Lição 01 - Introdução à primeira carta a Timóteo (1 Tm 1.1-7) - Jovens.

INTRODUÇÃO - Muitos eruditos já escreveram acerca das Cartas Pastorais com profundidade e riqueza de detalhes quanto à sua historicidade, autoria, estilo, canonicidade, conteúdo e propósito. São ricos comentários que, nas suas introduções, analisam e refutam críticas antigas e modernas quanto à autenticidade e à autoria paulina.

Esta obra não ignora as modernas controvérsias acadêmicas em torno das Pastorais, mas, propositalmente, passa ao largo delas. Em primeiro lugar, porque o caráter minoritário, periférico e insustentável das críticas dispensa novas discussões. Em segundo lugar, porque o próprio estudo das Pastorais ensina-nos que não é necessário deter-nos no campo de questões intermináveis, que não produzem edificação (1 Tm 1.4; Tt 3.9-11). E em terceiro lugar, porque com o presente texto sequer se esboça a pretensão de alcançar a erudição de tantos excelentes estudiosos do Novo Testamento. Nosso foco maior será ressaltar o caráter prático dos ensinos paulinos, buscando, o tanto quanto possível, contextualizá-los com a vida da igreja de nossos dias.

Apesar de tornar-se verdadeiro lugar-comum dizer que esse ou aquele livro da Bíblia é singular por conta da peculiaridade de cada um e de todos eles, não há como deixar de acentuar a distinção das cartas de Paulo a Timóteo e a Tito em relação a todos os demais livros das Sagradas Escrituras, até pelo título que passaram a receber a partir do século XVIII: Cartas Pastorais.1

Dos 27 livros do Novo Testamento, 1 e 2 Timóteo e Tito foram os únicos escritos a pastores, com notas pessoais e, principalmente, exortações práticas a respeito da função dos dirigentes eclesiásticos, especialmente o seu testemunho pessoal e o compromisso com a ortodoxia, que Paulo seguidas vezes denomina de “boa doutrina” (1 Tm 4.6), “sã doutrina” (2 Tm 4.3; Tt 2.1), “sãs palavras” (1 Tm 6.3; 2 Tm 1.13) ou simplesmente “doutrina” (1 Tm 1.4.16; 5.17; 6.1,3).

Além do caráter eclesiológico prático das cartas, um dos aspectos mais impressionantes das Pastorais é como elas são encaixadas na história do Novo Testamento e, em especial, da vida e do ministério de Paulo, complementando a narrativa que ficou visivelmente inacabada com o relato produzido por Lucas em Atos. O Autor das Escrituras cuidou para que os registros prosseguissem e a Igreja fosse brindada com a riqueza das Pastorais.

Talvez a singularidade das Pastorais não nos impressione tanto, já que é característico das Escrituras Sagradas ter cada um dos seus 66 livros como uma produção literária ímpar, formando o todo da revelação divina escrita de maneira a expressar uma das extraordinárias belezas das Escrituras, que é a sua completude. Na Bíblia, nada falta e nada sobra.

As missivas de Paulo a Timóteo e a Tito exercem um papel fundamental no contexto da revelação de Deus escrita, lançando luz sobre um período da vida do apóstolo dos gentios não coberto por qualquer outro texto neotestamentário. As cartas às igrejas já estavam em circulação (49–63 d.C.). A carta pessoal a Filemom também já havia sido escrita (62 d.C.). De igual modo, o livro de Atos (63 d.C.), que Lucas encerrara com Paulo preso em Roma.

O que teria acontecido depois dos fatos narrados em Atos 28? É nesse contexto que surgem as Cartas Pastorais, relevando-nos que, depois de livre da sua prisão domiciliar, Paulo realizou mais uma viagem missionária, indo, provavelmente, à Espanha — desejo este que expressou na carta que escreveu aos Romanos (Rm 15.28) — e retornando a terras onde já estivera, como é o caso de Creta, onde deixou Tito, e Éfeso, onde rogou a Timóteo que ficasse.2

Durante a continuidade da sua viagem pela Ásia Menor (parte asiática da atual Turquia), Macedônia (sudeste da Europa) e Acaia (região sul da Grécia), Paulo escreveu 1 Timóteo e Tito. O apóstolo esperava rever a Timóteo, talvez na própria Éfeso (1 Tm 3.14), e reencontrar-se com Tito em Nicópolis (Tt 3.12), na costa ocidental da Grécia.

Não houve tempo! O sanguinário imperador romano Nero, que governou de 54 a 68 d.C., havia inaugurado uma terrível perseguição aos cristãos, a quem atribuíra a culpa pelo incêndio de Roma (julho de 64 d.C.), que, provavelmente, ele mesmo causara. Paulo foi novamente preso, talvez na própria Nicópolis, em Trôade ou Mileto (2 Tm 4.13,20) e levado para a capital do império.

