSIBILIDADE ESPIRITUAL DE DANIEL (10.1 -3)

Indiscutivelmente, Daniel é um dos modelos de vida devocio- nal mais importante da Bíblia. Ele soube conciliar sua atividade palaciana com a sua vida devocional. No exilio, mesmo servindo a reis pagãos, Daniel não se descuidou de estar em oração, três vezes por dia. Ele não estava em Jerusalém para adorar ao Senhor no Templo, mas fazia do seu quarto de dormir o seu altar de adoração e serviço a Deus através da oração. Foi desse modo que ele teve as grandes revelações dos desígnios de Deus para o seu povo.

Daniel, um homem de revelações de Deus (10.1)

“foi revelada uma palavra a Daniel” (10.1). A palavra revelação significa, essencialmente, trazer à luz alguma coisa nova. A Daniel foi revelado coisas extraordinárias acerca do seu povo e acerca de coisas futuras, não apenas concernentes a Israel, mas abrangentes a todo o mundo, inclusive à igreja. Porém, nos capítulos 10, 11 e 12, toda a revelação fala de fatos que acontecerão “nos últimos dias”. Daniel era um homem sensível à voz de Deus, comprometido com a verdade e que dizia apenas o que Deus ordenasse. Daniel não enfeitava a profecia. As figuras de linguagem utilizadas por Deus para ilustrar as revelações eram extremamente fiéis ao que Deus queria revelar.

(10.2) A tristeza de Daniel. “Estive triste por três semanas completas”. A tristeza que afligiu o coração de Daniel o fez decidir por orar e jejuar por 21 dias, abstendo-se de carnes e de vinho. As notícias negativas acerca do que estava acontecendo com seu povo e com a reconstrução do templo em Jerusalém o fez perceber que estava havendo confusão, oposição e má vontade da parte de muitos judeus em relação ao retorno para a sua cidade, o lugar do templo do Senhor em Jerusalém. Os samaritanos e palestinos que habitavam neste tempo em Jerusalém, começaram a criar obstáculos, principalmente, para a reconstrução do Templo. Os judeus haviam retornado para Jerusalém com o propósito de reconstruir o templo enfrentaram muita oposição, e Esdras confirmou esse fato, quando disse: “Todavia o povo da terra (samaritanos e palestinos) debilitava as mãos do povo de Judá, e inquietava-os no edificar” (Ed 4.4). Por causa dessa oposição ferrenha dos inimigos de Israel, agindo com falsidades e mentiras, e procurando desanimar o povo, tudo faziam para frustrar os propósitos da reconstrução do templo. Mais uma vez Esdras registrou essa oposição e disse: “E alugaram contra eles conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias âe Ciro, rei da Pérsia" (Ed 4.5). Além desses opositores, Daniel percebeu, também, que havia desinteresse de muitos exilados na Babilônia em voltar à sua terra, pois haviam se acomodado à vida exilada. A ordem de reconstrução e da volta do seu povo à Palestina já havia sido autorizada e, passados alguns anos, o povo não se animava de voltar à sua terra. Daniel ficou triste e se pôs a lamentar e chorar. Porém, ele não desistiu de interceder pela compaixão de Deus, o Deus de Israel. Ele percebeu que o povo havia se esquecido do Senhor e pouco se interessava em servi-lo, preferindo viver uma vida dissoluta e de acordo com os padrões da vida pagã. Ele sentia o peso desse fardo espiritual e se pôs a orar e jejuar diante de Deus por Israel (w. 3,12).

Daniel, um homem de oração

Sem dúvida, Daniel é um grande exemplo da prática da oração. Durante toda a sua vida e, especialmente da juventude à velhice, o velho Daniel não deixou de orar. Era um homem determinado e consciente de suas limitações. Por três semanas consecutivas (21 dias) o velho Daniel não deixou de orar em favor do retorno do seu povo à sua terra. Ele nunca desistiu de clamar e pedir por esse retorno, porque sabia que o tempo de Deus não está preso às circunstâncias históricas. Ele não adianta nem atrasa. No tempo devido, seus desígnios são concretizados. Entretanto, Daniel, havia entendido que o plano de Deus para o seu povo não havia findado. Sua convicção era tão forte que não demorou muito para que Deus lhe desse outra grande revelação.

