Os Anos Perdidos de Jesus
Há algum tempo encontrava-me manuseando um livro em uma livraria em Curitiba (PR), quando um senhor se aproximou de mim. Após se identificar como um teólogo tomou a iniciativa na construção de um diálogo. Através de sua fala tomei conhecimento que possuía uma sólida formação acadêmica, visto ter se formado em um conceituado Seminário evangélico brasileiro. Contou-me que a sua fé estava sofrendo uma reviravolta porque, segundo disse, estava convencido de que o ministério de Jesus não havia se limitado às terras bíblicas, porque, de acordo com suas leituras, Jesus não teria se limitado a ficar na palestina mas teria ido até a índia. Ali teria estudado com os monges e trabalhado a sua espiritualidade! Perplexo, perguntei-lhe em que se baseava para fazer uma afirmação tão ousada! Procurando ali mesmo nas prateleiras daquela livraria ele encontrou o livro que o havia convencido a mudar de ideia. O livro falava algo tipo: Os Anos Perdidos de Jesus.1
A busca pelos supostos “anos perdidos de Jesus” tem sido objeto de estudo de milhares de escritores em todo o mundo. Católicos, protestantes, espíritas, ateus, agnósticos, artistas e cineastas tem feito um esforço enorme para recontar a história de Jesus de Nazaré.2 Alguns se atêm ao registro neotestamentário, mas outros vão muito além daquilo que a Bíblia diz sobre o carpinteiro da Galileia. Para estes o registro bíblico é insuficiente, visto que a igreja institucional teria conspirado excluindo aqueles livros que continham relatos discordantes dos textos canônicos. Fundamentados, portanto, em textos não canônicos, escritos na sua maioria entre os séculos II e IV d.C., tentam descrever detalhes da infância, adolescência e idade adulta de Jesus. Procuram dar voz àquilo que a Bíblia silencia. Dessa forma seus argumentos não se fundamentam no que a Bíblia diz, mas naquilo que ela não diz. Um exemplo clássico de um autor que foi até as últimas conseqüências a esse respeito é Dan Brown, autor de O Código da Vinci, um dos livros mais lidos do mundo e que foi adaptado para o cinema. A tese de Brown, diga-se sem nenhum fundamento bíblico e histórico, é que Jesus não é o Filho de Deus, casou-se com Maria Madalena e a prole de ambos deu início a uma linhagem sagrada.3
“Jesus” fora da Bíblia
Pois bem, é possível encontrarmos ainda nos primeiros anos do cristianismo muitos outros autores tentando produzir uma biografia de Jesus com contornos bem diferentes daquele encontrado nos evangelhos si- nóticos. Na verdade esses textos, denominados de apócrifos, como já foi sublinhado, procuram falar daquilo que o Novo Testamento silencia — os fatos relacionados com a infância de Jesus e seu crescimento até a maturidade (mais especificamente o período que vai dos 12 aos 30 anos do Salvador). Como teria sido, então, a infância de Jesus e o seu crescimento até chegar à idade adulta? Nos registros apócrifos é possível encontrar vários relatos descrevendo as diferentes fases da vida de Jesus, que vão desde a infância até a sua maioridade.
Vejamos um deles:
“Quando o Senhor havia completado o seu sétimo ano, ele brincava um dia com outras crianças de sua idade; para divertir-se, eles faziam com terra molhada diversas imagens de animais, de lobos, de asnos, de pássaros, e cada um elogiando seu próprio trabalho, esforçando-se para que fosse o melhor que o de seus companheiros. Então o Senhor Jesus disse para as crianças: “Ordenarei às figuras que eu fiz que andem e elas andarão”. E as crianças lhe perguntaram se ele era o filho do Criador, e o Senhor Jesus ordenou às imagens que andassem e elas imediatamente andaram. Quando ele mandava voltar, elas voltavam. Ele havia feito figuras de pássaros que voavam quando ele ordenava que voassem e que paravam quando ele dizia para parar, e quando ele lhes dava bebida e comida, eles comiam e bebiam. Quando as crianças foram embora e contaram aos seus pais o que haviam visto, eles disseram: “Fugi, daqui em diante, de sua companhia, pois ele é um feiticeiro, deixai de brincar com ele.”4
Há muitos outros relatos semelhantes a este e que estão registrados nos textos apócrifos denominados Evangelhos da Infância. Relatos assim, além do seu aparente aspecto piedoso, acabam por esconder uma verdade bíblica fundamental — a humanidade do Salvador. A tentativa de mostrar o divino acabou por esconder o humano. Nesses “evangelhos da infância”, o lado humano de Jesus é totalmente ofuscado. Ele não viveu como um menino normal visto que até mesmo a sua vida lúdica era marcada por manifestações sobrenaturais. A propósito, a negação de que Jesus era humano foi uma das primeiras heresias a surgir no seio da igreja cristã. Aspectos desse evangelho gnóstico foi duramente combatido pelo apóstolo João: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo” (1 Jo 4.1-3). Evidentemente que essas lendas e fábulas surgiram por conta do hiato existente entre os 12 e 30 anos da vida do Salvador. Por um período de dezoito anos, Jesus se manteve em total anonimato! Pouco ou quase nada é dito sobre esses “anos perdidos” da vida de Jesus. Lucas, por exemplo, limita-se a dizer que: “o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40) e que: “crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52).