Foi de dentro de uma das várias prisões romanas — talvez da fria e escura Prisão Mamertina, como diz a tradição — que Paulo escreveu a sua segunda carta a Timóteo, já por volta do ano 67 d.C., consciente de que a sua vida e ministério estavam chegando ao fim: “O tempo da minha partida está próximo” (2 Tm 4.6). Ele foi martirizado provavelmente naquele mesmo ano, 67, por ordem de Nero.

Se Paulo não tivesse escrito as Pastorais, não conheceríamos com tanta clareza como era a estrutura dos ministérios locais nas igrejas do primeiro século e quais são as qualificações fundamentais para os presbíteros e diáconos. Não teríamos detalhes importantes do seu profundo e afetuoso relacionamento com o seu “amado filho” Timóteo (2 Tm 1.2), e um pouco mais da sua extrema confiança (e também afeição) devotada a Tito, o seu “verdadeiro filho” (Tt 1.4).

Aliás, com eles vemos sinais claros da transição e continuidade do serviço pastoral nas igrejas do primeiro século, já que Timóteo e Tito eram verdadeiros “delegados apostólicos”, ou seja, legítimos representantes de Paulo, com autoridade para organizar igrejas, ensinar, corrigir desvios doutrinários, estabelecer presbíteros e exercer a disciplina eclesiástica.

Talvez o que mais impressione nas Pastorais seja a confirmação de como dois jovens talentosos como Timóteo e Tito tenham sido capacitados para serem tão dedicados e perseverantes no serviço cristão em tempos tão remotos e difíceis. Sabemos que não foi outra a razão senão a graça de Deus operando neles e por intermédio deles. Isso, porém, não retira a participação de ambos com a disposição própria e a firmeza de caráter, fruto de decisões pessoais sustentadas por renúncia contínua, a despeito de todos os desafios, sofrimentos e, decerto, tentações.

Nas Pastorais, encontramos dois jovens que, por não terem desistido de servir a Deus do jeito certo — compreendendo todos os aspectos do verdadeiro ministério, o que inclui a submissão e a obediência a um autêntico e equilibrado líder espiritual —, foram dignos de receber missões difíceis e de alta relevância de ninguém menos que Paulo, o apóstolo dos gentios, o mais destacado de todos os servos de Cristo, digno de ser imitado, como ele próprio afirmou: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1 Co 11.1).

Nas Pastorais, Timóteo e Tito dizem o mesmo para nossa geração. Que sejamos os seus imitadores, devotando o melhor de nossa vida para a causa de nosso Mestre.

Já com cerca de 60 anos de idade e depois de experimentar cinco longos anos de prisão,3 Paulo lança-se a mais uma viagem missionária, a quarta e última da sua vida e ministério apostólico. Na ilha de Creta, na Grécia, deixa Tito cuidando das igrejas que havia fundado (Tt 1.5). Já em Éfeso, capital da Ásia Menor, deixa Timóteo com semelhante missão. Algum tempo depois, escreve para ambos: primeiro, para Timóteo; depois, para Tito. Mais tarde, enquanto novamente preso em Roma, volta a escrever para Timóteo. Assim, Paulo produz as três cartas que, a partir do século XVIII, passariam a ser conhecidas como Epístolas Pastorais: 1 e 2 Timóteo e Tito.

As Pastorais, portanto, são cartas de um experiente apóstolo, “Paulo, o velho” (Fm 9), para dois jovens e fiéis colaboradores, Timóteo e Tito. As cartas foram escritas para reforçar recomendações que já haviam sido dadas e conferir autoridade às missões pastorais na terceira mais importante igreja do primeiro século, Éfeso, 4 e na enorme ilha grega onde o apóstolo fundara igrejas em algumas das suas muitas cidades. Mais do que textos pessoais, as Pastorais contêm ensinos práticos para a vida da igreja e apresentam “lampejos de conceitos doutrinários”, como assinala Donald Guthrie.5

O Contexto Histórico

As datas atribuídas a muitos eventos da era neotestamentária (o primeiro século da era cristã) e à escrita dos 27 livros que compõem o Novo Testamento não são exatas, como também ocorre com textos do Antigo Testamento que não possuem datação precisa. É possível chegar a datas aproximadas a partir de muitos fatos da história geral citados nas obras, mas não a datas específicas e precisas para a escrita de cada livro.

