Uma das características desta geração é a incapacidade de sentir-se plena. Os homens fizeram grandes avanços tecnológicos e científicos, as distâncias encurtaram, há mais acesso a bens de consumo, mais conforto, mas continua o senso de vacuidade. Falta-nos algo intrínseco, profundo... vivemos insatisfeitos com a vida e conosco mesmos.
Alguns teólogos falam que é a saudade do paraíso perdido. O Éden desapareceu da raça humana. No pensamento Jungiano, seria um arquétipo humano, um déjavu, uma saudade de algo que nem sabemos definir. Perdemos a essência, a natureza intrínseca do projeto original de Deus para a vida, construída no Éden, e desejamos algo vago que preencha este anseio por senso estético, existencial e moral que se perdeu – buscamos uma resposta filosófica.
O poeta T.S. Elliot se expressou da seguinte forma: “Onde está a vida que perdi tentando encontrá-la?”
Um dos perigos é que projetamos a insatisfação no outro. Numa tentativa de resolver o vazio, achamos mais fácil identificar e, algo ou alguém fora de nós, a razão da falta de sentido da alma. Culpamos a vida agitada, a falta de dinheiro e responsabilizamos até Deus – mas de forma consistente, o marido (ou esposa). Desenvolvemos inconscientemente uma ira não resolvida, que se transforma em irritabilidade e raiva. É mais fácil “cair nos outros que cair em si”.
A maturidade consiste em perceber que o outro não é a causa do fracasso. Que a solidão é algo tão profundo e existencial que nenhuma outra pessoa poderá resolver. Que a depressão já estava presente antes do casamento, que eu já era triste e amargo antes de dizer “Sim”! São muitos aqueles que estão prontos para acusar e culpar o outro pelo seu fracasso, mas só há crescimento emocional quando se olha para o próprio coração.
Mário Quintana fala que nos votos do casamento, deveríamos fazer algumas mudanças, e propõe algumas:
-“Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
-“Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?”
A verdade é que a insatisfação e solidão, jamais pode ser preenchida pelo outro. Pascal afirmou que “o homem tem um vazio no coração do formato de Deus”. Esta insatisfação é existencial e espiritual. Perdemos o vínculo com o Eterno, nos afastamos de Deus e nesta tentativa de construir uma vida separado dEle, adoecemos, nos tornamos existencialmente solitários.
Jesus falou de algo enigmático: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância”. Se ele falou que queria dar vida abundante, certamente é porque conhecia o ser humano e sabia quão facilmente poderia se tornar superficial e vazio. Ele oferece a solução para o senso de vacuidade e insatisfação que sentimos. Esta nova experiência de plenitude só será encontrada no mistério do Eterno.
Quando o vazio no formato de Deus invadir o nosso ser interior preenchendo cada espaço vazio da insatisfação.
Rev. Samuel Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça comentários produtivos no amor de Cristo com a finalidade de trazer o debate para achar a verdade. Evite palavras de baixo calão, fora do assunto ou meras propagandas de outros blogs ou sites.