Daniel havia ficado triste por 21 dias por causa da profecia de Jeremias e havia nesta profecia a promessa de restauração do seu povo. Por isso, ele sentiu motivado, não apenas para lamentar, mas para orar suplicando que a promessa fosse realizada. Ele levou a sério esta necessidade de orar e orava como hábito cotidiano três vezes ao dia. Ele orava com seriedade, com reverência e com contrição, pois confessava o pecado do povo e esperava a misericórdia de Deus (Dn 9.3-15). No capítulo 10, Daniel é surpreendido pelo “homem vestido de linho” que lhe revela coisas maravilhosas.

II - A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (10.4,5)

O tempo da resposta à oração de Daniel

“e no dia vinte e quatro do primeiro mês” (10.4). Esse era o mês de Nisan (março-abril) e Daniel cita esse dia para declarar que era o final das três semanas que ele esteve confinado em oração e jejum. Essa data envolvia os dias da celebração da Páscoa em Israel, que era o dia em que Deus havia tirado Israel da escravidão egípcia. Neste contexto de oração e jejum, Daniel se lembra da sua vida de juventude a setenta anos atrás quando, em Jerusalém, podia celebrar com alegria a Páscoa e, naquele momento que estava vivendo, estava fora da sua terra. Isso tudo o levou a um profundo sentimento de recordações e de oração pela restauração do seu povo.

O local da revelação divina a Daniel

“eu estava à borda do grande rio Hidéquel” (10.4). Na verdade, o rio Hidekel é o mesmo rio Tigre. E um rio que nasce nas montanhas da Armênia e atravessa a planície da Mesopotâmia, por mais de 1.800 kilometros e, depois se junta ao rio Eufrates desaguando no Golfo Pérsico. O rio Tigre (ou Hidekel), pela sua importância geográfica foi o local onde, literalmente, Deus deu a grande visão dos capítulos 10,11 e 12 a Daniel. E interessante notar que Daniel não fora arrebatado em espírito para ver a grande visão, mas ele estava, literalmente naquele local “à borda do rio” acompanhado de alguns homens. Estes homens não viram a visão, apenas ficaram assustados com o ambiente e fugiram porque notaram que estava acontecendo algo extraordinário (10.7). A Daniel foi dada a visão e a mais ninguém. O texto do versículo 5 confirma,dizendo: “E levantei os meus olhos, e olhei...”

A aparição do homem vestido de linho

“e eis um homem vestido de linho” (10.5). Deus sempre utilizou figuras de linguagem que pudessem aclarar suas revelações. O “homem vestido de linho” que lhe aparecera era literal, ainda que de forma magnífica e angelical. Segundo alguns estudiosos, esse “homem” pode ser uma aparição teofanica do próprio Cristo, cuja de crição pode ser comparada a visão que João, o apóstolo, teve na Ilha de Patmos (Ap 1.13-16). Ora, uma teofania significa Deus mani- festando-se, tomando formas distintas para falar com o homem. Na Bíblia, temos teofanias (manifestações de Deus) e temos angelofanias (manifestações angelicais). Geralmente, essas manifestações são com formas humanas. No caso da experiência de Daniel, quem poderia ser: um anjo ou o próprio Deus? Alguns exegetas não veem o “homem vestido de linho” como uma teofania, mas insistem em que o personagem é o de um ser angelical. Porém, o contexto bíblico fortalece a ideia de que seja, de fato, o próprio Deus manifestando-se de modo pessoal e visível como “um homem” a Daniel.

O que é uma teofania?

A palavra teofania deriva de duas outras palavras na língua grega: teos efanis que significam respectivamente “Deus” e “aparecer” ou (manifestar). Entende-se, portanto, teofania como “uma forma visível da divindade”. Crê-se que a aparição daquele ser angelical como “um homem vestido de linho” era uma teofania. O texto fortalece a ideia de que era Jesus, a segunda Pessoa da Trindade, pelas caraterísticas esplendorosas do personagem. A descrição desse personagem espiritual lembra a visão que o apóstolo João teve de Jesus quando estava na ilha de Patmos (Ap 1.13-16).