Jesus na sua Dimensão Humana
Ao contrário da literatura apócrifa, os textos canônicos, mesmo sendo breves em seus relatos, revelam muito sobre o lado humano de Jesus. Jesus nasceu e cresceu como qualquer outro menino da sua idade da Palestina dos seus dias.
Os teólogos e educadores Eulálio Figueira e Sérgio Junqueira ao descreverem a educação no antigo Israel no tempo de Jesus, fizeram uma excelente exposição sobre essa dimensão humana de Jesus. Eles observam que Jesus era semelhante a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4.15), e que viveu o mesmo processo de crescimento comum a todos os homens. Como todos os homens ele cresceu nas dimensões bio-psico-social.
Lucas destaca que ele cresceu em sabedoria, tamanho e graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2.52). Enquanto viveu em Nazaré, um vilarejo da Galileia, Jesus “crescia e ficava forte, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2.40). Mesmo durante o seu ministério público, fazendo discípulos, Jesus ia crescendo em contato com o povo.5 Cada ser humano que nasce neste mundo, destacam esses expositores bíblicos, pertence a um determinado lugar, a uma determinada família e a um determinado povo. Nasce, portanto, sujeito a vários condicionamentos. Com Jesus também foi assim. Não há como negar que fatores culturais, tais como o ambiente familiar, a língua e o lugar onde nascemos marcam a vida de cada um de nós de forma profunda. Esses fatores são independentes da nossa vontade. No entanto, fazem parte de nossa existência, sendo, portanto, o ponto de partida para tudo aquilo que queremos realizar. Elas fazem parte da realidade de cada um. Ao viver a nossa realidade, Jesus viveu a encarnação. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14).
Destaca ainda esses autores que Jesus “assumiu estes condicionamentos lá onde pesam mais, isto é, no meio dos pobres (2 Co 8.9; Mt 13.55; Fp 2.6,7; Hb 4.15; 5.8). Ele se formou “crescendo em sabedoria, tamanho e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). Estes três aspectos do crescimento em sabedoria, tamanho e graça se misturam entre si. Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes do povo. Isso se aprende convivendo na comunidade natural do povoado. Crescer em tamanho é nascer pequeno, crescer aos poucos e tornar-se adulto. E o processo de todo ser humano, com suas alegrias e tristezas, amores e raivas, descobertas e frustrações. Isto se aprende convivendo na família com os pais, os avós, os irmãos e as irmãs, com os tios e tias, sobrinhos e sobrinhas. Crescer em graça é descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, o seu chamado ao longo dos anos da vida, a vocação, a semente de Deus na raiz do próprio ser. Isto se aprende na comunidade de fé, nas celebrações, na família, no silêncio, na contemplação, na oração, na luta de cada dia, nas contradições da vida e, em tantas outras oportunidades”.6
Kenosis — o Milagre da Encarnação
Os diferentes aspectos desses condicionamentos da vida de Jesus, inclu- sive o seu crescimento, como bem observaram Figueira e Junqueira, só se tornaram possíveis devido a sua identificação plena com a raça humana. Em outras palavras, para alcançar a humanidade, Jesus, o Filho de Deus, se fez homem como os demais. Ele nasceu e cresceu à semelhança dos demais humanos! Todavia ao assim fazer, Ele não deixou de ser Deus, nem tampouco perdeu os seus atributos. Ele, portanto, abriu mão daqueles privilégios que lhes pertenciam por ser Filho de Deus. A teologia cristã denomina essa importante doutrina bíblica de kenosis.7
Paulo, o apóstolo, lançou luz sobre essa importante verdade em sua carta aos Filipenses:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.5-11).