Esta obra trabalha com datas em torno das quais há significativo consenso, encontradas a partir de uma visão geral dos livros canônicos à luz da cronologia dos fatos que neles são narrados. Seguindo esse padrão geral, podemos estabelecer as seguintes datas para os eventos que mais nos importam no estudo das Cartas Pastorais:

• Nascimento de Paulo: 5 d.C.;

• Conversão de Paulo: 35 d.C.;

• Primeira viagem missionária: 47–49 d.C.;

• Segunda viagem missionária: 49–51 d.C.;

• Terceira viagem missionária: 52–57 d.C.;

• Prisão de Paulo em Jerusalém e Cesareia: 58–60;

• Primeira prisão de Paulo em Roma: 61–63 d.C.;

• Quarta viagem missionária de Paulo: 63–65 d.C.;

• Segunda prisão de Paulo em Roma: 65–67 d.C.;

• Martírio de Paulo: 67 d.C.

Alguns eventos circunstanciais contemporâneos aos acontecimentos acima narrados são de indispensável nota:

1) A conversão de Timóteo, ocorrida provavelmente por volta do ano 48 d.C. durante a primeira viagem missionária de Paulo (At 14.6-23), e a sua aceitação ao convite do apóstolo para tornar o seu cooperador imediato durante a sua segunda viagem missionária (50 d.C.) (At 16.1-5).

2) O período de governo do imperador Nero: 54–68 d.C.

3) O incêndio de Roma entre os dias 18 e 24 de julho de 64 d.C.,

ocorrido muito provavelmente a mando do próprio Nero;

4) O período da grande perseguição aos cristãos sob o governo

do sanguinário Nero: 64–68 d.C.

5) O suicídio de Nero: 68 d.C.

Consideradas essas datas, podemos estabelecer o contexto histórico de 1 Timóteo e Tito, que, como já afirmado, foi o período de 63 a 65 d.C., quando Paulo, liberto do seu primeiro aprisionamento em Roma, volta a viajar livremente até ser novamente preso e levado à capital do Império (65–67), onde permaneceu até a sua execução por ordem de Nero (67 d.C.). Seguindo a cronologia já apresentada, 2 Timóteo foi escrita no ano 67, já próximo da morte de Paulo.

Em 64 d.C. — durante, portanto, a quarta viagem missionária de Paulo —, Nero comete a insanidade de atear fogo em Roma. Com a péssima repercussão do incidente, lança a culpa sobre os cristãos e inicia contra eles uma terrível perseguição, que teve o seu auge no ano 67.6

Paulo foi uma das muitas vítimas da perseguição de Nero. A sua segunda prisão em Roma provavelmente ocorreu entre o fim do ano 65 e o início do ano 66, e a sua execução no fim de 67, por decapitação.

O Roteiro da Quarta e Última Viagem de Paulo

É um tanto impreciso o roteiro da viagem de Paulo depois do seu

primeiro aprisionamento em Roma. As Cartas Pastorais são os

únicos textos escriturísticos que cobrem esse período. Por elas, podemos saber quais as regiões visitadas. Cidades da Ásia Menor, da Macedônia e da Acaia são mencionadas 1 e 2 Timóteo e Tito. Pelo desejo que o apóstolo expressara aos romanos de ir à Espanha (Rm 15.24,28), é possível que tenha incluído também esse país no seu roteiro de viagem, o que se deduz, por exemplo, da referência ao “extremo Oeste”, feita por Clemente de Roma trinta anos depois, como assinala o teólogo suíço Hans Bürki (1925–2002).7

Dentre as citações diretas de Paulo nas suas cartas, temos a ilha de Creta, na Grécia, onde deixou Tito (Tt 1.5) e algumas cidades da Ásia Menor: Trôade e Mileto (2 Tm 4.13,20), região de onde comissionou Timóteo para que ficasse em Éfeso (1 Tm 1.3), além da Macedônia: Nicópolis (1 Tm 1.3; Tt 3.12) e da Acaia: Corinto (2 Tm 4.20).

Como a expressão usada por Paulo em 1 Timóteo 1.3 não é precisa acerca de onde estava ele e o seu companheiro Timóteo quando do comissionamento deste para a igreja efésia, não se pode afirmar com segurança que o apóstolo tenha ido a Éfeso. A expressão “Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso [...]” (1 Tm 1.3) indica que tanto Paulo quanto Timóteo provavelmente estavam na Ásia, mas não exatamente em que cidade (ou cidades). Alguns estudiosos do Novo Testamento acreditam que Paulo estava em Mileto, e não em Éfeso, principalmente pela afirmação feita pelo apóstolo aos anciãos daquela igreja em ocasião bem anterior — no fim da sua terceira viagem missionária, quando já se dirigia para Jerusalém, onde foi preso — de que não veriam mais o seu rosto (At 20.25).