As caraterísticas do homem vestido de linho.

(10.5,6) A visão estrondosa e magnífica que Daniel teve do homem vestido de linho desafia os estudiosos da Bíblia em definir essa aparição. A pergunta que todos fazem é: Quem era aquele homem? Seria Gabriel, o embaixador de Deus em outras vezes para com Daniel? Seria um anjo com poderes especiais para cumprir um desígnio de Deus? Seria Miguel, o chefe das milícias de Deus que defende os interesses de Deus para com Israel? Seria esse “homem vestido de linho” o Cristo pré-encarnado, numa teofania especial? Percebe-se que essa aparição trazia um homem com vestes de linho, com os ombros cingidos de ouro, com um corpo semelhante a berilo, que tinha uma cor do tipo água marinha, ou verde-mar, o rosto como relâmpago e olhos como tochas de fogo, braços e pés como bronze polido e sua voz era como o barulho de uma multidão (Dn 10.5,6). Portanto, essas caraterísticas o faziam um ser diferente e singular que o identificavam com outras teofanias que aparecem na Bíblia. Entretanto, a visão de João, o apóstolo, na Ilha de Patmos se ajusta perfeitamente com as caraterísticas desse “homem” que apareceu a Daniel. Não devemos forçar uma interpretação, mas o contexto contribui para que creiamos que esse “homem” especial não podia ser outro senão Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Trindade. Ele estava vestido de “linho”(v. 5), um tecido utilizado especialmente na roupagem dos sacerdotes segundo a liturgia hebraica e significa santidade, pureza e justiça. Em Apocalipse 1.13, o Senhor Jesus aparece em visão a João, na Ilha de Patmos, vestido de glória e majestade, e diz que: “um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de um roupa comprida”.

Daniel é confortado por um anjo (10.10-12)

A visão provocou um efeito extraordinário em Daniel. Ele não teve forças físicas para se manter em pé e caiu adormecido pela glória do “homem vestido de linho”. A mesma experiência que João teve na Ilha de Patmos com a visão do Cristo glorificado (Ap 1.17,18) foi experimentada por Daniel junto ao rio Hidekel, ou seja, o rio Tigre. Daniel reergueu-se de seu desmaio e foi confortado por um anjo da parte de Deus depois da grande peleja que houve no céu entre os comandados de Satanás e os anjos de Deus, naqueles 21 dias de oração do grande servo de Deus. O anjo falou-lhe que era muito amado (10.12) por Deus.

III - A REVELAÇAO DO CONFLITO ANGELICAL NO CÉU

Os anjos são uma realidade espiritual (10.5,6,13,20)

A realidade dos anjos é indiscutível. Os anjos não são meras figuras de retórica, nem são invencionices de teólogos. Não são coisas, mas são seres pessoais criados por Deus. Anjos e homens são criações distintas de Deus. Ambos são seres pessoais, diferenciados nas finalidades da criação. Os anjos são criados como espíritos sem a capacidade procriativa, que Deus deu apenas aos homens (Lc 20.36; Hb 1.14; SI 148.5).

Serviços prestados pelos anjos

Na criação dos anjos o Criador os classificou em categorias especiais de serviços (Cl 1.16). Os anjos não são meras figuras de retórica. Eles são seres criados por Deus para executarem a vontade divina. Eles existem para cumprirem os interesses de Deus no universo. O autor da Carta aos Hebreus diz que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação”(Hb 1.13,14). Da mesma sorte, os espíritos que se rebelaram e acompanharam a Lúcifer na sua rebelião contra Deus, os quais denominamos como “anjos caídos” obedecem as ordens do seu chefe, Satanás (Is 14.12-15; Ap 12.7-12; Mt 25.41). Eles são realidade invisíveis e muito atuantes no mundo que se opõe contra toda a obra de Deus ( Ef 2.2; 6.12; Cl 1.13,16).