Ao analisar este texto, o teólogo Heber Carlos de Campos comenta:
“Quando dizemos que ele se ‘esvaziou’ não podemos dizer que ele deixou de ser o que era — Deus — mas que se colocou numa posição de alguém que ficou, por algum tempo, sem a honra devida neste mundo. Ele foi tratado entre os homens como alguém que não era visto no fulgor da glória divina. Embora ele tivesse, mesmo aqui neste mundo, todos os atributos próprios de sua divindade, sua divindade não foi manifestada de modo que todos os seus atributos fossem vistos pelos homens de maneira inequívoca.”8
Esse esvaziamento humilhante na vida de Jesus, observa Campos, não foi algo fictício, mas real. Jesus não representou nada quando se humilhou perante Deus e os homens. Ele de fato tomou a condição de servo e dessa forma viveu, Foi como servo que ele foi reconhecido em figura humana, pois somente os homens podem assumir a natureza de servo.
Concluindo, diz ainda Heber Campos, “Paulo usa duas expressões que são hebraísmos: ‘tornando-se semelhança de homens’ e ‘reconhecido em figura humana’. Essas duas expressões apontam para o fato de o Redentor ser real e verdadeiramente homem. Embora a natureza humana tenha sido honrada pelos privilégios de estar unida à divindade do Redentor, a condição em que o Verbo assumiu a nossa humanidade era de humilhação. Ele a assumiu com todas as características resultantes da nossa pecaminosidade. O seu sofrimento e as suas dores não foram fictícios, mas reais, porque a sua humanidade era real. Ainda que, segundo a sua divindade, o Redentor não pudesse ser contido pelo universo, pois a sua divindade é semelhante à daquele que está acima e além do universo, não obstante, quando ele encarnou, passou a fazer parte da criação, sendo um homem como todos nós, tendo todas as propriedades que nós temos, inclusive tomando a nossa forma física. Eie não era um fantasma, com apenas uma aparência de homem, mas era de fato um ser humano com todos os outros que vieram da família de Adão, embora não tivesse sido contado como culpado.”9
Entendendo o estado de esvaziamento e humilhação de Jesus passamos a compreender os condicionamentos que ele assumiu quando aqui viveu.10 Jesus, por exemplo, aprendeu a viver nos limites de suas dimensões: corporal; social-, psicológica e espiritual.
A Dimensão Corporal e Social de Jesus
Como todos os seres humanos, Jesus também possuía uma dimensão corporal. Ele aprendeu a viver nos limites dessa dimensão como, por exemplo, quando se cansava e procurava o descanso necessário (Mt 8.24; Mc 6.31; Lc 23.56). “Jesus possuía um corpo humano igual ao nosso. O sangue corria nas suas veias enquanto um coração bombeava, sustentando assim a vida humana em seu corpo. Hebreus 2.1-18 claramente indica este fato. Nessa poderosa passagem, temos que a existência do corpo de Jesus na Terra possibilitou recebermos a expiação. Por ser Ele carne e sangue, sua morte poderia derrotar a morte e nos levar a Deus. O corpo de Jesus, na encarnação, era exatamente como o de cada um de nós. Seu corpo humano foi colocado num túmulo depois da sua morte (Mc 15.43-4?).”11
Tudo o que vivemos na vida, suas alegrias como as suas tristezas, seus acertos como também seus erros, seu presente como seu passado, só são possíveis devido à existência de nossa dimensão corporal. Possuímos um corpo que está sujeito às limitações do espaço e do tempo. Aqui debaixo do sol não deveríamos esquecer que nosso corpo possui essa dimensão temporal. Por isso o que seremos amanhã depende muito do que fazemos com o nosso corpo agora.