Dentre os autores que consideram que Paulo não esteve novamente em Éfeso, está Charles R. Swindoll: “É mais provável que ele tenha evitado visitar a cidade a fim de diminuir a probabilidade de se envolver nos assuntos locais (cf. At 20.16)”.8 Já Donald Guthrie destaca: “A referência a Éfeso não implica necessariamente que o próprio Paulo tivesse estado recentemente na cidade, já que o particípio grego poreuomenos (tempo presente) pode indicar que ele deixou Timóteo enquanto este estava a caminho de Éfeso e o incumbiu de permanecer ali”.9

Muitos outros estudiosos consideram que Paulo tenha retornado a Éfeso acompanhado de Timóteo, permanecendo lá por algum tempo. De qualquer sorte, se Paulo chegou ou não a retornar a Éfeso, o certo é que ele designou Timóteo para este permanecer ali e cumprir uma relevante missão pastoral, como analisaremos nos próximos capítulos.

O Contexto Bíblico-Literário

As Cartas Pastorais ocupam um espaço singular na História da Igreja do Novo Testamento. Enquanto Lucas encerra a narrativa dos “atos dos apóstolos” com Paulo cumprindo prisão domiciliar em Roma (61–63 d.C.) (At 28.30,31), as pastorais cobrem um período histórico posterior, culminando com os últimos meses ou dias da vida de Paulo, novamente encarcerado em Roma (2 Tm 4.6-9).

É com base em 1 e 2 Timóteo e Tito que sabemos que Paulo foi solto do seu primeiro encarceramento e voltou a viajar por aproximadamente mais três ou quatro anos até ser novamente preso e levado a Roma para o seu julgamento e execução, cuja iminência ele descreve vividamente na sua segunda carta a Timóteo, chamada por alguns eruditos como o “Canto do Cisne” de Paulo: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (2 Tm 4.6).

São as pastorais, portanto, que completam o profícuo trabalho literário de Paulo, o mais prolífico dos autores do Novo Testamento. Paulo escreveu 13 dos 27 livros neotestamentários. Nove são cartas dirigidas a igrejas, sendo elas: Gálatas (49 d.C.), 1 Tessalonicenses (51 d.C.), 2 Tessalonicenses (51 ou 52 d.C.), 1 Coríntios (55/56 d.C.), 2 Coríntios (55/56 d.C.), Romanos (57 d.C.), Efésios (62 d.C.), Colossenses (62 d.C.) e Filipenses (62/63 d.C.). Filemom é uma carta pessoal. Três cartas são enviadas a pastores, as quais são objeto de estudo nesta obra: 1 e 2 Timóteo e Tito.

Cinco das treze obras paulinas foram escritas durante os aprisionamentos de Paulo em Roma: Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemom são fruto do seu labor durante o primeiro aprisionamento. Já 2 Timóteo, o último dos 13 livros, foi escrito durante o segundo aprisionamento.

O que temos, por conseguinte, é que, enquanto Lucas encerra o registro da vida de Paulo com a sua prisão domiciliar em Roma (At 20.30,31), as pastorais descortinam-nos uma nova fase da vida do apóstolo, na qual temos uma verdadeira transição de ministério pelo comissionamento que faz a Timóteo e Tito, os seus filhos na fé e autênticos representantes apostólicos. Quanto ao contexto geral do Novo Testamento, tudo o que foi produzido depois desse período são os escritos de Judas (70–80 d.C.) e de João: as suas epístolas (85–95 d.C.), o seu Evangelho (80–95 d.C.) e o livro de Apocalipse (90–96 d.C.).

Autoria e Designação de “Pastorais”

A autoria paulina das cartas a Timóteo e a Tito foi amplamente aceita desde os Pais da Igreja.10 John N. D. Kelly faz referência à citação das pastorais por Clemente de Roma (95 d.C.), Inácio de Antioquia (110 d.C.) e Policarpo de Esmirna (135 d.C.).11

Com autoria paulina e canonicidade incontestáveis, as cartas a Timóteo e a Tito não eram identificadas com o título de “pastorais” até o século XVIII. Atribui-se a D. N. Berdot a autoria dessa designação. Conforme Donald Guthrie, Berdot teria utilizado o título “pastorais” pela primeira vez em 1703, tendo sido seguido mais tarde, em 1726, por Paul Anton, que popularizou o termo.12 Outros eruditos, contudo, apontam que o primeiro a referir-se às cartas como “pastorais” foi o teólogo católico Tomás de Aquino (1225–1274) 13, como assinala J. Glenn Gould:

A designação “pastorais”, apesar de sua conveniência óbvia, não foi aplicada a estas cartas desde tempos imemoriais, mas é de origem relativamente recente. É verdade que Tomás de Aquino (século XIII) foi o primeiro a mencionar esse termo denominativo, mas foi só no início do século XVIII que as cartas receberam o nome de “Epístolas Pastorais”. Esta maneira de referir-se a elas tornou-se habitual quando esta designação foi adotada pelo afamado comentarista Dean Alford, em 1849.14

