Como é o namoro segundo a vontade de Deus?

De acordo com a cultura do “presente século”, o conceito de “namoro saudável” está, em muitos aspectos, distante daquele apresentado na Bíblia Sagrada, de modo que até muitos crentes em Jesus desconhecem os princípios bíblicos que devem orientar este relacionamento. Neste artigo, trataremos destes princípios. Como é o namoro segundo a vontade de Deus?

As estatísticas da Unesco mostram que se aprofundou entre os brasileiros de 11 a 24 anos a tendência aos namoros breves mas intensos que marcaram a adolescência nos anos 90. Acentuaram-se também a precocidade e a ousadia dos primeiros relacionamentos. O padrão, agora, vai muito além do que os pais estão imaginando. Nas principais capitais pesquisadas, a idade da primeira vez das meninas é 15 anos, e dos meninos, 14 anos. Quatro anos atrás, um levantamento do Ministério da Saúde apontava que a primeira vez dos adolescentes estava ocorrendo entre 16 e 19 anos. A diferença é muito grande entre uma menina de 15 anos e uma de 19. Na década passada, um em cada quatro adolescentes das grandes cidades brasileiras dizia a pesquisadores que os pais permitiam que ele... [tivesse relações sexuais] com a namorada ou o namorado em casa mesmo. Os dados atuais mostram que esse número quase dobrou.

Como não podia deixar de ser, o estudo da Unesco mostra que pelo menos numa coisa a juventude é coerente: os filhos querem menos palpites dos pais e mais liberdade. Sempre. Cada vez mais. Adoram os primeiros vôos da sexualidade, mas estão confusos e divididos sobre temas como virgindade, fidelidade, namoro e casamento. Os pesquisadores começam a detectar uma mudança na natureza dos namoricos dos anos 90, que os jovens chamaram de “ficar”. Ele pode estar se tornando para muitos uma relação mais séria – mesmo que paradoxalmente passageira e descompromissada. Antes, ficar era um termo novo para uma velha prática, a dos beijos e afagos íntimos. E agora? “A pesquisa registrou que muitos jovens passaram a... [ter relações sexuais] com quem ‘ficam’”, diz Maria das Graças Rua, professora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das coordenadoras do levantamento nacional feito pela Unesco. Aí está uma mudança e tanto cujas implicações cedo ou tarde os pais dos 37 milhões de brasileiros entre 15 e 24 anos terão de abordar com os filhos. [1]

A orientação bíblica

Diz a Escritura: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém (...) como se fosse a sua outra metade” (Gn 2:18 – NTLH). 
Com a criação de Eva, Deus deu a Adão alguém com quem ele pudesse se relacionar, conversar, dividir alegrias, descobertas, etc. O casamento é plano de Deus! Pois bem, o primeiro passo rumo a esta união é o namoro. É importante encará-lo com seriedade. Quem erra o primeiro passo, pode se complicar mais à frente. Cerca de 75% dos problemas que os casais enfrentam têm origem na época do namoro e do noivado. Um namoro problemático, fora dos padrões estabelecidos por Deus, é danoso e pode machucar os envolvidos. Para que isso não aconteça, vejamos alguns princípios orientadores para o namoro, contidos nas Escrituras.

1. A escolha certa no namoro:

O que o crente em Jesus precisa levar em conta, antes de escolher alguém para iniciar um namoro? Paulo dá um conselho eficaz, em II Coríntios: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos”(6:14a). Você sabe o que é o “julgo desigual”? De acordo com o contexto desta passagem, colocar-se em jugo desigual significa ter ligação com uma pessoa que é totalmente diferente. “Neste texto está relacionado a uma pessoa que não é membro da família da fé e que pode fazer com que um crente quebre a sua aliança com Deus”. Parece que o que está em questão é separar a religião pagã da religião cristã. Veja que Paulo é contundente na sequência: “porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? (...) Ou que união, do crente com o incrédulo?” (II Co 6:14-15). Na hora de escolher com quem namorar, o cristão precisa levar essa orientação das Escrituras a sério. É preciso conversar com a pessoa com quem se deseja namorar, saber quais são seus objetivos, seus propósitos, seus sonhos; conhecer a família. A fé que professa. Depois de tudo isso, é indispensável perguntar se vale mesmo a pena namorar. Será que não é roubada? Afinal, se namorar determinada pessoa significa risco de quebrar a aliança com Deus, é uma tremenda fria! É bom pensar, repensar e orar. Um namoro santo começa com uma escolha certa! “Por acaso andarão duas pessoas juntas, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3).

