Tenho estado alerta com a expressão: “Isto vai acontecer naturalmente” ... Principalmente quando se trata de decisões e atitudes que precisam ser assumidas deliberadamente e não podem ser postergadas. Minha resposta a esta afirmação, quase sempre, tem sido: “Não vai acontecer... é preciso intencionalidade se desejamos que projetos se tornem exequíveis e efetivados”. Sem vontade e disponibilidade em caminhar na direção de metas e objetivos, nada acontece. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Vandré).
A casualidade e a espontaneidade podem até nos surpreender, mas na maioria das vezes, as coisas acontecem porque objetivamente agimos em direção aos alvos, e isto exige esforço e perseverança. Já é corriqueiro dizer que a único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. Toda vitória e conquista se dá por tenacidade, objetividade, planejamento e intencionalidade. Se deixarmos acontecer, "naturalmente", veremos como a segunda lei da termodinâmica de Einstein, “A Lei da Entropia” é real: “Toda matéria, entregue a si mesma, tende a se deteriorar, nunca a organizar-se”. A geração espontânea, resultante de casualidade, é ainda uma teoria, uma hipótese não comprovada, por isto nunca se tornou uma lei. Mas tem muita gente apostando nela.
Deixe, por exemplo, a sua casa sem cuidados, seu jardim sem carpir. Em pouco tempo haverá uma profunda depreciação e acúmulo de sujeira e deterioração. A tendência natural é auto desorganização, e isto se aplica a todas as áreas da vida. Aprendizado não acontece “naturalmente”, vida espiritual não amadurece “naturalmente”, relacionamentos não se constroem sem investimento, vontade, ações concretas e intencionalidade. Certo filósofo cínico ouviu a furiosa afirmação de um irritado interlocutor: “Morro se eu não acabar contigo”. Ele respondeu: “Morro, se não fizer de você um amigo!” Se esperarmos que o casamento dê certo “naturalmente”, sem investirmos em perdão, cuidado, amizade – ele vai acabar.
Isto também se aplica ao trabalho: “Minha promoção virá automaticamente”. A menos que seja uma empresa sem metas e alvos, ou um órgão público sem nenhuma gestão efetiva, isto nunca acontecerá. É fundamental demonstrar interesse, competência, preparo, para que as coisas aconteçam.
Veja como a Bíblia descreve o preguiçoso: “Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em ruínas... um pouco para dormir, um pouco para cochilar, um pouco para cruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a sua pobreza como um ladrão, e a sua necessidade, como um homem armado” (Pv 24.30-34).
Ele age naturalmente. Não trabalha, dorme demais, é indolente, sem propósito, e o resultado é calamidade e pobreza. Quem espera e deseja algo, precisa ser proativo, objetivo e intencional. Não espere resignadamente que a geração espontânea seja o seu lema. Plante sementes e espere colheitas. Assim é a lei da vida.
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