As cartas de Paulo a Timóteo e a Tito passaram a ser conhecidas como “pastorais” por terem sido dirigidas a eles na condição de pastores e terem como conteúdo a orientação acerca do trabalho pastoral que deveriam desempenhar. Fato é também que alguns estudiosos, como William Hendriksen, consideram que a designação não é exata, visto que “Timóteo e Tito não eram ‘pastores’, no sentido usual e atual do termo. Não eram ministros de uma congregação local, mas, antes, delegados apostólicos, enviados especiais ou comissionados do apóstolo Paulo, para cumprirem missões específicas”.15

Embora Timóteo e Tito realmente não tenham sido designados para assumir de maneira definitiva o pastorado de Éfeso e Creta16 respectivamente, o fato é que o trabalho que deveriam realizar em tais igrejas era de efetivo pastoreio, ainda que em caráter temporário. Por delegação apostólica, tinham poder para ensinar a igreja e organizar os ministérios locais, constituindo presbíteros(pastores locais) para atuar de forma definitiva nas igrejas. Isso está expresso nas recomendações tanto para Timóteo (1 Tm 3.1-13) quanto para Tito (Tt 1.5).

O ensino geral às comunidades locais, incluindo a refutação dos falsos mestres, era típica missão pastoral a ser repassada aos presbíteros que fossem ordenados para darem sequência ao trabalho. Paulo diz isso textualmente a Timóteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tm 2.2). A missão dada a Tito era no mesmo sentido: estabelecer presbíteros que fossem poderosos para defender a verdade do Evangelho (ver Tt 1.5-10).

Além disso, as orientações práticas de organização e funcionamento da igreja, incluindo questões litúrgicas e disciplinares, não deixam dúvida quanto ao caráter pastoral de grande parte do conteúdo das cartas — daí ser bem apropriada a designação de “pastorais”, mesmo porque são textos de estilo e propósito únicos em todo o Novo Testamento. Não há em nenhum outro dos demais livros do cânon neotestamentário qualquer conteúdo que se aproxima dos textos das pastorais quanto às questões de organização e disciplina eclesiásticas.

A Singularidade das Pastorais

Quanto mais compreendemos e cremos na inspiração divina verbal e plenária da Bíblia Sagrada — e na sua inerrância, infalibilidade e completude —, mais nos maravilhamos com o papel que cada um dos 66 livros canônicos representa no contexto da única revelação escrita de Deus aos homens. As Cartas Pastorais fazem parte desse rol de registros indispensáveis, formados e selecionados segundo a mente e o propósito perfeitos de Deus para integrar o cânon sagrado. Sem elas não poderia haver a plena compreensão da vontade de Deus para o seu povo.

As questões práticas que se sobressaem nas Pastorais, como se vê especialmente na Primeira Carta a Timóteo — a mulher e o culto público, a lista de qualificações dos presbíteros e o cuidado das viúvas, por exemplo —, fazem-nos refletir sobre as três razões plausíveis que John R. Higgins aponta o propósito de Deus com o registro de parte da sua revelação especial,17 que são as Escrituras Sagradas.

As razões citadas por Higgins são, em síntese:

Primeiro: é necessário um padrão objetivo para testar as alegações de crença e prática religiosas. A experiência subjetiva é por demais obscura e variável para oferecer certezas a respeito da natureza e da vontade de Deus. [...] Segundo: a revelação divina escrita garante que a revelação que Deus fez de si mesmo seja completa e tenha continuidade. Sendo a revelação especial progressiva, a posterior edifica sobre a anterior. É importante que cada ato da revelação seja [registrado], visando uma compreensão mais completa da mensagem integral de Deus. [...] Terceiro: uma revelação registrada por escrito preserva melhor a forma da mensagem de Deus no seu caráter integral. No decurso de longos períodos, a memória e a tradição humanas tendem a uma fidedignidade cada vez mais frágil. O conteúdo crucial da revelação divina deve ser transmitido de modo exato às gerações que se sucedem.18

Ao ler as Pastorais, portanto, precisamos ter em mente que estamos diante de um documento inspirado, perfeitamente aplicável em nossos dias. Não há mudança histórica, econômica, política ou cultural que supere a revelação divina, sempre atual e perfeita.