Pus em destaque em um outro livro de minha autoria, que a Escritura não vê nosso corpo como sendo algo mau ou ruim. Não, pelo contrário, a Bíblia mostra que a nossa dimensão temporal é tão importante quanto a espiritual (1 Co 6.19,20). Jesus soube cuidar bem do seu corpo. Devemos, pois cuidar do nosso corpo e fazer uso dele para a glória de Deus.12
A real importância da dimensão corporal do homem não tem sido bem entendida na nossa cultura ocidental. Isso se deve à influência da cultura grega que herdamos. Para os gregos, que se valiam de métodos metafísicos nas suas análises antropológicas, a parte mais importante do homem era a sua alma e não o seu corpo. Para eles a alma seria a mais perfeita, portanto, a causa da existência e não o corpo que seria o seu efeito. Todavia os judeus, tendo em Filo de Alexandria o seu expoente maior, e o cristianismo paulino já viam o homem nas dimensões: somática (corpo); psíquica (alma) e espiritual (espírito).
O filósofo Battista Mondin mostra a importância da nossa dimensão corporal, pois sem um corpo: Não podemos nos alimentar; não podemos nos reproduzir; não podemos aprender; não podemos nos comunicar e não podemos nos divertir. Ainda de acordo com esse filósofo italiano, é mediante o corpo que o homem é um ser social. Os fantasmas nos assustam porque não tem corpo. E mediante o corpo que o homem é um ser no mundo.13
Acrescenta-se a essa dimensão corporal, uma outra — a social. Jesus, com um homem, também aprendeu a viver nos limites dessa dimensão social. Como galileu e residente em Nazaré, ele aprendeu a conviver com o povo dali. Possui até mesmo o sotaque dos galileus. “Nazaré era um povoado pequeno, destaca Sérgio Junqueira, onde todo mundo conhecia todo mundo. O povo de lá conhecia Jesus e a sua família (Mc 6.3). Jesus conhecia o povo (cf. Jo 2.24,25). Nessa convivência de trinta anos, aprendeu as inúmeras coisas que todos nós aprendemos, como que naturalmente, ao longo dos anos da vida: as tradições, os costumes, as festas, os cânticos, os tabus, as histórias, os medos, os poderes, as doenças, os remédios. Quando Jesus, a partir da sua experiência de Deus como Pai, começou a agir e a falar diferente do que sempre havia sido ensinado, o povo de Nazaré estranhou, não gostou nem acreditou (Mc 6.4-6). E quando, numa reunião da comunidade, Jesus começou a ligar a Bíblia com a vida deles (Lc 4.21), a briga foi tanta que quiseram mata-lo” (Lc 4.23-30).14
As Dimensões Psíquica e Espiritual de Jesus
Por fim Jesus também possuía as dimensões psíquica e espiritual. David Nichols sublinha que foi Jesus mesmo quem reconheceu sua dimensão psicológica quando empregou a palavra grega psichê (alma) para descrever o que ocorria no seu interior quando agonizava no Getsêmani. Jesus, portanto, teve consciência de suas emoções quando externou em diferentes momentos de sua vida sentimentos de alegria e tristeza. “Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26.36-38).15
Por outro lado, observa Nichols, Jesus também tinha consciência de sua dimensão espiritual. Lucas nos informa que Jesus mesmo usou o termo grego pneuma, traduzido em português como espírito, quando expirou na cruz do calvário (Lc 23.46). Nichols destaca que no contexto do evangelho de Lucas, a palavra “espírito” (pneuma) sem sombra de dúvidas indica a dimensão da existência humana que continuará na eternidade depois da morte. Esse é um fato relevante porque demonstra que foi como um ser humano, de carne e osso, que Jesus morreu.
Capacitado pelo Espírito
Desde o primeiro capítulo deste livro chamo a atenção para a teologia carismática de Lucas. Jesus foi capacitado pelo Espírito Santo para realizar as obras de Deus. Talvez em nenhum outro ponto ela é mais clara quanto no contexto da kenosis de nosso Senhor. Jesus como homem, vivendo as limitações que a encarnação lhe proporcionou, dependeu durante todo o seu ministério da ação do Espírito Santo. Esse é um fato observado por todos os manuais de teologia sistemática.16
Heber Campos, por exemplo, destaca que o Filho, em si mesmo, não precisava de suporte ou da ajuda do Espírito Santo, mas quando
o Verbo se fez carne, assumindo a nossa humanidade, ele se colocou na condição de Servo necessitando do socorro do Espírito Santo para exercer o seu ministério. Por essa razão, citando a passagem de Isaías 61, Jesus diz de si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4.18). Jesus precisou, por causa de sua humanidade, do suporte do Espírito Santo para realizar o seu ministério. Deus não quebra as suas leis nem mesmo com o seu Filho. Ao encarnar, Ele se tornou como um de nós, carente da ação do Alto para poder realizar sua missão entre os homens.17
Pastor Jose Gonçalves
NOTAS
1 Em seu livro Jesus Viveu na índia - a desconhecida história de Cristo antes e depois da crucificação, o escritor Holger Kersten defende a tese de que Jesus no início da adolescência rumou para a índia, onde foi iniciado no budismo por monges. Afirma ainda que a morte de Jesus na cruz teria sido apenas a aparente. Após a Crucificação, socorrido por discípulos, Cristo regressou para o Oriente, onde viveu até a velhice. (25a Ed., Editora Best Seller: Rio de Janeiro, 2009).