2. O propósito real do namoro:

Existe uma razão para namorar. A ideia de “namorar”, simplesmente por “namorar”, deve ser descartada. Por quê? Traga a sua mente o início da história humana: a união de um homem com uma mulher, por meio do casamento, conforme já dissemos, foi ideia de Deus. Foi ele quem disse:“Portanto, o homem deixará o seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher” (Gn 2:24). Não se apresse a ler este texto. Medite: O que Deus criou, aqui em Gênesis? O casamento, isso mesmo! Deus não criou o namoro. O namoro é o primeiro passo para o casamento. Se Deus nunca tivesse instituído o casamento, o namoro também não existiria. 

“Ah! Mais então quando duas pessoas começam a namorar, elas são obrigadas a se casar?!”

Não, lógico que não. Quando duas pessoas começam a namorar, isso não significa, absolutamente, que irão se casar. Muitas coisas podem acontecer, durante o relacionamento, inclusive, o término dele. Entretanto, um namoro deve significar, pelo menos, que os envolvidos pensam em se casar. O namoro deve visar ao casamento. O conceito de “curtição” deve dar lugar ao conceito de“preparação”. Esse é o propósito real do namoro. É claro que isso não significa que a pessoa deva começar a namorar hoje e casar-se amanhã. Casamento é coisa séria. Todavia, deve, no mínimo, começar a pensar no assunto. 

3. O objetivo cristão no namoro:

Todo cristão tem um objetivo, em sua caminhada: agradar a Deus. Sobre ele, Paulo disse aos irmãos de Corinto: “seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (I Co 10:31). Paulo está tratando de um assunto complicado, neste capítulo, desta carta endereçada aos crentes daquela cidade. Ele aproveita a ocasião para estabelecer uma regra geral para a conduta dos cristãos e aplicá-la a este caso particular. Ele ensina que o nosso alvo deve ser a glória de Deus, sempre! Veja a ênfase que Paulo dá: “tudo para a glória de Deus”. “Tudo”o que fizermos (e isso inclui o namoro), devemos antes perguntar “Deus será glorificado? Antes de participar desta atividade, poderei curvar a cabeça e pedir que o Senhor seja engrandecido por meio daquilo que estou prestes a fazer?”. Como cristão, devo fazer tudo para glória de Deus. Tenho uma responsabilidade. A questão então, não é encaixar minha vida espiritual com meu namoro, mas meu namoro à minha vida espiritual. Muitos pensam que orar no namoro é “caretice”; meditar na palavra então... Todavia, não se engane! Quem não tem tempo para isso no namoro, não terá também no casamento. Se Deus não é glorificado no namoro, não será também no casamento. 

4. A sutil ameaça do namoro:

Um namoro é um relacionamento entre duas pessoas. Infelizmente, a maioria dos casais de namorados leva isso muito a sério e esquece o resto do mundo. As outras pessoas passam a ser meros coadjuvantes, no filme da vida dos dois, que só se preocupam um com o outro. Não são raras as vezes em que um casal começa a namorar e abandona seus amigos, ignora seus pais, deixa de lado seus irmãos – os da igreja e os sanguíneos - exige exclusividade irrestrita. Muitos são os que“terminam seus namoros e encontram quebrados os seus laços de amizade com os outros”. Isso é muito perigoso! Na Bíblia, encontramos um princípio muito importante sobre a maneira correta de mostrarmos amor uns pelos outros. Vejamos: “Que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção” (Fp 1:9). A palavra “conhecimento” aqui indica os princípios espirituais que devem guiar os nossos relacionamentos uns com os outros. Apesar de o texto se referir ao “amor fraternal”, entre os crentes em Jesus, os casais de namorados não perderiam em nada se o aplicassem em seu relacionamento. O amor não pode ser cego, conforme é encarado e declamado no conhecimento popular; deve aumentar em conhecimento e percepção. Por isso, quem namora deve amar de forma inteligente! Não se afaste dos seus amigos, não ignore seus pais, não despreze seus irmãos. 

5. O cuidado físico no namoro:

O namoro deve ter limites físicos muito bem estabelecidos. Pensemos num princípio bíblico relevante, neste sentido. A Bíblia diz: “A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa” (I Ts 4:3-4 – NVI). Essa orientação do apóstolo Paulo é escrita numa época em que o mundo greco-romano era um verdadeiro caos sem lei. Parecia que a vergonha havia “sumido da terra”. A igreja surge dentro deste contexto pervertido. Orientações sobre a vida sexual precisavam ser dadas. Paulo mostra que o crente em Jesus deve saber controlar o seu corpo em santidade e honra. Mais que isso: ele indica a maneira, através de uma expressão interessante, no versículo 6: “e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão”. Atente para a palavra“defraudar”. Ela significa “despertar um sentimento ou desejo no outro que não pode ser licitamente satisfeito”, ou “ultilizar como se fosse sua a propriedade de outra pessoa”. É por isso mesmo que quem namora deve tomar cuidados físicos redobrados. Evitar a todo custo provocar o desejo sexual no outro através do contato físico exagerado ou por meio de roupas sensuais e etc. Intimidade sexual, sem compromisso sério, é “defraudar”. O corpo do (a) namorado (a) não pertence à namorada (o) enquanto eles não se casarem. Lamentavelmente, neste aspecto (e em muitos outros), a mídia faz um total desserviço. Vivemos numa época em que os “senhores” do mercado, os “poderosos” da mídia, querem nos convencer de que não podemos viver sem sexo. Eles o apresentam semelhante a mais um item numa prateleira de supermercado “a ser consumido”. Deste modo, dizer que praticar o sexo fora dos laços do matrimônio é “defraudar” soa meio “antiquado”. Mas não se esqueça: esse é o padrão de Deus. Ele é irrevogável. Portanto, é necessário obedecer-lhe. 