Singularidade na Completude

A singularidade de cada livro bíblico reforça nossa compreensão da completude das Escrituras Sagradas. Isso se aplica às Cartas Pastorais, que desempenham um papel essencial e indispensável no contexto geral da Revelação Escrita. Ter a convicção de que a Bíblia é um livro completo equivale a crer que não apenas o registro da revelação divina — isto é, a confecção dos 66 livros —, mas também a seleção deles e a formação do cânon19 foram um processo inteiramente dirigido pelo Espírito Santo. A singularidade está ligada ao aspecto da completude. Cada livro é singular; logo, todos os livros são necessários para a formação completa do cânon. E por que é importante refletir sobre a completude da Bíblia?

Como será demonstrado nos capítulos seguintes, a Primeira Carta de Paulo a Timóteo contém textos que têm sido alvo de grande contestação atualmente, com a popularização de teologias progressistas, inclusive em nosso país. Recomendações de Paulo como as contidas em 1 Timóteo 2.11,12, de que a mulher deve aprender “em silêncio, com toda a sujeição” e que não deve ensinar “nem [usar] de autoridade sobre o marido, mas [estar] em silêncio” provocam verdadeiros protestos de teólogos de escol.

Quando isso acontece, além do uso de métodos hermenêuticos que visam desconstruir o texto, os que distorcem as Escrituras chegam ao ponto de propor que ela precisa ser atualizada, ou complementada, à luz de uma visão contemporânea. Por isso, entender a completude das Escrituras é fundamental, como acentua o pastor Claudionor Corrêa de Andrade:

Há duas verdades quanto às Escrituras que andam de mãos dadas: sua autoridade e completude; é impossível dissociá-las. A primeira é a palavra final em matéria de fé e prática; a segunda não admite quaisquer autoridades que contrariem a Bíblia, quer diminuindo-lhe a revelação, quer acrescentando outros dados além daqueles que nos foram apresentados pelo Senhor através da inspiração do Espírito Santo. [...] Completude é aquilo que, pela excelência de suas qualidades, satisfaz plenamente, não admitindo acréscimos nem diminuições; é aquilo que é suficiente por si mesmo.20

Estudemos, pois, as Pastorais com profundo zelo e inteira sujeição, em santo temor, aplicando-as inteiramente ao nosso viver.

Prefácio e Saudação

Como era comum em todas as suas cartas, Paulo inicia a sua missiva a Timóteo com a sua apresentação e saudação. Trata-se da primeira das muitas evidências internas da autoria paulina, aceita desde os Pais da Igreja.

“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo” (1.1). A primeira pergunta que geralmente se faz é por que Paulo inicia uma carta pessoal com uma apresentação tão formal como se vê em 1 Timóteo 1.1. Ora, se o apóstolo estava escrevendo para alguém tão próximo dele — Timóteo, o seu “verdadeiro filho na fé” (1.2) —, então qual a necessidade de fazer uma referência tão expressa do seu apostolado?

Duas razões apresentam-se para isso. A primeira é “facilitar para Timóteo a execução das instruções que Paulo está para ministrar”. A segunda é “acrescentar peso às palavras de incentivo contidas nessa carta”.21

Conquanto enviadas por Paulo diretamente a Timóteo e a Tito, as cartas também seriam conhecidas das respectivas igrejas de Éfeso (Ásia Menor — atual Turquia) e de Creta (Grécia). Assim, não seriam apenas cartas pessoais, mas também semipúblicas, o que teria levado o apóstolo a apresentar o seu apostolado de maneira contundente, a fim de que os seus legítimos representantes — verdadeiros emissários apostólicos — tivessem a necessária autoridade para a transmissão do ensino às igrejas.

Na primeira carta a Timóteo, o apóstolo identifica-se como “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa” (1 Tm 1.1). A autoridade apostólica estava firmada no chamado que ele recebeu diretamente do Senhor Jesus, de quem partira o “mandado” ou ordem para que pregasse o Evangelho (At 9.1-16). Portanto, a afirmação de autoridade era necessária, porque, como sabemos, o apostolado de Paulo já havia sido contestado por muitos e em muitos lugares, principalmente em Corinto (1 Co 9.1-3; 2 Co 12.11-15).

Após apresentar o fundamento da sua fé e perseverança — “Cristo, esperança nossa” (1 Tm 1.1) —, Paulo expressa a sua afeição a Timóteo, chamando-o de o seu “verdadeiro filho na fé” (1.2), o que também indica um propósito que vai além do próprio cooperador, demonstrando para a igreja em Éfeso o quanto Paulo considerava a Timóteo, embora isso não fosse desconhecido dos crentes efésios, pois o apóstolo e o seu jovem auxiliar já haviam trabalhado juntos naquela igreja (At 19.1-22).

Timóteo, Verdadeiro Filho

Timóteo nasceu provavelmente na cidade de Listra, na então província romana da Galácia. Acredita-se que ele, a sua mãe Eunice e a sua avó Lóide, que eram judias, tenham-se convertido por ocasião da primeira viagem missionária de Paulo, junto com Barnabé, pois muitos se tornaram discípulos de Cristo pela pregação do apóstolo em Listra (At 14.6-23).