2 Nazaré no tempo de Jesus era uma pequena aldeia agrícola com menos de 500 habitantes, cuja paisagem é pontuada por casas pobres de chão de terra batida, teto de extrato de madeira cobertos com palha, muros de pedras coladas com argamassa de barro, lama ou até de uma mistura de esterco para proteger os moradores da variação da temperatura local (As Aventuras na História — as reportagens fundamentais, 10 anos). Editora Abril.
3 GONÇALVES, José. Defendendo o Verdadeiro Evangelho. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
4 Evangelho Árabe da Infância in Apócrifos — os proscritos da Bíblia. São Paulo: Ed. Mercúrio, pg. 166,167.
5 FIGUEIRA, Eulálio & JUNQUEIRA, Eulálio. Teologia e Educação
- educar para a caridade e a solidariedade. São Paulo: Editora Paulinas, 2012.
6 FIGUEIRA, Eulálio & JUNQUEIRA, Eulálio. Teologia e Educação - educar para a caridade e a solidariedade. Editora Paulinas, 2012, São Paulo, SP.
7 Palavra derivada do grego que significa esvaziamento, e que se traduz em Filipenses 2.7 como “a si mesmo se esvaziou”. No século XVIII e, particularmente no XIX, essa mensagem de Filipenses veio a ser a base de uma interpretação cristológica que buscava explicar a possibilidade da encarnação afirmando que o Verbo ou Palavra eterna de Deus se esvaziou a si próprio dos atributos que são incompatíveis com o ser humano (onipotência, onisciência etc.) com a finalidade de poder encarnar-se (GONZALEZ, Justo. Breve Dicionário de Teologia. São Paulo: Ed. Hagnos, 2009).
8 CAMPOS, Heber Carlos. A Humilhação do Redentor - a encarnação e sofrimento. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
9 CAMPOS, Heber Carlos. A Humilhação do Redentor. Op.cit.
10 Oscal Cullmann observa: “o que se manifesta precisamente no fato de haver-se “despojado”, vale dizer que resolver tornar-se um homem e incorporar-se ã humanidade decaída da semelhança de Deus (Cristologia no Novo Testamento. São Paulo: Editora Hagnos, p.233).
11 HORTON, Stanley M. org. Teologia Sistemática - uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
12 GONÇALVES, José. Sáhios Conselhos para um Viver Vitorioso. Rio de Janeiro: CPAD.
13 MONDIN, Battista. O Homem, quem é Ele? — Elementos de Antropologia Filosófica. Editora Paulinas.
14FIQGUEIRA, Eulálio & JUNQUEIRA, Sérgio. Teologia e Educação — educar para a caridade. Editora Paulinas.
15 NICHOLS, David R. in Teologia Sistemática — na perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
16 Dizer que Jesus se humilhou ao assumir a forma de servo, tornando-se dessa forma um homem semelhante a nós e que por isso mes mo dependeu do Espírito Santo para realizar as obras de Deus, é uma verdade bíblica inconteste. Todavia afirmar que graças a esse fato, nós podemos ser encarnações de Deus como o foi Jesus de Nazaré, é uma heresia grotesca. Esse mesmo Espírito que capacitou Jesus posteriormente foi derramado sobre os crentes, mas não para torná-los deuses em suas naturezas, mas para revesti-los de poder, capacitando-os assim a continuar fazendo as obras de Deus que tiveram início com Jesus de Nazaré.
17 CAMPOS, Heber. A Humilhação do Redentor - encarnação e sofrimento. Editora Cultura Cristã.
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