É próprio da natureza humana “enfiar os pés pelas mãos”. Na medida em que vamos envelhecendo e conhecendo um pouco mais da natureza humana, nossa e dos outros, temos que aprender a ser mais misericordiosos – e não mais acusadores. As pessoas erram. Deliberadamente, por ignorância, por fraqueza, por cobiças e pecados.
Tenho visto pessoas sendo julgadas por erro que cometeram. É impossível que assim não seja. Nossos erros podem trazer grandes danos emocionais, financeiros, relacionais e espirituais. O preço nunca é baixo. Muitos crimes trazem penalidades desproporcionais à culpa, mas a verdade é que erros e pecados não trazem dividendos muito positivos para a vida.
O que tenho procurado fazer é nunca reduzir a pessoa que falhou a um evento. Muitos levam uma vida sensata e honesta, são referências para família e amigos, mas de repente, por um desatino qualquer, por uma sugestão luciférica, ou sua cobiça desenfreada, cometem atos vis, torpes e levianos. A sociedade não perdoa. Os comentários jocosos e maldosos virão, mas eu já decidi: Não vou reduzir a pessoa a um escorregão, a um ato impensado e impetuoso. Quero ver a pessoa no seu todo. Ela falhou, errou e é responsável pelo que fez, não dá para buscar bodes expiatórios, jogar culpa nos outros e nas circunstâncias – mas ela é mais que este pecaminoso incidente e ato. Seu erro apenas revela sua humanidade e a necessidade que ela tem de Deus, mas não quero reduzir as pessoas ao seu deslize. Acho muito cruel com o que erra.
E quando somos nós que erramos? Qual deve ser nossa atitude?
A arrogância de pessoas que falharam talvez seja a coisa mais tola e a atitude mais adotada pela grande maioria. Busca-se álibi, projeta-se culpa, nega-se o erro, mesmo quando todos elementos apontam para o veredito de que somos culpados. Ajuda, e muito, lembrar que, o caráter, e não a reputação, é a coisa mais importante da vida. Reputação é aquilo que dizem de você, caráter é o que você é; reputação é seu esforço em se proteger e vender a imagem de “gente boa”; caráter é aquilo que você faz no escuro, quando todas as luzes se apagam; reputação é aquilo que os outros falam, caráter é o julgamento de Deus sobre você: A forma como Deus o vê.
Reparar erros envolve reconhecimento, humildade e, se possível, reparação. Infelizmente nem sempre é possível. Determinados atos desembocam em trágicas e irreparáveis consequências. Um acidente provocado quando estamos bêbados ao volante, pode matar – não há como trazer de volta a vida. Uma noitada de jogatina pode comprometer as finanças – não será fácil recuperar a perda, e a família pode ser sacrificada.
Se for possível reparar que o faça – mas se não é possível reparar, busque o perdão de Deus e perdoe-se. Remorso é uma tragédia, arrependimento é uma benção; auto condenação, uma ameaça; responsabilidade, uma virtude. Acima de tudo, lembre-se: Por pior que tenha sido seu erro, a graça de Deus é maior que tudo para reparar o caído e levantar a alma culpada. Embora seja grande o crime, o perdão é sempre sublime – e divino.
Rev. Samuel Vieira
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