Existem opiniões de que o ser espiritual do versículo 5 é o mesmo que fala com Daniel nos versículos 10-12. Outros entendem que são dois seres angelicais. O primeiro ser angelical do v. 5 é uma teofania, ou seja, uma aparição especial de Deus a Daniel. O segundo ser angelical dos w. 10-12 é visto como um anjo com poderes delegados por Deus para consolar o coração de Daniel e lhe revelar acerca do conflito angelical nos céus por causa da oração de Daniel.

Duas categorias de seres angelicais

Neste capítulo nos deparamos com duas categorias de seres angelicais. Os anjos da parte de Deus e os anjos da parte de Satanás. Os anjos da parte de Satanás são identificados na Bíblia como “espíritos maus”, “demônios” e que, na realidade, são considerados os anjos caídos da presença de Deus e que seguiram a Lúcifer. Eles obedecem ao comando de seu chefe que é o Diabo. Neste capítulo, eles aparecem com funções de liderança opositora aos interesses de Deus contra Israel (vv.13,20). Eles podem tomar formas diferentes do mundo físico sem ficarem retidos a essas formas porque são seres espirituais apenas. Deus não os criou como demônios ou maus. Todas as milícias angelicais foram criadas para a glória de Deus (Jó 38.6,7). Foram criados seres morais e livres. Porém, a Bíblia fala de anjos que pecaram e não guardaram a sua dignidade, tornando-se maus (2 Pe 2.4;Jd 6;Jó 38.18-21). Pelo fato de serem espíritos sem corpos materiais, eles podem tomar formas materiais representando figurativamente coisas ou pessoas, como é o caso dos anjos que representam “o príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia” (Dn 10.13, 20).

Dois príncipes humanos representados na figura de dois anjos

“o príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia”. (10.13,20). Subtende-se que Satanás designou dois dos seus anjos para influenciarem os reis da Pérsia e da Grécia e colocá-los contra o povo de Deus, Israel. No contexto do conflito no céu do capítulo 10, essas figuras procuraram impedir e resistir ao anjo Gabriel, mensageiro de Deus que tinha a resposta à oração de Daniel. Deus enviou o arcanjo Miguel, defensor dos interesses divinos para com Israel, a fim de possibilitar o cumprimento da missão do anjo Gabriel. Satanás tem sua própria organização angelical e esse texto indica que ele estabelece categorias de comandos. No caso do texto de Dn 10.13,20, Satanás incumbe anjos perversos com poder delegado para agir contra as nações do mundo. São espíritos que assumem territórios, e alguns teólogos, interpretam esta ação demoníaca coino ação de “espíritos territoriais”, que exploram culturas e crendices para aprisionar mentes e corações contra a possibilidade de conhecerem o Deus Verdadeiro. Segundo Paulo, esses espíritos atuam nas regiões celestiais para resistirem e criarem obstáculos à obra de Deus e à realização da sua vontade.

O conflito entre as milícias do Arcanjo Miguel e as milícias satânicas

“Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias” (10.13). Esses dois príncipes não os reis da Pérsia e da Grécia, mas são figuras metafóricas de dois seres angelicais demoníacos designados pelo Diabo para atuarem sobre os reinos da Pérsia e da Grécia. O anjo Gabriel declarou que a resistência de Satanás viria também da parte do “príncipe da Grécia” na sua volta à presença de Deus. Esses dois príncipes terrenos representavam neste conflito dois espíritos da parte do Diabo que atuavam sobre aquelas nações. São espíritos territoriais. Alguns dos nossos teólogos rejeitam a expressão “espíritos territoriais”, mas não podem negar a existência de demônios designados pelo Diabo para interferirem e regerem sobre aquelas nações. E interessante notar que “o homem vestido de linho” que falava com Daniel declarou que Miguel, o anjo de Deus, era o “príncipe” de Israel, para defender e proteger os interesses de Deus na vida desse povo (Dn 12.1). O anjo Gabriel que trouxe a resposta de Deus, disse a Daniel que havia sido retido no céu por 21 dias com a resposta de Deus às suas petições. Esses dois príncipes das milícias satânicas:“o príncipe do reino da Pérsia”(v. 13) e o “príncipe da Grécia” (v. 20) que tentaram impedir que Gabriel trouxesse a resposta eram, na verdade, figuras desses príncipes satânicos que operam pelo poder do Diabo, de forma organizada, sobre as nações do mundo. Sem dúvida, Satanás tem sua hierarquia e dispõe de autoridades no mundo inteiro. Assim como Deus delegou ao Arcanjo Miguel para ser o “guardião de Israel” (Dn 10.13), o diabo estabelece os seus guardiões nas nações. São os opositores de Deus. Se o Príncipe da Pérsia representa um príncipe satânico com a finalidade de criar obstáculos ao projeto divino para que não alcance o seu objetivo, também, da parte de Deus, o Príncipe de Israel é o Arcanjo Miguel, e foi ele que veio em ajuda do anjo Gabriel para abrir espaço nos céus com a resposta divina para Daniel. Alguns teólogos rejeitam a ideia de que esses príncipes, da Pérsia e da Grécia, sejam anjos caídos. Defendem a ideia de que eram apenas reis desses impérios terrenos.

