Ideologia é o conjunto de ideias, pensamentos e doutrinas que um indivíduo, ou grupo de indivíduos, possui a respeito de questões de cunho social ou político.
Apesar de podermos categorizar, ao menos, uma dezena de possibilidades nestes campos, no Brasil, neste tempo que vivemos, ficamos reduzidos a apenas duas possibilidades.
Assim, usando a dialética de Heigel, ou somos “tese”, ou somos “antítese”, estamos fadados a ser, ou de direita, ou de esquerda. Minha questão, todavia, é a seguinte: e quem não cabe nessas duas caixas, faz o quê?
Ora, minha indagação se dá pelo seguinte: eu escolhi nem ser de direita, nem de esquerda, e agora, o que faço? Se não entro numa “caixa”, fico fora do “jogo”? Será que eu não posso apoiar causas da direita, quando julgar que elas são justas, e causas da esquerda, quanto entender que elas são verdadeiras? Por que tenho que ter um lado se posso ter todos os lados?
Bem, eu digo isso porque acredito que Jesus era assim, ele não tinha uma ideologia social, nem muito menos política. Na verdade, o que Jesus propôs foi uma “nova ideologia”, um conjunto de valore e princípios que ele chamou de “Evangelho”.
Em síntese, o que essa “ideologia” pressupõe é a possibilidade de vivermos a vida tendo como premissa uma nova forma de olhar tudo o que nos cerca: o mundo, as pessoas, a cultura, a política, a sociedade e todas as dinâmicas presentes no cotidiano.
O evangelista Mateus registrou, no Sermão do Monte, uma fala de Jesus que resolve a problemática do maniqueísmo ideológico de “direita e esquerda”. Diz o Galileu: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não...”. Sabe o que significa? É bem simples: o que for justo e verdadeiro, independente de qual seja a fonte ideológica, deve sempre encontrar naqueles que se dizem discípulos de Jesus a disposição para o “sim”, e o que for injusto e mentiroso, deve sempre obter de seus discípulos uma disposição para o “não”.
Em Jesus, não importa a corrente ideológica, o que é bom, é bom, o que é ruim, é ruim, independente de que lado esteja. E ele completa a frase dizendo: “... porque o que passa disto é de procedência maligna”, ou seja, se você, por conta de uma questão de ideologia social ou política, de condicionamento academicista, de doutrinação religiosa, de indução filosófica ou manipulação marqueteira, transforma aquilo que é “sim”, em não, ou aquilo que é “não”, em sim, você está se permitindo manipular pelo maligno, uma vez que o mal não suporta nem a verdade, nem a justiça, o negócio do mal é fazer o que é bom ser ruim, e o que é ruim ser bom.
Por isso, para mim, é muito fácil aplaudir a direita e elogiar a esquerda, e também é natural recriminar a esquerda e denunciar a direita, uma vez que eu não estou preso a nenhum destes condicionamentos, não me acho confinado a nenhuma das duas “caixinhas”, nem sou refém de quaisquer destes pressupostos, minha “ideologia” é o Evangelho, e nele eu posso ser de qualquer lado, desde que esse lado proponha a paz, o bem e a vida.
É simples assim. Mas você acredita que, curiosamente, a maioria das pessoas não consegue entender isso...
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