Impossível não ser envolvido pela magia, emoção e charme das Olimpíadas Rio 2016. Ao sair de casa minha sogra com seus 81 anos, me pediu para deixá-la com o controle remoto dos 15 canais da Sport TV a fim de escolher o jogo que mais lhe interessasse. Certamente que o maior evento esportivo do planeta envolveria cifras surpreendentes e números bizarros, mas tudo se tornou ainda mais significativo por ter acontecido no Brasil.
Quem esteve acompanhando os eventos não pôde deixar de se emocionar com a conquista da medalhista de ouro no judô, pelo baiano vitorioso no boxe, pelo desconhecido garoto que surpreendeu na canoagem. E como não ficar triste com a derrota do vôlei feminino bi-campeão olímpico que não conseguiu avançar? E as meninas do futebol arte e de garra que também foram derrotadas? Com a Fabiana Murer, campeã no salto com varas que não conseguiu sequer se classificar para as finais? Haja coração!!!
Embora torçamos pelo esporte brasileiro, o maior legado que as olimpíadas poderiam nos deixar seria de uma virada de jogo no Brasil. Que as histórias de superação nos inspirassem a sonhar que é possível construir um país melhor, que é possível fazer as coisas com excelência. O Rio de Janeiro, apesar de todas as críticas, recebeu benefícios permanentes com reformas da cidade, já necessárias a tanto tempo, mas isto é ainda pouco quando se fala de possibilidades.
Ao vermos as aberturas dos jogos, ficamos com a sensação de que o Brasil pode fazer algo melhor do que tem apresentado. Não falta criatividade, disciplina e competência quando se busca fazer com excelência. O que vimos nos fez pensar no Brasil grande, que é possível ser construído se houver foco, determinação e disposição. Coisas estas que a medíocre burguesia política do nosso país, seja de esquerda ou de direita, insiste em querer desfazer.
As olimpíadas também denunciaram a tolice em se querer fazer as coisas pela metade, com má qualidade e vontade, e como isto se transforma em fiasco, como a execução dos projetos da Vila Olímpica foram demonstrando. Obras mal feitas ridicularizam seus feitores, e logo se tornam perceptíveis.
Seria possível aprender um pouco destas lições?
Lutar por uma melhor classificação no quadro de medalhas é um bom objetivo, ainda que seja setorial, mas lutar em fazer as coisas com excelência geram bem estar social e ambiental permanente, geram orgulho em uma nação, e transcende o evento em si, impactando o futuro, deixando um legado para filhos e netos.
Certamente as olimpíadas serão contadas nos livros de história do Brasil, e seria maravilhoso se este evento pudesse ser adicionado às transições históricas e politicas que temos atravessado na construção de um país melhor, transformando-se numa força poderosa e revolucionária que nos fizesse acreditar que dá para se construir um Brasil melhor, mais justo, mais seguro, mais civilizado.
Seria ainda fantástico se alguma lição pudesse ser aprendida pelos medíocres, podres e inescrupulosos poderes que insistem em dizer não às possibilidades de um país, que insiste em perder as oportunidades que a história oferece de se começar um novo tempo.
Que as olimpíadas nos ensinem a sonhar com um país seguro de si, como nos sentimos na abertura dos jogos olímpicos. Que aprendamos que é possível ser surpreendido quando se deseja fazer as coisas com excelência.
Rev. Samuel Vieira
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