Há grande hostilidade espiritual contra o povo de Deus.

Deus tem uma aliança com Israel e a cumprirá, porque Ele é imutável e cumpre suas promessas. Quanto à igreja de Cristo, os mesmos espíritos do mal operam e hostilizam a igreja e aos crentes em particular. Há resistência espiritual às nossas orações. Quando oramos entramos em batalha contra as potestades do mal (Ef 6.12). Israel tem o seu ajudador especial da parte de Deus. A igreja, também, é guardada pelos anjos dos ataques satânicos.

IV - DANIEL RECUPERA SEU ÂNIMO ATRAVÉS DO ANJO

Daniel foi tocado pelo anjo

“me tocou os lábios” (10.16). Daniel tinha caído por terra por não ter tido condições físicas e emocionais de suportar toda aquela revelação. Ficou sem fala, mas ao ser tocado nos lábios, abriu a boca e começou a falar, à semelhança do que aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.7). Quando somos tocados pelo Senhor, a sua santidade produz em nós um sentimento de indignidade e impureza perante os seus olhos. Ao ser tocado nos lábios, Daniel, antes emudecido diante da visão, começou a falar.

"Como pois pode o servo deste meu Senhor falar com aquele meu Senhor”? (10.17). Dois personagens se destacam nesta experiência, o anjo que falava com ele e o Ser superior a quem Ele entendeu que não tinha condições de estar de pé diante dEle. Quem era aquele “Senhor”? O contexto da escritura indica Alguém que era mais que um ser angelical. Não poderia ser o Senhor Jesus Cristo? Não podemos especular sobre isso, mas não há dificuldade alguma para entender a possibilidade de ser o Senhor Jesus, pré-encarnado, numa aparição especial. Na transfiguração de Jesus diante de seus três discípulos, Moisés e Elias viram a glória de Deus na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho amado (Êx 33.19; Lc 9.28-31).

(10.18,19) Daniel foi confortado pelo anjo. Daniel descobriu que os opositores da obra em Jerusalém, não eram apenas os sa- maritanos e palestinos que se opunham contra tudo, mas tinha por trás de toda essa oposição, a ação de demônios. Mas Daniel é confortado pelo anjo quando lhe diz que “era muito amado” por Deus.

(10.20) O anjo revela a Daniel que “o príncipe da Grécia” na figura de um dos espíritos satânicos também se levantaria para se opor ao povo de Deus num tempo bem próximo daquele que ele, Daniel, estava vivendo. A revelação foi feita ainda dentro do período do Império Medo-persa, mas logo passaria, e outro império haveria de surgir, suplantando o medo-persa, que era o Império Grego. Aquele anjo embaixador de Deus anunciou a Daniel que ele enfrentaria as milícias espirituais com o apoio de Miguel, o príncipe de Deus a favor de Israel.

A grande lição que aprendemos com este capítulo é que no mundo temos uma guerra espiritual sobre as nossas cabeças.Trata- se de uma guerra invisível, mas temos a promessa da vitória porque Deus cumpre a sua Palavra.

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