Na sequência, continuando a nossa busca por princípios bíblicos que devem orientar o namoro, veremos o que deve, de fato, acontecer neste relacionamento.

"A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa". (I Ts 4:3-4 – NVI)

Aplicação e mudança de atitude

Quem namora, precisa aperfeiçoar a capacidade de se relacionar.

Você já ouviu falar em “namoro virtual”? Pois é, a cada dia que passa, cresce o número da lista de pessoas que se inscrevem em sites de relacionamentos, em busca de um “namoro” assim. Mas acontece que relacionamentos “exigem muita dedicação e habilidade”. São poucos os que estão interessados em desenvolvê-los com seriedade. O namoro virtual pode até ser “bom” para o bolso, mas priva “casal” de uma das maiores oportunidades oferecidas pelo namoro: a capacidade de aperfeiçoar os relacionamentos. É grande o número de pessoas que são relacionalmente um desastre. Tanto no ambiente familiar como em outros locais, são inseguras, afoitas ou até mesmo estouradas, explosivas. Quem não sabe se relacionar, só tem a perder. A Bíblia diz que duas pessoas juntas podem lucrar muito mais do que uma sozinha (Ec 4:9 – BV). Pois bem, o namoro pode ser “um período de grande crescimento e descoberta nesta área”.

Quem namora, precisa desenvolver a capacidade de se controlar.

O namoro tanto pode ser um tempo de muita bênção e alegria, quanto pode ser um período triste, a fazer parte de um passado a ser esquecido e enterrado. Tudo vai depender da forma com que é encarado. Quando o casal avança os limites estabelecidos por Deus, o risco do namoro se tornar um tempo de frustração é muito grande. É preciso autocontrole. Se quer agradar a Deus, quem namora, precisa desenvolver esta virtude. O ato de protelar a relação sexual até o casamento serve para isso. É pedagógico. Mostra que o “relacionamento e a verdadeira preocupação com o outro são mais importantes que a satisfação pessoal e a expressão sexual”. Quando esse princípio é levado a sério, o namoro se torna uma ótima oportunidade para se exercitar o autocontrole ou domínio próprio, uma das características do fruto do Espírito (Ef 5:23).

Quem namora, precisa aumentar a capacidade de se comunicar.

Quanto tempo o casal de namorados passa conversando? Geralmente, muito pouco. Isso é um sinal de alerta! Não adianta se iludir, se, no namoro, não existe diálogo, no casamento não existirá também. Em Provérbios, o “controle da boca” é uma virtude desejável a ser perseguida, pois o que controla a sua boca preserva a vida (13:3a). “Controlar a boca” não é ficar sem falar, mas falar na hora certa: “como é bom uma palavra na hora certa!” (Pv 15:23). Meditar no que responder: “O coração do justo medita sobre o que se deve responder” (Pv 15:28). Todas essas práticas precisam ser exercitadas no namoro: “Palavras suaves são como favos de mel, doçura para alma e saúde para o corpo” (Pv 16:24).

Você que está terminando de ler estas palavras, deve saber o quanto o casamento é importante para Deus. Sabe que ele deve ser uma união indissolúvel: “o que Deus uniu não separe o homem”(Mt 19:6b). Pois bem, o sucesso no casamento, depende, em muitos fatores, do sucesso no namoro. Então, se você for pai ou mãe, oriente seus filhos sobre o namoro segundo a vontade de Deus. Não tenha medo de falar! E, se você for jovem, ou uma pessoa que está namorando ou pensando em namorar, não adie: conduza seu relacionamento de acordo com os princípios das Escrituras Sagradas. 

Vale a pena.

Notas:

[1] CARELLI, Gabriela. O sexo começa cedo e com ousadia: Estudos da Unesco mostra que a iniciação sexual dos brasileiros está mais precoce e os namoros, muito quentes. Disponível em: Revista Veja On line (http://veja.abril.com.br/130202/p_080. html) Acessado em 25\09\2009.

DEC - PCamaral

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