Certa pessoa, desempregada há vários meses, com todas as suas finanças em desequilíbrio, procura o terapeuta por causa de uma grave crise no seu casamento. Depois de um tempo de conversa e apoio, pode ver que aquela, definitivamente, não era boa hora para discutir relacionamento conjugal, afinal, poderia ele julgar corretamente os fatos debaixo da pressão da falta de recursos financeiros?
Uma jovem recém casada procura sua mãe, sentindo-se inadequada, triste e deprimida. Sua mãe, sabiamente a indaga se naqueles dias em que estava na sua tensão pré menstrual, ela estaria apta para julgar a realidade sem que fosse afetada pelas suas alterações hormonais. A jovem compreendeu que realmente não estava em boas condições, já que sua TPM a fazia distorcer os fatos, fazendo com que os problemas parecessem maiores do que realmente eram.
Na Bíblia encontramos o relato e desabafo do salmista Asafe, um dos grandes músicos de Israel, e sua visão sobre Deus estava profundamente alterada. “De noite indago o meu íntimo, e meu espirito perscruta. Rejeita o Senhor para sempre? Acaso não torna a ser propício? Cessou perpetuamente sua graça? Esqueceu-se Deus de ser bondoso?” Ao lermos atentamente estes versículos concluímos que algo estava distorcido na sua compreensão sobre o Eterno, mas em seguida, ele faz a seguinte observação: “Então, disse eu: Isto é a minha aflição!”
Em todos estes casos, podemos perceber que as leituras que faziam estavam sendo distorcidas por uma circunstância ou pela saúde, e isto é muito mais comum do que imaginamos. Portanto, considere o seguinte: Ao fazer julgamentos duros, implacáveis e severos demais sobre a vida, os outros, sobre você ou Deus, pergunte a si mesmo: Estou emocionalmente bem para avaliar corretamente os fatos ou estou deixando que a pressão do momento, o stress ou meus hormônios me dirijam?
Conflitos, enfermidades, lutos e tragédias podem nos desequilibrar, e quando tomamos decisões ou fazemos asseverações radicais nestes momentos, quase que inevitavelmente nos equivocaremos e traremos consequências danosas para nossa vida.
Então, se conseguir lembrar, veja se as emoções, a situação e a saúde são aliados ou inimigos. Se perceber que algum destes fatores o leva a julgamentos equivocados, reflita um pouco mais, antes de ser conclusivo. Outros momentos melhores virão quando, com ânimo sereno, você terá condições de julgar melhor os fatos.
Dráuzio Varella, no livro “o fio da navalha” afirma que “preconceitos distorcem a realidade mais do que alucinações”. O mesmo podemos dizer das emoções. Uma pessoa debaixo de pressão, pode encontrar dificuldade de ver as coisas como de fato elas são, e avaliar baseado naquilo que parecem ser. Cuidado com seu emocional: ele pode distorcer seus julgamentos e até mesmo a realidade.
Rev. Samuel Vieira
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