Quando Paulo retorna a Listra, agora junto com Silas, na sua segunda viagem missionária, encontra Timóteo, “filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio” (At 16.1,2). A mãe e a avó ensinaram-lhe as Escrituras desde a sua infância, como testifica Paulo (2 Tm 1.5; 3.14,15).

O bom testemunho de Timóteo, fruto do seu progresso na fé, motivou Paulo a convidá-lo para seguir com ele na sua jornada missionária. Como Timóteo não era circuncidado, Paulo decidiu circuncidá-lo “por causa dos judeus que estavam naqueles lugares” (At 16.3). Paulo não circuncidou a Timóteo por considerar que isso fosse necessário à salvação, mas, sim, para evitar que os judeus tivessem um pretexto para rejeitar o Evangelho. Em muitas ocasiões, o apóstolo já ensinara sobre a suficiência da fé em Cristo como o meio de receber a graça salvadora, como deixaria registrado em diversas epístolas (Ef 2.8,9; Rm 3.21-28; Gl. 2.16). Paulo tinha uma compreensão espiritual muito clara da obra da salvação, acima

de qualquer prática legalista.

Antes de ser comissionado por Paulo para ser o pastor da igreja em Éfeso, Timóteo serviu ao apóstolo por longos anos, desde o dia em que foi convidado para acompanhá-lo nas suas viagens (At 16.3-8). Considerando a opinião de estudiosos como Gordon Fee — de que Timóteo “estava, no mínimo, acima dos trinta anos” quando pastoreava os efésios (65 d.C.)22 —, é possível afirmar que ele tenha iniciado como cooperador de Paulo com menos de 20 anos de idade (50 d.C.).

Foi assim tão jovem que ele acompanhou fielmente o apóstolo na sua segunda e terceira viagens missionárias e logo alcançou confiança para missões de alta relevância espiritual, como quando designado para servir nas igrejas em Tessalônica (1 Ts 3.1-10), Corinto (1 Co 4.16,17; 16.10,11) e Filipos (Fp 2.19-24). Por ocasião do primeiro aprisionamento de Paulo em Roma, lá estava Timóteo. O apóstolo cita-o em três das quatro cartas da prisão (Cl 1.1; Fp 1.1; Fm 1). Solto, leva-o consigo na sua quarta e última viagem missionária, quando roga para que fique servindo na igreja em Éfeso (1 Tm 1.3).

Sobre o Autor 
Nome do Autor Silas Queiroz é pastor na Assembleia de Deus em Ji-Paraná (RO), e procurador-geral no mesmo município. Formado em Direito pela Universidade Luterana do Brasil e bacharel em Teologia pela Faculdade de Teologia Logos (FAETEL). Casado há 30 anos com Jocineide Machado de Almeida Queiróz e pai de Silas Junior, Gabriel e Ana Carolina.

1 Embora seja corrente dizer que o título de Pastorais tenha sido dado às cartas de Paulo a Timóteo e a Tito somente no século XVIII por D. N. Berdot, alguns estudiosos afirmam que Tomás de Aquino já lhes havia dado tal classificação no século XIII.

2 Eruditos discutem se Paulo realmente esteve em Éfeso ou em alguma outra cidade da Ásia Menor, como a vizinha Mileto, já que, em Atos 20.25, ele disse aos anciãos da igreja efésia que eles não veriam mais o seu rosto.

3 Esse período corresponde ao tempo aproximado decorrido desde a prisão de Paulo em Jerusalém, os dois anos que ficou encarcerado em Cesareia, a longa viagem a Roma e os dois anos de prisão domiciliar na capital do Império (At 21.33; 24.27; 28.16,30). Quanto à idade de Paulo, o ano do seu nascimento provavelmente foi o ano 5 d.C. Na época das Pastorais, portanto, já tinha em torno de 60 anos de idade e já se sentia velho (Fm 9).

4 Jerusalém e Antioquia foram, nessa ordem, as igrejas mais importantes no primeiro século. Na primeira, ocorrera o Pentecostes, e estava lá a maioria dos apóstolos até a Diáspora ocorrida a partir de 70 d.C. Na segunda, os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez e foi de lá que Barnabé e Paulo foram enviados para a obra missionária (At 11.26; 13.1-3).

5 GUTHRIE, Donald. 1 e 2 Timóteo e Tito. Introdução e Comentário. 1.ed. São Paulo: Vida Nova, 2020, p. 58.

6 Como menciona Deborah Menken Gill, outros autores consideram que o auge da perseguição de Nero deu-se entre os anos 64 e 65 d.C. (cf. Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Vol. 2. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 637).

7 BOOR, Werner de & BÜRKI, Hans. Carta aos Tessalonicenses, Timóteo, Tito e Filemom.1.ed. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2007, p. 165.

8 SWINDOLL, Charles R. Comentário Bíblico Swindoll 1 e 2 Timóteo. Tito.1.ed. São Paulo: Hagnos. 2018, p. 19.

9 GUTHRIE, Donald. 1 e 2 Timóteo e Tito. Introdução e Comentário.1.ed. São Paulo: Vida Nova, 2020, p. 63.

10 Questionamentos acerca da autoria paulina surgiram apenas no século XIX através de teólogos liberais, como, por exemplo, J. Schmidt, F. Shleiermacher e H. J. Holtzmann. Os seus argumentos já foram muito bem analisados pelos mais conceituados eruditos, tais como Donald Guthrie, J. N. D. Kelly, Willian Hendriksen, Hans Bürki, Gordon D. Fee e outros, que atestaram a mais absoluta ausência de fundamentos para as contestações, razão que, nesta obra, não se dedicará espaço para reproduzir tais refutações, que estão postas nas obras dos autores precitados e que constam das referências bibliográficas deste livro. As refutações também podem ser encontradas nos seguintes comentários:

Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Vol. 2 (p. 631/33) e Comentário Bíblico Beacon (p. 440/44);

11 KELLY, John N. D. I e II Timóteo e Tito. Introdução e Comentário.1.ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1983, p. 12.

12 GUTHRIE, Donald. 1 e 2 Timóteo e Tito. Introdução e Comentário.1.ed. São Paulo: Vida Nova, 2020, p.17.

13 Hernandes Dias Lopes afirma que o designativo “pastoral” foi mencionado por Tomás de Aquino em 1274, referindo-se a 1 Timóteo. Ele teria dito: “É como se esta carta fosse uma regra pastoral que o apóstolo deu a Timóteo” ( Op. cit.,p. 11).

14 In: Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p. 439.

15 HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. 1 e 2 Timóteo e Tito.2.ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 10.

16 Em 1 Timóteo, é Paulo que pretende ir ao encontro de Timóteo, provavelmente em Éfeso (1 Tm 3.14). Já em 2 Timóteo e Tito, é possível ver que Paulo esperava que os seus fiéis cooperadores fossem ao encontro dele (Tito, a Nicópolis, e Timóteo, a Roma), o que denota que deixariam de pastorear as igrejas, deixando- as a cargo dos respectivos presbíteros ou pastores locais. No caso de Tito, Paulo também menciona os seus cooperadores Ártemas ou Tíquico. Um deles seria enviado para Creta antes que Tito pudesse ir ao encontro de Paulo (2 Tm 4.9; Tt 3.12).

17 “As duas categorias primárias da revelação divina são a revelação geral e a especial. A geral envolve a revelação que Deus fez de si mesmo a todos os homens em toda parte. A especial é o desvendamento que Deus faz de si mesmo de modo imediato e sobrenatural. A teologia natural e a revelada são os conceitos teológicos utilizados para denotar a revelação geral e a especial. Usualmente, entende-se que a revelação geral consiste em Deus se fazer conhecido através da história, do ambiente natural e da natureza humana. [...] Posto não podermos conhecer o plano divino da redenção por meio de alguma teologia natural, precisamos de uma teologia revelada mediante uma revelação especial de Deus. [...] Certamente os modos de revelação especial não estão limitados às Escrituras. Deus se revelou nos seus poderosos atos de redenção através dos profetas e apóstolos, e mais dramaticamente mediante o seu Filho (Hb 1.1). [...] Deus achou necessário, ou importante, mandar registrar, por escrito, boa parte dessa revelação, criando as Escrituras como uma revelação especial e exclusiva de si mesmo [...]” (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal.Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 73,80,83.

18 In:HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 83,84.

19 “O termo ‘cânon’ provém da palavra grega kanõni, que denota uma régua de carpinteiro ou algum tipo de vara de medir. No mundo grego, cânon veio a significar ‘padrão ou norma para julgar ou avaliar todas as coisas’. Foram desenvolvidos cânones para a arquitetura, a escultura, a literatura, a filosofia, e assim por diante. Os cristãos começaram a empregar o termo de modo teológico para designar os escritos que tinham cumprido os requisitos para serem considerados Escrituras Sagradas. Os livros canônicos, pois, são considerados a revelação autorizada e infalível da parte de Deus”. (Idem, p. 114).

20 In: Teologia Sistemática Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 43.

21 HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento. 1 e 2 Timóteo e Tito. 2.ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, p. 65.

22 FEE, Gordon D. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. 1 & 2 Timóteo e Tito.1.ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p.13.


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